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História Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Profundamente perdido


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


A capa deste capítulo é a divulgação do meu novo conto de horror, um pequeno universo narrativo dividido em 8 contos bizarros disponíveis na Amazon Kindle. Link nas notas finais.

Capítulo 34 - Profundamente perdido


Fanfic / Fanfiction Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Profundamente perdido

Capítulo Trinta e Quatro — Profundamente perdido
— Bruno —

 

— Eu não sei o que dizer. — respondi aos prantos enquanto meu pai me olhava com assombro. Seus olhos estavam vermelhos e as veias saltavam de sua testa de modo que eu nem me surpreenderia se de repente ele explodisse de tão vermelho que estava — Diz alguma coisa, papai.

Ele olhou pra mim com os olhos marejados e balançou a cabeça negativamente.

— Há algum tempo eu desconfiava, mas me recusava acreditar. — agora ele parecia estar calmo, mas eu o conhecia o suficiente para saber que era só uma questão de tempo até ele explodir de raiva novamente — Desde que o Leandro apareceu na sua vida você mudou. Viviam grudados pra cima e pra baixo… acho que o que mais dói não é o fato de você gostar de garotos, mas a forma que descobri. Porque não confiou em mim? Porque não me contou? Eu precisei ver você quase transando com esse… esse… — ele olhava para Leandro Henrique sem esconder sua repulsa e desprezo — Me sinto traído.

— Me desculpa papai. Eu não queria que fosse dessa forma. Eu não escolhi ser assim. — falei me aproximando dele.

— Não chega perto de mim! — ele recuou alguns passos, agora sem conseguir conter as lágrimas — Eu quero que vá embora dessa casa.

— Mas pra onde eu vou?

— Não sei, mas preciso que saia! Pegue o que for preciso e vá embora. — ele virava a cara para não olhar pra mim.

— Pai, por favor eu…

— Não quero suas explicações. — ele suspirou baixinho e passou as mãos na cabeça quase arrancando os cabelos, em seguida deu um soco na parede,

 

Sem dizer nada, peguei algumas peças de roupa e coloquei na mochila, em seguida saí enquanto papai se manteve de costas para não me olhar.

 

— Se quiser, pode ficar na minha casa. — disse Henri com um sorriso cínico enquanto destrancava a sua porta.

— Não preciso de você! — falei lhe fuzilando com desprezo.

— Não seja rabugento. Você não tem pra onde ir. Fica só essa noite. Quando amanhecer você decide o que vai fazer da vida, pode ser?

Cheguei a pensar em pedir para Mel ou Rafa me abrigarem, mas depois de minha briga com Leandro, eles certamente estariam me odiando.

Tentei pensar rapidamente em alguém que pudesse me dar abrigo e cheguei à conclusão de que meus supostos amigos não eram exatamente o tipo de pessoa que ajudaria ao próximo numa situação como essa.

Sem alternativas imediatas, acabei me rendendo e aceitei o convite de Henri.

 

 

Era estranho não poder voltar pra casa. Aquilo me trazia a sensação de que talvez eu nunca mais fosse ser feliz novamente, pois, de alguma forma, todo filho pensa, mesmo que inconscientemente, que terá seus pais para sempre e que independente das consequências de suas escolhas ou das broncas, eles sempre estarão lá… mas naquele momento eu percebia que eu havia perdido as pessoas que eu mais amava… Meus pais, Leandro… até mesmo a amizade de Rafa e Mel eu sentia que não tinha mais. Era uma dor que atravessava a alma.

 

Eu já havia tomado banho e agora estava encolhido no sofá da sala do Henri, que preparava chocolate quente para nós.

Embora um leve cheiro desagradável invadisse minhas narinas, eu não me importava muito, só queria fingir estar preso em um pesadelo e que a qualquer momento eu acordaria, talvez aos seis anos de idade, quando a vida era menos complicada.

— Você está tremendo. Quer que eu te aqueça? — disse Henri com duas canecas nas mãos e entregando uma para mim.

Não respondi. Deixei a caneca sobre a mesinha de centro e continuei ali, pensando em coisas irreais.

Fechei os olhos para segurar outra lágrima e então, senti ele se acomodar por trás de mim com um pouco de dificuldade.

— Henri eu… eu não quero nada com você. — falei seco.

— Do que está falando?

— Eu amo outra pessoa e não quero te usar ou ser usado por você.

Henri pigarreou e quase soltou um pequeno riso antes de responder:

— O Leandro nunca te mereceu. Nunca foi o bastante pra você.

— Eu não me importo. Ainda que eu nunca mais o tenha, não é com você que eu quero ficar. — Henri ficou pálido quando eu disse isso e por um instante pensei que ele pudesse me expulsar, mas ao invés disso, ele se recompôs rapidamente e me lançou um olhar compreensivo — Eu preciso dormir. Ao amanhecer vou procurar um lugar pra ficar. Talvez eu vá pra casa do Rafael ou…

— Isso é tão irônico. — disse ele se levantando e sentando no sofá menor — Você parece ser tão afeiçoado ao Rafa. O fato dele ter ficado com o Leandro não te incomoda?

— Do que você tá falando Leandro Henrique?

— Ora… Leandro sempre confidenciou a vida dele a mim. Em uma de nossas conversas no MSN, ele me disse que fez altas loucuras com o Rafa… isso aconteceu um dia antes do teu aniversário.

Senti o sangue ferver em minhas veias naquele momento.

— Porque você tá fazendo isso? Qual o teu problema? Você fingiu ser amigo do Leandro, veio pra Braga e fez das nossas vidas um inferno. Porquê? Pra quê?

Ele riu e deu de ombros.

Irritado, peguei minha mochila e me direcionei à saída.

— O que está fazendo?

— Não vou ficar aqui! Prefiro dormir na rua!

Abri a porta e acabei dando de cara com meu pai, que tinha os olhos inchados de chorar.

— Deixa de bobagem. Entra! — disse Henri me agarrando por trás. Papai, ao ver tal cena, me olhou com ódio descomunal e então bateu a porta violentamente.

Bufando, saí porta afora e desapareci pela noite.

Em meus bolsos haviam alguns trocados, o suficiente para dormir em algum albergue barato.

 


Notas Finais




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