1. Spirit Fanfics >
  2. Olhar Frio e Sangue Quente - Sarumi (reescrevendo) >
  3. CURTA I: Kuroh é uma linda princesa

História Olhar Frio e Sangue Quente - Sarumi (reescrevendo) - CURTA I: Kuroh é uma linda princesa


Escrita por: misadventure

Notas do Autor


Olá queridos, presentinho de ano novo <3

Daqui pra frente pretendo postar mais textos curtos como esse, voltados para dar pequenos contextos ou só uma comédia, que não são tão relevantes para o enredo, mas que ainda assim seja legal de consumir. Em datas especiais, vou tentar postar os BONUS, que são diferentes dos curtas. No caso, possuem mais palavras e até mesmo partes.

Enfim, desde já, tenham um feliz ano novo! Agradeço por tudo <3
Boa noite !!

Capítulo 5 - CURTA I: Kuroh é uma linda princesa


Não havia um segundo sequer no qual o colégio Ashinaka não se completava por milhares de alunos. Kuroh e Neko, inconscientemente conquistaram bastante fama entre eles. Ele nunca se viu tão carismático ao ponto de ser popular entre as garotas (e alguns meninos também), porém, estas o secavam com os olhos quando passava pelos corredores e hora ou outra ganhava algum agrado – consequências por ser um homem tão vistoso, geralmente doces e salgados no qual gostava de dividir com a strain. 

 
 

Eles não se separaram para quase nada, o que os fazia pensar que eram namorados. Na verdade, Neko aparentava ser mais velha do que era, ainda assim, continuava em idades incompatíveis. Ele tinha de explicar quando questionado a respeito e mesmo assim as meninas mantinham inveja da gata-humana, pois ela era a única tão próxima de Yatogami. Ainda por cima, para piorar a rivalidade feminina, dividiam o mesmo apartamento. 

 
 

Apesar das atuais circunstâncias, havia ao menos uma pessoa não invasiva para lhes fazer companhia. 

 
 

Essa é Kukuri, melhor amiga de Neko. Ele sabia que apesar de afetada pela manipulação de memória, Shiro tinha certo apego do mesmo jeito que portava pelos membros de seu clã. Ela era a única além de Neko na qual ele sentia-se confortável em conversar sobre o rei desaparecido, Kukuri até sabia sobre a existência de clãs e achava incrível possuírem poderes de verdade, como nos contos de fada. Em geral, acreditava na sua bondade e a apreciava. 

 
 

Apesar disso, Yatogami necessitava de uma companhia masculina. O problema é que nem poderia cogitar criar laços com os meninos do ambiente, afinal de contas, eles só sabia falar sobre três coisas: 

 
 

Sexo, mulheres e esporte. 

 
 

Para azar do clansman, ele não se interessava por nenhum desses assuntos. 

 
 
 
 

Hoje foi mais um dia em que as moças divertiam-se juntas, dentro da sua própria bolha. Ele, dessa vez, não fazia parte dela, embora algumas vezes o pegava fuxicando sobre os assuntos mais femininos que conversavam, até julgá-los íntimo demais. Enquanto elas botaram o papo em dia, ele vasculhava os armários e potes da cozinha pensando no que poderia preparar para o lanche, pois estavam tão focados em encontrar qualquer paradeiro que os levassem até seu rei que esqueceram-se completamente de reabastecer a dispensa. Por sorte, encontrou ingredientes o suficiente para fazer um bolo pequeno de trigo e uma caixa de leite condensado para a cobertura.  

 
 

Voltando para as amigas, a mais velha levou consigo uma mochila branca cheia de cosméticos dizendo que tinha um plano interessante e que precisaria da ajuda de Neko para tal.  

 
 

E ele envolvia Kuroh. 

