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História One In a Million - Please, No!


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


E aee, meu poovo??
Gente, esse capítulo foi bem complexo de escrever, pra mim. Foram tantas emoções e sentimentos e eu tinha que fazer tudo parecer real para vocês. Eu espero muito que gostem <3
Aaai, TÔ NERVOSA DEMAIS T.T
Boa leitura!

💠💠Título do capítulo: Por favor, não! 💠💠

Capítulo 95 - Please, No!


Fanfic / Fanfiction One In a Million - Please, No!

 


Cubra meus olhos
Cubra meus ouvidos
Diga-me que essas palavras são mentiras
Não pode ser verdade
Que eu estou te perdendo
O sol não pode cair do céu
Você consegue ouvir o céu chorar...?
Lágrimas de anjos
Lágrimas dos anjos...
Parem todos os relógios
As estrelas estão em choque
O rio irá correr para o oceano
Eu não deixarei você voar
Eu não direi adeus
Eu não deixarei você escapar de mim

Harry

 

 

A adrenalina suspendeu-me, as minhas entranhas reviraram-se, aqueceram-se, borbulhando em uma sensação leve como as folhas que caem das árvores. 

Suas palmas quentes causavam arrepios em contato com a minha pele...

Minha língua enroscava na sua, afogando o ar em nossas bocas. Um calor nos envolvia... nossos lábios deslizavam em um encaixar úmido e gostoso... 

Um deleite etéreo...

E embriaguei-me dele em um amor incontido, em uma felicidade completa.

 

 

 

Selena

 

O beijo ficou mais intenso e Harry apertou minha cintura arrancando-me um gemido baixo. Senti o meu corpo ficar mais ardente com os seus lábios em meu pescoço e a sua mão quente deslizando para dentro do meu vestido. Tive que reprimir os gemidos, meu corpo estava clamando pelo dele, mas as coisas iam ser diferentes dessa vez.

- Harr… – gemi ao sentir sua mão roçar na minha calcinha – Para. – disse baixinho, tirando a mão dele dali. 

Sua cabeça ergueu-se para mim.

- O que houve…?

- Sem sexo. – ele me encarou súplice. – E acho que já está na hora de você ir. – disse me erguendo do sofá.

- Isso não se faz, ainda mais no estado em que estou. Eu tô ereto. – virei-me para ele, sorrindo.

- Você vai ficar bem.

Ele resmungou, levantando-se do sofá.

- Posso ver a Maddie ao menos?

- Assim? – apontei para a ereção aguda entre suas pernas.

- É claro que não! – seus olhos se arregalaram. – E-eu… – o interrompi.

- Olha, ela está dormindo nesse momento. Podemos deixar para outro dia a sua visita? – havia um ar de doçura em meu pedido.

- Claro… – ele levou numa boa a minha recusa.

Harry fixou o olhar em mim e andou na minha direção, fazendo o meu coração retumbar na caixa torácica. 

Ele segurou meu rosto o levantando para que eu o olhasse nos olhos. Meus olhos se tornaram marejados. Eu odiava a forma que eu ficava sempre que encarava aquelas órbitas esverdeadas. Eu me desmanchava. Eu via carinho, entrega e amor ali, mas também a dor de não conseguirmos ficar juntos.

- Eu não sou perfeito, Sel, e já cometi muitos erros. Mas essa é a parte mais legal de viver, afinal, todo dia temos uma chance de equilibrar a balança. Eu ainda não desisti de você… 

Pousei o rosto em seu peito e senti seus braços me abraçarem firmes.

Não eram os obstáculos que tornavam o nosso amor impossível, mas sim o meu medo excessivo de ultrapassá-los.

Meus dedos varreram seu rosto e seus olhos brilharam como se lacrimejassem, com uma paixão singular. A um passo das coisas saírem dos eixos, nos afastamos e ele sorriu dando tchau.

Naquela noite ele voltou sozinho pra casa... mas eu fiquei com o coração cheio de fé e esperanças sobre nós dois.

 


 

Harry

 

Em dez minutos cheguei ao apartamento de Niall. Com pressa e sem avisar. Eu precisava de conselhos. De um ombro amigo.

