1. Spirit Fanfics >
  2. Olhos vermelhos e noites de Outubro >
  3. Capítulo Único

História Olhos vermelhos e noites de Outubro - Capítulo Único


Escrita por: NanaRoal

Notas do Autor


Casal novo na área, pessoas! ;)
Fanfic também postada no Nyah!
Espero que aproveitem!
Deixem sua opinião depois!

Capítulo 1 - Capítulo Único


O pequeno loiro de sete anos entrou correndo em casa parecendo um furacão amarelo. Passou quase voando pela sala e chegou ofegante a cozinha, onde um homem muito parecido com ele estava ao fogão preparando o almoço.

- Naruto já disse para não correr dentro de casa. – O mais velho repreendeu em tom calmo demais para ao menos parecer uma censura.

- Pai! Pai! Pai! Eu achei! Eu achei! – Pulava de um lado a outro sem se aguentar de felicidade.

O mais velho se virou e lançou um olhar curioso sobre seu pequeno garoto...

- Achou o que? – Limpou a mão no avental que usava e se abaixou para tentar conter a empolgação do garoto, segurando-o pelos ombros.

- Eu achei minha nova mãe! – Abriu um enorme sorriso e seus olhos brilharam intensamente.

O loiro deu um sorriso triste para o filho e o puxou para um abraço forte, Naruto não entendeu a atitude do pai, mas aceitou o abraço.

Minato Namikaze tinha trinta anos, há sete anos havia tido o dia mais marcante de sua vida. Há sete anos seu maior tesouro havia nascido, mas seu grande amor tinha sido abraçado pela morte.

Kushina Uzumaki, a garota briguenta por quem tinha se apaixonado na infância e casado assim que completou maior idade, morreu devido à hemorragia que teve após dar a luz à Naruto.

Naquela noite chuvosa de Outubro Minato chorou como uma criança. Chorou de felicidade e tristeza e jurou que faria de tudo para criar Naruto com todo o amor possível...

Mas jamais conseguiu tirar do filho o desejo de uma nova mãe e isso o maltratava demais, afinal não conseguiria amar outra mulher, seu coração estava fechado e só batia pelo amor que sentia por seu filho.

- Naruto... Nós já conversamos sobre isso...  – Sussurrou carinhosamente, tentando não transpassar a tristeza que sentia.

- Eu sei pai, mas... – Se afastou do abraço para segurar o rosto do mais velho entre as mãos pequenas. – É a mãe perfeita!

O Namikaze suspirou cansado e se levantou.

- Tudo bem... Conte-me mais sobre essa mãe perfeita, enquanto eu termino o almoço. – Voltou a mexer nas panelas.

- Ele é muito legal, sempre me dá uma bala quando eu passo pela praça e... – Falou alto e gesticulava efusivamente.

Minato ia assentindo até sua mente registrar a primeira palavra dita pelo filho e se virou rapidamente...

- Ele? – Franziu as sobrancelhas. – É um homem?

- Sim... – Assentiu sorridente. - O senhor vai conhecer ele? Vai? Vai? Diz que sim! – Olhos pidões.

Minato massageou a testa e começou a rir. Só seu filho pra ter essas loucas ideias, mas o sorriso morreu e deu lugar a uma expressão desconfiada.

- Como você conheceu esse homem, Naruto? – Voltou a se abaixar na frente da criança.

- Foi no dia que eu caí na praça... Ele me ajudou e me deu uma bala.

- Quando foi isso? – Franziu o cenho.

- Semana passada! – Sorriu.

O mais velho ficou pensativo. A praça ficava no final do quarteirão onde morava, sua rua era pacata e ele conhecia todos os seus vizinhos. Quando percebeu que Naruto poderia ir até à praça sem companhia, deixou. Não queria que o filho passasse as férias inteiras, trancado dentro de casa.

Mas será que já não era mais seguro? Será que era um tarado?

 - Pai? Tudo bem? – O menino cutucou a bochecha do mais velho e o olhou com curiosidade.

Minato piscou rapidamente e assentiu.

- Eu acho que vou sim conhecer esse homem, Naruto. – Se endireitou e voltou a atenção para o fogão. – Vai lavar as mãos o almoço está quase pronto.

Durante o almoço Minato ainda conseguiu desviar o assunto, mas o fato de um estranho estar oferecendo doces ao seu filho ainda o incomodava muito.

Assim que Naruto se acomodou no sofá para tirar seu cochilo da tarde, saiu para comprar alguns ingredientes que faltavam para terminar seu último pedido. Minato era um excelente confeiteiro e se mantinha bem com isso. 

