1. Spirit Fanfics >
  2. One more step - Imagine Monsta X - Kihyun >
  3. Desire and indifference

História One more step - Imagine Monsta X - Kihyun - Desire and indifference


Escrita por: kando

Capítulo 49 - Desire and indifference


Kihyun se encontrava sentado, na beirada de uma cama de casal, no quarto dela. Havia usado o toalete pouco antes, e aproveitado o enxaguante bucal para tirar o gosto e o cheiro de álcool. Aguardava-a, sem saber exatamente que atitude deveria tomar para retroceder a reação que ela acabara tomando acerca do passado.

Ele não a contara que o motorista do Monsta X poderia ir buscá-lo, se quisesse, nem que o Manager o havia proibido de ficar ali, e que também estava entrando em um grande problema ao fingir mau sinal de chamada e desligar o telefone antes que pedissem o endereço de onde estava. Ele não ia embora, Kihyun concluiu isso no minuto em que ela permitiu sua presença ali naquela noite.

A ideia ainda o deixava extasiado, um ano e meio bagunçando-o em apenas uma noite. As probabilidades germinando em sua cabeça eram os piores problemas a enfrentar, sempre imaginava que ela cederia, com uma facilidade que se mostrava distante, lhe abriria o jogo, e dizia que ainda o amava. E tinha outro ponto, o mais torturante deles. Tocá-la. Kihyun teve essa necessidade durante toda a noite, mas apenas os dois ali, sem outro meio a não ser compartilharem o mesmo teto por horas a fio, era impossível não querer alimentar essa necessidade, mesmo que um pouco, ficar perto o bastante para sentir seu calor ou a textura de sua pele. Beijá-la agora se mostrava como algo improvável, que, se por sorte, ele conseguiria realizar.

Ansioso, não conseguindo esperá-la e ficar quieto em uma mesma ação, Kihyun foi para perto da porta, andava para os lados e se recordava da sensação do corpo dela no seu momentos antes, na forma como a segurou, como respirava seu cheiro, e principalmente, as recordações fantasiosas, que ele podia garantir conseguir ter transmitido para ela boa parte delas. Estava injuriado e cansado, desesperado e aflito, sequer conseguia definir. Por que tinha que a querer tanto? Aquele sentimento não suprido chegava a ser sufocante, era angustiante ao ponto de não deixá-lo dormir. Não conseguia, nem por um segundo, a tirar da cabeça, de não desejar o passado de volta, de forma que pudesse ter evitado o presente, seja lá os meios que precisasse ter utilizado, e isso sempre o trazia para a mesma questão. 'Por que ela foi embora?'

Com os diversos pensamentos negativos que essa pergunta o trazia, Kihyun foi pego de surpresa pelas batidas na porta. Ela entrou antes mesmo de receber uma resposta, tão surpresa quanto Kihyun por quase se esbarrarem um com o outro. Ele a segurou pelos ombros, por impulso, enquanto ela colocava a mão no peito.

- Nossa, foi quase. - Se recuperava do susto, sem perceber o olhar de Kihyun lhe analisando quase que automático.

De banho tomado, ela estava de pijama, os que as garotas normalmente usam em noites de calor. Na visão de Kihyun, era muito curto, mesmo que não fosse, e se questionou se ela usava frenquentemente aquelas roupas dentro do apartamento, não gostaria que o garoto que também morava ali a visse daquele jeito. Aquele ciúme era desconcertante, pois também tinha pensamentos de que ela não poderia estar melhor em outra roupa senão naquela, ao menos, diante dele.

- Sim, quase. - Ele engoliu em seco. Após bastante tempo apenas a encarando, ela já havia percebido a tensão no clima, por isso, Kihyun afastou as mãos de seus ombros, apesar da relutância.

- Hm... Está com fome? Acho que tem algo na geladeira. - Tentou utilizar um meio de disfarce, tentando enganá-lo de que não havia percebido, mesmo que soubesse ser inútil, por sorte, conseguiria fugir.

