História One Less Lonely Girl - Im A Angel

*Liam Payne*

Até a paciência de Liam Payne tem limites.

Eu não aguentava mais ter de ouvir as reclamações de Niall. Ele fazia merda e depois vinha tagarelar nos meus ouvidos. Era sempre assim. A situação piorava porque eu realmente não conseguia entender o porquê de aquele trio viver se desentendendo. Eu, como sou uma pessoa compreensível, entendia o lado de cada um numa boa; entendia a necessidade de Harry copular com mulheres mais velhas; entendia a preocupação do nosso empresário com o futuro da banda; entendia a boa vontade de Anne em ajudar em algo tão complicado; e entendia o ciúmes e a insegurança de Niall. Mas ainda assim, na minha humilde opinião, achava que eles deviam ser mais maduros e procurassem se resolver sem brigas, porque, cara, eu não mereço ter que aturar a cara de bunda do Niall!

Mesmo não sendo muito bom com conselhos, eu o aconselhei com algumas palavras positivas, porém, Niall se recusava a se redimir, porque ele é cabeça dura demais para fazer tal coisa. Tentei explicar que ele e Anne ficarem brigados não acrescentaria em nada, não os levaria a lugar nenhum e não vai adiantar nada, mas ele apenas repetiu a mesma coisa. Ele teimava em diz que quem devia pedir desculpas a ele era Anne. Eu poderia até dar um empurrãozinho naqueles dois, afinal, eu sou um anjo, mas no momento minha paciência já estava esgotada.

Cansei de ouvir os resmungos de Niall, e para completar, ele comeu meu chocolate. Eu sempre digo: Torre minha paciência, mas não coma meu chocolate! Acabei mandando-o embora e fiquei um bom tempo olhando para minha casa vazia, e me ocorreu que expulsá-lo não foi uma boa ideia, porque eu fiquei sozinho, sem nada para fazer. Levantei sem saber por onde ir, e quando percebi a chave do carro estava em minhas mãos.

Eu precisava sair, espairecer, mesmo que fosse sozinho. Perambulei pelas ruas sem ter um destino certo. Com toda a correria de ensaios, músicas novas, disco novo, entrevistas, sessões de fotos e autógrafos e afins, sobra pouquíssimo tempo para fazer esse tipo de coisa. Eu já tinha até esquecido o quanto Londres era linda.

Acho que eu devia ter trazido Niall junto, seria bom para ele e eu não ficaria lá, se martirizando. O irlandês ficou muito perturbado com toda aquela confusão que já durava dois dias e ainda não havia sido resolvida. Por outro lado, foi bom não ter trazido ele ou meus ouvidos seriam torturados pelos seus costumeiros exageros. Por fim. decidi que levaria frango frito do Nando’s para ele. Niall se acalma com frango frito, o que é bem estranho. Isso me fez pensar no que faria Anne se acalmar (?). Um livro, talvez...

Antes de qualquer coisa eu precisava me acalmar. No caso, chocolate quem faz eu entrar nos eixos.

Mudei o trajeto, indo até uma Starbucks. Quando entrei, fui atacado por fãs que me tomaram um bom tempo com autógrafos e fotos. Atendi todas com muito gosto, afinal, eu sou um anjo.

Comprei chocolate quente com bastante chantilly e saí a procura de uma livraria. O frango frito podia ficar por último. Dentro do carro, peguei o guia para facilitar as coisas. Achei uma livraria em que Zayn trabalhou antes da banda, que ficava perto de uma loja de instrumentos musicais em que eu e Niall já trabalhamos. Sorri involuntariamente; foi uma época boa e seria legal voltar àquela parte da cidade.

Comecei a guiar o carro logo depois de ter programado o GPS e ter terminado o chocolate quente. A parte da cidade em que morávamos antes era bem mais calma do que o centro de Londres, principalmente na parte da tarde, já a noite era bem movimentado, ou ao menos costumava ser. Nada havia mudado, continuava tudo exatamente como antes, até mesmo a livraria que ainda tinha um tom azulado com detalhes brancos e pretos.