Quando passou pela praça, olhou atentamente para cada pessoa ali e cumprimentou todas, afinal era bem conhecido na região devido ao seu trabalho. Mas não havia ninguém diferente e se fosse um de seus conhecidos Naruto teria dito o nome, então resolveu esquecer momentaneamente e se concentrar em sua lista de compras.

Foi até o supermercado próximo, comprou tudo que era necessário e já se sentia cansado só de se imaginar carregando todas aquelas sacolas. Ao recolher as sacolas sorriu para a atendente e esta corou completamente.

No caminho de volta estava tão distraído calculando mentalmente os lucros que teria com aquela encomenda, que não percebeu um enorme animal se aproximando a toda velocidade e nem dois gritos desesperados de aviso.

Quando se deu conta do enorme cachorro negro, este já estava sobre si o lambendo e farejando como se fosse um velho conhecido, enquanto suas compras estavam espalhadas ao seu redor.

- Hashirama seu idiota! Eu disse pra manter essa criatura do demônio presa a coleira! - Uma voz grossa e irritada soou ao longe.

- Desculpe irmãozinho, Susanoo nunca foi desse jeito. - O tom culpado chegou a Minato.

O loiro lutava para tentar se afastar do animal, mas este não parecia muito disposto a ficar a uma distância maior que dez centímetros.  Sua sorte é que ele parecia querer agradá-lo e não matá-lo... Era um bom sinal...

- Essa coisa tinha que ser daquele psicopata do Madara... Maldito Uchiha!

- A culpa não é do Madara, irmãozinho!

Minato sentiu o peso do cachorro se afastar e mãos o ajudarem a se sentar. Limpou a saliva canina que estava em suas pálpebras e abriu os olhos. Suas costas doíam e sua nuca também... O cachorro era muito grande.

- Obrigado... – Agradeceu para borrão branco que estava diante de si e ensaiou um sorriso de agradecimento.

Mas quando a imagem entrou em foco, seu sorriso diminui um pouco e seus olhos se arregalaram levemente. Diante dele estavam os orbes mais exóticos e belos que já tinha visto em toda sua vida.

Vermelhos como rubi...

- Você está bem? – A voz saiu rouca e um tanto preocupada.

O loiro assentiu em silêncio e aceitou a mão que lhe era estendida para conseguir levantar. De pé percebeu que o homem era ligeiramente mais alto que ele, então reparou melhor em suas características: tinha cabelos arrepiados de tom platinado e sua pele era clara como marfim. A imagem dele se resumia em branco, o que fazia seus olhos se destacarem ainda mais.

- Tem certeza que está bem? - Franziu as sobrancelhas alvas e viu o loiro assentir. - O cachorro não te mordeu? - Minato negou.

- Santo Deus, irmãozinho! O Susanoo atacou um homem mudo! - A voz desesperada fez o loiro despertar de seu torpor de observação.

- Eu não sou mudo... - Rebateu em tom baixo e lançou um olhar sobre o homem que segurava a coleira de um enorme labrador de pelos negros e brilhantes.

O homem era tão alto quanto o outro, mas era quase que seu completo oposto. Tinha cabelos muito longos num tom escuro de castanho, pele amorenada e olhos negros.  

- Graças a Deus, cara! Me sentiria duplamente culpado se você fosse mudo! - Levou uma das mãos ao peito e fez uma teatral expressão de alívio.

- Cala a boca, Hashirama! - O tom impaciente do albino e a expressão deprimida do moreno, fez Minato dar um mínimo sorriso.

Mas logo sua atenção voltou para suas compras que estavam espalhadas no chão: ovos quebrados, caixa de leite estourada e pacotes de bolacha esmagados. Aquele cachorro era uma maquina de destruição! Suspirou desolado...

- Não se preocupe iremos pagar pelo estrago. - O albino tocou o ombro do Namikaze amigavelmente.

- Não precisa, foi um acidente. - Tentou seu melhor sorriso.

O albino o fitou por um tempo mantendo uma expressão estoica, mas seus olhar era intenso. Minato sentiu algo estranho remexer-se dentro de si, parecia que os olhos vermelhos estavam lendo sua alma.

Hashirama olhou de um pra outro algumas vezes e abriu um sorriso maroto. Pegou a coleira de Susanoo e começou a se distanciar.

- Viu a cara de idiota que ele tava fazendo? - Soltou um riso baixo. - E eu achando que ele sentia alguma coisa pelo pequeno Izuna.

Susanoo latiu como se compreendesse a fala do moreno...

O latido do grande animal fez os dois homens despertarem de seu transe e sentirem um estranho constrangimento, que foi perfeitamente camuflado pelo sorriso simpático do loiro e a expressão neutra do albino.

