1. Spirit Fanfics >
  2. On Sight >
  3. Cigarette Daydreams

História On Sight - Cigarette Daydreams


Escrita por: louwye

Capítulo 52 - Cigarette Daydreams



-Eu não acredito que você ficou trancada nesse quarto por quase uma semana. Que emo, Katherine. -Calum ria enquanto trocava os canais da TV e esfregava seus dedos sujos de Doritos no lençol branco.
-É lógico! Duvido que você não ficaria assim também. -Ri junto da tragédia, mesmo que não achasse tanta graça assim.
-Não. Pelo contrário, ficaria com vários caras só pro idiota ver o que perdeu. É assim que as coisas funcionam.
-Você ficaria com vários caras? -Arqueei uma das sobrancelhas e ele revirou os olhos.
-Não, anta. Eu tô me colocando no seu lugar. -Mostrou a língua e fiz o mesmo. -Falando nisso, e seu irmão?
-Ah, nem vem com esse assunto. -Me joguei sobre os travesseiros fofos e roubei o salgadinho de sua mão. -Nós não estamos nos falando e, na verdade, ele não tá falando com ninguém.
-Nem com o Michael?
-Nem com o Michael.
-Por que isso? Eu entendo que seja difícil e tal, mas não faz muito sentido.
-Eu sei. -Suspirei, lambendo meus dedos sujos. -Eu tentei conversar, convencê-lo de que ignorar tudo isso e principalmente Michael não era a coisa certa a fazer. Mas óbvio que ele não me ouviu.
-Ele ainda tá puto com você?
-Tá, né. Eu ajudei indiretamente Ashton e sua "gangue", ele tem motivo para ficar puto. -Me inclinei e peguei a lata de Coca-Cola repousada no criado-mudo.
-Pelo menos você percebeu que ficar com aquele cara era um erro. -Respondeu e deu um gole em seu refrigerante.
-É. -Sorri de lado, mesmo que quisesse contrariá-lo e dizer que ter ficado com Ashton não foi um erro. Eu sabia que era, mas ainda assim queria acreditar que não fui tão burra assim e as coisas que passei com ele não foram em vão.
-Eu liguei pro Luke nesses dias. Liguei várias vezes, me preocupei bastante. Com você também, mas não tive coragem pra ligar. Quer dizer, desde que brigamos eu sempre quis te ligar. -Admitiu e um sorriso sincero surgiu em meu rosto.
-Eu também.
-Desculpa, Katherine.
-Pelo que?
-Por ter confundido as coisas. Você é minha melhor amiga, te conheço desde pequena e sempre fomos uma família. Quando nós nos beijamos pela primeira vez, alguma coisa surgiu e eu não sabia como lidar. Eu te amo, mas como minha irmã, assim como amo Luke. -Explicou e eu estava muito aliviada por ele pensar daquela maneira. Em um certo ponto eu também cheguei a confundir as coisas, achar que queria mais que a amizade de Cal, mas nós dois juntos somos muito melhores como amigos.
-Acontece, Cal. -Ri pelo nariz, deitando e apoiando a cabeça em sua barriga. -Mas nós dois podemos admitir que nunca funcionaríamos como um casal, né?
-Nossa, nem pensar. -Riu e sua barriga tremeu, me fazendo rir junto. -Você é muito chata, nunca daria certo.
-Porra, Calum! -Bati em sua coxa e ele reclamou. -Não precisa ser tão sincero assim.
-Eu tô aqui pra isso, vou mentir pra que? -Deu de ombros e tirou um pacote do bolso.
-O que é isso? -Perguntei e virei meu corpo, apoiando o queixo em sua barriga.
-Cigarro. -Tirou um do maço e colocou na boca, acendendo-o com seu isqueiro.
 Senti o aroma preencher o quarto e ao inalá-lo, também inalei todas as memórias que aquele cheiro me trazia. A primeira vez que fumei com Maddie na praia, quando, no mesmo dia, levei na areia no olho por Ashton. Depois as vezes que fui naquelas festas regadas a álcool, maconha e cigarros, que no começo faziam meu nariz torcer e acabaram virando um amigo próximo. Então o dia que, despretensiosamente, fumava um no quintal de uma festa qualquer e Ashton veio brigar comigo, dizendo que não deveria estar fumando. Aquela droga de queimadura ainda não tinha cicatrizado por completo