Toquei a campainha freneticamente. E não desmerecendo Niall, mas eu queria mesmo falar era com Liam. Ele é o único que parece enxergar a minha alma e ler as minhas entrelinhas. Porém, ele estava em uma viagem romântica com Abby e eu nunca iria incomodá-lo com os meus problemas.

- JÁ VOU, CARAMBA! – Niall gritou enquanto eu tocava a campainha sem interrupções.

A porta se abriu.

- Vai ficar olhando pra mim com essa cara de pateta, depois de quase quebrar a minha campainha?

Entrei no seu apartamento, sempre bagunçado, escuro e sujo. Aquele apartamento só esteve limpo e aconchegante quando a Dafne namorava com ele. Me sentei no sofá, cheio de doritos, enquanto ele me observava. Perguntei se havia algo alcoólico pra beber e logo ele me entregou uma garrafa de cerveja. Não era o meu preferido e eu estava precisando de algo bem mais forte, mas eu não estava em condições de recusar. Foi a cerveja mesmo.

Engoli cada gole daquele líquido gelado com o gosto amargo... mas não o amargo da cerveja. Era o amargo da tristeza. Do arrependimento. E o que atormenta mais que a tristeza e o arrependimento? Na minha opinião... nada se compara a combinação dos dois. É letal.

- Sua cara tá péssima. – ele disse ao me analisar.

- Não só a cara. Tá tudo péssimo… – murmurei massageando a testa.

- O que aconteceu? – perguntou calmamente. – Ela só cuidou de você e foi embora ou aconteceu mais alguma coisa?

- Também – respondi olhando para cima, pro teto – Não sei o que está acontecendo com a gente. A gente briga, a gente chora, e só na cama fica tudo bem. Não sei. É como se, existisse um rio com uma correnteza implacável e Selena e eu estivéssemos dentro desse rio tentando nos agarrar um ao outro, nos segurando com todas as forças para tentar nos salvármos, mas no final temos que nos separar, cada um ir para um lado porque não vamos conseguir nos salvar se ficarmos juntos… a correnteza é mais forte que nós – reconheço enxugando uma lágrima vacilante e ele me olhou em silêncio. – Talvez estivéssemos destinados a ficar juntos, mas não pelo tempo que esperávamos...

- Vocês não tentaram o bastante. – ele disse ao abrir mais uma cerveja para mim.

- Não tentamos o bastante? É só isso que tem a dizer? – ele coçou a nuca.

- Você fodeu tudo com aquela história dos cheques. Eu sempre soube que ela era inocente. Nunca acreditei nessa história. Todos acreditaram nela, menos a pessoa mais importante pra ela, você.  – ele disse incisivamente.

- Eu sei... – baixei a cabeça. Admitir que o nosso relacionamento não deu certo doía, mas saber que eu era o grande culpado disso era o que me definhava todos os dias. A culpa e o arrependimento era o que me matava a cada dia.

- Eu não te julgo – o olhei surpreso – Com a dor que você sentiu com aquela mentira, era difícil enxergar a verdade. A dor nos envenena e nos cega de forma irreparável…

Fitei a garrafa em minha mão e suspirei.

- Você não disse que só se acertam na cama? Então, caralho, aproveita isso! – o repreendi com o olhar e ele deu de ombros, convicto.

- Você é um péssimo conselheiro. – ele gargalhou divertido.

- Só há duas alternativas, caro amigo – o olhei com medo da resposta, depois da última – Aceitar que a perdeu. Ou reconquistá-la. É simples. 

- Eu nunca vou aceitar. 

Ele maneou a cabeça, concordando.

- Achou sua resposta.

Refleti silenciosamente.

Nenhuma pessoa jamais conseguirá ocupar o lugar que Selena tem dentro do meu coração e é exatamente por isso que eu precisava lutar por ela. Meu amor por Selena é imortal.

Sorri de canto e o olhei.

- Até que você é um bom conselheiro. – ele gargalhou de novo ao dar batidinhas no meu ombro.