 
 

As duas aproximam-se sorrateiramente, vendo o mestre cuca organizar os ingredientes em cima da pia. Só da menina-gato sonhar com o que aquilo poderia se tornar depois, lambeu os lábios animada. Elas não faziam ideia de que o mesmo sabia que estava sendo observado, pois somente ignorava a presença delas. 

 
 

Até o ponto de se incomodar com aqueles pares de olhos vidrados lhes secando como se planejassem cometer um assassinato.  

 
 

– O que vocês querem? – perguntou em grave tom, embora não fosse a intenção soar agressivo. 

 
 

A dupla recolheu-se atrás da entrada da cozinha, mas era tarde demais para se esconder. Encurraladas, decidiram pular algumas etapas cruciais do plano que consistiam em agarrá-lo pelos braços e arrastá-lo pela casa até chegarem ao banheiro.  

 
 

Pensando melhor, foi bom terem deixado essa parte de lado. 

 
 

– Ah, Yatogami Kuroh. – chegou-se do rapaz, seguido da companheira escondida atrás de si – Eu e Neko gostaríamos de fazer algo por você. – então olhou para ela e piscou. 

 
 

Não soube expressar o quão confuso ficou, então continuou com o mesmo rosto neutro que já estavam acostumadas a ver. 

 
 

– Por mim? – Neko assentiu múltiplas vezes usando a cabeça. 

 
 

– Vem com a Neko, Kuroh! Neko promete que Kuroh vai gostar!  

 
 

– Não, obrigado. Estou ocupado no mo… Ei! 

 
 

Neko não esperou terminar a frase e foi logo lhe puxando alegremente pelo pulso. Mesmo relutante, acaba aceitando que não tinha forças naquele exato momento para combater a vontade de sua parceira e nem o incentivo de Yukizome. Por fim, apenas aceitou que seria feito de ratinho de laboratório e facilitou o esforço. 

 
 

O apartamento não era muito grande, embora após a ida de Shiro, os compartimentos davam a sensação de terem dobrado de tamanho. Não é a mesma coisa sem ele. Não mesmo. Kuroh jamais diria o que escondia, no fundo, ele tinha certeza de que queria poder ouvir sua voz aguda dizendo coisas impróprias para que pudesse lhe ameaçar com sua katana e planejava fazer de tudo para tê-lo de volta. Nem que lhe custasse a própria vida, permaneceria fiel até o remate. 

 
 

Despertou subitamente dos pensamentos soturnos quando Neko puxou seus longos fios de cabelo negros com um tanto mais de força e desculpou-se em seguida. Ele ainda não poderia acreditar que as meninas fizeram tanto suspense em função de lhe darem um dia de spa. Sim, ele realmente tornou-se o seu porquinho da índia particular. Kukuri trouxe consigo a máscara de hidratação capilar preferida, “creme de abacate”, dizendo que seria perfeita para Kuroh, pois o deixaria ainda mais bonito. Aceitou que o fizesse, afinal, o que tinha de errado em um homem cuidar da própria aparência? Ela parecia saber o que fazia, então confiou em suas mãos e habilidades. Embora não perdesse o medo de ficar careca. Um samurai não é um samurai sem madeixas longas de dar inveja. 

 
 

E, obviamente, uma katana. 

 
 

– Você já fez isso alguma vez, Kuroh? 

 
 

– Não sei. – respondeu, dando um enorme bocejo – Isso dá sono. – Kukuri sorri, terminando de colocar a touca térmica na cabeça com bastante cuidado. 

 
 

– Pronto! – ela termina, lhe entregando um espelho de rosto que achou no banheiro. Yatogami se viu e não estranhou, pois aparentava ter se preparado para cozinhar, como já fazia trocentas outras vezes.  

 
 

– Vinte minutos, Neko! 

 
 

– Certo, capitã Kukuri! 

 
 

Neko correu para fora do cubículo, deixando a aluna emaranhada. 

 
 

– Ela sabe que deixei meu PDA na pia, não é? – os dois encararam-se por um bom tempo. 

