História One In a Million - Goodbye And I Love You

 

Eis aqui um novo ódio

Com todos os mesmos valores perdidos

Renuncie o que vive nas profundezas

Renuncie ao nosso amor

Lembrar de você é lembrar de mim te esperando

Não importa quanto esforço eu faça, isso não acaba

Eu só queria ouvir as palavras "Eu te amo"

Mas estou cansado(a) da sua negligência

Recuse-se a destruir

Os altares que um dia serviram como nossos pilares

Mas a verdade está explicita:

Dê um olá para o meu novo ódio,

Afinal, isso marca o dia em que enfim te matei.

Então descanse em paz, você mesmo(a) que cavou a sua cova...

 E então pare de me assombrar

 Você para mim já está morto(a)

Harry & Selena

 

 

 

 

 

Selena

Ainda era noite e até aquele momento Harry não tinha se pronunciado. O celular já estava quase criando calos – e raízes – em minha mão de tanto que eu permaneci segurando-o com força – esperando a ligação dele. Esperando! Os meus olhos passavam mais tempo encarando aquele aparelho do que qualquer outro ponto ao meu redor... E eu já estava ali, sentada na varanda, esperando ele aparecer no horizonte daquela escuridão – vindo correndo para os meus braços.

Mas isso não aconteceu... Não só não aconteceu, como ao fazer isso – Harry jogou fora todos os meus sentimentos. Não sei se ele ainda estava com raiva de mim, mas isso não era, motivos para fazer isso! Se ele tivesse um pingo de amor ainda por mim ele teria, ao menos, me dado uma satisfação. Harry realmente mudou bastante... tinha se tornado um monstro insensível e ordinário.

Eu sei que estava sendo ingênua de ter esperado a noite inteira quando entreguei a carta de manhã e a qualquer momento ele poderia ter entrado em contato comigo. Não precisaria ser só a noite... Já era para Harry ter visto. E ele viu – presumo eu – só que rasgou e riu da minha cara ao fazer isso. E a estúpida aqui até altas horas da noite esperando algo... tendo esperanças que aquele doce Harry ainda existia ali dentro e voltaria para mim correndo.

Mas aos poucos a dor de perda começou a dar espaço para uma ira. Uma ira gigante. Estava com ódio de Harry. Estava com ódio dele, estava com ódio de meu pai e estava com ódio principalmente de mim. Por ter sido tão tola. As lágrimas desciam pelo meu rosto mais quentes do que a minha própria pele incendiando em raiva. Minha face formigava e mesmo com a visão embaçada, eu conseguia ver as estrelas no céu e ter raiva de todas as vezes que nós olhamos para elas – juntos – e fizemos promessas de amor eterno.

Voltei para a cama e abafei um grito de angustia e ira entre os meus travesseiros. Minhas pernas sacudiam batendo na cama com violência. Eu queria matar Harry! Mesmo que isso me fizesse morrer depois, mas eu estava com vontade de socá-lo até que a minha mão quebrasse.

A raiva estava tamanha, que foi bem fácil imaginar o travesseiro sendo Harry. Comecei a socá-lo com violência enquanto xingava ele de todos os nomes que eu conhecia e os que eu inventei ali mesmo. Eu só queria saber de fazer ele sentir a dor que eu estava sentindo.

Não sabia se o fato de Abby já ter ido embora e não estar mais ali comigo era bom ou ruim. Ela poderia conversar comigo, me acolher, mas no fundo, foi melhor assim. Afinal a verdadeira vontade que tinha naquele momento, era de quebrar e xingar tudo e todos que estivessem comigo. Sabia que ela não tinha culpa, mas ali, no meu momento de raiva, eu não ia ligar para isso. Ia machucá-la... pois a raiva que estava de Harry estava me fervendo todo o sangue!

Foi então que tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida. Anestesiada pela raiva incessante por Harry, mas eu tomei. Eu não ia mais tentar nada com ele. Ia esquecê-lo e odiá-lo para sempre. Estava disposta a esconder todo esse amor, pois ele não o merecia mais. Eu sabia, sim, que aquilo me traria dores futuras. Mas as lágrimas de ódio que eu estava sentindo ali, e as que ainda viriam futuramente, iriam sustentar a minha escolha. Pois se tem uma coisa igual – ou até pior – a um coração machucado, é um coração em ira.

 

 

 

 

Harry

Da varanda assistia o sol se escondendo por detrás dos prédios compilando mais ainda a angustia que em meu coração se instalava. Era como se a dor tivesse pintando aquele quadro para mim: toda a luz indo embora e a escuridão aparentemente sem fim. Conforme o Sol desceu – não se contentando em fazer isso sozinho – fez também descer as minhas lágrimas. E foi então que, por mais que se formassem milhares de estrelas no céu naquele momento ou que eu estivesse sendo praticamente cremado com os raios daquele sol reluzente, eu sucumbi... eu sucumbi a uma enorme tristeza e solidão. Pois nenhuma beleza me faria esquecer a única que é suficiente para mim... o rosto dela a sorrir.

Caí de joelhos na varanda, e – assim como o barulho dos meus joelhos se colidindo ao piso – houve também o som dos meus socos. Eu socava o chão com toda força. As lágrimas amargas de ter sido um idiota começaram a dar tons a minha ira. O ódio me voltara mais uma vez, e dessa vez parecia ser muito maior. Sem me importar em quem estava no andar abaixo do meu, em cima ou quem quer que escutasse, eu gritei. Gritei amaldiçoando Selena e o quanto eu a odiava!

O meu ódio não me deixava sequer enxergar direito. Agradeci aos céus por Selena não estar em minha frente, pois eu não saberia até onde chegaria.

Corri para dentro e comecei a jogar os jarros e as minhas coisas, tudo que estava ao meu alcance. Os gritos em minha garganta eram a única fonte que eu tinha para me aliviar – mas aquela dor que se instalava no meu peito só fazia crescer mais e mais.

Quão idiota eu sou?! Quão ingênuo eu fui meu Deus? Eu ainda acreditei naquela garota mesmo depois de tudo que ela me fez! O ridículo dessa relação sempre foi eu por amar demais alguém que não merecia!