 

 

 

Selena

 

Os dias e meses foram passando e Maddie a cada dia que passava se parecia mais com Harry. Em uma de suas visitas, ele comentou essa semelhança, claro que eu me aterrorizei com a sua comprovação, mas isso o deixou tão radiante que eu nem dei mais importância. Ela é uma mistura de nós dois.

A mistura perfeita.

O legal é que, durante esses dias em que Harry veio ver Maddie, eu pude ver o quanto ele estava diferente. No primeiro momento não acreditei, pensei ser mais um de seus joguinhos só para ficar perto da filha, mas ele já não forçava mais a barra sobre nós dois. E isso me deixou insegura e com medo de perdê-lo para sempre. De repente o meu coração se sentiu seguro e quis Harry de volta.

Foi aí que nos reaproximamos.

Até que não deu mais para esconder que eu o queria de volta.

Estava decidida a pedir para reatarmos, mas para sermos felizes de verdade, e dessa vez para sempre, precisava primeiro me livrar de todo mau e perigo que nos rondava. 

Foram dias de luta, dias de guerra, mas finalmente consegui reunir provas contra Andy sobre essa história dos cheques para Christina Miller. Descobri muito mais atrocidades, inúmeros delitos que ele carrega sobre as costas, como inúmeras brigas, brigas com arma branca, importunações sexuais, agressões a ex-namoradas e até maus tratos aos animais. 

Como pude me enganar tanto com uma pessoa?

Já o denunciei para a polícia e a justiça pode demorar, mas uma hora todo mundo paga pelos seus maus.

Eu estava terminando de arrumar as coisinhas de Maddie na bolsa para levá-la ao pediatra, quando me virei para deixar o quarto e fui surpreendida por Andy.

- Está indo para algum lugar, baby? – recuei assustada e tropecei em meus próprios pés.

- Não te interessa! – repeli raivosa.

- ...sua desgraçada! – ele envolveu suas mãos em torno do meu pescoço, me enforcando. 

 - Me larga! – sufoquei, lutando para afastá-lo.

- Acabo de receber uma intimação da justiça e algo me diz que você tem alguma coisa a ver com isso…

- É claro que sim! Fui eu que te denunciei! – cuspi as palavras.

Ele riu com escárnio.

- Se acha muito esperta, não é? Mas eu sou mais! – ele sacou um revólver, apontando-o para a minha cabeça.

- Andy, não faça isso, por Deus! – supliquei, com os olhos arregalados.

- SELENA! – Nani gritou assustada com Maddie no colo.

- Olha só quem chegou – ele deu um sorriso maníaco para as duas – Se matar as três, assim não terá testemunhas.

- Seu doente, DEIXE ELAS EM PAZ! – gritei o golpeando e aproveitando o momento de desequilíbrio dele, quebrei um vaso em sua cabeça. – Para o quarto, Nani! – corremos para lá e eu rapidamente tranquei a porta.

- Minha menina, o que vamos fazer?? – minha pulsação seguia em crescente.

- Ligar para o Harry! – disse com os dedos trêmulos, já discando o seu número na tela. Logo sua voz calma soou nos meus ouvidos.

- Sel?

- Harry, me ajude, por favor! – lágrimas inundaram o meu rosto ao pedir socorro.

- O que aconteceu?!

- Andy! – Nani apertou a minha mão – Ele vai nos matar! Me ajude, pelo amor de Deus! Minha filha… – eu disse chorando desesperada.

- Calma, por favor, calma, eu já estou voando praí com a polícia! Se proteja!

Desliguei a ligação e peguei uma mala imediatamente.

- Sel, Andy pode acordar a qualquer momento… – Nani disse nervosa.

- Eu sei! Vou só pôr algumas coisas da Maddie aqui e vamos embora antes que ele acorde! – coloquei meus documentos e algumas roupas minhas e da Maddie na mala. Se eu continuasse esperando por Harry eu perderia a chance de fugir dali. – Vamos embora. – destranquei a porta e dei passagem para Nani passar com Maddie.

Assim que ultrapassamos o corredor, o silêncio foi cortado pela voz de Andy e o som do gatilho da arma sendo engatilhado.

- Pensa que vai fugir? – uma parede de lágrimas formou-se instantaneamente em meus olhos. 