- Vou te ajudar a recolher isso e vamos comprar o que estragou. - O dono dos olhos vermelhos ia se inclinar pra recolher as compras, mas uma mão bronzeada o impediu.

- Não precisa senhor... Er...

- Tobirama Senju. - Apresentou-se e fez um pequeno aceno de cabeça, em cumprimento.

- Não precisa senhor Senju. Eu cuido disso. – Sorriu compassivo.

O Senju estreitou os olhos em direção ao Namikaze e estalou a língua, mostrando impaciência.

- Na verdade não precisaria mesmo, quem deveria estar te ajudando era o idiota do meu irmão, mas aquele sem noção já fugiu da responsabilidade junto com aquela mascote do psicopata. – Desabafou de modo um tanto rude.

- Então não precisa tomar a responsabilidade pra si. - Enrugou as sobrancelhas adotando uma expressão severa. - Eu posso cuidar disso. – Não alterou o tom de voz.

- Não! - Ditou enfático e começou a recolher as compras, mexendo apenas nas sacolas que não estavam sujas.

- Se você insiste... - Falou resignado e se pôs a ajudar o outro.

Em pouco mais de vinte minutos os dois já estavam a caminho da casa do loiro, pois o Senju havia insistido em ajuda-lo, após alguns protestos o Namikaze aceitou.

- Obrigado pela ajuda, senhor Senju. - O loiro deu um sorriso, assim que pararam em frente a uma casa amarela.

- Não agradeça, foi um pedido de desculpas. - Respondeu de modo neutro.

- Mesmo assim, obrigado. - Pegou as sacolas que estavam com o albino acenou com a cabeça e atravessou o quintal para entrar na casa.

O mais alto o acompanhou com os olhos até vê-lo passar pela porta de entrada e então seguiu seu próprio caminho.

*************////**************

No dia seguinte Minato resolveu acompanhar o filho ao parque, havia deixado sua auxiliar, Rin, cuidando da preparação dos doces mais fáceis. Naruto parecia não caber em si de felicidade.

- Pai nós podemos brincar na gangorra, você também pode mostrar aquelas mágicas legais e... – Tagarelava e pulava sem parar enquanto caminhavam em direção à praça.

- Para de pular, Naruto. – Falou risonho. Seu filho era muito intenso em tudo que fazia, era tão parecido com a mãe.

- Não consigo. – Abriu um enorme sorriso. – Ele tá aqui! – Gritou eufórico e correu até a praça.

  O mais velho olhou na direção que o filho ia e viu dois homens sentados de costas para si em um banco de madeira bem trabalhada. Viu a hora em que o pequeno praticamente pulou em um deles, fazendo a outro gargalhar por causa do susto que o primeiro levou.

Aquele que Naruto saudou sorridente estava com a cabeça parcialmente encoberta pela sombra da árvore, o que o impedia de saber ao menos a cor de seu cabelo. Já o homem ao lado tinha os cabelos de duas cores, branco e negro.

Se aproximou lentamente, os olhos fixos na expressão alegre do filho e nas mãos claras de dedos longos que o seguravam pelos ombros. Ao chegar perto o suficiente para escutar o que eles falavam, parou e ficou prestando atenção.

- Tinha que ter visto sua cara de susto, irmaozão. – O de cabelos exóticos soltou entre risos.

- Cala a boca, Itama. – O resmungo fez Minato arregalar os olhos.

- Tio! Meu pai quer te conhecer! – O pequeno loiro declarou com sua típica voz alegre.

- Você está usando essa criança para conquistar um homem, irmãozão? Não esperava isso de você! – Itama disse em um cômico tom de indignação.

- Itama, você quer mesmo me irritar? – A pergunta feita em tom ameaçador, fez o rapaz se calar. – É... Eu sabia que não.

- Tio! Tio! Tá me ouvindo? – O pequeno loiro cutucou o albino.

- Estou garoto e já disse que não sou seu tio. – Apertou a bochecha do garoto e este fez uma expressão emburrada. – E então? Porque seu pai quer me conhecer?

Naruto voltou a sorrir...

- Eu disse que você me dava bala e acho que ele quer também! – Declarou inocentemente.

- Acho que o pai do garoto tá pensando que você é um tarado. – Minato não pode deixar de concordar com a fala do rapaz.

- Ninguém merece... – O albino murmurou. – E então cadê o seu pai?

Minato ao ver o filho olhar em volta, resolveu se aproximar de uma vez. Adotando uma expressão calma.

- Como vai, senhor Senju? – Cumprimentou polidamente assim que parou ao lado do banco de madeira.