- Não, estou bem. - Ela consentiu, tentando sorrir. Não encontrou mais perguntas para fazer, então simplesmente achou que seria conveniente apenas sair da presença dele, dizer que precisava fazer algo, mas, antes disso, Kihyun lhe segurou pelo braço. - Será que eu poderia te fazer um pedido?

Seu coração palpitou dentro do peito, alarmado como um pressentimento. Avaliou suas opções, não tinha como dizer não, de forma alguma, Kihyun tinha todo o direito a qualquer pedido, e ela também não seria incapaz de muita coisa além de permitir que ele, ao menos, o fizesse. Mas tudo que pensava a deixava em desespero, o que Kihyun poderia pedir? Tentou controlar o espanto e balançou de leve a cabeça, talvez não fosse nada.

- Claro.

- Me abrace.

Ficou imóvel, tentando aceitar e tomando conhecimento das consequências do que ele queria. Pensou em negar, mas Kihyun parecia tão ansioso e inseguro pela sua reação que acabou cedendo. Puxou o ar antes de se aproximar, encarando ele a observar por entre as mexas de fios castanhos claros em cima dos olhos, ficou intimidada, não sabendo pelo quê exatamente, era apenas o Kihyun, o cara com quem se relacionou há um ano e meio, mesmo que sabia ele nunca ter significado apenas isso, repetiu aquelas palavras na cabeça. Envolveu os braços ao redor dos ombros não tão largos e o puxou, de encontro ao seu corpo, seria apenas um abraço, ela pensou.

A maneira como ele respondeu foi especialmente emotiva, segurando forte, a apertou de forma que seus pés não tocassem o chão e soltou um grunhido que parecia raivoso, ou seria aliviado? A respiração dele era pesada e defeituosa, como se somente agora conseguisse o oxigênio que tanto precisava, e para ela, escutá-la era doloroso por demais, pois encontrava seu próprio sofrimento sendo refletido pelo dele. Percebeu a saudade que tentou ocultar a dominar, perguntando-se como conseguiu mantê-la por tanto tempo. Foi impossível não ter sentindo o que sentiu, devolver na mesma intensidade os intentos de Kihyun. Ela o trouxe mais para si, sem o medo anterior de realizar tal coisa, permitiu que o cheiro dele a inundasse, o calor, o corpo envolvendo-a. O sentiu, ainda tinha o mesmo cheiro de rosas, e ele também reparou na fragrância que ela trazia consigo dessa vez, doce e refrescante, como poderia esquecer? Tudo era tão certo, mesmo que fosse tão problemático, sempre tiveram essa conexão, o encaixe perfeito, a primeira necessidade requerida, os sentimentos clamando pelo mesmo objetivo de obtenção, como ela teve coragem de abandonar algo assim? Naquele momento, Kihyun sentiu como se esses meses todos tivesse passado como alguém quase morto, alguém que simplesmente vagou até encontrar de volta o motivo pelo qual poderia fazer verdadeiro todos os seus sorrisos, todo seu empenho por levantar-se de manhã. Não era simplesmente aquela garota, era sua, era única, era tudo.

Com a necessidade carecendo por mais urgência no momento, Kihyun perdeu os sentidos dos limites que não poderia ultrapassar. Colocou-a no chão e agarrou a pele dela, a cintura abaixo do tecido, sentindo um desejo incontrolável de tocá-la, com a boca, em toda parte. Devagar, sem querer espantá-la, iniciou pelo pescoço, estendendo-se até o ombro, nu pela camisa de alcinhas. Ela relutou, lutando com a inexplicável experiência de tê-lo tocando seu corpo, lhe beijando e mordendo, como se pudesse possuí-la apenas daquela forma. Juntou um pouco dos sentidos, e o empurrou, era irrelevante, de qualquer forma, ele estava faminto, com sede, Kihyun a queria, e não escondia.