Cheguei até a pegar a chave do carro para ir até a casa dela dizer algumas verdades – mas o meu corpo tremia todo e até para manter a chave em minhas mãos estava com dificuldade – imagina então se eu tentasse dirigir? Certamente me mataria por causa daquela idiota! Por que será que ela fez isso comigo? Será que ela está rindo da minha cara agora? Dos meus sentimentos... de tudo que eu disse? Essas perguntas estavam cravadas em minha cabeça e não saía por mais que tentasse pensar em qualquer outra coisa. E a droga do meu coração só se afundava mais e mais enquanto a minha mente insistia em fazer novas perguntas sobre Selena.

- Mas o que está acontecendo aqui? - Nani correu em minha direção para saber o que estava acontecendo.

- ME DEIXA SOZINHO, NANI! - Estava tão alterado que cheguei até a gritar com ela.

- Mas, Harry... - Ela quis insistir.

- CARALHO! VOCÊ É SURDA?! - Peguei um abajur que estava ali perto e o joguei com toda força no chão próximo a mim. Os pedaços dele espalharam-se por todos os lados, cheguei a senti-los em minhas pernas.

Estática, Nani não disse mais nada. Mas também, nem precisara. O seu olhar de pavor estava mais do que evidente... e o meu de ódio e rancor. Ela fora se afastando aos poucos até que sumiu completamente da minha vista. Senti uma angustia grande por ter tratado ela assim – eu até gritei com ela! - Mas o ódio estava demais para me deixar cair. E eu não caí. Então, eu trinquei os dentes e voltei a socar o sofá amaldiçoando Selena com toda a minha raiva.

Foi então que enchi o meu copo e ali mesmo, me afoguei em cinco garrafas de uísque.

Eu chorei tanto, que em algum momento eu cansei e acabei apagando.

 

 

 

                                                                                   [...]

 

 

 

Já era dia e minha cabeça doía consideravelmente. Na noite passada eu havia bebido tanto, mas tanto que agora mal podia me mexer por causa das dores. Dores de cabeça, dores no corpo, dores nos ossos – e a maldita dor no peito!

 

Niall: Harry, liga a televisão no canal E! agora!!

 

Niall me enviou uma mensagem e ainda de cenho franzido procurei o controle remoto da televisão. Liguei a TV e busquei o canal que ele havia dito.

Caí sentado sobre o sofá.

 

‘’...Ele foi visto bastante abatido andando pelas ruas de Londres na noite de terça-feira (12) Um paparazzo registrou o exato momento em que o cantor limpava o que pareciam ser lágrimas de seu rosto. Minutos antes, o mesmo paparazzo, registrou o momento que o cantor estava discutindo com uma garota até então não identificada.

‘’Uma fonte informou que havia visto os dois em um momento muito íntimo minutos antes da discussão. Parece que o affair entre Harry Styles e a modelo americana Kendall Jenner não vingou. Ou será que o nosso queridinho do momento Harry Styles estaria traindo a até então sua namorada oficial Kendall Jenner?’’

 

Pesadamente suspirei inclinando a cabeça para trás ao fechar os olhos sem crer no que eu ouvia.

 

Pelo amor de Deus agora mais essa...

 

Puxei o ar mais uma vez e vi que estava apertando o celular com toda força entre meus dedos. A ideia de ligar para Selena e tentar resolver isso passou pela minha cabeça mas desisti no mesmo instante ao lembrar da minha raiva e ódio por ela.

 

Agora que ela deve estar rindo de mim mesmo...

 

 

 

Selena

- Amiga, não chora... deve haver alguma explicação para tudo isso... vai ver foi só fofoca – Abby me abraçou enquanto Jenna fazia um carinho em minha mão, que estava entrelaçada a dela.

- Ele está com ela, A... vocês ouviram na notícia... disseram ‘’namorada oficial’’ ele está com ela... ele está com ela... – Foi por isso que ele não me procurou depois de ler a carta... ele está apaixonado por ela. Por ela! – Pensei em meio ao meu desespero. Àquela altura, eu nem levei em consideração as notícias sobre a tal garota não identificada, que por sinal, era eu.

- Não, amiga! Claro que não. Harry ama você, você, Sel. – Abby disse me fazendo chorar mais ainda. Afinal eu não conseguia acreditar no que ela dizia.

- Eu preciso falar com ele! Eu preciso saber a verdade! – Levantei bruscamente da cama.

- Amiga, aonde você vai? – Abby de olhos esbugalhados perguntou.

- Eu vou tirar essa história a limpo. – Respondi ao pegar a primeira roupa que vi no armário e a vestindo, ali mesmo, na frente delas.

- Amiga, tem certeza que quer fazer isso? – Jenna, sempre calma, perguntou.

- Eu preciso, gente! Vocês não entendem! – Peguei meu celular e a chave de casa em cima da mesinha – Me desculpem, mas eu preciso ir!

- Espera, amiga! – Abby me chamou e eu a olhei.

- O que, Abby? – Perguntei já impaciente.

- Harry deve estar em um de seus apartamentos agora. Você vai precisar do endereço.

- Harry tem tantos apartamentos assim? - Perguntei ao enrugar a testa.

- Ele tem três coberturas – Abby respondeu anotando alguma coisa em um papel. Arregalei meus olhos incrédula. Isso que eu chamo de ostentação. – Mas ele usa mais essa, toma, aqui está o endereço.

Peguei rapidamente o papel da mão dela.

- Está bem, obrigada. Agora preciso ir meninas!

- A gente te espera aqui, amiga – Disseram em uníssono.

Saí tão apressadamente do quarto que sequer consegui respondê-las.