Estacionei o carro e desci, atravessando a rua até chegar no outro lado. Passei pela porta e a primeira coisa que vi foi uma grande placa que dizia “SILÊNCIO”. Ali era a parte reservada para leitura. A maioria das mesas estavam ocupadas por no máximo duas pessoas. Continuei meu caminho e passei por outra porta que estava aberta e tinha uma cortina de penduricalhos barulhentos. Me enrolei todo naquela cortina estranha e teria caído se em minha frente não tivesse uma estante. Amaldiçoei aquela cortina do mal.

– Olá, posso ajudar?

Uma voz melodiosa chegou aos meus ouvidos e eu parei de tentar arrumar os cabelos e desamassar a roupa para olhar para a pessoa. Ergui os olhos e encontrei uma garota me fitando. Por um momento, pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas jurei ter visto um reflexo violeta em seus olhos, mas logo imaginei que ela usasse lentes. Tinha cabelos negros e ondulados, boca levemente rosada e pele lindamente branca. Parecia uma dessas atrizes perfeitas de filmes. Eu olhei para a cortina com desgosto antes de falar alguma coisa.

– Ajudaria se tirasse essa cortina daqui. Ela ainda vai matar alguém. Principalmente os desastrados como eu.

A garota soltou uma risada nasalada.

– Outro que implica com minha cortina – Comentou sem olhar para mim. – Eu já devia ter tirado, ninguém gosta dela. Mas fala aí, é bonitinha, não é?

Eu olhei incrédulo para ela.

– É uma cortina do mal.

Ela riu levemente e foi para trás de um balcão alto com um computador em cima.

– Suponho que tenha vindo comprar ou alugar livros?

Mas é claro! O que mais que eu faria em uma livraria, jogar bingo? – Foi o que eu pensei em dizer, mas me auto repreendi.

– Obviamente – Respondi com toda a educação que recebi de meus pais.

– Certo. O que procura?

– Livros?

– Obviamente – Ela me olhou de soslaio, com ar divertido. – Algum específico?

– Na verdade, não. Quero dar de presente pra uma amiga.

– Ela tem preferência por algum tipo de leitura?

– Acho que não...

– Aceita sugestões?

– Sim, claro.

Ela assentiu e começou a caminhar por entre as prateleiras e estantes, que continham uma quantidade absurda de livros, e eu a segui.

– Que tal Harry Potter? É o que mais vendemos – Foi sua primeira sugestão.

– Ela tem todos – Disse eu.

– Percy Jackson?

– Também tem.

– A Saga Crepúsculo?

– Isso é uma das poucas coisas que eu sei que ela não curte.

A garota virou repentinamente, ficando de frente a mim. Por pouco não me bati nela. Ela pensou, torceu os lábios e voltou a andar rapidamente.

– Eu sugeriria Jogos Vorazes se não estivéssemos em falta, mas tenho algo que acho que ela vai gostar, se ainda não tiver lido.

Pelo visto ela era amante dos livros. O modo que ela falava e tocava nos livros já deixava transparecer o quanto gostava dali. Eu fiquei observando ela se afastar. Seus gestos eram tão ágeis e delicados ao mesmo tempo. A garota na qual eu daria uns dezenove anos voltou com um banco. Parou um pouco longe de mim, e subiu ali, equilibrando-se e tentando não jogar o peso sobre a estante. Vi ela semicerrar os olhos, analisando os livros e deu de mãos em cinco livros que estavam alinhados lado a lado.

– Será que ela já leu Fallen? – Perguntou ao parar em minha frente.

Analisei as capas. Nunca fui muito bom em memória visual, mas tinha a impressão de nunca ter visto livros parecidos na casa da ninja anã.

– Acredito que não – Falei, não tendo muita certeza. – Sabe, ela praticamente devora os livros então não me surpreenderei caso ela já tenha lido, mas vou arriscar no “não, ela ainda não leu.”