Ela arfava, esquecendo de tentar afastá-lo. Ele estava tão ousado puxando sua coxa daquele jeito, prendendo sua perna na lateral do corpo dele enquanto pressionava, tão firme e rígido. Estava perdendo a noção, evitou algo assim durante toda a noite, e agora estava fazendo exatamente o que não pretendia.

Depois de não haver mais relutância por parte dela, Kihyun a suspendeu com as pernas em volta da sua cintura e os guiou até a beirada da cama. Lá se inclinou, o suficiente para ela estar com as costas contra o colchão. Apoiou uma mão ao lado da cabeça dela para suster-se e a outra pousou contra a lateral de sua face. Ficou encarando-a, conforme afastava o cabelo de seu rosto. Ficou fascinado, tão admirado como um marinheiro encantando-se com o canto de uma sereia. Um feitiço, Kihyun concluiu. Desde quando ela havia esse domínio sobre ele? Sequer se lembrava de não haver.

- Não sei se já disse antes, mas você nunca esteve tão linda.

- Não, você não disse.

- Então estou dizendo agora. - Seguido pela forma que ela agarrou seus braços, também fechou os olhos e entreabriu a boca, como se quisesse tomar a mesma respiração de Kihyun. Aquilo o afetou tanto que não evitou colocar mais pressão sobre ela, sentir com mais rigor o corpo abaixo do seu, roçar pontos extremamente sensíveis, sentiu completamente todos os tremores que a invadiram.

- Kihyun.

- Sim?

- Me beije!

Foi repentino. Todo o desenvolvimento daquela relação havia sido repentino. Um repentino muito antes desejado. Pensar em estar com Kihyun em cima daquela cama no começo do dia, para ela, seria como algo quase surreal. E para Kihyun, que tinha despertado sem qualquer motivação, imaginar que estaria com ela ainda naquele dia, como uma falsa esperança. Mas agora estavam ali, juntos, buscando tão desesperadamente o que não se encontra, recuperando com afinco o que já estava perdido. Será que não estavam se precipitando? Uma forma tão teimosa de cometerem os mesmos erros.

Ele tinha a boca na dela quando o choque lhe ocorreu, o medo de perdê-la sendo maior que qualquer desejo. Os lábios entraram em desarmonia ao seguirem rumos diferentes, ela tentou mantê-lo, mas já não estavam mais ao seu alcance. Ao abrir os olhos para compreender melhor o que ocorria, pôde presenciar o temor no olhar de Kihyun, tanto a dúvida quanto o desejo também permaneciam lá, mas o medo era predominante. Ela tomou conhecimento, e sibilou um tudo bem sem som, indicando que compreendia. Ainda não era o momento. Ele ficou aliviado, e depois a beijou pela última vez.

- Aonde vou me deitar? - Ela espalmou a mão no colchão, ainda sem fôlego para dizer algo. Kihyun percebendo ou não, ainda estavam em contato. - Vamos dormir na mesma cama?

Suspirou profundamente antes de responder, o espanto de Kihyun soava ofensivo. - Sungyeol às vezes traz visitas, amigos da faculdade. Não seria bom você estar no sofá da sala caso alguém chegasse, não sei se ainda lembra, mas é um Idol.

- Então devo te deixar ciente de algo. - Ela aguardou, com uma atenção que não deveria ter dado após sentir a pressão aumentando pelo seu corpo. - Estou sem sexo há um ano e meio. Te encontrei como a perfeita personificação pessoal do sexy. Sabe o quanto isso pode ser doloroso para algumas partes do meu corpo?

- Acho que consigo imaginar, um pouco. - Sua voz era estranha, analisando a pressão que Kihyun fazia lá embaixo. Por que ele havia de a estimular daquele jeito?

- Antes que eu acabe cometendo uma loucura. Devo me deitar para baixo?

- Não é necessário. Claro, se você achar que isso não afetará o seu... probleminha.

