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História One Last Breath - Atitudes Suspeitas, Motivo Surpreendente


Escrita por: Mila_Stark

Capítulo 20 - Atitudes Suspeitas, Motivo Surpreendente


Acordei mais cedo do que de costume, mas esperei um pouco antes de sair do quarto. Ao ouvir passos no hall eu me apressei e me encaminhei para o café da manhã. Draco ainda estava se sentando quando entrei logo em seguida dele.

—    Bom dia - cumprimentei ao sentar 

— Bom dia - respondeu ele com naturalidade, mas notei que ele parecia um pouco distante.

— Está tudo bem? - perguntei tentando descobrir se nessa interação corriqueira eu conseguiria perceber o que não havia conseguido antes.

— Está sim - assegurou mexendo o açúcar recém colocado em sua xícara - meu pensamento que está longe.

Ele parecia preocupado. Terminou seu café em silêncio e se retirou pouco depois.

Com cuidado pra não alertá-lo me espreitei pela casa seguindo-o. Nessas horas faz falta o presente de Ignoto. A capa de invisibilidade tornaria essa tarefa bem mais fácil.

Eu o vi entrando em seu quarto e sair em seguida com a mesma sacola que vi na sala de poções ontem. Ele se encaminhou para a biblioteca sem se dar ao trabalho de fechar a porta.

— Caverna da Manticora - ouvi ele dizer e em seguida o som inconfundível das chamas da rede Flu surgiram e sumiram.

Entrei na biblioteca a tempo de ver as chamas da lareira se extinguirem. Resolvi aguardar mais alguns segundos para não dar de cara com ele.

Peguei o pó de Flu e entrei na lareira. Por sorte ele havia usado o Flu, pois se ele tivesse aparatado seria bem complicado segui-lo.

— Caverna da Manticora - repeti o destino dito por Draco e soltei o pó vendo as chamas me envolverem e me levar para outro lugar.

Ao chegar no destino notei algumas mesas com aspecto velho e com muito uso, algumas pessoas conversando em uma mesa no canto e um balcão onde um rapaz talvez um pouco mais velho que eu servia um copo generoso de whisky de fogo a um senhor careca de vestes esfarrapadas.

Era um bar bruxo. Ele me lembrava um pouco do Cabeça de Javali, era bem soturno.

— Vai beber algo, Mademoselle? - o rapaz do balcão perguntou cheio de sorrisos me olhando dos pés à cabeça.

— Eu estou à procura do meu marido - falei num tom intencionalmente ríspido, no intuito de evitar uma possível tentativa de flerte do jovem francês - talvez o tenha visto. Alto, jovem, loiro, cabelos curtos.

— Ah sim... - o rapaz afirmou meio desnorteado - ele acabou de sair. Acho que foi ao hospital como de costume.

Como de costume? Processei por um segundo essas informação e agradeci o rapaz saindo do estabelecimento e notando que ao chegar na calçada pude ver, não muito longe a Basílica de Notre-Dame de la Garde. Eu estava em Marselha. As pessoas andavam despreocupadas pelas ruas apinhadas de gente, e entre moradores e turistas enxerguei quem eu procurava. Caminhei a uma distância seguindo-o e o vi indo para a direção de um prédio grande que ocupava boa parte do quarteirão. Na fachada do prédio tinha uma placa dizendo "Hospital de lá Timone". Entrei atrás dele e o vi caminhar pelos corredores com a normalidade de quem sabe o caminho que está tomando. Passou pela recepção e cumprimentou com um sorriso e breves palavras a senhora de cabelos grisalhos que estava lá.

— Posso ajudá-la Mademoselle? - perguntou a senhora que estava na recepção do hospital vendo que eu me encaminhava para o mesmo corredor acessado por Draco.

— Sim - falei tentando passar o máximo de simpatia possível na voz - eu vim com meu marido, mas fiquei estacionando o carro enquanto ele entrava e agora nem faço ideia pra que lado ele foi. Talvez você o conheça - acrescentei ao vê-la ficar levemente desconfiada - Draco Malfoy.