– Ela é uma garota inteligente – Disse ela, fazendo um gesto para que a seguisse. – Não sei como as pessoas vivem sem ler um livro.

Acabei deixando ela no vácuo. Fiquei tão desligado depois que ela começou falar, e olha que eu nem sabia o nome dela.

– É uma série nova? – Perguntei.

Estava eu já parado e encostado lateralmente no balcão enquanto ela mexia no computador.

– Não tão nova, foi lançada em 2009. Vendeu mais que água.

– É sobre o que?

– Se trata de uma história que envolve anjos caídos, demônios... A história é sobre o amor de Daniel e Luce. Daniel é um anjo que há séculos se apaixonou por Luce, que é uma mortal, aparentemente, e por isso ele foi expulso do céu. Claro que existem mais fatos para ele ter sido expulso, porém o foco da história é esse. Daniel recebe um castigo, e aí só lendo para descobrir. O final é surpreendente!

Prestei mais atenção no modo que ela movia os lábios, mas felizmente escutei o que ela disse.

– Agora até eu fiquei com vontade de ler.

– Tanto sua amiga quanto você vão gostar, eu garanto. Ãn, você vai levar todos ou apenas um?

– É melhor levar todos. Depois que ela ler o primeiro vou ter que comprar os outros, então...

Ela sorriu.

Enquanto os livros eram colocados em uma caixa própria deles mesmos eu observei o lugar. Não conseguia imaginar Zayn vendendo livros e limpando prateleiras.

– Gostou da decoração? É inspirada na Disney.

– Eu gosto da Disney – Falei acanhado. – Na verdade eu estava tentando imaginar uma cena. Meu amigo trabalhou aqui.

– Qual o nome dele?

– Zayn.

– Oh! – Disse surpresa. – Me disseram que Zayn Malik trabalhou aqui, mas achei que fosse mentira. Você é amigo dele?

– Sou sim.

Observei ela me olhar atentamente e sua expressão mudou.

– Você é Liam Payne, certo?

– Pois é... – Passei a mão por meus cabelos, ou melhor, por meus pequenos fios de cabelo.

– Estudei na mesma escola que você – Disse ela, sorrindo.

– É?

– Aham. Você sempre andava com seus parceiros de banda e também tinha uma garota que se não me engano namorava o Niall, mas agora namora o Harry.

Ela tem uma boa memória.

– Na verdade ela é só amiga do Harry. Aquilo que diz nos sites é pura maldade da mídia.

– Bom saber.

– Os livros são pra ela.

– Garota sortuda – Ela me fez rir. – Ah, você precisa assinar aqui, pro pagamento.

Fiquei meio constrangido e tratei logo de pagar tudo.

– Me responda uma coisa: Se Niall assumisse um namoro com essa mesma garota, qual seria sua opinião? – Eu quis saber.

Ela pensou antes de responder.

– Eu acharia super romântico porque eles já namoraram a anos atrás e durante muito tempo Niall ficou sozinho. Seria tipo “Um amor que sobreviveu apesar do tempo e da distância”. Por que a pergunta?

– Comecei a fazer uma pesquisa – Falei dando meu melhor sorriso. – Bem, agora eu vou indo. Obrigada por tudo garota bonita dos olhos violeta.

~ lê-se Liam flertando,e podem dizer, eu não sei fazer isso ~

A garota corou até a raiz dos cabelos.

– Hum, obrigada – Sorriu timidamente. – Me chamo Giovanna.

– Não é um nome inglês.

– Coloque um sotaque bem italiano e conseguirá pronunciar.

– É italiana?

– Meu pai é.

– Legal – Falei apenas. – Agora realmente preciso ir.

– Volte sempre.

– Ah, mais uma pergunta: Aqui o lema é “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”? – Sorri maroto.

– Apenas “Satisfação garantida”.