- Andy, por favor – tentei não chorar na sua frente, mas foi inevitável. – deixe Nani ir embora com a minha filha... O seu problema é comigo!

- Você me traiu. Quebrou nosso acordo e agora você vai se ferrar DO JEITO QUE MERECE!! – Maddie começou a chorar devido aos gritos e eu entrei em pânico com os olhos esbugalhados. – Faz essa pirralha calar a boca! Faz logo! – a única coisa que me veio em mente foi desarmá-lo.

- Corre, Nani!! – iniciei uma luta corporal com ele e vi Nani sair correndo com Maddie.

 

 

 

Harry

 

Assim que Selena me ligou, saí correndo desesperado para o apartamento dela. Liguei para a polícia, mas não aguentei esperar eles chegarem.

Eu nem sei como cheguei vivo a casa dela. Eu dirigi a mais de 140km/h.

Agradeci a Deus não ter matado ninguém, porque com essa velocidade... foi só a proteção DELE mesmo.

- Nani!?! – encontrei-a no hall do apartamento com Maddie no colo. Nani corria desesperada na minha direção.

- Ela está lá dentro! Tire a minha menina de lá, meu pequenino, tire-a! – beijei a testa de Maddie e corri como um touro desgovernado para dentro do apartamento. Me desesperei ao ouvir dois disparos vindo do corredor e logo em seguida um suspiro profundo de Selena me aterrorizou por completo. As minhas pernas perderam as forças, mas contraditoriamente se puseram a correr antes que eu mesmo me desse conta. Ouvi outro tiro e entrei no corredor rezando para não ter acontecido o pior.

- SELENA!! – gritei ao vê-la estirada no chão e uma enorme poça de sangue se formando em sua cintura. – Não…não… não!! – caí de joelhos ao seu lado e tentei tocá-la no rosto para forçá-la a acordar, forçá-la a abrir os olhos e olhar para mim – Selena! Selena! – repetia desesperado – Amor, abra os olhos, por favor!!

- Ha-rry... – tentou falar em dificuldade – m-me perdoe por colocar a vida d-da... nossa filha em risco... – sussurrou-me, em uma nitida dor intensa. 

- Shhhh... não se esforce, Sel – tentei não chorar na sua frente. Eu tinha que ser forte para ajudá-la. Saquei o celular do bolso e liguei imediatamente para a emergência e já pude ouvir a sirene da polícia ressoar, aproximando-se.

- Promete que vai cuidar da nossa filha…?

- Não fala isso, por Deus! Você não vai morrer! – choraminguei já deixando as primeiras lágrimas virem.

- Eu já estou morrendo... – ela disse baixinho e eu solucei alto e forte.

- Não está, eu não vou deixar! Eu te juro! – ela começou a engasgar com o próprio sangue e eu tentei tapar o buraco da bala com as mãos. O fluxo estava intenso. Ela estava perdendo muito sangue. 

- Harry, me prometa. – pediu calmamente.

- E-e-eu... p-prometo! – disse em dificuldade, por chorar tanto, em desespero.

- Você foi a melhor coisa que me aconteceu... – ela sussurrou passando a mão em meu rosto.

- Por favor... – choraminguei desolado. – Não fecha os olhos. Eu vou ficar aqui do seu lado, não vou sair nunca mais! Não fecha os olhos, Sel...

- Eu. Amo. Você. – ela disse pausadamente e voltou a tossir sangue.

- Meu amor, fica comigo... – pedi segurando sua mão em meu rosto.

- Eu amo você...

- Eu te amo mais, minha bonequinha... – solucei fundo. Ela sorriu fechando os olhos. – NÃO!! FICA COMIGO! SELNÃO ME DEIXA, POR FAVOR! POR FAVOR, NÃO ME DEEIXA!! – eu a sacudia como se assim pudesse trazê-la de volta – POR FAVOOOR!!! MEU AMOR!!!

- Encontramos o rapaz no quarto. Está morto. Foi um tiro na cabeça – ouvi um dos policiais falar para o outro.

- POR FAVOR, ME AJUDEM!! ELA ESTÁ MORRENDO!!