Os dois homens sentados o encararam, o mais alto fez uma expressão surpresa, enquanto o menor parecia curioso.

O loiro se impressionou com ele, os cabelos eram de duas cores, as sobrancelhas acompanhavam o tom dos cabelos e seus olhos também era de duas cores. Do lado esquerdo o cabelo e as sobrancelhas eram brancos e o olho era vermelho, já do lado direito o cabelo era negro assim como a sobrancelha e o olho. Ainda mais exótico que Tobirama Senju, mas não tão bonito quanto...

Que merda de pensamento era aquele?

- Namikaze? – Arqueou uma sobrancelha e olhou rapidamente de pai pra filho. – Claro! Como não pensei nisso antes? Vocês são praticamente iguais.

Naruto sorriu com orgulho ao escutar a fala e Minato dedicou um pequeno sorriso ao filho.

- Vocês já se conhecem? – Itama pareceu verdadeiramente curioso.

- Foi ele que o Susanoo atacou ontem. – O mais alto esclareceu.

- Oh... O senhor está bem? – Preocupação pontuou cada palavra.

- Sim, eu estou bem. – Sorriu com simpatia e recebeu um sorriso igual, mas emoldurado por bochechas avermelhadas. Já estava acostumado com aquilo.

Tobirama limpou a garganta o que fez o irmão desviar o olhar e corar ainda mais ao perceber o que estava fazendo. Essas coisas constrangedoras sempre aconteciam com ele.

- Então você queria me conhecer? – O albino sorriu de lado.

- Na verdade... – Coçou a nuca, sem graça. – Eu queria saber quem era o cara que tava dando doces ao meu filho... Sabe... Ter certeza de que não era um tarado.

   - Pai o que é tarado? – O pequeno loiro indagou e chamou a atenção dos três adultos.

Tobirama e Itama ficaram surpresos com a pergunta, suas mentes trabalhavam em uma resposta rápida, esclarecedora e pouco constrangedora. Mas o Namikaze nem se abalou...

- Tarado é aquela pessoa que quer sair dando beijos babados em todo mundo, meu filho. – Respondeu prontamente, como se tivesse ensaiado.

- Eca... Que nojo! – Fez uma careta e olhou assustado para o albino. – Você é um tarado, tio?

- É claro que não! – Fez uma carranca, que só aumentou ao escutar a risada baixa de seu irmão.

- Que bom... – O loirinho pareceu verdadeiramente aliviado e logo os olhos azuis se prenderam a figura de um garoto ruivo que acabava de chegar a praça acompanhado de uma menina loira e um menino moreno. – Vou falar pro Gaara tomar cuidado com os tarados babões. – Correu até o amigo ruivo.

  - Beijos babados... – Os olhos de Itama brilharam em divertimento e ele se levantou para poder cumprimentar o loiro. – Eu sou Itama Senju, irmão mais novo do Tobirama.

- Minato Namikaze. – Apertou a mão que lhe era estendida e fez um movimento de cabeça, em cumprimento.

- Prazer em conhecê-lo, Minato! – Sorriu abertamente, sem corar dessa vez. – Agora eu tenho que ir. Tchau irmãozão. – Acenou e saiu correndo.

- Cuidado com aquele cara, Itama! – Tobirama gritou em aviso.

- Eu sei me cuidar irmãozão! – O rapaz rebateu também gritando e desapareceu pela rua oposta à que Minato tinha vindo.

- Quantos irmãos você tem, senhor Senju? – Se sentou ao lado do albino e observou o filho brincando com os amigos.

- Três irmãos que tem como objetivo de vida me enlouquecer. – Respondeu extremamente sério e encarou o loiro com certo desagrado. – Pare de me chamar de “senhor Senju”, não sou um velho. Pode me chamar de Tobirama.

Minato riu e assentiu...

- Certo Tobirama e pode me chamar de Minato então.

- Tudo bem, Minato. – Deu um pequeno sorriso. – Só pra saber... Você não me acha mais um tarado? – Arqueou uma sobrancelha.

- Não, mas quero saber por que você vem na praça dar doces ao meu filho.

- Eu venho na praça pra ler... – Levantou a mão direita, mostrando um pequeno livro ao loiro. – E eu trago as balas pra eu comer, mas Naruto sempre pede e eu não consigo negar.

- Devia ter presumido isso. – Suspirou e relaxou de encontro ao encosto do banco. – Desculpe por isso.

- Eu não disse que me incomodava... Ele é um garoto interessante, mesmo às vezes sendo muito irritante e um tanto hiperativo. – Fitou o garoto que corria de um lado a outro sendo perseguido por uma pequena loira de maria-chiquinha.

