História One Less Lonely Girl - Broken

Quando você descobre que existe muito mais na vida além de seu trabalho e relacionamento, as coisas começam a fazer mais sentido; você se sente mais leve, menos tensa, menos preocupada em relação a tudo.

Eu reencontrei a amizade, e ela me fez muito bem. Fez tão bem que eu sequer vi o tempo passar, porque cada minuto com aqueles caras era precioso demais para que eu não aproveitasse. Eles disseram que precisavam viajar novamente, e eu não me preocupei porque de maneira alguma eu deixaria aquilo acontecer novamente; digo, me afastar deles não era nem uma hipótese, não mesmo.

Fui para super festas com eles sem reclamar - o que não acontecia nos nossos tempos de adolescência - e isso foi o grande problema, apesar de ter sido divertido. O problema na verdade tem nome e sobrenome: Roland Sparks, vulgo meu namorado ciumento e possessivo. Harry disse com todas as letras que não gostava dele, e saiu satisfeito quando, no dia seguinte à última festa que fomos, meu rosto acabou estampado no jornal principal de Londres e eu havia virado "um suposto "affair" de um dos caras da One Direction. Isso deixou Harry feliz e cheio de piadas, e principalmente deixou Roland tão furioso que chegou a me proibir de ver os rapazes. Claro que não aceitei a ordem, tanto que não falo com ele há dias.

E, como era costumeiro, eu desabafava com Harry. Dizia a ele que começava a pensar que o tinha com Roland não andava me fazendo bem, e isso levou Harry a me perguntar se eu realmente havia superado o que acontecera com Niall, se estava disposta a ser apenas amiga dele e vê-lo seguir em frente assim como eu fiz, afinal das contas.

Eu não soube o que responder à princípio. Quer dizer, Niall nunca foi propriedade minha, e sendo ele quem terminou comigo, era de se esperar que ele tivesse superado. Isso me levava a pensar que, em anos, Niall nunca havia assumido namoro com ninguém, e quando soube que eu estava comprometida, ele agiu estranhamente. Isso era suspeito, me deixava atordoada, querendo saber se Niall havia superado também. Era como se minha resposta à pergunta de Harry dependesse da situação de Niall. Se ele tivesse me esquecido, eu teria o esquecido também; se ele não tivesse me esquecido, eu não saberia o que fazer, pensar, nem como agir perante a isso.

Eu gosto de alguém - Niall dissera na entrevista que escutei, e isso fazia meu cérebro palpitar em agitação com a lembrança, uma sensação estranha. Eu não podia ter uma recaída agora. De jeito nenhum.

Eu ainda pensava nisso quando meu celular tocou. Harry apenas disse para eu me aprontar, pois ele estava vindo me buscar para que eu passasse a tarde com ele e os outros na mansão de Zayn antes que eles se fossem.

Julia teria que ir junto, pelo simples fato de eu ter aceitado o convite e sequer lembrado que ele havia dito há dias que viria me ver e eu não seria capaz de mandá-la embora. A parte preocupante era que Julia não sabia que eu andava tão próxima dos rapazes, e para completar, ela é directioner.

– Ju, preciso te contar uma coisa – Falei calmamente, indo sentar ao seu lado no sofá.

– Roland te engravidou e eu vou ser titia?

– Não! Vira essa boca para lá! Bate três vezes na madeira, ou melhor, mil vezes.

Ela riu, como sempre.

– Prossiga – Gesticulou para que eu continuasse.

– Bem, você sabe que antes de existir a One Direction eu era amiga dos garotos, certo?

– Certo. Sabe, eu deveria ter me aproximado de você antes deles viajarem. Assim eu poderia ter pegado um deles – Disse ela, pensativa. Eu a olhei sem paciência. – Parei!

– Continuando... Eu tenho visto eles frequentemente, e aquele suposto affair que o jornal anunciou começou comigo indo em uma festa com eles. Mas não é nada disso, você sabe.

– Sério? – Ela se controlou para não gritar. - Eu quase me sinto traída por não ter me contado antes.