 

 

 

 

Harry

Tinha saído em todos os jornais e revistas da Inglaterra. A mídia em peso estava achando que Selena Gomez era a minha nova namorada. Fiquei tão irritado com isso, que taquei meu copo de uísque no chão fazendo-o se partir em dezenas de pedaços antes mesmo que eu o enchesse com a bebida. Levei a mão a cabeça e pensei em alguma coisa que pudesse fazer. Já que ligar para ela eu definitivamente não pretendia! Eu estava odiando demais a Selena e não queria vê-la, nem ser ligado a ela em nada! Nada. Só de lembrar da existência dela já me dava uma raiva gigantesca ao lembrar de tudo que ela havia me feito. Mas mesmo em tamanha raiva, me veio lembranças de quando éramos um casal feliz... E eu quis sorrir, mas logo lembrei de todo o desgosto que tive, e ao invés de sorrir, eu quis chorar.

Vários repórteres estavam a minha procura querendo uma entrevista comigo – e pior, com a gente – não me deixando ter paz naquela manhã! No começo respondi de forma grossa a todos, e só depois, quando ficou insuportável todos aqueles telefonemas, desliguei todos os telefones possíveis e me desliguei do mundo totalmente.

Até que o meu outro celular tocou. Esse eu só usava para emergências, portanto nunca estava desligado. Olhei e era o meu assessor.

- Harry? – Ele disse assim que atendi.

- Claro que sou eu. O telefone é meu – Respondi a seco já irritado.

- Ah, claro. Como você está?

- Maravilhosamente fodido.

- Vejo que já soube das notícias... essa situação é, em partes, boa para nós... – Ele queria insinuar alguma merda.

- Antes que venha com essas ideias de ganhar ibope, Richard, digo que não quero, não aceito e nem sonhe em usar essa garota! – Queria cortar qualquer coisa que houvesse Selena no meio.

- Então o que quer fazer? – Perguntou após soltar o ar de seus pulmões.

- Você vai ligar para ela e dirá que ela terá que desmentir isso tudo em rede nacional.

- Tem certeza disso? – Ele perguntou ainda tendo esperanças que eu voltasse atrás.

- Claro que tenho.

- Ok então. Até mais, Harry.

Ele desligou o celular e eu joguei o meu contra a parede. Sorte a minha que eu tinha mais de um aparelho celular. Eu estava tão irritado com tudo aquilo que nem estava pensando direito. Só me vinha Selena na cabeça e tudo que representava a nossa história.

Mal desliguei a ligação e o meu outro celular tocou, dessa vez o reserva. 

Era a Kendall.

- Alô...

- Olá, Haz como está?

- Não muito bem, Ken... – Rocei a mão em meu pescoço me sentindo sufocado com tudo.

- Fiquei sabendo das notícias e inclusive do nosso namoro – Como ela podia brincar diante de uma situação dessas? Mas confesso que isso me fez rir um pouco.

- Só você mesmo para fazer piada disso – Soltei o ar ao passar a mão pelo meu rosto, suspirei esgotado.

- Estou na cidade e quero te ver.

- Jen. Eu não estou bem hoje, me desculpe, mas eu preciso ficar sozinho.

- Nada disso, Haz. Eu quero te apoiar, ficar do seu lado. Você está em casa? – Ela insistiu.

- Estou... – Respondi quase em sussurro.

- Estou chegando aí em dez minutos, ok?

- Tudo bem... – Me rendi mesmo não gostando da ideia.

- Até logo, Haz.

- Até...

Desliguei a ligação e ouvi a campainha tocar. Franzi o cenho estranhando afinal não estava esperando ninguém além da Jenner. E segundo ela, só estaria aqui em dez minutos.  Mas logo pensei que poderia ter sido uma brincadeira dela e que ela já estaria lá em baixo quando me ligou. Levantei do sofá indo abrir a porta sem ao menos ver quem era, certamente era ela de fato.

- Selena?! – Engoli em seco, parecia que o meu coração estava preso em minha garganta ao vê-la ali. Parada a minha porta. Fiquei tão nervoso que ofeguei baixinho. Não sabia se era de raiva ou se era por estar vendo ela outra vez. Aquela garota, por mais coisas que tivesse me feito, ainda me fazia ficar nervoso e trêmulo. Coisa que até centenas de pessoas e até milhares juntas em um estádio não conseguiam fazer...

- Oi, Harry. – Ela tinha uma expressão dolorosa no rosto, tão dolorosa que estava me rasgando.

Permaneci calado. Sem saber o que dizer. Isso é algum tipo de dia macabro? Que raios de dia infeliz é esse?

- A gente pode conversar? – Ela pediu num tom de suplica e eu senti meu coração se apertar.

Mas ignorei completamente o seu drama e perguntei sério.

- O que você está fazendo AQUI?! – Gritei meio sem querer, fazendo-a pular de susto me olhando abismada.

- Eu não sei exatamente, Harry – Sua voz era baixa, embargada, quase um sussurro.

Permaneci parado, encarando-a. Sério e irritado. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, deduzi que ela havia passado a noite inteira chorando, assim como eu. Uma mistura horrível de sentimentos começou a me perturbar naquele momento. Como posso sentir ao mesmo tempo tanta raiva e tanto amor por uma pessoa desse jeito? Por que ela tinha que ser linda demais assim? Era um misto de emoções. Era amor, era saudade, era dor, tudo ao mesmo tempo – me machucando apenas em olhar para ela. Desejei poder tirar do meu coração tudo aquilo. Mas não saiu. Doía muito. Doía tanto. Por um momento pensei que ela estivesse ali por causa da carta. O meu corpo ainda trêmulo buscou o apoio da parede atrás de mim, pois ele estava arriando – depois do imenso susto de vê-la outra vez na minha frente. Encostei-me na parede. Tentei controlar a ansiedade e nervoso que insistiam em se fazer presentes ali. Passei a mão ainda trêmula em meus cabelos e tentei manter a calma, fazendo o possível para não demonstrar como estava. Fiquei a encarando sem saber qual seria a melhor atitude. Se era dizer tudo que me estava engasgado e a mandar embora ou se aquele era o momento ideal para apenas me calar e enfim ouvi-la. O que aconteceria a partir dali? Não poderia nem imaginar, mas só o que eu queria naquele momento era tomá-la em meus braços e beijá-la como antigamente. Mesmo com toda a raiva que estava dela.

- Selena, não acho que temos mais nada para conversar! – Alterei-me sendo duro com ela.