- Ele não é irritante. – O Namikaze rebateu sem alterar o tom calmo.

- Ele ficou quinze minutos direto repetindo “lê esse livro pra mim, por favor”. Até eu me irritar e ler para ele.

- Er... Ele é bem insistente. – Sorriso constrangido. – Igual à mãe. – O tom nostálgico e o rápido brilho entristecido nos olhos azuis, chamaram a atenção do albino.

- Sua esposa deve ser alguém bem peculiar. – Sondou de forma discreta.

- Ela era incrível, a mulher mais incrível que eu já conheci. – Abriu um sorriso carinhoso e levantou a cabeça, fitando o céu límpido. – Deve estar lá no céu aterrorizando os anjos. – A leveza dos sentimentos que moldavam a expressão do loiro o tornava, ao ver de Tobirama, um ser de extrema beleza.

- Realmente alguém bem peculiar. – Sussurrou distraído, enquanto seus olhos vagavam por cada traço do menor.

Os cabelos loiros que emolduravam o rosto bronzeado de traços elegantes, os olhos azuis um tanto puxados, nariz bem afilado e lábios finos que estavam esticados em um sorriso terno. Uma aura de calmaria o rodeava, parecia que nada poderia tirá-lo do sério.

No dia anterior, pouco antes de Susanoo enlouquecer e disparar em direção ao homem, ele já tinha reparado nele. A expressão desatenta, os cabelos balançando suavemente por causa da brisa de fim de tarde, os olhos muito azuis atentos ao caminho, mas completamente opacos.

Depois pensou que o loiro ficaria furioso com o ataque ou com as compras destruídas, mas este apenas suspirou e sorriu. Nada mais. Tudo o que recebeu foram um sorriso e um agradecimento, nada de gritos histéricos, olhares assassinos, sorrisos sarcásticos e nem ameaças sibiladas.

Estava tão acostumando com isso que mal acreditou naquilo, mal conseguiu lidar com aquela atitude e acabou sendo um tanto grosseiro e aí viu uma expressão severa, só que a resposta a sua grosseria saiu em tom ameno.

- Tobirama?

Piscou rapidamente e percebeu que o loiro o encarava com curiosidade.

- Desculpe... Disse alguma coisa? – Limpou a garganta e tentou voltar à postura indiferente que lhe era costumeira.

- Eu perguntei sobre o que é seu livro. – Apontou o livro grosso de capa escura.

- É um livro sobre a história da fundação de Konoha, na verdade, é algo para estudo. Eu leciono História Política na Universidade de Konoha.

- Nossa... Que legal. – Fitou a capa por um tempo e sorriu quando o albino lhe entregou o livro. – Você tem mesmo jeito de professor... – Murmurou pensativamente, enquanto folheava o livro bem cuidado, mas desgastado pelo uso.

- O que quer dizer? – Enrugou as sobrancelhas e lembrou-se do que seu irmão mais velho sempre dizia. – “Você é chato, Tobi! Por isso escolheu algo chato pra fazer.”

- Você tem olhos inteligentes, jeito severo e voz agradável. Deve ser o tipo de professor que aterroriza muitos e tem o respeito de todos. – Encarou os olhos vermelhos e fez uma expressão simpática.

- E você é o que? Vidente? – Deu um pequeno sorriso, sentindo-se um tanto soberbo por causa das falas sinceras do menor.

- Eu sou confeiteiro e agora só trabalho em casa mesmo. – Voltou a olhar para o filho que permanecia entretido com os três amigos. – Eu escolhi isso para poder cuidar dele.

- Hm...  – Seguiu o olhar do outro – E eu pensando que aquela quantidade de guloseimas era porque você era um viciado em doces.

O Namikaze soltou um riso que soou agravável aos ouvidos do Senju e isso o fez voltar a encará-lo.

- Eu admito que gosto bastante de doces, mas aqueles não são pra eu comer. – Devolveu o livro ao dono e se levantou. – E falando nisso preciso voltar pra casa, tenho uma encomenda pra terminar.

- Vai levar Naruto com você? – Levantou a cabeça para encarar o rosto bonito.

- Não... Afinal já descobri que não tem um tarado o rondando. – Soltou um riso leve e virou-se para o pequeno loiro. – Filho! – O menino imediatamente correu em direção ao homem e parou ofegante a sua frente.

- Oi, pai... – O olhou com atenção.

- Já sabe o que tem que fazer, certo? – Se agachou para ficar na altura do filho.

- Quando o tio Inoichi sair para comer, eu tenho que voltar pra casa. – Declarou seriamente.