– É, me desculpa. Mas isso foi só uma explicação introdutória – Falei balançando a cabeça positivamente, me preparando para falar o que importava. – A questão é que Harry está vindo aqui pra nos buscar. Vamos à mansão do Zayn.

– Nós? Eu também vou? – Seus olhos brilhavam com uma euforia gigantesca, e fiquei com medo da garota pirar ali mesmo.

– Você vai se me prometer não gritar perto deles. Nada de fã enlouquecida, histérica; sem nada de fotos, autógrafos, assuntos do tipo. Promete se comportar? – Parecia que eu estava falando com uma criança.

– Prometo! Prometo! Prometo! Ai meu Deus!

Assenti um pouco assustada com a alegria dela e me afastei, voltando para o quarto para terminar de me arrumar. Coloquei algumas pulseiras da 1D que Julia me deu, para mostrar que eu também sou uma fã, e depois de estar pronta, notei que começava a cair uma chuva fina.

Ao ver meu reflexo, fiquei decepcionada. Há quanto tempo eu mantenho esse cabelo comprido mesmo? Nem lembrava da última vez que o cortei, e isso só me fez achar que devia mudar um pouco. Uma mudança no visual para marcar uma nova onda de coisas boas na vida...Mas isso era coisa para outro dia, porque pelo grito que ouvi Julia dar, Harry já devia ter chegado.

Pondo o primeiro pé na sala, revirei os olhos com a cena que vi.

– Julia, ele precisa respirar.

Ela deu um sorriso amarelo e largou o pescoço de Harry, no qual estava pendurada sem dó nem piedade.

– Tudo certo, isso acontece mais do que você possa imaginar - Harry deu um sorrisinho simpático, ainda assim passou a mão no pescoço levemente avermelhado.

– Essa mala sem alça é a Julia, minha cunhada e amiga.

Ela deu mais um sorriso da direção de Harry, que também sorriu para ela.

- Você é irmã do pedófilo do namorado dela?

- Pedófilo? - Julia arqueou as sobrancelhas.

– Podemos ir? – Me intrometi, insatisfeita com o assunto. – Ela vai junto. – Apontei para Julia.

– Okay. Tem um guarda chuva aí? Pra vocês não se molharem até chegarem no carro.

Assenti e fui procurar por um. Quando voltei, Harry estava com Sun no colo.

– Solta o coitado do bicho!

Ao abrir a porta, Harry se levantou prontamente.

Descemos pela escada após eu fechar a porta, e fomos até o carro, onde eu e Ju nos acomodamos nos bancos de trás. Harry também tinha um Audi R8 assim como eu, e a única diferença era a cor: o dele preto e o meu branco. O caminho de um lugar a outro foi silencioso, e se não me engano era Free Falling de John Mayer que tocava em um volume baixo, com Harry cantando-a em silêncio também. Quando chegamos na mansão do Malik e eu fiquei, tip, como posso dizer... Sem palavras. Nunca vi algo tão grande e esplendoroso. No jardim havia variados canteiros de flores, esculturas e achei fofo quando vi alguns duendes de gesso no gramado. Harry ia em nossa frente com o guarda chuva, deixando eu e Julia nos molharmos.

Ele abriu porta para entrarmos.

– Louis! – Disse Harry ao vê-lo.

– Harry!

– Louis! – Falei, igualmente empolgada.

– Anne!

– Louis! – Disse Julia logo atrás de mim.

– Ei, quem é você?

– Julia.

– Julia! – Disse ele.

– Zayn! – Julia disse.

– Presente! – Ele ergueu a mão.

– Ah, tinha que ser o Zé Mané pra estragar a brincadeira.

Todos riram do peteleco que Louis deu em Zayn.

Após abraçar todos eles, percebi que Eleanor também estava ali e a abracei também. Ficamos conversando durante um bom tempo, eu apresentando Julia, conversando a toa, colocando os assuntos em dia enquanto esperávamos pelas pizzas que Zayn havia pedido ara comermos. Com as comidas na mesinha de centro da sala de star, decidimos assistir um filme, mas como sempre, eu e Harry escolhemos filmes diferentes e não chegávamos a um acordo.