Fora a única coisa que pensei como defesa para não me jogar nos braços dela.

Ela me olhou magoada e disse:

- Nós ainda temos, Harry – Manteve o olhar, e eu nunca vi seus olhos mais tristes.

- Se você veio aqui falar sobre o que está saindo sobre a gente na imprensa podemos até conversar garota, mas se você veio aqui falar sobre ‘’nós’’ pode ir embora Selena! – Trinquei os dentes ao dizer.

- Então você também viu? – Perguntou devagar num tom baixo.

Bufei rolando os olhos impaciente.

- Claro que eu vi! Está em todos os jornais, revistas e programas de televisão, Selena!! – Eu praticamente gritei.

- Harry, eu não vim aqui falar sobre isso... – Ela disse abaixando a cabeça.

- Então pode ir embora!! – Fui rude e tentei fechar a porta na cara dela, mas ela segurou a porta com a mão.

- Harry!

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM, GAROTA?!? – Nem sei de onde tirei forças para gritar, mas gritei, fazendo-a arregalar os olhos mais temerosa.

- Eu só vim aqui fazer uma pergunta, Harry – Ela disse aflita. – Vamos conversar numa boa?

- EU NÃO QUERO FALAR COM VOCÊ! EU QUERO QUE VOCÊ FIQUE LONGE DE MIM!! – Gritei passando as mãos em meus cabelos me afastando dela, que permanecia calma aparentemente.

- Você se tornou um monstro, Harry!

Levantei meu olhar até ela e a encarei raivoso.

- Eu não me tornei, VOCÊ QUE ME TORNOU, SELENA!!! – Gritei na cara dela.

- Você não sabe da metade do que me aconteceu, seu estúpido!!

Sorri cínico e respondi sarcástico.

- Então me conta, amorzinho! – Soltei uma risada maldosa mantendo o meu olhar frio para ela.

- Quer saber, Harry? Vá para o inferno!! – Ela aumentou o tom de voz.

- Eu já fui e já voltei desde que você me deixou, sua estúpida!! – Voltei no mesmo tom.

Ela me olhou sem reação.

– Então... não vai me contar o que de ‘’tão importante’’ te aconteceu? – Ironizei sentando no braço do sofá cruzando os braços ao abrir mais um sorriso sarcástico esperando ela começar.

- Você não merece. Você é um nojento agora, Harry. – Ela retrucou – Uma pessoa desprezível de se conviver! – Disse como se estivesse prestes a chorar.

- Que bom que acha isso, pois esse fardo você não precisará carregar mais. Não sou mais nada seu, garota! – Disse, com a voz já trêmula por conta do choro que eu estava segurando todo aquele tempo.

Seus olhos marejaram.

- Que bom que já saí de sua vida, Harry – Ela disse sem expressão nenhuma ao me olhar.

- Saiu quando fugiu e não me disse nada! Saiu quando me deixou completamente sozinho!! Você não sabe o quanto eu sofri, Selena. Quantas noites passei acordado chorando por você!! – Não pude reter mais minhas lágrimas. Não queria chorar na frente dela, mas não teve como.

- E eu, Harry?! – Ela também começou a chorar – Acha que não sofri? Você é um egoísta. Não sabe nem o que passei quando saí de Londres... Quando foi que começou a pensar só em você, Harry?

- Quando você MORREU PRA MIM!! E isso foi há um ano atrás, Selena! – Passei a mão pelo rosto secando completamente minhas lágrimas – Você vai dizer o que veio fazer aqui ou não!? – Voltei a encará-la com ira.

- É verdade que você está namorando com essa modelo chamada Kendall? – Sussurrou e eu enruguei a testa sem crer no que ouvia.

- Que tipo de pergunta é essa, Selena? Que porra você quer com isso?! – Indaguei já perdendo o resto da minha paciência.

Ela ficou em silêncio, fechou os olhos e abaixou a cabeça – então percebi que ela continuava chorando. Fiquei longos segundos esperando-a me responder.

- Responde, Selena! – A pressionei sem desviar meus olhos dela.

- Por favor, Harry – Ela levantou a cabeça e limpou suas lágrimas - Apenas responda isso e eu então sumo da sua vida... – Ela olhou bem em meus olhos ao dizer, com seus lindos e graciosos olhos castanhos brilhando em tristeza.

Não era para ser um teste, porém, de repente, pareceu ser um.

Desviei meu olhar do dela. Eu não conseguia mais encará-la – ainda mais com aquela pergunta.

Tomei ar e falei:

- Selena... – Fiz uma pausa e ouvi a respiração dela ficar pesada – Eu não quero falar sobre isso. – Minha voz tremeu justo no final da frase.

Ela levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Seu olhar havia uma misto de tristeza, raiva e confusão.

- Ou talvez você não queira falar por que é verdade, não é, Harry? – Perguntou prestes a chorar novamente.

- Eu só não gosto de falar disso, e ainda mais com VOCÊ!! – A olhei com profundo desprezo.

- Por que ‘’ainda mais comigo’’? – Indagou confusa.

- Quem você pensa que é? – Perguntei com mais raiva – Eu não devo explicações para VOCÊ NEM PARA NINGUÉM, SELENA!! – Cuspi tudo a olhando com ira, ela me olhou perplexa. Assim que pronunciei tais palavras, percebi como soaram ridículas. Afinal todo o meu ser ainda pertencia a ela. Ela apenas assentiu com a cabeça e as lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto.

- Eu vou embora... – Ela disse novamente limpando seu rosto.

- Tchau! – Respondi seco.

- Eu tenho nojo de você, Harry...

- Agora? – Soltei uma risada sarcástica fazendo-a erguer as sobrancelhas sem entender. - Eu tenho nojo de você faz muito tempo, Selena!

Ela negou com a cabeça.

- Não há mais a mínima possibilidade de ainda existir nós. Você transformou aquele amor tão puro em ódio e raiva. Seu estupido egoísta! – Ela esbravejou tudo com ira e eu me senti muito mal, realmente doeu muito aquilo, mas me alimentei de meu ódio para devolver tudo à altura!