O mais velho assentiu, bagunçou os cabelos do menino e se levantou.

- Exato, quando a Floricultura Yamanaka fechar para o almoço é hora de voltar. Agora pode ir brincar com os irmãos Sabaku. – Deu dois tapinhas na cabeça dele e este voltou para perto dos amigos.

- Você tem um jeito interessante de lidar com ele. – Tobirama não escondeu a admiração.

- O Naruto ainda não sabe ver as horas corretamente, então combinei isso com ele. A floricultura é visível daqui da praça, então fica fácil para ele saber a hora que tem que voltar. – Deu de ombros, mas o orgulho o preencheu. Era difícil criar o filho sozinho, mas toda vez que alguém elogiava seu cuidado ou a educação de Naruto sentia-se realmente feliz.

- Uma ideia genial.

- Obrigado. – Coçou a nuca e se afastou dois passos, de costas. – Eu tenho que ir... Até um dia Tobirama. – Acenou e seguiu para o lado do banco.

- Até, Minato. – Meneou a cabeça em despedida. Virou a cabeça para poder acompanhar o afastamento do loiro e então se lembrou de algo. Colocou a mão no bolso e tirou uma bala. – Hei, Minato!

O loiro parou de andar e se virou para o albino.

- Pega! – Lançou o doce para o Namikaze, que o pegou no ar. – Bons reflexos.

- Foi sorte. – Sorriu e acenou. – Obrigado pela bala. – Voltou ao seu caminho.

Tobirama ainda o acompanhou com os olhos por algum tempo, até sentir mãos pequenas baterem em sua perna. Voltou-se pra frente, encontrando quatro pares de olhos pidões.

- O que? – Se fez de bobo.

- Queremos bala, tio! – A loira de maria-chiquinha respondeu inocentemente e os três meninos assentiram.

- Certo... – Girou os olhos e entregou uma bala para cada um.

Os irmãos Sabaku agradeceram e se afastaram, mas o loiro ainda ficou parado o encarando com olhos brilhosos e inteligentes, daqueles que só crianças sabiam fazer.

- Fala, garoto. – Suspirou.

- Você gosta de lamen? – O rosto infantil contorcido naquela expressão séria, quase fez o Senju rir.

- É gostoso, principalmente o de porco. – Respondeu com sinceridade.

O pequeno loiro abriu um sorriso tão grande, que parecia não caber mais no pequeno rosto. Foi tão largo que o albino conseguiu ver algumas falhas na dentição do pequeno, indicando que ele estava passando pela troca de dentes.

- Você é perfeito! – Se lançou sobre o albino e o abraçou, com um pouco de dificuldade por causa da posição, mas isso não diminuía sua alegria.

Antes de Tobirama questionar qualquer coisa, o pequeno correu para os amigos tagarelando sem parar...

- Tão igual ao Hashi. – Murmurou resignado e voltou sua atenção ao livro. – E tão diferente do pai. – Deu um leve sorriso ao lembrar-se do Namikaze.

**********/////**********   

O tempo foi passando, Minato passou a ir a praça com mais frequência, mesmo quando o filho estava na escola. Logo tornou-se comum encontrar Tobirama na casa do loiro, a amizade foi crescendo e se desenvolvendo, assim como a atração que ambos sentiam um pelo outro.

O Senju passou a ser o alvo da piada dos irmãos e também dos cunhados, quando começou a ficar pelos cantos da casa perdido em pensamentos ou suspirando, sem perceber.

Já o Namikaze passou a deixar bolos queimarem, caldas perderem o ponto e outras coisas mais... Mas, por sorte, Rin estava sempre por perto para impedir que desastres maiores acontecessem.

Junto das distrações veio a culpa, sentia-se culpado todas as vezes em que seu coração disparava só por pensar em Tobirama. Sentia-se um traidor quando, sem querer, imaginava seus beijos e toques. Como poderia sentir tais coisas? Como seu coração traidor poderia bater por outra pessoa além de Kushina?

Minato estava sozinho em casa, Naruto havia ido passar o final de semana com o padrinho. O loiro estava na sala, sentado em sua poltrona preferida e fitava um porta-retratos onde a foto de uma mulher ruiva de sorriso radiante estava. Acariciou ternamente o vidro frio e sentiu um aperto no peito, seus olhos marejaram.

- Desculpe, meu amor. – Sussurrou quietamente e abraçou o porta-retratos, se encolhendo na poltrona em que estava sentado. – Me perdoe por ter me apaixonado por ele, mas não consigo mais lutar contra isso...