 
 

– Ela ainda não gosta de telefones. – respondeu – Foi botar o temporizador no fogão. 

 
 

– O quê? – bradou incrédula – Não acredito! 

 
 

Quando a gata retornou, foi surpreendida por um abraço carinhoso de sua melhor amiga enquanto a mesma caía em risos incontroláveis. 

 
 

– Só você, Neko! Só você! 

 
 

– Só a Neko? – retribuiu o afeto, deitando o rosto sobre seu ombro. 

 
 

– Sim. Só você. – disse. 

 
 

Aproveitou que não teria atenção de nenhuma das duas e deixou um sorriso de canto transparecer. 

 
 

“Ele ficaria feliz em ver isso” pensou enquanto disfarçava. 

 
 
 

Yatogami teve as madeixas bem cuidadas, a mudança era notável nos movimentos. Os fios passavam livremente entre os dedos das mãos, o cheiro, com todas as palavras, lhe deixava faminto de tão bom. Ele brilhava ainda mais sob efeito das luzes e não poderia estar mais satisfeito com o resultado como agora. 

 
 

Mas Kukuri, não. 

 
 

Ele é elegante e de bom porte, os traços do rosto, marcantes. Ela via tudo aquilo com cuidado. Perfeito o bastante para mais uma parte daquele experimento.  

 
 

Convencido de que poderia pôr a mão na massa (literalmente), teve o enorme choque ao ver a morena aparecer como o novo wolverine do mundo da moda de tantos produtos que carregava entre os dedos. Queria porque queria arranjar desculpas para passar coisas que ele nem poderia imaginar o nome em seu rosto. Ele recusava, teimava, corria pela casa seguido de uma louca e uma louca ao quadrado que tinha capacidade de virar uma gata. 

 
 

Neko até chegou a usar as habilidades de strain e conseguir vantagens disso, foi quando caiu a ficha para Yatogami que aquilo estava indo um “pouco” longe demais. 

 
 

Sabia que ela é teimosa, mas não esperava tanto. Ele também não queria admitir a curiosidade a respeito disso. 

 
 

Com espírito de derrota, decidiu ceder. Quem sabe não descobriria o porquê de seu irmão também usar as mesmas coisas? 

 
 

– Isso vai ficar entre a gente. Entendido? 

 
 

Após jurar de dedinho que jamais contariam das experiências, ele pode sentir-se em paz consigo mesmo e começar o doloroso processo. 

 
 

Camadas e mais camadas de maquiagem pressionando o rosto agressivamente pela falta de costume, aquilo era praticamente uma tortura. Como as meninas suportavam tudo aquilo para agradar alguém? “Ser mulher é difícil e demorado”, comentou silenciosamente. A partir daquele dia daria mais valor ao esforço de Kukuri. Kuroh quase desistiu no meio do caminho quando ela apareceu com um rímel e quis usá-lo, pensou em fugir enquanto ainda era tempo, temendo que enfiasse aquela “coisa preta” nos olhos e ficasse cego.  

 
 

Obviamente, um exagero e tanto, embora ele não fosse o único a passar por isso. 

 
 

Ao finalizar a obra de arte, ele sentiu um misto de alívio e ansiedade, ainda mais vendo o brilho nos olhos das garotas, o que de certa forma, aumentava suas expectativas. Kukuri o pediu que não espiasse até dar a ordem, e assim o fez. Delicadamente segurou sua mão e levou-lhe até o espelho de corpo já posto na sala, perto da varanda, ela garantiu que a imagem ficasse ao centro, enquadrada. Neko, em todo momento, seguia a dupla em saltos alternados, muito animada. 

 
 

– Você está tão lindo, Kuroh. – ela arruma algumas mechas de cabelo teimosas para trás dos ombros – Sinto tanta inveja agora.  

 
 

Ele engoliu o seco. Vindo de uma garota, isso deveria significar coisas boas, certo? 