– Os vingadores tem mais ação! – Harry argumentava.

– Mas eu já vi esse filme milhares de vezes. Sherlock Holmes é uma ótima opção e também tem ação! – Eu rebatia.

– Você só quer ver isso porque gosta do Robert Downwey Jr.

– Vai dizer que você não gosta de ver a Scarlett Johansson como viúva negra?

Ele me fuzilou com o olhar.

– VOTAÇÃO! – Harry berrou. – Louis, você quer Os Vingadores ou Sherlock Holmes?

– Hum, Os Vingadores. – Disse ele e Harry me lançou um olhar vitorioso. – Eu sou o Capitão América!

– Eleanor, seu voto vai para qual?

– Vou ficar do seu lado, Anne.

Foi minha vez de olhar vitoriosamente para Harry. Ele deu língua.

– Zayn, seu voto, por favor. – Falou Harry.

– O do Harry.

– Liam, meu amor, qual você quer? – Perguntei docemente para ele.

– Os Vingadores eu já vi, então, fico com Sherlock.

– Niall, eu sei que você quer o meu filme – Harry meio que ameaçou ele.

– Sim, eu quero esse.

– Ju, minha linda! Só falta você. – Harry jogou sujo. - Você escolhe o meu, sim?

– Eu quero tudo o que for seu, amor - Ela se derreteu inteira.

– Sua traíra puxa saco!

Emburrada, joguei-me no chão e não demorou quase nada para Niall vir sentar ao meu lado, já que não havia mais lugar disponível. Confesso que não fiquei tão chateada, até porque meu ator preferido também é o Homem de Ferro. As luzes foram apagadas e eu me senti em um cinema. A tela da televisão era enorme, nada que pudesse ser comparado com a minha de trinta e oito polegadas. As pizzas acabaram em um piscar de olhos, e Niall já reclamava de fome.

– Levanta a mão quem quer que a Anne faça brigadeiro – Disse Niall com o braço esticado.

– Todos querem! – Liam falou por todos.

- To com cara de empregada? - Protestei. – Posso até fazer, mas tenho condições: Vamos assistir Sherlock.

– Tudo bem, assistimos depois que esse terminar – Liam revirou os olhos, sem paciência.

– Enquanto não fica pronto vamos fazer o desafio do biscoito. – Louis disse, me fazendo rir.

Sorri vitoriosa para Harry e me direcionei até a cozinha. Sem me importar se Zayn ficaria bravo ou não, revirei, literalmente, os armários a procura dos ingredientes e os achei rapidamente, pois os armários estavam completamente cheios. Despejei cinco latas de leite condensado na panela junto com as outras coisas e em poucos minutos já estava pronto, só faltava esfriar. Procurei algo para beber na geladeira. Só tinha um suco roxo meio suspeito, mas peguei mesmo assim mesmo.

Apoiada na pia e olhando para fora pela janela, tive a sensação de que não estava sozinha e virei para trás, encontrando Niall encostado na soleira da porta. Ele tinha um sorriso no rosto.

– Não vai participar do desafio do biscoito? – Perguntei divertida, virando-me na direção dele.

– Ah, eu sempre ganho mesmo...

Eu sorri em concordância e voltei a fitar o brigadeiro, tendo a leve impressão que Niall ainda me olhava, mas não queria voltar a encará-lo. Sentia um desconforto, e aquelas palavras voltaram em minha cabeça: Eu gosto de alguém. Foi o que ele disse. Oh Deus, volto a repetir: eu não posso ter uma recaída agora, não posso estar criando um ciúme sem fundamento, não posso nem pensar em voltar a gostar dele. Pense em tudo o que ele fez há três anos. Isto devia ser o suficiente para eu odiá-lo, mas não era tão simples assim. Posso até guardar uma grande mágoa, ressentimentos, mas não, não chegava a ser ódio, nunca chegaria, e agora, no momento isso é ruim. Eu deveria sentir raiva dele, mas simplesmente não consigo. Não dá!