- Não precisamos de esperanças, Selena. A minha única esperança agora é que você suma da minha vida e para sempre! Não precisava voltar depois de um ano, garota! – Disse e estava quase chorando de novo. Mas dessa vez me segurei.

- Pode deixar, Harry, eu sumirei. – Ela disse passando a mão pelo rosto – E eu não voltei por causa de um imbecil como você se é O QUE VOCÊ PENSA!!

- IMBECIL QUE VOCÊ AMOU!!! – Gritei e ofeguei de raiva.

- Sim, amei, mas você também me amou, Harry – Sua voz embargou e eu a olhei.

- Sim, amei, eu te amei muito, Selena! Mas não amo mais! – Menti e meu coração se quebrou nesse momento – Agora vai embora daqui! Some da minha frente! – Com muita dificuldade pedi isso, e ainda consegui olhar nos olhos dela para dizer isso, mesmo com a minha voz saindo tão falha e fraca.

Acho que aquilo foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz em toda a minha vida. Expulsá-la da minha casa – assim como da minha vida. Senti um aperto imenso no peito, sufocante. Depois de ver a expressão dela, eu me senti o pior estúpido do mundo.

O que fazer quando se está com raiva? Fácil, bata em uma parede até suas mãos sangrarem. Mas nunca maltrate alguém esperando que ela sinta a mesma dor que você está sentindo – ainda mais se você amar essa pessoa desesperadamente como eu amo a Selena. Eu fiquei irado comigo mesmo por ter sido tão, duro, mentiroso e covarde daquele jeito com ela. E algo gritava dentro de mim dizendo que dessa vez não seria mais uma briguinha boba à toa. Era algo realmente sério e que Selena não voltaria a falar comigo nunca mais...

- Harry? – Uma voz ecoou atrás de Selena, que virou-se lentamente para ver quem me chamava.

- Kendall – Disse desviando o olhar de Selena para a Jenner.

- Oi... Atrapalhei alguma coisa? – Kendall perguntou, confusa, fitando nós dois. Ela analisou Selena de cima a baixo e deu um sorriso debochado depois.

- Não atrapalhou – Selena disse antes que eu respondesse. O tom calmo na voz dela me assustou muito – Eu já estava indo embora... Tenham uma boa noite... – Selena me olhou rapidamente, e seus olhos estavam cheios de lágrimas, brilhando em dor. Senti meu peito apertar por culpa – Adeus, Harry... – Ela despediu-se desviando o olhar para o chão. Senti um nó gigantesco em meu peito ao vê-la sair daquele estado e pensando o que não existia. Quis correr atrás dela mas o meu orgulho me segurou no chão.

Sentei-me no sofá com as mãos sobre o rosto chorando desesperadamente. Me encolhi sobre ele e não consegui conter o choro engasgado. Fechei os olhos e gritei o mais alto que minhas cordas vocais aguentaram. Kendall me olhava assustada, não entendendo o meu estado de tamanho desespero. Minha cabeça latejava e meus olhos explodiam. As lágrimas pareciam lâminas cortando o meu rosto. Era uma dor surreal aquela que eu tinha em meu peito. Muito maior do que na primeira vez. E ao mesmo tempo – era tudo de novo...

 

Por favor faz essa dor parar, me acorda, me tira desse pesadelo... Por favor... eu faço qualquer coisa... Só tira essa dor de mim!!

 

Suplicava em pensamento a Deus.

- Hazz o que foi que aconteceu?! – Kendall perguntou aflita, sentando-se ao meu lado no sofá.

Sacudi a cabeça em negação e desviei o olhar dela para o chão, ela me olhava preocupada, mas eu não conseguia falar nada. Eu mal conseguia respirar!

- Harry, o que houve? – Ela perguntou mais firme agarrando meu braço.

- E-eu es-estraguei – Pausei tentando pegar fôlego – E-eu e-stra-guei tu-tudo – Minha voz mal saía e eu já estava soluçando ao chorar, dificultando ela entender mais ainda algumas palavras que eu engasgava ao dizer.

- Hazz calma, você estragou o que? – Ela insistiu.

- Eu não quero falar sobre isso, por favor... – Pedi esfregando as mãos no meu rosto, não conseguindo parar de chorar.

- Tudo bem – Ela levantou-se e caminhou até a mesa de bebida, pegou uma garrafa de uísque e o virou dentro de um copo.

- Toma, isso vai te ajudar – Ela estendeu o copo para mim, me oferecendo.

- Eu não quero beber, Ken – Rejeitei o copo com a mão.

- Isso vai te ajudar, Hazz, isso vai te fazer esquecer, toma – Ela insistiu entregando-me o copo, encarei o copo por alguns segundos e o peguei virando com tudo na minha boca.

Ele realmente iria me fazer esquecer.

Momentaneamente.

- Mais um – Ela disse virando novamente a garrafa no copo o enchendo.

Depois de algumas horas e muitos – muitos – copos, eu já havia parado de chorar e ficamos em silêncio por um certo tempo. Kendall me acompanhava na bebida e me encarava esperando que eu começasse a falar o que tinha acontecido. Mas eu não queria justamente isso. Mesmo que fosse com ela, uma amiga. A minha relação com a Kendall foi algo que até hoje não entendi muito bem. Nos demos bem logo de cara e rapidamente viramos amigos. Ela me fez sorrir quando eu só conseguia chorar e eu também a ajudei quando ela descobriu há poucos meses que seu pai estava com um câncer terminal.

Ela tomou mais um gole da sua bebida e se endireitou no sofá, insinuando-se para mim.

- Harry já chega, você já bebeu demais.

Ela disse com uma voz mansa, alisando meu peito sobre a blusa – me olhando com um jeito sedutor. Ela estava flertando comigo descaradamente – e isso só deixou claro que já havíamos passado do ponto com a bebida. Suspirei pesado tentando me controlar. Eu estava atordoado por causa da bebida e a daquela maldita dor que sentia – e perigosamente – todas essas sensações juntas poderiam me trair e me levar a fazer coisas que me arrependeria drasticamente depois. Eu não podia me envolver com ela. Eu não poderia me descontrolar ao ponto de ficar com ela por dois simples motivos: o primeiro, ela estava tão bêbada que não estava em condições nenhuma de controlar suas ações e vontades. Segundo, eu amo a Selena e só ficaria com ela por dor.