Sorri mais uma vez e sai. Eu voltaria, com certeza.

Fui para o carro. Meu próximo destino é a casa da ninja/chantilly/puppy/anã/gorda chamada Anne alguma coisa (Eu nem sei o sobrenome dela). Sem esquecer do frango frito.

***

Estacionei o carro no acostamento em frente a cada de Anne. Desci com a caixa de livros em mãos, subindo a escada e batendo na porta ao chegar lá em cima. Quem atendeu foi Lara.

– Pode entrar – Ela foi gentil, como sempre.

Eu entrei e fui recepcionado pela bola de pelos brancos. Moom olhava para cima e balançava o rabo rapidamente. Me abaixei e fiz carinho nela. Pelo visto ela queria apenas isso, pois logo depois saiu saltitando.

– E aí, como vai? – Puxei assunto.

– Muito bem. Ocupada com a faculdade, mas bem.

– Ah, você é universitária. Lembro de quando fazia planos pra faculdade, pensando no caso da coisa de ser cantor não desse certo...

– De qualquer forma, você não teria sossego. Estudar cansa tanto quando ser um artista...

- O que dá no mesmo. Fama e estudo, em ambos você precisa ralar... - Eu divaguei por um momento e ri junto com Lara ao voltar à realidade. - Hum, onde esta Anne?

– No quarto editando algumas fotos. Acredita que ela não queria cumprir a agenda? Eu tive que obrigá-la ou ela perderia clientes. Sabe se aconteceu alguma coisa? Ela não parece bem e não quer conversar.

Suspirei torcendo os lábios.

– Deve ter visto as matérias sobre ela e Harry – Falei e ela assentiu. – Niall não gostou e eles acabaram brigando.

– É uma pena. Não é legal ver ela assim.

– Espero que meus presentes ajudem.

Trocamos um sorriso amigável e eu me direcionei até o quarto. Encontrei Anne em sua cama redonda que foi invejada até por mim. Ela estava deitada com uma almofada no rosto. Respirava lentamente, aparentando estar dormindo.

Meio receoso, sentei na cama e repousei os pés na mesma. A caixa deixei no criado mudo.

– Eu já disse que não quero conversar, Lara!

– Será que Lara Payne combina com a minha pessoa e com minha opção sexual?

Ela imediatamente tirou a almofada do rosto. Me olhou e esboçou um sorriso fraco. Seus braços se abriram em minha direção. Eu a abracei, um abraço de urso.

– O que faz aqui?

– Vim te ver.

– Me ama mesmo – Ela brincou. – Você está com cheiro de livraria.

– Além de ninja agora é vidente?!

Ela estragou a surpresa, então entreguei logo.

– CARALHO, LIAM! – Ignorei o palavrão e sorri por ver ela sorrir. – Eu estava quase fazendo outra aposta com Zayn para ele me dar esses livros.

– Espero que goste e boa leitura - Forcei uma voz de locutor de rádio.

– Obrigada obrigada obrigada!

– Agora larga, leia depois – Fiz ela largar os livros que já estavam espalhados pela cama. – Como você esta?

– Aparentemente bem, internamente querendo que Niall me entendesse. Ah, sem esquecer da vontade de matar o Harry.

Eu apenas ri.

– Vocês logo se acertam – Falei puxando-a para mais um abraço.

– Será que ele não entende que eu só queria ajudar? – Sua voz saiu fraca e eu senti meu ombro ficar úmido.

– Não chora, ele vai entender – Tentei tranquilizá-la. – Vamos ao programa da Caroline Flack hoje. Vai nos assistir?

– Acha que eu vou dar audiência pra Carold? – Ela disse rindo. – Faço isso por vocês.

Conversei mais um pouco com ela e dei minha palavra de que tudo ficaria bem. Liam Payne tem um plano.

Pelo menos eu consegui arrancar alguns sorrisos dela.

Tenho o poder de fazer as pessoas sorrirem, afinal, eu sou um anjo...