 
 

– Deixo o cabelo preso ou como está? – ela rapidamente segura os fios em um rabo de cavalo. 

 
 

– Solto. 

 
 

– Nesse caso, já pode abrir os olhos.  

 
 

Quando viu seu reflexo pela primeira vez, montado daquele jeito, tão… Feminino? Não pode acreditar que era decerto, o próprio. Até porque quem sabe, aquele não era Kuroh, e sim, o outro lado de si que jamais sonhou que existia. De repente, ele sentiu o desejo de experimentar um vestido longo em tom pastel com babados ao invés daquele avental branco junto das vestes simples, ou algo mais social, que lhe passasse o mesmo ar de seriedade que seu habitual estilo. E então imaginou-se também com um brinco de prata, não muito ousado, pequeno, como por exemplo, uma argola ou pingente de cruz, via até os meninos usarem essas coisas, por isso cogitou que seria bom começar pequeno. Quis colocar colares em volta do pescoço, vestir algo que mostrasse sua clavícula marcada. As opções eram tantas que se perdia sonhando acordado. 

 
 

Seu rosto, no momento, tão demarcado, delicado, os contornos do nariz foram tão bem feitos que ele nem notou posteriormente quão elegante era, e muito menos como os cílios enormes lhe causavam tamanha diferença, com o delineador e rímel, mil vezes melhor. As bochechas coradas como as de boneca, os lábios levemente rosados, brilhando com gloss e um pouco de glitter sobre a face. Ele esperava menos, não ter renascido. 

 
 

Kuroh, ainda impressionado, não conseguiu dar uma palavra sequer, somente se admirar em frente ao espelho e continuar dando incontáveis voltas procurando por mais alguma coisa que lhe agradava em seu corpo, mas que não percebeu até o presente instante. Sua reação foi bem recebida pelas garotas, pois sabiam que ele amou tanto quanto elas sem mesmo dar uma palavra. 

 
 

– Como se sente, Kuroh? – perguntou, parando ao seu lado. Ela já deixava a câmera do celular pronta para bater uma bela foto em conjunto, eles precisavam lembrar daquele dia com carinho. 

 
 

– Diferente. – respondeu, tocando o rosto com as duas mãos – É como se eu fosse outra pessoa, mas ainda sendo eu. 

 
 

– Você se sente como uma garota, Yatogami Kuroh? – negou de imediato. 

 
 

– Eu continuo me sentindo como um homem, mas acho que gostei de ser feminino. Isso é normal?  

 
 

O semblante preocupado lhe deixou com a mesma sensação que ele, mas logo lembrou-se que faz parte do processo de descobrimento. Para quem não diz muito, até que Kuroh falava bastante. 

 
 

– Claro que sim. – o tranquilizou – Não há nada de errado nisso. – ele devolve um sorriso doce, amenizado.  

 
 

– Então Neko tem duas amigas para o dia da maquiagem? – deu um salto e agarrou os dois pelo pescoço, dando um abraço triplo desajeitado. 

 
 

– Temos, Kuroh? – ela lhe encara, esperando por sua resposta. 

 
 

– É Romelle. – argumentou – Me chame de Romelle. 

 
 

Comemoraram o feito, e então finalmente resolveram tirar a foto. 

 
 

– Isso fica entre a gente. – repetiu – Por favor. 

 
 

– Tudo bem, princesa Romelle. – fez reverência. 

 
 

 E riram muito. 

 
 
 

Nesse dia, Kuroh aprendeu que em certas horas do dia, ele poderia muito bem ser um clansman poderoso que batalha por sua família e sabe manusear um sabre com destreza, e na outra metade, gostaria de aprender a usar batom e quem sabe, da próxima vez, pintar a unha com suas companheiras favoritas. Ainda assim, ele não deixaria de ser o lutador Yatogami Kuroh, membro do clã branco. 

 
 

Exceto quando ele fosse a princesa Romelle. 


Notas Finais


vejo vcs ano que vem <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...