- Isso foi alguma indireta?

Ela demorou a compreender, não precisando baixar os olhos para declarar, com expressão assustada, achando que o havia ofendido.

- Oh, não. Não mesmo, é-é um... problemão. C-com toda certeza um problemão.

Ele ficou espantosamente alegre, como quem diz que a pergunta era apenas uma brincadeira, e que não esperava que ela fosse responder. Pelo semblante de quem havia compreendido e se envergonhado, a achou adorável, embaraçada daquele jeito, mas Kihyun logo fez uma expressão sofrida, se lembrando de algo.

- Eu volto logo. - Ela consentiu, o observando sair de cima de si e se retirar do quarto. Criava bem a dedução do que ele iria fazer, e tentou tirar a imagem da cabeça. Saber que Kihyun estava em outro cômodo suprindo suas necessidades sem que ela o fizesse em seu lugar, soava como algo quase errado, apesar de saber não ser. Não estavam mais juntos, não tinham qualquer dever com o outro, mas mesmo assim, ela se segurava para não seguí-lo, nem que fosse apenas para espiar, descobrir se ainda falava seu nome enquanto...

Apercebendo-se dos próprios pensamentos, rapidamente espalmou um travesseiro na cara, rolando para um lado e outro na cama. Concluiu, dormir, precisava dormir, assim conseguiria parar de ter pensamentos sujos com seu ex-namorado, de um relacionamento complicado e mal-resolvido.

"Ex-namorado", a palavra lhe soava estranha, sequer conseguia ter esse olhar sobre Kihyun. Ela os imaginava como duas peças de um quebra-cabeça, de um enorme quebra-cabeça, com variadas peças, de diversos ângulos e formas, referindo-se a diversas outras pessoas em volta que poderiam ser a peça ideal para se encontrarem. Uma pequena criança resolvia o quebra-cabeça, e após muito custo, encontrou duas peças de perfeito encaixe, simetricamente calculadas. Ficou muito orgulhoso, e as deixou juntas, mas seu irmão maior, trazendo um olhar perverso, durante a noite, separou as duas peças, e as misturou entre as outras. Assim, levou algum tempo para que a criança voltasse a encontrá-las, para, finalmente, serem encaixadas. Mas havia algo de errado. Pelo tempo em que estiveram separadas, as peças foram ficando gastas, fracas e amassadas por, frequentemente, baterem com outras. Não tinham mais o encaixe simétrico, haviam falhas para serem preenchidas, as peças já não tinham a junção perfeita. Mas a beleza da imagem que elas possuíam continuava ali, juntas formavam um lindo desenho de uma rosa vermelha, com sombras pretas. A imagem permanência estranhamente bem conservada, as cores ainda eram vivas e nítidas, era a única coisa que havia restado delas.

A garota considerava que a imagem, e o belo desenho que trazia consigo, eram seus sentimentos, os seus e os de Kihyun em harmonia, seguindo os mesmos traços. Falava de amor. Era essa sua teoria maluca para explicar o que acontecia consigo e Kihyun.

Deitada de lado, encarando a janela do outro lado com os pensamentos distantes, foi uma surpresa o sentir ali, de mansinho e agilmente, colocando o cobertor sobre si e rodeando sua cintura, se aproximou tanto que parecia impossível entranhar-se mais. Ela aproveitou que ele não podia ver seu rosto e permitiu sorrir, era bom tê-lo de volta.

- Hey, naquela parte, em que você falou que tinha algo que eu fazia de muito bom, me deixou intrigado... Posso saber o que era? - Ele sussurrou, referindo-se ao que disse a Jooheon, e ela teve a impressão de que também sorria.

