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História Ondas em Rebentação - OAdT livro 2 - Capítulo 28


Escrita por: rbmutty

Capítulo 33 - Capítulo 28


Fanfic / Fanfiction Ondas em Rebentação - OAdT livro 2 - Capítulo 28

Encolhido e coberto de areia, o rapaz curvou os lábios num sorriso emocionado e casto.

“Meu príncipe.” Ele disse, estendendo a mão para que eu o levantasse. “Eu finalmente te encontrei.”

Abismado demais para raciocinar, eu segurei sua mão e trovões de fogo reverberaram pelo meu corpo. Quando ele levantou eu quase não quis soltar, e não entendi o motivo. Não lembrava em nada o que eu sentia pelo toque do Maikon. Era artificial e aterrorizante.

Algo estava acontecendo com a minha cabeça, e eu não conseguia controlar.

“Príncipe, eu?” Eu lembrei das minhas roupas. “Ah, não. Eu não sou um príncipe. Eu preciso ir agora, então tenta não provocar os cachorros, tá?”

O rapaz continuou me olhando, tão surpreso e maravilhado.

“Você é um príncipe, sim. É o meu predestinado.” Ele disse, dando um passo até mim e despencando no chão.

“Ah, cuidado!” Eu segurei seu braço e ajudei a levantar de novo.

Por que eu me importava? O que estava acontecendo com a minha cabeça?

“Ai, desculpa. Que vergonha.” Ele esfregou atrás da cabeça, rindo envergonhado. “Não sei mover essas coisas muito bem.”

Eu desci os olhos pelo seu corpo. O cara era mais alto que eu, até um pouco mais alto que o Maikon. Queixo quadrado, ombros bem largos, e músculos enormes como os do meu pai. Talvez maiores. Era como um modelo de revista fitness, com o sorriso bobo de uma criança estabanada e a pele muito branca, com algumas sardas nos ombros.

Sem querer, meu olhar passou pela parte mais de baixo, e eu fervi. Sua tora gigante apontava pra mim, branca como o resto do seu corpo, com curvatura para cima e muito espessa. Veias densas brotavam a partir dos pelinhos brancos e uma gotinha da ponta exalava um cheiro que... que...

Certo, aquilo era loucura. Eu definitivamente não deveria estar ali, falando com um cara peladão enquanto meu namorado me esperava.

“Escuta, ahm... seu nome?” Perguntei.

O cara caiu de novo, ou eu pensei que tivesse caído. Ele se abaixou num dos joelhos e segurou minha mão.

“É uma honra me apresentar ao predestinado. Em voz do chamado e do sagrado oceano, permita minha apresentação. Eu sou Connor Faroé, primogênito do príncipe Macalor e herdeiro do clã Faroé. Terei eu a honra de seu nome?”

“Hian.” Respondi. ”Agora escuta... Connor, certo? Preciso que você volte pro mar, e finja que hoje nunca aconteceu.”

Connor arregalou seu olhar, revelando a intensidade de suas íris vermelhas. Eram lindas, e eu odiava que fossem lindas.

“Mas meu predestinado, pela nossa lei e costumes, devemos firmar o vínculo.”

“Nã-nã-nã-não! Ninguém vai firmar o vínculo de ninguém. Você volta pro mar e fica por lá. Não sei. Tenho muita pressa agora.” Falei, suando frio e rindo do absurdo daquela situação.

Connor suspirou, murchando os lábios.

“Tudo pelo meu predestinado.” Ele disse, tentando levantar. Era óbvio que confundia a perna esquerda e a direita.

Ele tropeçou e cambaleou de volta à água, e eu me senti um carrasco por não ajudá-lo. Mas aquilo já havia ido longe demais, eu já me sentia horrível o bastante pelo volume na minha calça. Nenhum homem além do Maikon tinha o direito de me deixar assim.

“Boa viagem!” Eu acenei a ele e corri até a Ferrari.

Assim que fechei a porta, eu descansei a cabeça no banco e suspirei. Meu coração parecia uma metralhadora, disparando feroz dentro do meu peito. Por que justo naquele momento?

Começando a me acalmar, eu liguei o motor e segui adiante, espiando a praia e confirmando que o cara havia sumido. Até que foi fácil. Tudo estava sendo tão simples, que meu estômago embrulhava em ansiedade, e o borbulhar do meu chamado não ajudava. Meu corpo parecia feito de água fervente, aquecendo até machucar. O retrovisor interno denunciava o vermelhão suado em meu rosto e embaçava com meu calor.

Eu liguei o ar condicionado ao máximo. Connor. Connor do clã Faroé. Meu verdadeiro predestinado. Seu corpo esculpido e mastro mais que avantajado pareciam gravados no avesso das minhas pálpebras. Eu piscava e lá estava ele. Musculoso, viril, preparado para receber seu ômega.