- Para com isso – Pedi firmemente ao me afastar dela – É melhor você ir embora Kendall – Levantei-me do sofá e fui cambaleando em direção ao meu quarto. Percebi que ela me seguiu, mas se manteve longe de mim no quarto. Olhei pela a janela e estranhei já estar quase de noite.

 

Como o tempo voou desse jeito?

 

Olhei para o lado e ela ainda me encarava. A beleza dela me perturbava, claro que ela é muito bonita e eu nunca pude deixar de notar isso – mas todos esses fatores somados a bebida não poderiam acabar bem. Então me mantive longe dela.

- Você está bravo comigo? – Ela perguntou umedecendo os lábios com sua língua.

- Não – Respondi rápido seguindo para longe dela – Só acho que já passamos dos limites.

Kendall jogou-se na cama e observou todo o meu quarto.

- Muito irado o seu quarto, Hazz – Ela disse, olhando ao redor e insinuando-se para mim novamente em cima da minha cama.

A voz dela saiu rouca e arrastada dessa vez. A encarei sério e fechei os olhos tentando dizer aos meus instintos para não me permitir fraquejar diante dela. Parei ao lado da porta e repeti novamente.

- É melhor você ir embora Kendall.

- Harry, espera – Ela levantou-se da cama e veio em minha direção rapidamente.

Ela parou em minha frente e me encarou mordendo seu lábio inferior sensualmente. Se ela continuasse mordendo o lábio daquele jeito, nem com a força do Hulk eu conseguiria me segurar. Respirei fundo e tentei sair do quarto apressadamente, mas ela agarrou o meu braço e o puxou me beijando em seguida. Os lábios dela eram quentes e sensuais. Muito diferente dos da Selena – que eram doces e suaves – e que imediatamente vieram à minha mente. Sua língua se movia sensualmente dentro da minha boca, enquanto suas mãos deslizavam pelas minhas costas de forma firme. Puxei-a para mais perto de mim e a segurei pela cintura colando-a na porta – àquela altura eu já tinha perdido totalmente o meu controle e chegado ao meu limite – mas o rosto de Selena não saía da minha cabeça um só segundo durante aquele beijo. Apertei meus olhos como se pudesse alterar a realidade, e consegui. Não era a Kendall que eu estava beijando, agora era a Selena.

 

 

 

 

 

Selena

Então era tudo verdade! Harry estava mesmo namorando com essa modelo como todos os sites e revistas diziam. O meu coração não se aguentava em dor. Aquilo me doeu tanto. Tanto. Ouvir tudo o que o Harry me disse e depois ainda vê-lo com ela simplesmente me matou por dentro. O meu coração fora marcado a ferro e fogo pelas palavras duras e cortantes de Harry. Quando cometi o erro de ir até ele atrás de respostas, achei que estava preparada para saber toda a verdade. Mas eu não estava. E também não esperava ser tratada como um lixo ao ser massacrada com palavras tão cruéis e duras. Eu estava me despedaçando a todo momento, mas mesmo assim tentei parecer forte – ali, perante a ele. Mas nem o ódio que eu estava sentindo foi suficiente para lidar com tamanha dor que me explodia o peito. Então eu fraquejei. Eu sequer olhei aquela garota nos olhos ao sair.

Abaixei a cabeça e continuei a caminhar indo embora dali o mais rápido que pude. Eu havia perdido o Harry para sempre! Senti meu peito apertar ainda mais ao lembrar da cena da garota chegando ao apartamento dele. E repetia isso em minha cabeça a cada segundo. Era como se fosse um lembrete da minha mente – para mim – que agora não tinha mais jeito. Que chega, que acabou. Chorei mais ainda ao imaginar o que poderiam estar fazendo enquanto eu estava ali, igual uma idiota, chorando por ele. Meu Deus eu acho que nunca vou conseguir tirar da cabeça a imagem dela chegando ao apartamento dele. Comecei a andar pelas ruas de Londres e fui andando até em casa aos prantos. Eu queria tempo para mim e comecei a andar pelas ruas em histeria. Me permiti chorar muito. Não dava para parar de chorar. Eu nem conseguia respirar direito. Em um momento de profundo desespero, eu caí de joelhos em uma rua e lá fiquei. Eu estava arrasada. Harry não era assim. O que será que aconteceu com ele? Quando ele se tornou um monstro? Será que a culpa disso tudo realmente pode ser minha? Ali, naquele apartamento, eu realmente havia sentindo nojo do Harry pela primeira vez na minha vida. E isso poderia ser bom para esquecê-lo. Mas não para o meu coração e muito menos naquele momento. Que se despedaçava por dentro a cada batida. Apesar de fazer um ano desde que nossa história acabou, ela ainda era tão bonita e ainda parece tão viva. Eu já estava próxima de casa e comecei a correr para chegar o mais rápido que pudesse... Eu queria apenas chegar em casa e simplesmente chorar no colo da minha mãe... no meu melhor colo.

Cheguei em casa atordoada, desesperada. Abri a porta da frente e me deparei com Abby e Jenna sentadas no sofá da sala, preocupadíssimas.

- Sel, onde você estava?! – Abby perguntou levantando-se do sofá rapidamente.

Eu sequer conseguia responder, eu só chorava. Era uma dor desesperadora.

- Sel, o que aconteceu? – Abby perguntou me abraçando, Jenna veio até nós e me abraçou também.

Sumi entre o abraço das duas.

- E-u fui fa-lar c-com o Ha-rry e ele – Os soluços dificultavam a minha fala – E ele estava com ela! – Chorei mais ainda.

- Com ela quem?! – Abby perguntou surpresíssima.

- Com a Kendall – Abracei Abby forte e chorei mais ainda em seus braços.

- O que?!? – Abby perguntou, sem reação.