– Você está mesmo namorando?

Ele me pegou de surpresa. Minha garganta travou e eu engasguei com o suco.

– É - Cuspi um monossílabo. - Falei aquele dia, não falei?

Peguei o recipiente com o brigadeiro já frio e caminhei até a saída da cozinha. Preferi não olhar para Niall e tentei passar reto. Porém, ele segurou meu braço com força, nada muito bruto, mas o suficiente para não me deixar ir.

– Eu queria conversar com você - Ele disse baixinho. - Só eu e você... Acho que precisamos conversar e dizer o que não foi dito daquela vez e... - Niall suspirou, olhando diretamente em meus olhos. - Só preciso que me escute.

Fechei os olhos com força e mordi o lábio inferior.

– Não hoje – Falei somente.

– Quando então?

– Niall, diferente de você, eu não acho que tenhamos o que conversar. Não sobre aquilo, de verdade.

– Anne, por favor...

– Não, Niall - Tentei soar o mais natural possível, mas na verdade, meu coração batia forte e eu chegava a pensar que ela pudesse estar escutando meu batimentos cardíacos que faziam meu peito pular.

Suspirando, Niall finalmente soltou meu braço, assim deixando que eu voltasse rapidamente até a sala onde todos riam ainda brincando com os biscoitos. Juro que fiz de tudo para ninguém ver minha cara, que provavelmente não estava nada boa e atordoada

– BRIGADEIRO! – Louis foi o primeiro a atacar, já que Niall ainda não havia voltado.

Logo voltamos a assistir o filme e, por algum motivo que não era de meu conhecimento realmente, Niall não voltou a aparecer. Ele deu as caras depois de uma meia hora e voltou a sentar ao meu lado, pegando minha colher com brigadeiro com uma rapidez enorme. Ele enfiou tudo na boca e sorriu divertido para mim.

– Por acaso Niall estava te ajudando com o brigadeiro? – Levei um susto com Julia sussurrando em meu ouvido. Ela tinha um sorriso malicioso no rosto.

– Quase isso – Justifiquei, também sussurrando e ignorando qualquer tom malicioso da parte dela.

– Eu to ligada, Ann – Ela parecia desconfiada. – Olha, eu deixo você trocar meu irmão pelo Niall.

Não acredito que ela disse isso.

– Cala a boca e me deixa ver o filme!

– Ok, não falo mais nada – Ela virou o rosto, mas logo voltou a sussurrar. – Você acha que devo investir no Zayn ou no Harry?

Revirei os olhos.

– Se quiser ter noites agitadas, é melhor investir no Hazza – Niall se intrometeu.

– Esse é meu garoto - Julia bagunçou o cabelo do loiro.

Ele piscou para Julia.

– Posso? – Niall apontou para a panela, com aquele olhar inocente e esfomeado.

– Claro – Entreguei a ele, evitando encara-lo diretamente.

Enquanto eu ficava tensa com o irlandês ao meu lado, algo que tocou em minha cabeça fez eu me acalmar, pois era um toque suave, e ao olhar para cima vi que era só o Harry que havia pego uma mexa do meu cabelo e enrolava nos dedos. Ele sorriu para mim no escuro, e eu retribui da mesma forma, doce e sincera.

Harry, apesar de ter seu lado safado, sempre fora tão gentil comigo. Quando eu e Niall terminamos, eu realmente imaginava em como seriam as coisas se eu tivesse me apaixonado por ele, e não por Niall. Eu achava que teria sido menos doloroso, pois talvez Harry não teria feito o que Niall fez. Já pensei nisso várias vezes, admito. Mas claro que se eu me apaixonasse por Harry seria pior, porque ele, Harry Styles nunca me veria como algo a mais do que uma amiga. Ou seja, seria um amor platônico, que eu já havia sentido por ele no colegial. Mas não, isso não aconteceria, eu acho. Ter Harry ocupando o cargo de melhor amigo era tudo o que e poderia querer, sinceramente.