O rosto da mulher se iluminou.

— Oh você é a Madame Malfoy? - disse surpresa - que prazer conhecê-la. Nós sempre nos perguntávamos se ele a traria algum dia.

— Pois é - afirmei sem saber ao certo o que dizer pra sustentar minha farsa - demorei um pouco, mas cá estou - Sorri de maneira simpática tentando conter meu nervosismo dentro de mim - sabe dizer onde o encontro?

— Claro - ela agora transbordava gentileza - siga por esse corredor, terceira porta a direita.

— Muito obrigada - cumprimentei amavelmente e segui pelo caminho indicado pela velha senhora.

Fui pelo corredor com respiração presa no peito, sem saber ao certo o que eu iria encontrar, mas acho que a cena com a qual me deparei jamais me passou pela cabeça.

Draco estava com um dos joelhos no chão e no outro uma criança estava sentada e animadamente conversava com ele enquanto outras crianças cercavam os dois.

— ... E então a bicicleta tomou velocidade e só no meio da descida é que eu me lembrei que eu estava sem freios - contava o garotinho com entusiasmo - daí eu vi o lago e virei a bike pra lá, mas ao invés de cair na água eu caí na parte lamacenta da margem - Draco riu da reviravolta na história do garoto - não me machuquei, mas fiquei parecendo o monstro de lama.

— Você tem que tomar mais cuidado Simon - Draco advertiu o menino ainda com a voz repleta de humor pelos risos dados durante a história, mas com um tom extremamente paternal na voz - ainda bem que você não se machucou, mas imagina só, agora que o tratamento está funcionando, você ter que ficar internado aqui com a doutora Anne por estar todo estropiado.

— É eu sei - o menino pareceu meio envergonhado - mas não foi por querer eu não quis deixar meu pai preocupado.

— A sua sorte é que você domou sua bike e pensou rápido - disse Draco colocando o garoto no chão.

— Sorte foi o pai dele ter dado só uma semana de castigo pra ele, por ter pegado bicicleta do primo dele sem pedir - uma menininha loira disse arrancando risos de seus amiguinhos.

— Guarde isso pra mim amigão - Draco entregou a sacola ao garoto que prontamente foi levando ela para uma mesa - E você minha pequena artista? Como foi sua semana? - perguntou para menina loira.

— Eu terminei o desenho do pomar do mosteiro, mas não consegui achar a cor para os pêssegos, e então... - contou ela, mas parou de falar ao ser a primeira a me notar na porta - tem uma moça olhando pra você - sussurrou ela, mas não baixo o bastante já que pude ouvi-la.

Então ele, ainda ajoelhado pra ficar da altura das crianças, me viu e pareceu surpreso, mas simplesmente esboçou um sorriso de canto.

— Ela é minha esposa - confidenciou ele à garotinha num sussurro no mesmo tom do anterior, intencionalmente alto pra que eu também ouvisse, mas que desse a impressão a ela de ser um segredo entre eles.

— Ela é muito bonita - disse a menininha ainda em tom de quem está contando um segredo.

— Eu sei - Draco respondeu ficando de pé indo ao meu encontro - O que está fazendo aqui?

— E-Eu... - gaguejei sem saber o que dizer espantada pelo que eu tinha encontrado ao chegar aqui.

— Draco - uma das garotinhas nos interrompeu - esse livro que queremos que você leia hoje.

Entregou ao loiro um exemplar surrado de "Os três porquinhos".

— Hum... - Draco analisou o livro com interesse - esse eu ainda não conheço.

A garota riu achando graça, provavelmente pensando se tratar de uma piada, já que é uma história amplamente conhecida, mas eu desconfiava que Malfoy realmente nunca tivesse tido contato com a história.

— Quem é essa? - a menina perguntou me fitando com curiosidade.

— Marie, essa é a Hermione - a garota estendeu a mão e eu aceitei cumprimentando-a.

