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História Olhar Frio e Sangue Quente - Sarumi (reescrevendo) - Motivo para voltar


Escrita por: misadventure

Notas do Autor


Oiiiiii! como prometido, o capítulo saiu do forno agora mesmo, obg pelo feedback na história anterior, eu fiquei com medo das cenas de ação não serem tão convincentes assim, mas... Pelo visto, acho que gostaram. Ainda tem mt coisa pela frente, a partir do próximo capítulo, vou focar um pouco mais nas relações menores e a Jungle. É claro, o desenvolvimento dos Sarumi também, afinal, a fic é sobre eles.

Enfim, beijocas. Muwa~

Capítulo 7 - Motivo para voltar


– Não sei se fico mais abismado por você ter saído sozinho com o Fushimi ou dos verdes arrumarem coragem para uma abordagem tão arriscada! – disse Kusanagi, limpando os óculos.

 

Não poderia concordar mais com seu ponto de vista.

 

– E pelo o que Yata disse, parece que eles estão investindo em novos sistemas. – acrescentou Kamamoto, que estava concentrado em arrumar as cadeiras do bar.

 

– Não interrompa a história, por favor. – Eric se apoia em meu ombro, sonolento de ter acordado cedo em pleno domingo – Tava ficando interessante.

 

– Interessante do tipo, "nossa, eu quase morri ontem, foi tão divertido!". – imitei uma voz feminina enquanto sorria claramente forçado e balançava as mãos de um lado para o outro. Todos riram, mas se pudessem imaginar o sufoco que passei só naquela tarde…

 

Foram emoções demais para um dia. Meu coração precisava de repouso. Eu ainda questiono o mesmo que o Izumo. Qual foi a parte mais assombrosa daquela estranha experiência?

 

– Continua, Misaki… – resmungou, bocejando ao final da frase. O hálito de Solt cheirava a creme dental.

 

– É Yata para você, estúpido preguiçoso.

 

– Mas o Fushimi pode te chamar pelo primeiro nome, não é? – o barman me provoca, recebendo apoio dos demais.

 

– Não falamos esse nome aqui! – exclamei irritado – Os detalhes são pessoais.

 

– Não queremos saber se você beijou a boca do azul. Só termina de contar a droga da sua história.

 

Sinceramente, tem vezes que eu odeio o Eric. Se pudesse o esganar, já teria feito há muito tempo atrás. Somente desse jeito ele para de implicar comigo,

 

Ontem fui atolado de informações… Para começo de conversa, saí com o Saruhiko. Devo dizer que não foi nada mal, embora nem tudo tenha saído conforme o planejado – se é que planejamos alguma coisa –, seguido da surpresa desagradavél da Jungle. E não para por aí. Finalizando, reatei com Izumo e nós voltamos a conversar como se nada tivesse acontecido entre esse período. Bem, eu não estava mais enfurecido com ele e nem comigo por ter dito tanta asneira. Ele sentia o mesmo, logo não fazia sentido algum continuar com aquilo.

 

Sem mais delongas, acredito que devo o desfecho desse caso merequetengue. 


 

A única reação que tive ao ver aquela enorme carga elétrica ser disparada da bazuca foi puxar Fushimi para a direção contrária ao tiro, que deu muito certo. Mas nada disso seria possível caso a garota não errasse a mira pela segunda vez. Foi incrivelmente hilário o jeito que ela perdeu aquela confiança toda em milésimos. Nosso trabalho de “não morrer” foi reduzido a “capturá-la imediatamente”. Ela realmente pensou que fosse capaz de derrubar nós dois tão facilmente? Preciso de mais do que isso para ser nocauteado. Também não deixaria que levasse apenas Saruhiko. Desse jeito, não restaria ninguém para descontar minha raiva.

 

– N-Não… Isso não pode ser verdade! – com bastante fúria ou terror, ela taca a arma no chão, que vibrou antes de perder o brilho esverdeado. Aparentava estar transtornada.

 

– Eu calculei bem dessa vez, isso não é possível! Tenho certeza que estava tudo certo! – ela se abaixa, apertando as mãos contra o peito – O que aconteceu? Por que?