- A ambulância já está a caminho, senhor. Deixe eu ver o ferimento – um deles levantou a blusa dela e havia um ferimento enorme em sua cintura – Dois tiros – disse com pesar. Ele checou o pulso dela enquanto eu já me engasgava literalmente com o meu choro. – Ela está viva, mas a pulsação está fraquíssima. Não temos muito tempo. – ele me encarou firme.

- Meu Deus, não, por favor! – levei as mãos à cabeça chorando angustiado.

- A minha menina, onde está a minha menina?! – Nani queria entrar no apartamento a todo custo, sendo impedida pelos policiais.

- NANI, NÃO ENTRE! – não queria que Nani visse aquilo e nem a minha filha.

Corri até elas e abracei forte as duas, chorando. Chorando desesperado. Meus lábios tremiam tanto, que parecia estar levando choques de 1000 voltz ininterruptamente.

- O que houve com ela? – Nani perguntou angustiada.

- A Sel, Nani... ela está morrendo... eu não posso ficar sem ela... eu também morrerei... – chorei mais forte e Nani chorava negando com a cabeça.

- A AMBULÂNCIA CHEGOU! – um policial gritou para o outro e eu imediatamente soltei as duas e corri para dentro do apartamento.

Em questão de segundos, os paramédicos já estavam com a maca ao lado dela.

- Ela está tendo uma parada cardíaca!! – um paramédico praticamente gritou para o outro. 

- PARADA CARDÍACA?? – gritei, mas minha voz não saiu. 

Rapidamente colocaram ela na maca e enquanto a levavam para dentro do elevador com extrema rapidez, corri até eles, os seguindo.

Eu não quis esperar o elevador voltar, não queria perdê-los de vista.

Escorreguei mais de três vezes e toda vez que caía nos degraus das escadas, eu levantava na maior rapidez, eu só não ia, nem podia, deixá-la sozinha!

Já estavam colocando-a na ambulância quando cheguei ao térreo e eu já estava subindo na mesma quando um paramédico me segurou pelo braço. 

- Você é da família? Irmão, primo ou coisa assim?

- Não!! – me soltei de sua mão.

- Então você não pode ir. Só pessoas da família podem acompanhar na ambulância.

Ignorei-o e subi na ambulância com mais de mil, impetuosamente. NINGUÉM me tiraria de perto dela, NINGUÉM!

- Senhor... – ele novamente tentou me barrar.

- ELA É O AMOR DA MINHA VIDA!! – gritei desesperado. 

O paramédico não discutiu mais. Dada a urgência do caso, fechou a porta da ambulância com força brutal, ambulância essa que não demorou dez minutos para chegar ao hospital mais próximo. 

Dentro da assistência, as tentativas de restaurar as batidas do coração dela pareciam em vão, porém, elas voltaram. Fracas, mas voltaram. Tudo acontecia rápido demais, meu peito formigava em uma sensação tóxica de terror.

Chegando ao hospital, eles tiraram Selena da ambulância e a colocaram em cima de uma maca que já estava a postos, esperando por ela. Desci da ambulância e corri com eles até certo ponto do hospital, onde me disseram que eu não poderia mais entrar. A porta de metal se fechou à minha frente e vi Selena sendo levada para longe de mim. 

No momento em que ela sumiu do meu campo de visão, eu convalesci. Meus joelhos e tornozelos foram esvaídos de toda força e fui ao chão. Frio... Gelado... Como tudo parecia estar dentro de mim. A dor era imensurável, tudo o que havia em mim era sofrimento e choro. Sel teve uma parada cardíaca na minha frente, eu quase a perdi pra sempre!

Lembranças queimavam em minha mente, sussurrando o quanto eu a amava. O quanto nos amavámos. 

"Você foi a melhor coisa que me aconteceu" 

Sua voz se repetia em ecos na minha cabeça e gritavam em meus ouvidos. Meu coração se contorcia, sangrando.

O vazio me corroia e espalhava mais dores por meu corpo. Eu tremia visivelmente.