Afastei-me dela rapidamente e a olhei.

- Eu fui até lá conversar com ele, e ver o poderia ser resolvido entre nós, porque eu cansei de fugir dele e de toda essa situação, mas quando eu cheguei lá o Harry foi muito duro comigo, ele foi cruel meninas – Respirei tentando pegar fôlego – E como se não fosse o suficiente para mim, um tempo depois a tal ‘’Kendall’’ chegou no apartamento dele! – Voltei a chorar em dor.

- MAS QUE VAGABUN – Abby exclamou, mas Jenna a interrompeu antes que ela continuasse.

- Abby!

- Tudo bem! – Abby respirou fundo - Agora o Harry extrapolou todos os limites da minha paciência! Eu estive sendo muito paciente com ele por entender que ele estava sofrendo e tudo mais, mas daí a se envolver com aquela vadia, porque é isso que ela é! Ela só se envolve com estrelas em ascensão por puro oportunismo! E ainda por cima ele trata a MINHA AMIGA feito lixo, ah! Mas o Harry vai me ouvir muito! Ele vai me ouvir muito! – Abby desabafou irada ao andar impaciente pela sala.

- A, eu sei que você está brava, e com toda razão, mas nós não podemos nos meter nisso, isso é assunto deles – Jenna, calma como sempre, explicou.

- Mas a Selena é MINHA AMIGA, Jen! – Abby estava visivelmente alterada.

Eu estava chorando tanto que nem me dei ao luxo de me meter na conversa das duas, mas a Jenna estava certa, envolver terceiros nisso – ainda mais sendo amigos dele também – só iria piorar muito mais as coisas.

- Ela também é minha amiga, A – Jenna esclareceu enquanto colocava sua mão sobre a minha suavemente – E é exatamente por isso que eu estou dizendo isso...

Abby respirou fundo outra vez.

- Tudo bem, confesso que me excedi. Mas é que eu estou muito fula com tudo isso que está acontecendo! O Harry não é assim! – Abby sentou no sofá novamente.

- Harry está muito magoado, eu vi nos olhos dele. Eles transbordavam tristeza – Levei a mão ao rosto para limpar as lágrimas que ainda existiam. Respirei fundo algumas vezes me forçando a parar de chorar.

- Então talvez ainda tenha um jeito... – Jen disse e eu a olhei, descrente – Se vocês conseguissem ficar sozinhos por mais tempo e conversassem com calma talvez vo...

Abby a interrompeu.

- Falou a que não queria que nos envolvêssemos – Abby ironizou cruzando seus braços.

- Podemos fazer isso sem que percebam, Abby... – Jenna revirou os olhos para ela.

Abby arqueou uma sobrancelha.

- No que está pensando, Jen? – Abby perguntou em tom insinuativo.

- Eu não acredito que vou usar isso, mas – Jen levou as mãos ao rosto como se não acreditasse no que pensou – meninas eu tive uma ideia – Ela aproximou-se mais de mim e Abby no sofá e entrelaçou nossos dedos olhando para mim esperançosa.

 

 

                                                                                 [...]

 

 

Harry

Merda. De todas as merdas que eu já havia feito na vida, aquela era sem dúvidas a maior delas. Merda! Ela tinha conseguido não tinha?

Deixei de olhar para o teto por alguns segundos para olhar para Kendall adormecida ao meu lado na cama... o corpo nu dela escondido entre os lençóis denunciava o que nós havíamos feito na noite anterior. Fechei os olhos para tentar fingir que aquilo não tinha acontecido, mas o cheiro de álcool estava impregnado pelo quarto evidenciando ainda mais o motivo daquele erro ter acontecido. Se eu não tivesse bebido tanto eu não teria me deixado levar e dormindo com a Kendall. Eu transei com ela totalmente bêbada e sem condição nenhuma de distinguir o que era certo do errado. Eu sabia o quanto aquilo era errado desde o começo, o que tornava mais difícil ainda me perdoar. E o pior de tudo isso era sentir que estava traindo a Selena. Eu estava desolado.

Olhei para o lado e vi Kendall franzindo o cenho contra a claridade da janela, ela estava claramente de ressaca, mas estranhamente a vontade com toda aquela situação.

Será que ela não se lembrava do que tinha acontecido? Pouco provável, mesmo que ela não lembrasse do ato em si, era só olhar a sua volta e ligar todos os pontos!

- Oi – Ela disse sorrindo – Você está acordado faz tempo? – Perguntou sentando-se na cama.

Desviei meu olhar dela.

- Não... – Menti, mas eu não havia pregado o olho, me virei na cama a noite toda tentando dormir, mas a óbvia presença de outro corpo na cama, que não fosse da Selena, não me deixava encontrar paz. 

- Harry... Eu sei o que está te atormentando agora... – Ela olhou para mim e eu respirei fundo – Eu sei o que está te atormentando agora então eu só quero te dizer que eu sabia o que eu estava fazendo ontem e com quem eu estava me envolvendo. Foi do jeito que eu esperava e nada precisa mudar. Eu bebi demais, acabei me soltando mais do que precisava e isso já foi ridículo o suficiente para mim... Podemos tratar isso como um erro e tentar seguir com as nossas vidas ou aceitar o que aconteceu e seguir em frente. Sério... Eu só quero te dizer que eu não espero nada de você.

Senti um alívio ao ouvir aquilo. Assimilei tudo que ela me dizia devagar em minha mente, e depois de alguns segundos em silêncio eu enfim falei alguma coisa.

- Eu senti que não foi só uma noite para você, Ken – A encarei por alguns instantes.

- Realmente não foi, Harry... Eu sou apaixonada por você sim, e daí? – Ela confessou me deixando de boquiaberto.

- Ken, eu... – Comecei e ela me cortou.

- Você não precisa explicar nada Harry, eu sei que você ama aquela garota de ontem – Kendall falou me fazendo olhá-la rapidamente – É ela, não é? A Selena!

Balancei a cabeça positivamente evitando olhá-la. Eu sabia que a estava machucando ao responder isso.

