História On My Way - Trakinas

As coisas estavam bem. Minha relação com Mario melhorava a cada dia. Ele era uma pessoa incrível. Às vezes, parecia uma criança, feliz, simpática. Outras, adulta, sarcástica e maravilhosa. E confesso que gostava daquilo.

Jake havia sumido e dei graças a Deus. Queria que sumisse para sempre. Me deixasse em paz. Não queria mais confusão por causa dele e nem que Mario se metesse com ele por minha causa. Era demais para mim.

Julia e Lena ficaram muito felizes quando contei a elas sobre o jantar e tudo mais. Ficaram brincando que eu e Götze formávamos um casal perfeito. Tentava fazer careta com isso, mas eu não conseguia. Eu apenas ria uma pouco envergonhada.

A vida delas também estava bem movimentada. Lena pensava em investir na relação com Bastian. Tentativa frustrada de esquecer o Mats, mas quem era eu para dizer alguma. Ela sabia que estava fazendo. E Hummels parecia nem ligar, cada vez mais envolvido com a Fisher. Lena tinha que seguir em frente.

Já Julia fora uma caixinha de surpresas. Apaixonada por Marco Reus, ela teve o colega dele, Ciro Immobile como um pretendente por algum tempo. Ele insistiu, mas ela não conseguia nada devido aos seus sentimentos pela cacatua (chamavam ele assim por causa do cabelo arrepiado), ainda mais depois que eles se tornaram amigos devido às aulas particulares de matemática. Mas o italiano insistiu até ir embora. E tudo indicava que Reus ia conseguir algo, já que não tinha mais a carniça da Böhs para atrapalhar a vida. No fundo, torcia por isso. Quem sabe conseguíamos todos ser felizes.

A aula de Educação Física estava cansativa devido ao calor. Professor mandou corremos em volta do campo durante meia-hora. Em dez minutos, eu não sentia mais as minhas pernas. Mario estava do outro lado e ria me observando. Mostrei o dedo para ele com raiva e ele me mandou um beijo de volta. Bufei e voltei a correr.

- Belo incentivo – bufei e Lena riu. – Sério, ele ri, mas se esquece que ele também perde o fôlego muito rápido. Percebi isso quando o vi treinando. E ele está quase fora de forma.

- Homens são assim mesmo. Gostam de zoar conosco – ela disse e eu concordei.

- Eles têm mais fôlego. Marco mesmo quase não perde quando corre. – Julia disse e eu franzi a testa para ele. – Esqueceu que já o vi treinando?

- Várias vezes. Perdi até a conta. – Foi Lena que respondeu e eu ri.

- Ele devia ser seu personal, então – comentei e ela bufou.

- E outras coisas mais. - Lena completou e Julia ficou vergonha.

- Parem com isso... - ela murmurou. Rimos, mas concordamos. Ela ficou super envergonhada quando o assunto era Marco Reus.

Terminamos nossa corrida e nem sei como sentia as minhas pernas. Desabei na grama junto com as meninas para recuperarmos o fôlego. Logo teríamos aquecimentos para um jogo-treino de handebol. Eu gostava do esporte. Era fácil de jogar e eu era muito boa.

- E o Schmidt? Sumiu mesmo? – Lena perguntou e eu suspirei, aliviada.

- Não apareceu mais. E espero que não apareça nunca mais. Ele é passado e tem que fica lá.

- Porque seu futuro agora é o trakinas.

- Quem? – Perguntei sem entender.

- É como chamam o Mario, Candy. Trakinas. Por causa do sorriso dele e... – Julia parecia envergonhada de continuar.

- E por causa das enormes bochechas dele. Pronto, falei. – Lena deu de ombros e Ju fez uma careta. Eu olhei para as duas com espanto. Só eu não estava sabendo desse apelido um tanto quanto idiota?

- Trakinas? Sério? Coisa mais em nexo.

Levantei-me acompanhada por elas. Meu olhar foi na direção do Götze que treinava no campo ao lado junto de Hummels e Reus, que estava voltando aos poucos. Seu rosto parecia mesmo mais cheinho, mas ainda não era motivo para um apelido, ou era?

Sim, era.

Mario não estava apenas com as maçãs cheias, mas tudo cheio. E ele não admitia, mas quando observei um os treinos, percebi que ele estava perdendo o fôlego. Mais que eu. Porém, a teimosia falava mais algo e ele prosseguia. Terminava com o rosto mais vermelho que tomate.

Ele continuava se cansando demais nos treinos que o treinador teve que tirá-lo. Era véspera de mais um jogo. Sob protesto, Mario foi para o banco. Aproveitei a brecha, pedi licença para as meninas que fora assistir comigo, e fui até ele.

- Parece cansado – Perguntei fazendo careta. – Desculpa, saiu sem querer. – Emendei quando ele me olhou feio, mas suspirei e tomou um gole de água.

- Pareço não. Eu estou cansando e... – Ele parecia meio hesitante.

- E? – Eu esperei ele falar, mas paria faltar coragem. Havia acontecido mais alguma coisa?

Ele murmurou algo como “dores”. Parecia bem envergonhado. Mario Götze com vergonha? Essa era nova.

- Onde? – Perguntei solidária. – E porque você está se esforçando? Sabe que isso pode piorar ou causar uma lesão? Você é louco, Mario? – Emendei inflamada antes da resposta dele. Arrependi-me do ato quando olhei a cara dele. – Foi mal, mas dores aonde?

- Nos pés, mas não deve ser nada demais... – falou com um sorriso fraco e eu puder sentir uma certa preocupação. Afaguei as costas dele.

- O treinador sabe? - Perguntei; ele assentiu. – Ele fez bem em tirar você. Sabe o que está fazendo. – Tentei consolar. Não era muito boa nisso e Mario não ajudou com a cara feia. – Quer piorar? Ficar fora por algum tempo como seu amigo Reus? Garanto que ele não te aconselharia isso.

Ele não respondeu. Sabia que tinha razão. Jogador que sentia dores em qualquer parte do corpo precisava de cuidados. E ainda mais com os pés.

- Vou ficar bem. Acho. – Ele sorriu tentando ser otimista, mas algo me dizia que algo não estava bem. Não eram apenas as dores nos pés. – Vou para o vestiário. Falamos-nos depois. – Saiu sem dar a chance de dizer algo. Será que o apelido “Trakinas” deixara ele assim?

Havia algo mais. Mas o que seria?

- Olá, dona Candice. – Marco Reus sentou-se no banco do lado do meu.

- Ei, Reus? Vejo que está melhorando. – Observei e ele confirmou.

- Mais alguns treinos e volt. Tratamento está fazendo efeito e evolui. Sou um bom aluno. – Ele riu presunçoso. Será que Julia gostava desse sorriso? Certeza que sim.

- O que houve com o Mario? Tentei falar com ele, mas ele não quis dizer muita coisa. Só que está com dores nos pés. – Perguntei sem titubear. Reus sabia de alguma coisa. Era um dos melhores amigos dele.

Ele demorou alguns segundos para responder.

- Mario está com alguns problemas. Mas acho que só ele pode lhe dizer quais. – Ele sorriu fraco. – Falei demais, desculpa. – Ele emendou quando viu minha expressão.

- Falarei com ele depois. Obrigado, cacatua. – Levantei e sai e ri quando ele resmungou sobre o apelido.