Não sei por quanto tempo fiquei jogado naquele chão, alheio ao mundo ao meu redor, chorando com a cabeça entre os joelhos. Eu precisava ser forte por ela, mas também me permiti sofrer. A força é justamente reconhecer o tamanho da dor, vivê-la, e tentar sobreviver a ela.

Senti alguém tocar a minha cabeça, deslizando dedos por entre os meus fios.

- Harry – Nani segurou a minha mão e me puxou para que eu levantasse – Venha cá, pequenino… venha – ela me puxou para cima e me abraçou, consolando-me. 

- Onde está a minha filha…? – sussurrei, tentando me recuperar.

- Ela está com a avó. Mandy está aqui. – um nó se formou em minha garganta.

- Meu Deus, o que eu vou dizer a ela?? – voltei a chorar ainda mais. Sua filha estava quase morrendo.

- Oh, meu querido, não se preocupe com isso... Alguns enfermeiros que estavam na ambulância já falaram com ela e explicaram tudo – ela disse e eu só assenti em silêncio.

Depois de algum tempo chorando em seus braços, notei que Nani transparecia muita serenidade e até calmaria. Seus olhos denunciavam que havia chorado, porém ela não aparentava nenhum desespero. 

- O que a-aconteceu lá? – perguntei, cedendo aos soluços de um choro que não parava.

- Andy chegou de repente. Forçou a entrada e conseguiu entrar. Pegou Selena no momento em que estávamos indo ao pediatra. Eu saí correndo para proteger Maddie. – lágrimas finas escorriam pelo seu rosto. – Eu só pensei na minha menininha... A culpa foi toda minha por não ter protegido Sel… – meu coração se apertou mais.

- Não, Nani, não diga isso… não foi sua culpa – desabei em seus braços novamente.

Ela puxou-me para uma cadeira e me fez sentar. Ela sentou-se ao meu lado e abraçou-me, consolando-me do meu desespero. 

- Minha vontade é voltar no tempo... Jamais vou me perdoar por te fazer sofrer tanto... – ela disse quando sentiu o meu choro mais forte – Por favor, acalme-se, meu querido… Selena precisa de você forte. Por ela e pela sua filha.

Por mais que ela tivesse razão, eu não podia. Eu não podia me acalmar! Eu não tinha notícias de Selena há horas. Eu a vi morta por alguns instantes! 

- Eu não consigo... está doendo muito... está insuportável... – era uma dor na alma.

Ela levou as mãos ao meu rosto. 

- Oh, meu querido... 

Me encolhi mais ainda entre seus braços. 

- Vou pegar um copo de sopa para você na cantina. Você está sentado nesse chão há quase duas horas. 

- Duas horas? – perguntei no automático. – Passou tudo isso? Onde está Selena!? 

Ela confirmou, passando a mão pelo meu cabelo. 

- Ela ainda está no centro cirúrgico.

- CENTRO CIRÚRGICO?! – gritei sentindo o desespero se manifestar com a força de mil furacões. 

- Ela levou dois tiros… Precisam retirar as balas, querido. Se acalme, meu bem... – Nani me abraçou e eu novamente desmoronei em seus braços. 

O ar não passava da minha garganta... meus olhos ardiam, a minha cabeça latejava devido ao choro constante. Eu estava exausto de chorar. Mas todo mundo tem medo de perder quem ama.

O tempo não passava naquela sala, nenhuma notícia chegava. Eu já havia tentado arrancar informações de Mandy, mas ela dizia não saber de nada assim como eu.

 Nani tentou me alimentar, mas as minhas mãos trêmulas não seguravam qualquer coisa que eu tentasse, como o copo que caiu no chão estilhaçando sopa pra todos os lados. Eu estava em uma crise de choro intensa, as lágrimas não mais escorriam, elas se jogavam no precipício da dor. Me torturava me forçando a respirar, mas só me vinha a imagem de Selena morta em minha mente. E a cada lágrima, uma dor, um soluço. 

Tentei dirigir meu foco para coisas boas, e depois de pensar muito na minha filha e nos momentos felizes que passamos juntos, mais calmo, respirei fundo e tentei mais uma vez me pôr em equilíbrio.