O som da chuva batendo contra o vidro da janela lhe trazia uma angustia. Era outra noite chuvosa de Outubro, como naquele dia. Suspirou e se encolheu ainda mais, mas foi arrancado de seus pensamentos de autocomiseração pelo som da campainha.

Colocou o porta-retratos na mesa de centro e se arrastou até a porta. Quanto a abriu arregalou os olhos ao encontrar um Tobirama completamente encharcado. A franja platinada estava colada a sua testa, seus lábios tremiam levemente, seu rosto estava avermelhado, ofegava ruidosamente e, o que fez o loiro estremecer, seus olhos vermelhos pareciam faiscar.

- O q... – A frase morreu de encontro aos lábios gelados do maior.

Tobirama agarrou o corpo esguio e o puxou em sua direção, colando-se completamente a ele. Seus lábios estavam unidos e logo sentiu Minato relaxar dentro do abraço, passar os braços por seu pescoço e entreabrir a boca em um pedido mudo.

 As línguas se encontraram dentro da boca do loiro, se acariciando lenta e sensualmente. Suspiros e estalos preencheram o local silencioso, logo os dois se arrastaram para dentro da casa e o albino fechou a porta com um chute.

Ao chegarem ao sofá maior da casa, graças a Tobirama que enxergou o caminho pelos olhos entreabertos, caíram deitados. Com o corpo maior e molhado, cobrindo o corpo menor. Partiram o beijo e se entreolharam ofegantes.

- O que é isso? – O Namikaze perguntou baixinho, fitando intensamente o olhar febril do mais velho.

- Eu cansei de esperar um sinal concreto, cansei de ficar na dúvida sobre o que você sente por mim e decidi mostrar o que eu sinto por você. – Respondeu no habitual tom neutro, mas os olhos vermelhos expressavam tudo que Minato precisava saber.

- E precisava vir até aqui no meio de toda essa chuva? – Passou a mão direita pela franja molhada do Senju. – Você vai acabar ficando doente. – Sussurrou em seu típico tom ameno.

- Você não perde a calma nem depois de uma declaração? – Girou os olhos e se inclinou para lamber os lábios finos. – E não se preocupe... Se eu ficar doente você cuida de mim.

- Não tenho outra escolha... – Levantou a cabeça e capturou o lábio inferior do mais velho com os dentes, logo ambos já trocavam um beijo quente e apaixonado.

Naquela noite chuvosa de Outubro, eles se amaram pela primeira vez, a primeira de muitas vezes. E quando o Namikaze adormeceu nos braços do Senju, a imagem de uma mulher ruiva sorrindo contente para ele surgiu em seus sonhos e ele sentiu-se perdoado e livre para amar e ser amado outra vez.

**********/////**********

Dez anos depois em um fim de tarde agradável de Outubro.

O homem loiro estava terminando de confeitar um bolo, a decoração era toda em branco e, principalmente, laranja. A cor preferida de seu, já não tão pequeno, garoto.

Quando terminou o serviço se afastou para admirá-lo com orgulho. Agora já tinha sua confeitaria e não trabalhava mais em casa, mas fazia questão de preparar o bolo de aniversário do filho em casa.

Sentiu braços calorosos rodearem sua cintura e um queixo apoiar-se em seu ombro, a respiração cadenciada de Tobirama batia em seu pescoço o fazendo suspirar em contentamento e relaxar dentro do abraço.

- Até que ficou bonitinho... – O albino comentou e riu ao sentir uma cotovelada leve na barriga.

- Está maravilhoso, Tobi! Eu sou o melhor confeiteiro de Konoha! – Declarou com orgulho e logo caiu na risada.

Minato virou-se dentro do abraço e fitou os olhos que tanto a amava. Dez anos junto dele e muitas coisas aconteceram. Altos, baixos, brigas e reconciliações, mas estavam ali e juntos.

O Namikaze ainda lembrava-se de quando conheceu oficialmente o clã Senju composto por: Butsuma, pai de Tobirama; Hashirama, irmão mais velho dele, e seu namorado, Madara; Izuna, irmão de Madara e namorado de Itama; e Mito, ex-namorada de Hashirama e atual esposa de Kawarama, o último irmão que ele conheceu.

Era uma família complicada, tinham uma rixa estranha com a família Uchiha, mas Hashirama e Itama pareciam não se importar com isso. Além disso, os “rolos” familiares eram sempre exagerados e marcados por alguns socos, pontapés, ameaças sibiladas, por parte dos Uchiha, e cascudos poderosos por parte de Mito. Mas tudo sempre acabava bem.