 

A louca dos patins encarou cada clansman aliado em busca de atitude, tremendo erro botar expectativa em peões tão fracos e inexperientes.

 

– Idiotas! Peguem eles agora! – ordenou-lhes como uma criança mimada, apontando para nossa direção. Sem sucesso.

 

Fushimi ainda estava jogado no chão, imóvel. Pelo o que demonstrava, não sairia dali tão cedo. Talvez entrasse em uma espécie de choque momentâneo ou coisa relacionada.

 

– Eles não são páreos para a gente, aceite seu destino, verde estúpida. – ofereci a mão para que levantasse, ele a segurou sem hesitação, mas não quis largar até vê-los fugir um a um. 

 

“Você não está se aproveitando da situação, está, Fushimi?”

 

– Vamos. – ordena – Hora de agir.

 

Avançou com as adagas na mão, mesmo sabendo que seria inútil, pois ela correria em maior velocidade e ele não conseguia acertá-la. Tomei iniciativa, o ultrapassando facilmente, entretanto ainda tínhamos um problema, ela ainda chegava a ser mais veloz que eu, como um rato em fuga. Então teria de criar emboscadas se quiséssemos contê-la.

 

Foi quando a atraímos até um corredor sem saída, que duas ruas não tão movimentadas por uma grade de ferro alta e telada, cercada de placas do tipo: “MANTENHA DISTÂNCIA”, “NÃO ULTRAPASSAR” e “PROIBIDA A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS”. Ninguém ali dava importância para os avisos. 

 

– Vocês pensam que podem me parar? – riu, desdenhando – Observem só isso, bobocas magérrimos! Comam poeira!

 

Ela salta para cima do container de lixo com a tampa fechada, depois pula tentando agarrar um cano metálico solto de uma daquelas construções empobrecidas, toma impulso para uma cambalhota e se joga, passando por cima dela usando das habilidades ginásticas. Porém, não conseguiu se equilibrar com aqueles sapatos irregulares e a queda alta lhe fez escorregar, a atrasando o suficiente para poder finalmente pegá-la.

 

– Fushimi!

 

De forma que fosse capaz de ler mentes, ele atira uma faca quente no cadeado do portão, derretendo-o imediatamente, no qual passei rapidamente por ele antes que ela pudesse se recompor e fugir. Tentou dar meia volta, mas Fushimi a encarava com sangue nos olhos e nunca cometeria tamanho deslize em deixá-la escapar. 

 

– Acabou seu joguinho, menina gato. – Saruhiko gira nas mãos a adaga, super intimidador – Espero que tenha se divertido tanto quanto eu.

 

Não sou de tocar em mulheres, então deixei que ele neutralizasse a oponente. A essa altura, ela perdeu os poderes de clansman e era só mais uma civil inofensiva, não demonstrando nenhuma ameaça aos clãs. Todavia, cabia aos azuis irem a fundo nas pesquisas e interrogá-la. Claramente havia uma anormalidade experimental naquele ocorrido.

 

Observei suas roupas voltarem ao habitual, a armadura negra se desfez aos poucos, sobrando apenas o uniforme da dogueria, consistindo em uma camisa abotoada e avental preto com a logo de hot-dog. Os patins mudaram de cor, agora eram rosas e comuns, provavelmente não correria mais tão rápido quanto eu. O capacete transformou-se em poeira cintilante, revelando as marias-chiquinhas longas amarradas por um par de pompons vermelhos, prendendo o cabelo loiro escuro. Por instantes, tive certa pena do semblante amedrontado nos olhos, esperando que fôssemos fazer algo contra ela, quase em prantos. Podia ver meu próprio reflexo neles de tão úmidos. 

 

– Já notifiquei ao esquadrão do Scepter sobre o ataque, eles devem chegar em poucos minutos.

 

Percebi que Fushimi estava sério. Sim, além do considerado normal para esse cara. Aparentemente, ele levava o trabalho a outro nível. Parando para pensar, nunca havia visto de perto seu lado “profissional”.

 

– Por favor, não me machuquem... – implorou amedrontada.