Minha respiração acelerou, e gotas de suor pingaram no meu casaco. Havia algo errado com a minha cabeça. Eu precisava encontrar o Maikon, quem eu realmente amava. Nós fugiríamos para o centro do continente e aquele machão despido seria apenas uma lembrança horrível.

Quando cheguei à escola o estacionamento já estava lotado. Encontrei uma última vaga quase no meio do matagal e estacionei ali. O ar condicionado ajudou um pouco, e a escuridão da noite precisaria fazer o resto. Talvez Maikon não percebesse o meu rubor.

Eu desci do carro e caminhei em direção ao ginásio.

Mesmo àquela distância eu podia ouvir a música e avistar luzes piscantes, que desapareciam no céu noturno. Alguns colegas ainda estavam pelo estacionamento, trocando beijos e amassos e fumando o que não deveriam. Os rapazes trajavam elegantes casacos imperiais, e as meninas vestidos grandes e rebuscados.

Aquelas fantasias lindas me intrigaram sobre a roupa do Maikon então eu apressei o passo, conseguindo empurrar o encontro de antes para o fundo da mente.

O ginásio apareceu logo adiante, todo decorado com estrelas e balões prateados, conforme o meu projeto. O cartaz que Amanda preparou adornava acima da porta, convidando ao baile de formatura da nossa turma. Era tão lindo por fora que eu quase corri para ver o interior, mas havia uma garota de costas, no meio do caminho.

Eu franzi a testa, surpreso com a elegância daquele vestidão. Um tomara-que-caia de um sutil tom alaranjado, coberto de rendas e bordados perolados. A saia escorria imensa e arredondada, como uma cascata adornada por pedrarias e um laço na cintura. Até o cabelo era de um exagero bonito. Longas mechas cacheadas e castanhas, presas por trás com um broche de rosas. Não reconheci aquela colega, mas precisava elogiar sua roupa.

Quando me aproximei para cumprimentar, a garota se virou, e meu queixo quase caiu no chão.

“Maikon??” Falei, reconhecendo seu rosto por trás do rímel e do batom vermelho.

O olhar do Maikon se iluminou ao me ver, e ele correu até mim, erguendo os lados daquela saia enorme e revelando sapatos de salto alto.

“Hian! Você tá lindo!” Ele se jogou em mim, num abraço que quase nos derrubou. “Ah, meu Deus, olha esse casaco, e você tá tão cheiroso.”

“Maikon, que roupas são essas?” Perguntei, chocado demais. Eu quase não conseguia abraçá-lo com todo aquele enchimento entre nós dois.

“Você gostou?” Maikon se afastou e deu uma voltinha, sem disfarçar os trejeitos masculinos. “Deveria ter chegado mais cedo. Todo mundo tirou fotos comigo, e o diretor decidiu ir embora, indignado. Estão dizendo por aí que sou a garota mais gostosa do baile.”

Eu comecei a rir, me recuperando da surpresa.

“Você sempre é o mais gostoso em qualquer lugar, Maikon.” Eu o puxei pela mão enluvada e dei um selinho leve, não querendo estragar sua maquiagem. “O vestido ficou lindo.”

“Aquele médico é meio irritante, mas adorou quando eu pedi ajuda. Ele até fez babyliss no meu cabelo, você viu?” Ele brincou com os cachos soltos da franja. “A melhor parte foi a cara do meu pai, ele não conseguia respirar.”

A alegria do Maikon era contagiante. Aquilo era tão ele, que me perguntei como não previ isso antes. Maikon vivia para causar.

Eu endireitei os ombros e estendi o braço como um cavalheiro, sorrindo a ele.

“A princesa me concederia a honra de acompanhá-la?” Perguntei, e Maikon segurou meu bíceps tentando ser delicado.

“A honra é minha. Agora vamos encher a cara e sentar, porque esses saltos estão doendo pra caralho.”

 

****

 

Após algumas doses de ponche e muitos canapés e bolos, Maikon finalmente me puxou para o centro da pista. Eu não aguentava mais agradecer elogios sobre a decoração, e ouvir sobre como era o baile mais lindo da história da West Island. Por que os professores apareciam nessas coisas? Digo, era óbvio que precisavam policiar os alunos, mas aquele ponche não era de suco e todos sabiam disso.

No palco, o clube de música terminou uma versão bem rústica de Mozart. Eu e Maikon nos ajeitamos entre os outros casais e esperamos a próxima música, que não começava nunca.

E então a última pessoa que eu queria ver apareceu no palco. Ok, a penúltima pessoa, a última já estava nadando de volta pra casa.