— Você é a namorada do Draco? - ela falou com uma doçura infantil que me fez sorrir.

Estranhamente me senti ruborizar. Talvez pelo fato de nunca ter cogitado ser namorada de Draco Malfoy.

— Sou esposa dele, na verdade - falei em meio a um sorriso sem jeito.

— Você vai ficar pra ouvir a história com a gente? - ela falou já me puxando.

— Bom... Eu não sei se eu deveria - falei um tanto desnorteada.

— Ah por favor - pediu a menininha sem me dar a chance de negar, pois já tinha me colocado sentada e tratou de sentar no meu colo.

Os pequenos começaram a se juntar e sentar no chão rodeando a cadeira que Draco ocupou. 

Draco inciou a história e logo percebi o porquê das crianças estarem ansiosas pela sua leitura. Ele adicionava uns comentários sarcásticos e apontava absurdos que só quem não cresceu ouvindo e aceitando que eram assim que as coisas funcionavam conseguia notar.

Enquanto ele lia, eu tentei entender o que significava tudo aquilo. Eu percebi onde estávamos. Tinha uma placa escrito "Oncologia" na porta, era a ala de tratamento contra o câncer. O que Draco estaria fazendo aqui? Era óbvio pela interação dele com as pessoas, que essa não era a primeira vez dele nesse lugar, mas a situação era tão fora da realidade que minha mente não conseguia juntar as peças pra formar o quebra cabeça. 

—... Entenderam, não é crianças? - falou ao finalizar a narrativa - Se forem construir uma casa em uma floresta povoada por lobos com super pulmões, tem que ser de tijolos - as crianças riam e eu não pude disfarçar um riso - e além disso sempre tenham um caldeirão de água fervendo no fogo.

Eles riram novamente e os pequenos começaram a cerca-lo pedindo uma nova história enquanto ele se esforçava para acalmar o ânimo dos baixinhos.

— Então é verdade? - perguntou uma mulher loira de cabelos levemente ondulados e um jaleco branco dirigindo-se a mim - Draco finalmente resolveu trazer a famosa Madame Malfoy - estendeu a mão me cumprimentando - Eu sou a Dra. Vilancourt.

"Famosa Madame Malfoy?" O que será que isso quer dizer? Antes de conseguir ponderar a respeito, por educação aceitei o aperto de mãos.

— Hermione Granger - falei com um sorriso para a jovem doutora. Ela era muito atraente e brevemente me perguntei se o primeiro nome dela seria Cordelia - Quer dizer que Draco fala muito de mim?

O semblante dela mudou ficando um pouco assustada pela minha pergunta.

— Oh não - apressou-se em dizer - ele apenas havia mencionado que você era muito ocupada e trabalhava para alguém muito importante, mas que ele não tinha permissão de contar quem era. Eu apostei que era o Messi - confidenciou num sussurro.

Eu ri me imaginando trabalhando com o astro do Paris Saint German.

— Não - assegurei a ela com bom humor - Não é com ele que eu trabalho.

— Mas você diria se fosse? - perguntou com diversão na voz.

— Provavelmente não - admiti.

— Então eu vou dizer para todo mundo que você não negou.

Eu ri e notei que de repente o foco da doutora mudou e percebi que ela olhava com carinho e certa admiração para Draco, que naquele momento imitava o som de um lobo enquanto as crianças riam.

— Draco parece bem a vontade aqui - comentei observando-o também.

— Sim... ele faz muito sucesso - disse a doutora ainda com a admiração na voz e em seguida desviou o olhar ruborizada - com as crianças eu quero dizer.

Arqueei a sobrancelha. Era evidente não era só a ala infantil que gostava dele.

— Ele conquistou de verdade essa galerinha - ela deu um sorriso olhando a interação dele com as crianças - aliás, todo mundo aqui adora ele.

— É mesmo? - perguntei um tanto curiosa.

— Bem... As doações com certeza deixaram o diretor do hospital muito feliz, mas acho que ele conquistou a equipe toda quando cortou o cabelo pra mandar fazer uma peruca para Lia.