 

– Você queria nos matar! – argumentei, parando em sua frente – Meus pés estão queimados daquele tiro, sabia? Estou machucado por culpa sua!

 

– E-Eu sei o que fiz! Eu tive meus motivos!

 

– Motivos? – ele estala a língua – Vocês não passam de cachorrinhos do Rei verde.

 

– Além do mais, você poderia ter acertado Fushimi naquela hora. – cruzei os braços, bastante chateado – Juro que se você fizesse alguma coisa contra ele, eu não me importaria sobre qual gênero é! Maldita! Se veria comigo!

 

Ela grunhiu, fechando os olhos e tremendo-se toda. Fui ineficiente em descobrir se era chantagem sua ou medo de fato.

 

– Chega, Misaki. Ela não pode fazer mais nada contra a gente. – ele finalmente deixa livre suas mãos e dá uns tapinhas na minha costa – Vamos sentar e esperar eles resolverem o que fazer com ela.

 

A vi empalidecer. Convenhamos, ele não soube usar o conjunto de palavras adequadas ao contexto.

 

Ficamos tirando papo fora junto daquela garota, apesar de que minutos antes ela tentou nos matar, não ironicamente. Olhando agora, ela parece tão frágil quanto um gato abandonado. Fushimi recebeu uma ligação, provavelmente dos seus colegas de equipe. Pela troca de olhares, entendi que pedia silenciosamente atenção nela por pouco tempo. Aproveitei a oportunidade para lhe arrancar informações.

 

– Qual seu nome? – ela demonstrou incerteza em responder – Não tem nome?

 

– Saisho… – sussurrou – Me chamo Saisho Hanabi.

 

– Fogos de artifício, hm? 

 

– Isso. – sorriu levemente – Como os fogos de artifício. – e voltou a devolver um rosto abatido.

 

– Não se preocupe, Saisho. – dei o semblante mais amigável que conseguia – Eles não vão te machucar, eu te prometo.

 

Nem eu acreditei que conversava tão livremente com uma garota.

 

– Não é do Scepter Four que tenho medo. – ela encolheu as pernas, ficando em posição fetal.

 

– Não? E o que te aflige desse jeito?

 

Hanabi escondeu o rosto sobre os joelhos, depois, pude ouvir que chorava. E muito. Fiquei sem resposta a esta pergunta, visto que não consegui insistir. Logo ouvimos o som de uma freada brusca, sem ver, tinha certeza que era a equipe dos azuis. Saruhiko retornou com cara de desagrado. Queria ter uma bola de cristal para ler o que se passava nessa cabeça oca dele.

 

Seria um tanto egoísta de minha parte acreditar que era por causa do nosso encontro “fracassado”?

 

– Eles chegaram. – comentou com rispidez – Vamos, os dois.

 

Saisho enxugou as lágrimas e permitiu que Fushimi procedesse com os rituais. Os outros clansmans recolheram todos os seus eletrônicos, nos quais eram poucos, averiguaram se não restava nenhuma arma consigo e a algemaram. Vi quando despedia-se de nós com os olhos cheios de lágrimas sendo posta dentro dos carros enormes do Scepter. É incrível como alguém pode mudar de personalidade tão rápido.

 

– Você também, Misaki.

 

– O quê? – lhe olhei espantado – Por que tenho que entrar também?

 

– Faz parte do protocolo, idiota. – estalou a língua – Como você estava presente na hora do ataque, seria sensato da nossa parte acreditar que vão repetir a ação se ficar sozinho. E eu não quero ter problemas com a Anna e o senhor Kusanagi. Eles não vão gostar se deixar o garoto preferido deles se machucar. – ele esfregou a ponta da minha franja cuidadosamente. Não sei como dizer isso. Resumidamente, tive um pane, então apenas lhe observei até parar com aquilo.

 

– Você vai ter que voltar? – minha voz saiu vergonhosamente baixa. Ele sorri mesmo visivelmente desalentado e puxa meu gorro preto – Ei! Me devolve!