e, infelizmente, eu ainda não podia dizer que Ashton havia saído completamente de mim. Eu gostaria que você pudesse se desintoxicar desses sentimentos e pessoas, sabe? Lembro de uma vez que Luke quase teve uma overdose e ficou uma noite inteira no Hospital. Mamãe gritou, o xingou, bateu nele, enquanto eu ficava em silêncio no canto, imaginando o motivo dele gostar tanto daquele estilo de vida. Talvez as pessoas busquem suas maneiras de se desintoxicarem quando as coisas ficam realmente difíceis e incontroláveis, mas eu simplesmente não sabia como fazê-lo. Eu estava em êxtase, meu corpo funcionava mas minha cabeça não, meus olhos se moviam mas não via nada.
-Eu quero um. -Disse e antes que ele negasse, puxei um cigarro do maço e o acendi.
A fumaça saiu por minha boca e narinas, me fazendo imaginar que tudo de ruim sairia junto. Calum me observava pensativo, provavelmente se perguntando como eu estava lidando com aquelas situações. Simples: eu não estava lidando. Eu estava tão ruim quanto Luke e era uma hipócrita de cobrar atitudes dele, sendo que eu também não tinha nenhuma.
-Você tá bem?
-Sim. -Sorri, batendo as cinzas do cigarro no vaso de flores do criado-mudo.
-Desde quando você fuma? -Perguntou, olhando a fumaça se dissipar no ar.
-Desde quando VOCÊ fuma?
-Eu perguntei primeiro. -Riu baixo, tragando mais uma vez.
-Fazem uns 4 ou 5 meses, já.
-Wow. -Balançou a cabeça.
-E você?
-Dois anos.
-Dois anos!? -Arregalei os olhos e sentei na cama. -Você nunca me disse!
-Claro que não, você iria me matar! -Riu e eu assenti.
-Tem razão. Mas eu não esperava.
-Eu tenho cara de santo, é? -Sorriu de lado.
-De santo, não. Mas também não tem cara de quem fuma.
-Você tem cara de santa.
-Ah, fala sério! Não tenho, não. -O empurrei pro lado.
-Tem sim.
-Não tenho.
-Tem.
-Não.
-Ok, quer provar? Vamos pra algum lugar hoje. Um bar, uma festa, qualquer coisa.
-Não, nem pensar. -Torci o nariz. Nem fodendo que eu sairia de casa, eu não estava com vontade alguma.
-Ok, santinha. -Sorriu me provocando e revirei os olhos.
-Não sou santinha nenhuma, Calum.
-Oh, minha adorável santa! -Se jogou no chão e juntou as mãos, fazendo uma pose e voz exagerada. -Faz um milagre em mimmmm, faz um milagre em miiiiii...
-Para, imbecil! -Atirei um travesseiro em seu rosto. -Tá bom, tá bom.
-Sabia que iria te convencer. -Riu, sentando na cama de novo.
-Cala a boca. -Ri junto.
(...)
Coloquei uma das roupas que comprei com James e passei parte da maquiagem que também compramos. Eu estava me sentindo bonita, mas também, aquilo era ótimo comparado com meu estado nos últimos dias. Calum tomou banho e se trocou no quarto ao lado e bateu em minha porta.
-Entra, tá aberta! -Gritei enquanto terminava de passar rímel no espelho da parede.
-Você tá muito gata. -Sussurrou e deu um tapa na minha bunda, que me fez borrar o rímel e ficar com um risco preto em minha bochecha.
-E você tá um puta de um chato. -Resmunguei, pegando um papel para me limpar. Ele deitou na cama para me esperar e ficou quieto, o que me deixava um pouco com medo. -Tá pensando no que?
-O que você acha de chamar o Luke pra vir junto?
-Sinceramente? Certeza que ele não vai. -Ri pelo nariz e joguei o papel no lixo, voltando a minha maquiagem.
-Você acha que eu deveria tentar?
-Não custa nada.
-Mesmo?
-É, vai lá. Penúltimo quarto do corredor á direita.
-Ok. -Se levantou e saiu.
Luke P.O.V.:
Blink tocava no último volume e eu tentava esvaziar minha cabeça de tudo que passava nela. Eu estava péssimo. Comia muito pouco e tinha perdido uns 5kg, tinha olheiras pretas embaixo dos olhos, minha pele estava pálida e minha cabeça doía pra caralho. Eu me segurava naquele celular com todas as forças, vendo o nome de Michael no retrovisor e me torturando ao relembrar como era tê-lo por perto. Faziam três dias que ele havia desistido de me ligar e, portanto, provavelmente de mim. Além disso, minha família me odiava e nem conseguia falar com meu melhor amigo direito, já que estava com muita vergonha de mim mesmo por tudo que aconteceu. Heart's All Gone parou de tocar e ouvi alguém batendo na porta. Inicialmente ignorei porque quando era James ou meu pai, eles desistiam depois de um tempo, mas essa pessoa insistia.
-Eu não tô com fome. -Avisei, mas as batidas não acabavam. Fechei o punho com raiva e caminhei até a porta, a abrindo violentamente. -Caralho, eu já falei que não tô com...
-Oi, Luke. -Calum estava parado ali na minha frente e eu estava muito confuso. Que porra ele fazia em Melbourne?
-Calum?
-Eu... Eu vim ver vocês. -Mordeu o lábio, aparentando estar nervoso.
-Ah. -Olhei pra baixo.
Me surpreendendo, ele me abraçou e demorei para ter uma reação, mas logo acabei o abraçando de volta e não consegui controlar minhas lágrimas. Droga, Luke, você é frouxo, um otário.
-Eu sinto muito por tudo que você passou, cara. -Sussurrou e assenti. -Você não merece.
-Obrigado por vir. -Choraminguei em seu pescoço, completamente entregado aos meus sentimentos, e que bosta de sentimentos.
-De nada.
-E desculpa por não ter atendido, eu...
-Tudo bem, Luke. Relaxa, eu entendo. -Me acalmou e concordei, me soltando de seu abraço para limpar meu rosto úmido. -Agora por que você não limpa esse rosto e coloca uma roupa legal?
-Pra que? -Franzi a testa.
-Eu, você e sua irmã vamos sair. Vocês dois precisam sair dessa fossa, cara.
-Não, nem fodendo. -Neguei. Eu não ia, minha irmã estaria lá e eu realmente não tava afim de ir.
-Puta merda, vocês dois são um pé no saco. -Revirou os olhos. -Vai ser divertido, sério.
-Não.
-Luke, você sempre gostou de sair. Só essa noite, só pra sair um pouco dessa casa.
-Tá bom. -Finalmente desisti e ele sorriu.
-Você tem quinze minutos, quando estiver pronto bate na porta da Katherine.
-Beleza. -Suspirei e fechei a porta, indo sem vontade nenhuma para um banho rápido.
(...)
Quinze minutos depois lá estava eu batendo na porta da minha irmã. Sem demora ela abriu a porta e ofereceu um meio sorriso, que me forcei a oferecer também.
-Agora vamos. -Calum colocou os braços ao redor do meu pescoço e de Kath, recebendo olhares atravessados de nós dois.
-Por um acaso você conhece algum lugar aqui em Melbourne? -Perguntei sabendo exatamente a resposta.
-Não, mas é essa a graça. -Sorriu e tentei segurar a risada, mas nós três acabamos dando risada juntos, me fazendo ficar arrependido por ter sido tão grosso com minha irmã.
Descemos as escadas e avisamos James que iriamos sair, recebendo um sorriso enorme dele. No começo admito que o odiava, mas depois de um tempo percebi que ele era a única pessoa decente e sensata naquela casa de loucos.
-Posso dirigir? -Katherine pediu e a olhei pensativo. Eu nunca emprestaria meu carro pra ela, mas estava me sentindo tão culpado que acabei cedendo.
-Tá, pode. Mas toma cuidado, por favor. -Suspirei e ela sorriu, correndo para o lado do motorista.
Entrei no banco de trás e Calum no do passageiro, da onde tirou um mapa enorme do nada.
-Calum, da onde surgiu isso!? -Perguntei enquanto ele tentava entender onde estávamos.
-Eu vim preparado, fera.
-Tô vendo. -Ri pelo nariz e encostei no banco, relaxando enquanto Katherine e Calum discutiam as direções que deveriam tomar.


Notas Finais


Muuuuuito obrigada pelos mais de 40 comentários no capítulo anterior! Pra quem estiver interessado, acho que no próximo capítulo daqui eu já vou mandar o link pra nova fic que, provavelmente, vai se chamar Killing Me Softly. Espero que gostem!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...