Meu queixo caiu naquela hora e não pude disfarçar o meu espanto ao olhar de volta para eles e encontrei a garotinha loira com os cabelos dele, que nesse momento estava mostrando a ele o caderno apontando para o que quer que estivesse na folha e ao notar o meu olhar enfim veio até onde estávamos.

— Doutora Anne - cumprimentou ele - vejo que conheceu minha esposa.

— Sim, estávamos conversando e eu agora tenho setenta e oito porcento de certeza que é para o Messi que ela trabalha - a médica disse bem humorada arrancando um sorriso do meu marido.

— Doutora Anne - gritou um dos meninos no fundo da sala - o Sebastian não quer me dar o último de suco uva e ele já pegou um.

— Já volto, vou até ali resolver esse conflito de grande importância - ela falou nos deixando a sós.

Ele me olhou com o rosto impassível.

— Não sei o que você procurava quando resolveu me seguir, mas pela sua cara não foi nada do que estava esperando, estou certo?

— Definitivamente não - falei um tanto envergonhada.

— Vai me contar por quê me seguiu?

Seu questionamento não veio com a rispidez ou a irritação que talvez fosse o normal naquela situação. Foi uma pergunta sincera e sem a exigência de uma resposta.

Antes que eu pudesse dizer a garotinha dos cabelos loiros iguais aos de Draco chegou junto de nós.

— Eu trouxe pra vocês também - a menina mostrou três das caixinhas de suco que eu tinha visto ontem e então eu gelei. A situação toda foi tão chocante que eu tinha até me esquecido - Qual você vai querer, Draco?

— Você escolhe, qual você acha que eu vou gostar? - disse ele com gentileza me desarmando.

— Hum... Acho que o de morango - respondeu com sua sagacidade infantil.

— Espertinha - ele pegou o suco que ela ofereceu - como descobriu que é meu preferido?

Ele furou a caixa com o canudinho e tomou um generoso gole.

— E pra você o de Laranja - falou me dando a outra caixinha aguardando pra saber se tinha acertado.

— Acho que a madame Granger prefere maracujá - Draco avisou a menininha me direcionando um sorriso de canto.

Era irritante ele me conhecer tão bem assim. E me fazia me sentir como se ele soubesse me ler como ninguém e, embora ele tivesse acertado, não daria o braço a torcer.

Mounsier Malfoy está errado - falei com simpatia à garota - eu amo suco de laranja. Obrigada!

— De nada madame Granger - falou com um sorriso enquanto ela mesma furava seu suco para toma-lo.

— Pode me chamar de Hermione. E você como é seu nome?

— Cordelia, mas todo mundo me chama de Lia - explicou ela.

— Cordelia? - falei com espanto. Essa garotinha não pode ser a autora daquele retrato, ou será que pode? Me lembrei que quando eu cheguei ela mencionou o desenho de um pomar - Você que fez o desenho de Draco que está na nossa biblioteca?

Seu rosto se iluminou em um sorriso.

— Você guardou meu desenho? - ela perguntou a ele sem disfarçar a felicidade em seu rosto.

— Você tá brincando? - ele falou quase como se fosse absurdo que ela pensasse o contrário - eu coloquei em uma moldura e deixei na minha mesa onde eu possa sempre olhar para ele. 

Os olhos dela marejaram e num movimento espontâneo ela abraçou Draco, envolvendo seus braços na cintura dele apertando o rosto contra seu abdômen. Draco me olhou quase tão surpreso quanto eu, mas no mesmo instante um sorriso repleto de carinho e cuidado surgiu em seu rosto ao afagar de leve os cabelos da menina. E ali eu tive a certeza do que eu já desconfiava, seja lá o que ele tenha colocado naqueles sucos, não tinha o objetivo de ferir aquelas crianças.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Foi muito divertido notar que alguns de vocês já tinham um bom palpite pra "atitudes suspeitas" do Draco.
Obrigada por lerem e até o próximo 😘


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