 

Ali percebi que onze centímetros fazem sim diferença. Ele o levantava do mesmo jeito que um bully clássico americano. Eu já esperava não conseguir recuperá-lo assim e honestamente, não tinha cabeça para aquele tipo de brincadeira. Sequei-o com desgosto, até ele dizer o que pretendia.

 

– Se eu levar isso, você vai ter um motivo para voltar. É por isso, Misaki.

 

Fiquei calado, pensando no que responder. Como alguém consegue ser tão estpúpido assim? Minha companhia é importante para ele? Eu deveria dificultar as coisas, testá-lo para ver se merece meu perdão, mas…

 

…Não é exatamente o que eu queria fazer. É cansativo demasiado fingir desprezo por alguém que claramente não odeio.

 

– Se você pretende me chamar para sair de novo, é só pedir, boboca. – lhe dei um rosto amigável, o que o deixou sem resposta – Não precisa criar um labirinto para isso.

 

Tirei de sua mão a peça de roupa roubada e agradeci, ainda sorrindo.

 

– Eu sinto muito por hoje. Foi terrível. Eu não esperava que–

 

– Não foi. – o interrompo – Não tinha como nenhum de nós saber que isso aconteceria, não foi sua culpa.

 

Por qual motivo sinto que estou prestes a me arrepender do que vou dizer?

 

– Sabe, eu gostei de batalhar ao seu lado, fazia um tempo desde a última vez que fomos pegos de surpresa desse jeito. –  mantive contato visual, conseguindo finalmente prender a atenção dele – Se sua intenção era nos aproximar do passado, Fushimi, funcionou. – coloquei o gorro de volta, dessa vez, deixando as orelhas de fora – Lutar com você é bem melhor do que lutar contra você. Então não se preocupe, eu não me arrependi de ter dito “sim”.

 

Não sei de onde surgiu tantas palavras bonitas, nem coragem para dizê-las. Só sei que explodiria em pedacinhos sem precisar da ajuda de Hanabi e seu canhão, bazuca, ou seja lá que tipo de arma fosse. O meu coração era uma bomba relógio que só poderia ser ativada quando ele me colocasse em situações delicadas. Céus. Estou tão nervoso neste momento que meus lábios tremem. 

 

– Fushimi! – o chama – O Capitão Munakata nos espera. 

 

Ele nitidamente não suportava a ideia de voltar ao Scepter no seu dia de folga, e por bônus, teria que abandonar nosso raro tempo juntos.

 

– Yatagarasu. – olhei na direção de onde vinha a voz grave, não quis acreditar em quem via para piorar tudo.

 

– Ah. Mentira que é você quem vai me escoltar. – fechei o rosto – O ruivo metido a besta.

 

– O que disse, tapado? – ele teve a ousadia de se aproximar de mim com más intenções, para sua infelicidade, Saruhiko interrompeu o diálogo.

 

– Profissionalismo, Domyoji. – nunca pensei que diria isso, mas gostei de ver aquele rosto amedrontador. Quem não curtiu tanto foi o azul por não ter o que contra-argumentar.

 

– Nossa! Então é assim que vocês tratam pessoas de outro clã? Que decepcionante… 

 

– Você também, Misaki. – me repreendeu dando um beliscão na minha bochecha – Seja cooperativo.

 

– Eu te odeio, Fushimi.

 

– É, eu também me odeio.

 

Encarei-lhe decepcionado: – Não tem graça, maldito. – ele não poderia fazer nada além de rir abafado.

 

Domyoji sai apressado na frente. Eu tinha noção de que não pediria gentilmente que o acompanhasse. Na verdade, deve estar abominando ter que dividir espaço comigo. É incrível a minha maravilhosa habilidade de criar inimizade com os caras desse clã.

 

Antes de ir, precisava dizer "tchau'' a alguém primeiro.

 

– Então… Até a próxima? – acho que precisei piscar umas cinco vezes para poder encará-lo nos olhos depois de tanta coisa que soltei de uma vez. Ele processava a informação. E demorava.

 

– Se você estiver disposto a ver esse traidor maldito de novo.

 

– Não me faça te socar agora mesmo! – mostrei os punhos.