Aguardou um pouco, pensativa, e então, pegou sua mão, avaliando os dedos de Kihyun. Tamanhos proporcionais a altura dele, mesmo que não pudesse admitir isso sem receber uma cara feia do mesmo. Um pouco gordinhos, bem pouco. Pálidos, com as pontas rosadas. Unhas curtas. Depois colocou os próprios dedos pelos vãos dos de Kihyun. Encaixavam-se, sorriu ao perceber.

- A forma como me amava.


                       ~★~


Kihyun despertou naquela manhã com um incrível sentimento que não tinha há meses, bocejou de olhos fechados enquanto esticava os braços para cima, espreguiçando o corpo. Antes de colocar os pensamentos no lugar, se lembrou de algo, e apalpou o lugar vazio ao seu lado, ficou decepcionado, mas depois tenso em imaginar que procuraria pela casa e ela não estaria mais ali, nem suas coisas, que tudo teria sido mais uma ilusão, uma doce e cruel ilusão. Abriu os olhos pelo desespero, extinguindo qualquer sentimento cruciante ao se deparar com olhos fixos lhe examinando, que logo ficaram maiores ao encontrarem outros pares de olhos.

Ela estava na beirada da cama, sentada sobre as pernas, com uma bandeja em mãos. Seu cabelo, estranhamente, parecia mais bonito daquele jeito, desgrenhado e com o reflexo do Sol. Usava um sobretudo lhe tampando as roupas, as quais Kihyun havia considerado inapropriadas para quaisquer outros garotos presenciarem nela. Talvez ela não ficasse na frente de Sungyeol com aquelas roupas, por isso o sobretudo, e ele ficou bastante satisfeito com isso. Na face, a garota tinha um olhar assustado, semelhante a alguém que foi pega no flagra. Kihyun se perguntou há quanto tempo ela estaria o observando.

- Bom dia. - Ele falou, assentando com um sorriso que dizia saber o que ela fazia.

- Bom dia. E-eu... - Tentava explicar, mas acabou olhando para o objeto que segurava, pensou que seria uma boa desculpa por ele ter a encontrado encarando-o ao acordar. - Fiz seu café.

- Oh, obrigado. - Kihyun se mostrou surpreso enquanto ela colocava a bandeja sobre suas pernas. Não esperava por isso. Acabou sorrindo.

Ele começou pelas torradas, lhes passando geleia e experimentando, demonstrou aprovação exagerada, arrancando um sorriso dela, e foi assim com o restante da refeição. E, durante, ele se inquietou bastante com algo.

- Por que me olha tanto? Minha cara está tão inchada assim? - Perguntou, não conseguindo esconder sua instigação. Ela se surpreendeu, mais por não ter percebido o que fazia.

- Oh, não. Você está ótimo, de verdade. É só que... Faz tanto tempo.

Evitar querer tocá-la com ela dizendo aquelas coisas era uma tarefa impossível. Kihyun deixou de lado a bandeja e cortou a distância entre os dois, aproximando mais depressa do que planejava. Quando a agarrou pelos cotovelos, viu no rosto dela a ansiedade, a aceitação, sem indícios da indiferença do dia anterior antes dela deixá-lo lhe tocar, realmente estava ansiando por ele, sem hesitação de deixar aquilo claro. Assim que fechou os olhos, em um protesto por ficarem afastados por muito mais tempo, sentiu a boca dele, macia e quente, movendo sobre a sua, habilidosa, abrindo caminho com a língua. Buscaram um pouco mais, perscrutando o corpo um do outro com as mãos, puxando para mais perto, desejando desesperadamente. De joelhos, pressionaram da forma como conseguiram, necessitados demais para raciocinar outra posição. Com um murmúrio desesperado, Kihyun se afastou para cravar os dentes no pescoço dela, apenas para encontrar o controle, sabia que estavam passando dos limites.

Por conta do gemido doloroso, ela o fez parar de pressionar a pele sensível, e Kihyun ergueu a cabeça para desculpar-se, mas encontrou-a sorrindo, como se estivesse deslumbrada com algo.

- Por um momento, eu tinha me esquecido.