Shane Velvet saltou no centro do palco e cumprimentou todo mundo, agitando seu topete no ar. Dessa vez ele vestia um sobretudo de veludo vermelho e dourado, como uma versão gótica de um rei vitoriano.

Os colegas se entreolharam, quase tão confusos quanto eu.

“Aquele não é o vocalista do Death Cannibals?” Perguntou alguém.

“Não pode ser, o cara é tipo, famosão. Deve ser um sósia.” Disse outro.

“Vai ter death metal no baile? Mas não era conto de fadas?”

O burburinho aumentou, e virou algazarra quando confirmaram que sim, era o verdadeiro Shane Velvet. Todos se jogaram no palco querendo autógrafos e avacalhando a festa perfeita que eu projetei aos mínimos detalhes.

De tão espantado, demorei a notar que Maikon não estava nada surpreso.

“Você tem algo nisso, não tem?” Eu afinei meus olhos a ele, que sorriu como uma princesa levada.

“Eu convidei, e o pessoal da música adorou a ideia. Quantos bailes de escola tem celebridades tocando?”

Eu abri a boca, indignado. Maikon aproveitou a brecha e meteu um beijo de língua em mim, tão gostoso que eu quase perdoei. Quase.

“O que death metal tem a ver com conto de fadas, Maikon?” Perguntei a ele, que sorria através do batom meio borrado.

“Você é gostoso quando fica com ciúmes.” Ele deu outro beijo, colando o corpo ao meu. “É só uma música e ele vai embora, meu príncipe.”

A última parte ecoou dentro de mim, fazendo o calor voltar. Meu príncipe... a voz do Connor era tão grave e tranquila.

“Falou, povo de West Island! Obrigadão pelo convite, e um oizão especial pros meus amigos. E aí, Hian, quem é a gata aí contigo?” Perguntou ele, agitando aquele penacho que ele chamava de cabelo.

Eu rosnei alto praquele desgraçado, abraçando forte o Maikon.

“Te acalma Hian, tá doendo.” Maikon tentou afastar e eu abracei mais firme. “Se não gosta dele, então por que disse ao Michel que eles eram parentes? ...E espera, você tá duro?”

“Eu não imaginava ele morando na sua casa, no seu quarto. E eu não estou duro.”

Maikon abriu um sorriso safado e meio constrangido.

“Hian, minha saia tem oito camadas de tule, e ainda assim eu sinto sua espetada.”

Eu enfim soltei Maikon e ele se afastou, olhando para baixo assim como eu. Droga, eu não estava apenas duro. Minha vara parecia um ferro, e naquela legging apertada se podia ver tudo, até o relevo da ponta.

“Isso... isso é... droga, desculpa.” Gaguejei, sem saber como escapar dos olhares. Maikon resolveu o problema me abraçando de novo.

“Vou considerar isso um elogio à minha feminilidade.” Maikon piscou pra mim. “Agora diga, por que tem areia nas suas botas?”

O suor retornou ao meu rosto. Connor. Meu predestinado. E se algo aconteceu com ele? Seria seguro atravessar o oceano de noite?

“Eu... ahm...”

“Olha, um violino!” Maikon me interrompeu, apontando pro palco.

Eu olhei na mesma direção, e me surpreendi. Shane mudou totalmente a postura e ajeitou-se no centro do palco, com um violino apoiado sob o queixo. Em contraste com as pulseiras de couro preto e pinos, ele segurava o arco suavemente. Ele deu um sorriso à plateia, e entreabriu seus lábios.

 

Eu te ofereci as estrelas do céu

Você preferiu as estrelas do mar

Peixinho do mar, peixinho da terra

Desculpe por me apaixonar

 

Eu petrifiquei, abismado. Que voz mais melodiosa e linda. Aquele cara tinha algum defeito?

“O Shane é tão talentoso, não é?” Maikon o admirou comigo, descansando uma mão sobre meu ombro e me alcançando a outra.

“Violinos e guitarras são quase a mesma coisa.” Falei, envolvendo sua mão estendida com a minha, e passando a outra em torno da cintura. Percebi com alívio que Maikon não vestia um espartilho.

“Você tá irritadinho, hoje.” Maikon tentou me conduzir e tropeçou nos meus pés, demorando a notar que seria eu a conduzir a dança. “Pelo menos sorria? Vão premiar o melhor príncipe e a melhor princesa, e eu pretendo que a gente ganhe os dois.”

Percebendo o idiota que eu estava sendo, eu relaxei os ombros e sorri, conduzindo Maikon em voltas pelo salão.

Para alguém desacostumado com saltos, Maikon valsava perfeitamente. Eu o imaginei ensaiando diante de um espelho durante as madrugadas. Maikon só se esforçava quando algo era realmente importante.