 

– Você não muda mesmo. – sorri – Eu gosto disso em você.

 

Merda. Eu senti uma coisa que não deveria nas atuais circunstâncias.

 

– E-Eu preciso mesmo ir embora antes que seu amigo faça caso da demora. – respondi, claramente ansioso – Tchau!

 

Saí correndo até o veículo oficial do Scepter Four ignorando completamente os pés que ardiam no asfalto. De repente fiquei tão acanhado que não pude nem esperá-lo despedir-se. Espero que entenda.

 

Entrei no carro, no banco da frente. Ele ordenou-me que botasse o cinto, coisa que não tolero. Teria reclamado se minha cabeça não estivesse a mil por hora tentando digerir aquilo. Sou jovem, essas coisas não deveriam me abalar desse jeito! Eu deveria me agitar mais por causa da luta tensa, mas fui habituado a isto, é normal, rotineiro. O tipo de escorrego que sei lidar, pois sou um membro da Homra, o temível Yatagarasu, eu luto. No entanto, somente conseguia pensar em Fushimi, em como ele mudou, em como me interessava por saber o estímulo por trás e suas intenções tentando se reaproximar.

 

Lembro-me quando eu tentei fazer o mesmo, arrisquei o que podia para entender o seu lado. Não é porque somos de clãs opostos que devemos ser assim também, certo? Eu não mentia quando perguntava sobre seu dia, eu tinha interesse. Saruhiko sempre dava um jeito de me jogar para longe, me ignorava e me tratava mal, parece que colocava toda a culpa em cima de mim, tanto que chegou uma hora que não dava mais para aguentar aquilo, portanto, desisti da nossa amizade. Não foi uma decisão fácil. Só Deus sabe quantos travesseiros eu encharquei nas noites que passei chorando por causa dele. Não quero que isso se repita, não quero me machucar. Não quero que ele me faça sofrer de novo. Porque sei que se vier dele, vai doer.

 

E eu não quero ter que admitir.

 

– Não é da minha conta, eu sei disso. Mas você e Fushimi se dão bem? Como consegue fazer isso?

 

Até me assustei com sua voz. Tinha me esquecido que ele estava aqui.

 

– Eu não diria que nos damos bem. – respondi, arquitetando bem as palavras a seguir – Acho que estamos tentando.

 

Ele me olhou de canto, não poderia prestar tanta atenção em outra coisa que não fosse o trânsito.

 

– Eu até achei que vocês fossem namorados, nunca vi ele sendo tão legal com alguém antes.

 

Ironicamente, eu me engasguei com o vento.

 

– Aí! Foi mal! Não precisa ficar tão chocado!

 

Precisava sim. Como que esse cara lida com o emprego? Eu bem me lembro de que ele nunca foi de ter intimidade com os outros membros da Homra a não ser eu e Izumo, só que ele não conta. Kusanagi se dá com todos. Caso não conseguisse criar amizade com ele, ninguém, nem mesmo eu, que era seu melhor amigo, seria capaz.  

 

– Nós… – merda. Eu não deveria dizer isso – Nós já fomos no passado. 

 

Ele freou bruscamente.

 

– O quê? – gritou – Eu falei brincando, isso é verdade mesmo?

 

– Qual foi? Não precisa ficar tão chocado.

 

Céus. Acho que contei a improbabilidade mais possível que existiu. Ele tinha cara de ter visto uns dez fantasmas só de uma vez de tão assombrado.

 

– Você tem um gosto bem peculiar, diga-se de passagem. – fez careta – Não consigo falar de jeito nenhum com aquele cara! É monótono como uma pedra! – não me contive e gargalhei tentando imaginar os problemas de comunicação entre Saruhiko e os outros.

 

– Sabe, Fushimi não é um cara mau, só precisa de um pouco mais de tempo para poder aceitar as pessoas no seu mundinho. – inconscientemente sorri lembrando das minhas tentativas lastimáveis quando nos conhecemos – No final, você entende que ele não é complicado como parece. Na verdade, ele só precisa que alguém não desista dele apesar desse jeitinho frio. Ele também tem um coração.