- O que está acontecendo...? – perguntei novamente, enquanto Nani me entregava mais um copo de água e sentava-se novamente ao meu lado. – Por que tanta demora? – seus olhos titubearam. Sua expressão já não era mais tranquila – Por favor, Nani, eu sei que você sabe de alguma coisa.

- Você está mais calmo? – ela não me olhava nos olhos.

- Sim. – respondi, apenas tentando parecer realmente calmo. E monossílabos eram os mais seguros. 

- Não vou fazer rodeios com você, não acho que estamos em um momento para isso – ela retirou os óculos por um momento e coçou os olhos, colocando-os de volta em seguida. Ela não olhava mais para mim. Nem tinha mais toda a calma que ela transparecia há horas atrás. Seu olhar estava tão pesado e triste quanto a sua voz. – Selena está em estado grave nesse momento.

- O...q… – não consegui prosseguir.

- Houve uma complicação na cirurgia. Uma hemorragia. Só estão tentando salvá-la. Eu sinto tanto, meu querido… – Nani havia se entregado pela primeira vez ao choro.

Não consegui mais ficar sentado.

Meu corpo não teve mais equilíbrio e nem forças para se manter firme, então me joguei no chão.

- NÃÃO!

Foi o grito mais alto que eu já dei em toda a minha vida.

O meu choro, meus soluços ficaram ainda maiores, eu podia sentir todo o meu corpo tremendo.

Perder Selena para a morte seria como perder o solo onde caminhar. 

Era sentir-se no meio do deserto e afogar-se no mar de sofrimento.

Ela é meu porto seguro, não posso perdê-la.

- ME LEVA PRIMEIRO! – eu gritava para o alto como se obrigasse alguém a fazer isso.

Selena é tudo que preciso... como preciso do ar pra viver. A vida sem ela seria insuportável. Foi ela que me mostrou o significado de felicidade. 

Em meu peito só havia a dor de um punhal que a cada lágrima parecia afundar...

Ela era tudo pra mim. Um sonho intocável, uma música que ninguém era capaz de cantar. Antes dela eu não era ninguém, e sem ela eu nunca mais seria.

Naquele momento eu não sabia mais como suportar a dor existente em meu corpo. O meu coração, os meus pulmões, a minha alma… tudo em mim gritava, menos a minha voz. 

- Por favor, meu Deus, só mais uma chance... – entre os soluços do meu choro eu implorava. Ele não podia tirá-la de mim! Ninguém ia preencher o lugar dela na minha vida. Nem no meu coração! 

- Me leva primeiro... – tornei a dizer escondendo o rosto entre os joelhos. Nani chorava comigo e suas mãos buscaram as minhas, logo os nossos dedos se entrelaçaram. 

Chorava pelo amor da minha vida que há horas estava longe de mim e queria partir para sempre.

Chorava por nossa filha que estava com sua mãe em uma cirurgia, à beira da morte.

Chorava de ódio daquele desgraçado que eu clamava que agora estivesse queimando no fogo do inferno. 

Chorava pelo futuro. Chorava pelo passado.

Chorava por mim. Chorava por Mandy, que tentava consolar-me, mesmo estando inconsolável.

Chorava por estar em um choro desesperado no chão de um hospital, sob os flashes de todos, que não respeitavam a minha dor, a escancarando para o mundo. 

Chorava porque eu não tinha o controle de nada e não podia salvar o meu grande amor.

Chorava porque ela não conseguiu me perdoar. 

Chorava porque não tivemos mais uma chance. 

Chorava porque nunca foi minha intenção machucá-la, mas eu a machuquei tantas e tantas vezes, nos separando para sempre.

Chorava por ser o culpado dela estar naquela situação. Chorava porque iria perdê-la. Chorava porque sem ela eu me perderia...

Sobretudo, chorava porque eu a amava, e sem ela eu não viveria.

 


Notas Finais


Me contem tuudo o que acharam, por favor <3

→ ❤️❤️❤️ Música tema do casal Sarry: https://www.youtube.com/watch?v=4o2xnzANIHY ❤️❤️❤️
Tradução: https://www.letras.mus.br/whitney-houston/18491/traducao.html


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