“Prepare um espaço na sua estante de prêmios. Aquelas duas coroas serão nossas.” Eu disse, ajustando meus passos ao ritmo ideal, calculando cada movimento em sincronia perfeita com Maikon.

Nenhum pisão no pé, nenhum tropeço e nenhuma hesitação. Eu e Maikon dominamos a pista, admirando o olhar um do outro como se nada mais existisse. Era a nossa primeira valsa juntos, e a princípio nossa sincronia me pareceu resultado de muitos ensaios. Mas não era isso. Eu e Maikon nos completávamos a tal ponto, que podíamos prever cada passo um do outro.

Perto do fim, a música acelerou seu tempo. Maikon girou graciosamente por baixo do meu braço e voltou a me abraçar. Eu podia ouvir seu coração acelerado contra meu peito.

“E então... o que faremos em Cocota do Sul?” Perguntou Maikon, com os lábios quase grudados aos meus.

“Dakota do Sul. E eu não sei. Podemos ter uma fazenda, ou abrir alguma lojinha em uma cidade pequena.”

“Oi? Que jeito mais chato de passar as férias.” Ele franziu a testa.

“Não são férias, Maikon. Vamos nos mudar. Tenho a minha mala no carro, e saindo daqui pegaremos todas as suas coisas.”

“Nos mudar? Você enlouqueceu? Eu sou um surfista, Hian. O que vou fazer numa fazenda? E você também tá ficando famoso por aqui, tem seus quadros em todas as galerias.”

Eu engasguei na minha resposta, desprevenido.

“Podemos plantar trigo, ou criar animais. Você arranja outro hobby por lá.”

Sem perder o ritmo da dança Maikon sorriu pra mim, com o olhar sombrio.

“Ainda bem que você está brincando, Hian. Porque se não estivesse, você seria o maior canalha do planeta.”

Eu engoli seco, estremecendo para a forma como Maikon me olhava. Droga, como eu convenceria ele? O cara pelado talvez voltasse, e eu temia ter gasto toda a minha bravura naquele primeiro encontro. Precisávamos partir, e precisava ser naquela noite.

“Desculpa, são apenas férias, sim. Quero te mostrar o Monte Rushmore.” Improvisei, dolorido por mentir e também pelo calor horrível dentro de mim. Minha vara pulsava desesperada contra as coxas do Maikon.

“Mentiroso.” Ele fez um biquinho desconfiado. “Mas eu sempre quis visitar o continente. Que tal Cancun? Tem umas ondas do caralho, e eu preciso aproveitar que tenho um namorado rico. Ou podemos visitar aquele lugar seu pai nasceu, qual o nome mesmo?”

“Egarikena, a ilha de cristal? Não me lembro de ter contado sobre isso.”

“Você contou agora. E com um nome desses, já temos o nosso destino de férias.” Ele abriu um sorrisão, orgulhoso por ser uma peste.

Eu ofeguei, frustrado e ardente. A cada passo o vestidão do Maikon massageava minha ereção, e apesar das roupas de mulher ele usava a colônia masculina que eu mais gostava nele. O salão parecia um forno, me inflamando à beira de um acidente.

O som de aplausos interrompeu nossos passos. A música havia encerrado e todos aplaudiram Shane, maravilhados com seu talento secreto.

Shane agradeceu a todos, acenou para nós dois e desceu pelos fundos do palco. Ao invés do clube de música retornar, quem tomou o lugar de destaque foi o representante de turma. Em suas mãos ele carregava uma almofada com duas coroas douradas.

“É agora, Hian. Vamos passar o rodo naqueles brinquedinhos.” Maikon sorriu empolgado, seu olhar brilhando para o par de coroas da mesma forma que brilhavam quando ganhava troféus de surfe.

“Não posso subir no palco, não desse jeito.” Sussurrei, totalmente humilhado. “Eu me escondo no banheiro e você recebe as coroas.”

Maikon arqueou uma sobrancelha, e logo entendeu o que estava acontecendo. Ele sorriu de forma compreensiva.

“São só umas coroas de plástico.” Ele deu de ombros, com o olhar cheio de devassidão. “Falando sério agora, ouvi dizer que você tem uma Ferrari...”


Notas Finais


Oi lindos <3

Com esta história terminada eu vou começar a trabalhar em outros projetos, então talvez as notas de autora fiquem menores. Gostariam que eu voltasse com o resuminho do próximo capítulo? :)

A propósito, hoje é o último dia para comprar todos os livros da série por R$1,99 cada, na Amazon. Amanhã eles retornam ao valor normal.

Espero que continuem curtindo a história! Sábado tem mais!

Beijos e abraços,

R. B. Mutty


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