História Olicity - Last Chance - Capítulo 02

Depois da longa noite que Felicity tinha vivido, a unica coisa que ela conseguia pensar era em chegar em casa. Assim que colocou os pés em seu apartamento, se atirou no sofá, se livrando das pesadas botas que Laurel tinha lhe emprestado. Apertando os dedos que estavam doloridos, sentindo um pouco de alivio.

– Como você aguenta usar essas botas? Isso parece um instrumento de tortura.

Laurel tinha insistido em acompanha-la até em casa, porque sabia como era difícil encarar o peso das muitas horas de tensão sem ter alguém por perto. Ainda mais Felicity que não estava acostumada a lidar com tanta violência, como tiveram que enfrentar.

– É o costume, assim como seus sapatos de salto.

Olhando na direção de Laurel, Felicity viu que ela ainda estava parada na porta, como se esperasse um convite para entrar. O que fazia lógica, uma vez que elas nunca foram grandes amigas.

– Entra, Laurel. Quer beber alguma coisa?
– O que você tem ai? - dando um passo pra dentro e fechando a porta.
– Acho que tenho cerveja, minha mãe costuma abastecer minha dispensa com a esperança de que um dia me torne uma pessoa normal. - levantando e indo até a cozinha.

Mesmo não se sentindo confortável em estar na casa de Felicity, Laurel sabia que as coisas mudariam entre elas depois de tudo que compartilharam nas ultimas horas.

– Aqui está. - voltando e entregando uma garrafa long neck pra ela.
– Obrigada. - sentando no chão de frente pro sofá onde Felicity sentou de novo. - Noite surreal, não? - tomando o primeiro gole.
– Nem me fala.
– É tarde demais pra pedir que você tenha paciência com o Oli?
– Mais? Acho difícil. - desviando o olhar e se concentrando na janela que estava aberta.
– Ele acha que está fazendo o certo, mesmo que o certo dele seja o nosso errado.
– Achei que eu era a única que falava, falava e não falava nada. - sorrindo.
– Viu, é a convivência. - dando mais um gole na bebida.
– Esse mundo é muito louco, quem diria que estaríamos sentadas na minha sala depois de lutar juntas.
– Pois é, essa é uma realidade que mal compartilho com minha irmã.

Ficaram em silêncio tentando organizar os pensamentos. Laurel não gostava mais de Oliver como antes, mas se importava demais com ele para deixar que suas inseguranças afastassem alguém como Felicity.

– Ele precisa de você, Fel.
– Eu sei.
– Então arrume um jeito de dar uma prensa nele. 
– Como é?
– Dê um choque de realidade no Oli, faça com que ele entenda na prática como funciona a lógica de te manter longe.
– Não sei como fazer isso, falar nunca adiantou.
– Por isso tem que ser algo mais direto, mais palpável. 
– Vou pensar em algo.
– Sei que vai e como sempre, vai conseguir.

Dando o último gole em sua cerveja, ela levantou. Encarou Felicity por alguns segundos antes de voltar a falar.

– Depois de hoje acho que podemos nos considerar amigas, por isso, pode contar comigo para dar uma bela lição naquele cabeça dura.
– Obrigada. Não só pela oferta, mas pela ajuda de hoje.
– Fiz o que era certo e ganhei muito mais do que uma batalha.

Ser elogiada daquele modo por Laurel era novidade para Felicity, mas quando a nova amiga se despediu e fechou a porta da sala, Felicity entendeu que as coisas seriam ainda mais complicadas do que antes, mas pelo menos tinha alguém para apoia-la enquanto resolvia aquela situação.

Levantando do sofá ela se aproximou da janela e viu um vulto do outro lado da rua. Sentiu um arrepio quando reconheceu quem estava a observando. Em outras ocasiões se sentiria protegida por ter Oliver a espreita, mas agora o único sentimento que transbordava no peito era a raiva por ele não confiar nela.

Fechou a cortina e se afastou, com o choro apertando sua garganta. Não deixaria ele ver como ela estava abalada. Manteria uma postura diferente e faria com que ele entendesse que não era somente ele que tomava as decisões, que ela também tinha o direito de decidir se o manteria por perto ou não.