Por sorte Naruto havia facilmente conquistado todos eles, incluindo o cachorro aterrorizador de Madara, e isso facilitou sua aceitação no clã. Além do fato de ter conquistado o posto de Guerreiro Lendário por, nas palavras de Hashirama, conseguir suportar o chato do Tobirama.

- Em que você está pesando? – O albino sussurrou próximo a sua boca.

- Sua família virá ao aniversário do Naruto e isso fez eu me lembrar do dia em que os conheci oficialmente. – Falou divertido.

- Nem me lembre disso, Guerreiro Lendário. – Girou os olhos com diversão e se inclinou para tomar os lábios finos em um beijo calmo.

Nunca se cansaria da calmaria de Minato, afinal por mais que o outro fosse calmo, ele convivia muito com a encarnação loira da agitação.

- Pai! Pai! Pai! Eu achei! Eu achei! – Um furacão loiro invadiu a cozinha, fazendo o casal se separar e virar-se para o rapaz que pulava diante de seus olhos.

- Achou o que dessa vez, Naruto? – O Namikaze indagou, lembrando-se que o ultimo achado do loiro estava ali ao seu lado.

- Eu achei a nora perfeita pra vocês! – Seus olhos brilharam em direção aos mais velhos e ele deu um sorriso enorme.

- É mesmo? – A perguntou veio de Tobirama e este dedicou um pequeno sorriso ao enteado. – E quem seria essa nora perfeita?

- Vocês não vão acreditar, de tão perfeito que ele é. – Praticamente gritou, por causa da empolgação.

- Ele? – Minato fez exatamente a mesma expressão de dez anos atrás.

- Sim, pai! – Assentiu empolgado e começou a pular de um lado a outro.

- Dobe, pare de pular. Você está me deixando enjoado já. – A voz entediada soou a porta da cozinha o que vez os três olharem para um jovem com cabelos e olhos negros, expressão neutra e pele clara.

- Sasuke! – O loiro praticamente gritou feliz e puxou o moreno pela mão, o colocando diante de seus pais. – Este é...

- Sasuke Uchiha... – Tobirama murmurou e estreitou os olhos em direção ao moreno.

- Como vai, Senju? – O rapaz meneou de cabeça em cumprimento.

- Vocês se conhecem? – Minato indagou curioso e tentando conter a vontade de rir ao ver a expressão nada feliz de seu marido.

- Ele é sobrinho daquele psicopata cabeludo. – Franziu as sobrancelhas e olhou para o enteado. – Diz que ele não é a tal nora perfeita, Naruto. – Quase pareceu uma súplica.

- Então eu não digo. – O loiro mais novo sorriu sem se importar com a aura negra que rodeava seu querido padrasto e nem com a expressão irritada de Sasuke devido ao “nora perfeita”.

- Você e o Hashi são mais parecidos do que eu imaginei. – Murmurou descontente e abraçou Minato, escondendo o rosto na curva do pescoço bronzeado. – Outro Uchiha, meu Deus! Porque comigo?

Minato levou a mão direita aos cabelos platinados e os acariciou lentamente, mas um sorriso divertido brincava em seus lábios, enquanto os olhos estavam sobre os meninos a sua frente. Principalmente no moreno.

- É um prazer conhecê-lo, Sasuke. E não ligue para o Tobi, ele ainda não se dá muito bem com Uchihas. – Sorriu e estendeu a mão livre para sua nora.

- O prazer é meu, senhor Minato. – Deu um pequeno sorriso para o pai de seu namorado. – E acho que meu tio traumatizou seu marido. – Deu um riso curto.

Minato e Naruto riram com gosto da fala do Uchiha, ignorando completamente os resmungos do Senju. Mais tarde toda a família Senju, parte da Uchiha e alguns amigos de Naruto estavam ali reunidos para comemorar o seu aniversário de dezoito anos.

Foi uma noite agradável, recheada de brincadeiras, brigas e risos. Ao fim da pequena festa, Minato deitou-se na cama, pensando em tudo que havia acontecido até aquele momento.

- Você está muito pensativo hoje. – A voz rouca do Senju o fez virar-se na cama para poder encarar o rosto bonito e maduro do marido.

- Sabe que fico assim nas noites de Outubro. – Esclareceu em tom baixo.

- Outubro é o seu mês de reviravolta, deveria jogar na loteria nesse mês. Quem sabe não ficamos ricos? – Passou os braços cálidos, pelo tronco desnudo do loiro e o puxou para si.

- É quem sabe. – Sorriu e beijou os lábios medianos.

Novamente se amaram em uma marcante noite de Outubro... 


Notas Finais


Curtiram? Não curtiram?
Fiquem à vontade para dizer!
Beijos Beijos e até uma próxima!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...