 

Quando lhe olhei, espantava-se mais do que antes.

 

– Credo. Você fala como se estivesse apaixonado por ele.

 

Suspirei alto.

 

– Cala essa boca.

 

Eu só espero que esse babaca inútil não conte para ninguém o que eu disse aqui, se não, eu mesmo faço ele engolir as palavras.


 

Retornei ao bar quando o céu quase escurecia por completo. Estranhamente, Kusanagi já me aguardava encostado à vidraçaria fumando tabaco, como de costume. Domyoji destrancou a porta do carro e eu proferi um “obrigado” meio contra vontade, acho que ele não me desamava tanto após termos minutos de diálogo.

 

Eu não sabia com que cara olhar para Izumo, e dessa vez, não teria como escapar dele. Fingia desatenção a forma que impiedosamente não desgrudava de mim, não é possível que já tenha chegado aos seus ouvidos tamanha novidade. 

 

Segurei mais firme o skate. Não posso mais continuar assim. Eu e Fushimi caminhamos bem agora, então o que seria difícil comparado ao feito glorioso de hoje? É de Izumo Kusanagi que falamos.

 

Tomei os primeiros passos, ficando frente a frente, inexpressivo. Ele me viu descalço e o estado dos meus pés chamuscados. Obviamente não teria feito aquilo por mim mesmo.

 

– Yata, o que aconteceu? – ele me aperta as bochechas, virando o rosto de um lado para o outro, garantindo que não houvessem outros machucados.

 

– Vai ficar fingindo que não sabe? – retruquei – Aposto que sua namorada te contou. – ele bufou, puxando minha orelha. – Ai!

 

Engraçado, ele age igual a minha mãe.

 

– Que droga! – esbravejou com as mãos na cintura – Fico uns dias sem te dar atenção e você aproveita pra se meter em encrenca! Logo com a Jungle! – puxou os cabelos – O que você é, um pirralho?

 

– Você fala como se eu tivesse começado isso! Eu não corri atrás de briga com eles!

 

Ele apagou o cigarro com o sapato, limpou a garganta, e voltou a estabilidade imediatamente (completamente assustador!): – Sim, Yata. A senhorita Awashima me avisou do ocorrido. – ele continuou procurando mais ferimentos pelo meu corpo, apertando o braço – E que Fushimi estava presente na hora.

 

Engoli o seco.

 

– É, eu estava com ele. – cruzei os braços – Nós tínhamos saído juntos.

 

Kusanagi ficou boquiaberto e contente simultaneamente. Tanto que me envolveu em um enlace carinhoso, comemorando, apoiando meu rosto sobre seu ombro largo ao mesmo tempo que ele acariciava minha costa, igual um pai faria para acalmar seu filho pequeno aos prantos.

 

– Então quer dizer que você prefere falar com seu arqui-inimigo do que se acertar comigo? – apertou-me na espinha, claro que soltei uns gritos – Poxa, Yata. Por que você só não vem conversar comigo? Eu te assusto por um acaso?

 

Eu ainda não tinha percebido que não correspondia o afeto, então o fiz, envergonhado.

 

– Me desculpa. – digo baixo – Eu pensei que ainda estivesse aborrecido comigo. – ele murmura algo que não compreendo.

 

– Eu só queria saber por quanto tempo esse silêncio duraria, nunca guardei rancor, Yata. – ele nos separa, segurando-me pelos ombros – Eu me arrependo de ter escondido algo tão importante de você, devo admitir, foi uma péssima ideia!

 

– E eu disse coisas que não deveria. – repliquei, cabisbaixo – Me perdoe, Awashima não tinha nada a ver com minha raiva, eu só…

 

– Tudo bem, Yata. – ele me dá um sorriso aliviado – Eu sei que você não tem nada contra ela, na hora da raiva nós falamos cada baboseira! – riu – E se tivesse, eu daria um jeito de mudar de ideia.

 

Ele mostrou o punho e eu entendi o recado.

 

– Não se preocupe com essa parte. – ri, nervoso.