- Bom, então já esclarecemos tudo – Ela falou enrolando-se no lençol e levantando da cama. Eu apenas a observava e permaneci calado - Harry eu não lembro onde deixei a chave do meu carro... Você pode procurar para mim? – Ela gritou de dentro do banheiro.

- Claro – Falei pondo meus pés para fora da cama tocando o chão frio.

Caminhei até a sala e avistei as chaves em cima da mesinha de bebidas. Lembranças da noite anterior vieram à minha mente como flashes ao encarar aquela mesa. Balancei a cabeça afastando os meus pensamentos e como resultado tive uma vertigem. Segurei-me forte na mesa da sala até minha coordenação motora voltar ao normal assim como os meus pensamentos.

- Estou pronta – Jenner falou saindo do quarto e entrando na sala – Harry, você está bem? – Ela perguntou, preocupada.

- Estou... – Falei ainda apoiado na mesa e virando-me devagar em direção a ela.

- Bom, eu já vou indo... – Ela disse e olhei para ela.

- Ken, eu...

- Não precisa dizer nada, Hazz. Tá tudo bem – Kendall cortou-me e deu um beijo estalado na minha bochecha - Até mais – Ela disse bagunçando os meus cabelos, e eu ri por um momento.

Levei-a até a porta e nos olhamos por alguns segundos, desviei o olhar para baixo ao vê-la sorrindo estrategicamente.

- Tchau, Hazz – Disse indo embora.

Meu celular começou a tocar em cima da mesa da sala e eu corri rapidamente para atendê-lo. Mesmo parecendo impossível – ainda mais depois de tudo – mas por um misero instante eu pensei que poderia ser a Selena. Porém ao pegá-lo em minha mão vi que era o número do Niall.

‘’fala, Horan’’ – Falei assim que atendi.

‘’fala, Hazza, ei, qual é a sua disponibilidade agora de manhã? Temos um assunto a tratar todos juntos. É importante’’ – Ele perguntou em tom misterioso.

‘’eu estou livre, o que houve? ’’ – Perguntei preocupado.

‘’você pode vim até a casa do Louis? – Perguntou.

‘’Claro, já estou indo’’

Desliguei a ligação e só ali caiu a minha ficha. Era sobre a Selena. Só poderia ser sobre ela.

Subitamente toda a sala congelou. Ergui a cabeça lentamente como se não estivesse acreditando no que acabara de ouvir. Mesmo que Niall não tivesse dito que se tratava dela – eu sabia que sim.

Barulhos de passos no corredor dos quartos me fizeram despertar de meus pensamentos e virar a cabeça. Era a Nani. Imediatamente os meus olhos se encheram d’água quando olhei para ela. Eu ainda não havia me perdoado pelo modo rude que a tratei na noite passada.

Ela me olhou, e apesar da sua expressão confusa, seu olhar ainda se matinha carinhoso. Mantive meu olhar fixo no dela.

- Fiz panquecas e suco de maçã... está em cima da mesa da cozinha.

Fechei os olhos com força e deixei algumas lágrimas descerem pelo meu rosto. Por arrependimento e pela demonstração de carinho que ela havia feito para mim mesmo depois de tudo. Ela suspirou e veio até mim no sofá – sentou ao meu lado e imediatamente eu a abracei forte em prantos.

Agora eu chorava por tudo.

- Nani eu não aguento mais... eu não aguento mais... tá doendo tanto... – Meu choro se intensificou e eu já soluçava ao falar. Chorei em seu colo enquanto ela alisava as minhas costas carinhosamente me acalmando.

- Chore pequeno... chore tudo que tiver para chorar...

Eu então obedeci.

Chorei livremente nos braços de Nani – e não tentei conter os soluços enquanto tinha seus braços me apertando fortemente. A sensação de segurança que ela me passava era algo celestial.

Fui parando de chorar aos poucos até parar completamente.

- Eu preciso ir Nani... – Falei saindo do colo dela.

- Vá meu querido... - Ela calmamente disse.

- Me perdoa por ontem Nani... eu não queria... – Juntei as mãos dela entre as minhas e as beijei.

- Esqueça isso. Não há o que desculpar – Ela disse acariciando o meu rosto. Sorri agradecido e a abracei novamente. Certamente ela é um anjo sem asas...

- Eu te amo – Disse baixinho.

- Eu te amo mais meu pequenino – Ela rompeu nosso abraço e beijou todo o meu rosto me fazendo sorrir.

- Agora vá meu lindão – Ela disse apertando minhas bochechas incessantemente. Certamente iriam ficar vermelhas.

- Até a volta Nani – Falei antes de sair pela porta.

- Até meu querido.

Saí e fechei a porta trancando-a por fora. Passei a mão pelo cabelo na tentativa de ajeitá-los um pouco caminhando até o elevador.

Em questão de minutos eu já estava em frente à casa do Louis. Estacionados na rua, estavam o carro de Liam e Niall. Batucando impacientemente meus dedos no volante, encarei a janela de vidro da casa de Louis e vi Abby andando de um lado para o outro pela sala. Respirei profundamente me preparando para o que iria encontrar lá dentro.

Certamente a Selena.

Tive que verificar a minha pulsação – pois o meu corpo tornou-se gélido bruscamente. Eu estava com um medo descomunal de encarar Selena novamente. Pior, eu não ia conseguir encará-la. Não depois de tudo.

Mordi o lábio e me preparei para descer. Tirei meu óculos escuro e o coloquei dentro do porta luvas do carro. Dei uma olhada no espelho interno do carro ajeitando novamente o meu cabelo.

 

Você está horrível Harry Styles.

 

 Sorri ironicamente do meu estado. Eu estava acabado. Eu parecia que estava chapado com aqueles meus olhos tão avermelhados de choro. Inalei profundamente buscando ar de um jeito tão forte, que senti meus pulmões arderem.

- É agora, Harry. – Disse em tom baixo para o meu ego descendo finalmente do carro.

 

É agora ou nunca.

 

E como não tinha mais nada a perder, caminhei até a porta confiando no ‘’agora’’. Eu não podia, nem dava mais, para apostar no meu nunca.