 

Consegui resolver dois conflitos pessoais hoje. Preciso afirmar que estou orgulhoso de mim mesmo com essa conquista. Posso até discutir com Saruhiko e cortar amizade de anos como se não fosse nada, porém com o Kusanagi? Jamais me perdoaria.

 

– Agora você me deve uma explicação, não achas?

 

– Kusanagi, estou morto. – esfreguei o rosto – Não aguento pensar em nada, por favor, só me deixa descansar por hora. 

 

Ele ofegou descontente com minha escolha, mas não poderia fazer nada a respeito.

 

– Certo, foi um dia e tanto. Vou levar sua refeição no quarto mais tarde, então deixe a porta aberta.

 

– Eu agradeço. Obrigado por tudo.

 

– Imagina. – ele me abraça aconchegantemente. Sendo franco, eu teria curtido mais a proximidade se ele não cheirasse a fumaça impregnada. – Também estou curioso para saber de Fushimi.

 

– Não quero mesmo falar sobre isso agora! – gritei, lhe arrancando bom humor.

 

Deu tudo certo no final das contas. Mas me custou toda vitalidade. Apesar de ter um bilhão de memórias ocupando espaço dentro do palácio mental, preciso urgentemente de descanso, minhas emoções se esgotaram por hoje. Tanto que se piscar, temo que seja capaz de dormir em pé. E assim eu fiz. Naquela noite, a comida que Izumo preparou para mim ficou dentro da geladeira, pois apaguei. Saberia apenas do que se tratava no almoço, não dei o trabalho de averiguar no dia seguinte. Apesar de mal ter comido algo daquele cachorro quente, estava agitado e exausto para digerir.



 

– E o Fushimi, Yata? – perguntou o barman, enxugando uma das suas taças de cristal favoritas.  – Queremos saber do seu melodrama.

 

– É! – puxou corda – Como foi o encontro? – Kamamoto terminou de posicionar os bancos do bar, sentando perto de mim com o sorriso mais estúpido que vi em toda minha miserável vida.

 

– Ele fez algo com você? – Akagi pegou pouca parte da narrativa, já que chegou atrasado.

 

– Já chega. Eu disse que isso é pessoal e não vou contar. – todos eles, inclusive Solt, pareceram bastante decepcionados, mas dei uma piscadela para Rikio, que percebeu a intenção e sorriu desajeitado. Seria injusto se simplesmente não desse ao menos uma palinha dos ocorridos – E ele não fez nada comigo.

 

Meu smartwatch apitou duas vezes, tratava-se de mensagens de um remetente não salvo. Apesar disso, as inicias lembraram-me de que já deveria tê-lo agendado a muito tempo.  

 

O contato de Fushimi Saruhiko.

 

O recado dizia:

 

Número desconhecido: vamos tirar umas fotos

Número desconhecido: da próxima vez

 

É verdade. Enlouquecia tanto por dentro que os detalhes passaram despercebidos. Queria ter algo visível para recordar esse dia louco.

 

Número desconhecido: vamos tirar umas fotos

Número desconhecido: da próxima vez

 

Você: só se vc prometer dar um sorriso! vc

nunca sorri pras fotos

 

Número desconhecido: então esqueça

 

Você: foi vc quem pediu por isso pirmerio >:(

Você: então não mude de ideia tão rápidi, saru estúpido

Você: quero guardar seu sorriso cmg, fushimi

 

Droga. Nem acredito que mandei isso de verdade. Que vergonhoso. Espero que ele não estranhe.

 

quatro-olhos estúpido: você é tão idiota

quatro-olhos estúpido: aprende a escrever direito

 

Por mais que a única ideia passando agora seja pegar um táxi e ir tomar satisfação das suas ofensas lá no Scepter, eu só conseguia sorrir como bobo. É bom tê-lo de volta. Eu fico feliz só de saber que nós podemos tentar ser amigos como antes, quando éramos apoio um do outro.

 

Por favor, não descarte minha confiança em você, Saruhiko. Eu quero acreditar que podes mudar.


 


Notas Finais


vou logo pedindo desculpas por qualquer erro, não dormi bem e estou porre de sono.

até a próxima !


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