- Do quê?

- Disso. - Em uma indicação, trouxe os lábios dele de volta para os seus, ousando usar os dentes, lhe mordendo e puxando. Se dependesse de Kihyun, permaneceriam naquilo o dia todo.

- E é bom?

- Uhum.

Notando a resposta manhosa, ela repreendeu-se mentalmente por estar tão amolecida logo pela manhã, mesmo sabendo que seu relacionamento com Kihyun ainda não tinha sido esclarecido. Lutou para se afastar, e depois de muito custo, Kihyun cedeu.

- Disse ao Sungyeol que trouxe visita para casa, não consegui explicar que essa visita é um K-Idol, muito menos do sexo masculino. Então, trate de averiguar se suas roupas estão no lugar e arrume o cabelo, não quero que ele pense besteiras.

- Sim, senhora.

- Ótimo. Estamos te esperando na cozinha. Não demore. - Ela saiu, levando a bandeja consigo, e Kihyun aproveitou a informação para ir de fininho ao banheiro. Lá tentou parecer apresentável. As roupas com que resolveu ir ao teatro ontem estavam amarrotadas, mas não ruins de todo. Ajeitou os fios para baixo, com dificuldade por não lhe obedecerem, lavou o rosto e se mediu, não havia nada mais a ser feito, iria estar diante do cara que se relacionou com sua garota no tempo em que não esteve presente para impedir daquela forma, então somente poderia aceitar que era o único para ela, e que qualquer outro intruso em seus relacionamento era apenas resto. Era isso, Kihyun sorriu ao espelho, estava confiante.

Ao adentrar a cozinha, a avistou de pé em frente à pia, lavando o pouco de lousa. Não teve necessidade de olhar em volta, sabia que o garoto estaria lá para observar enquanto ele a agarrava pelo quadril e beijava seu ombro, era uma atitude mais proposital que natural.

Ela se assustou, afastando Kihyun depressa, achando que ele não tinha percebido Sungyeol, inclinado em uma parte do balcão à direita. Os olhos dos dois se cruzaram, e Kihyun murmurou um falso pedido de desculpas, dizendo que não tinha o visto ali. Sungyeol disse que tudo bem, e então se aproximou, com apenas menos de um metro do balcão os separando.

- Kihyun, esse é Sungyeol. Sungyeol, Kihyun. - Ela apresentou.

Sungyeol era mais alto, pelo menos uns dez centímetros a mais que Kihyun, magro e esguio como um ator coreano, e tinha boa aparência. Kihyun sentiu sua confiança diminuir, mesmo que seu orgulho não permitisse tanto.

- Monstro alguma coisa, não é? - O garoto perguntou, estendendo a mão. Uma pontada de irritação atingiu Kihyun enquanto respondia ao cumprimento.

- Monsta X. - Respondeu, fazendo bastante esforço para não parecer grosseiro.

- Oh, claro. Desculpe pelo erro. Não costumo acompanhar artistas ou grupos contemporâneos, mas é comum ver fotos suas por aí.

- Tudo bem, eu entendo. - Sungyeol se senta na banqueta, e Kihyun já não sente tão intimidado pela diferença de altura.

- Meninos, estou indo me trocar. Ficarão bem aqui? - Ela fala quando finaliza a louça, percebendo um pouco do clima incompatível entre os dois logo à primeira vista.

- Claro, vai lá. - Sungyeol quem respondeu antes de Kihyun, e isso o deixou desconfortável, como se esse garoto tivesse alguma vantagem, o que era uma bobagem.

Ela soltou um sorriso nervoso, esperando a aprovação de Kihyun. Ele apenas acenou com a cabeça, dizendo que estava tudo bem. Não poderia acontecer muito além dos dois trocarem algumas palavras, não seria grande coisa.

Yoo a observou se retirar até que não estivesse mais a vista, e quando virou a atenção para frente, Sungyeol mantinha o olhar fixo em si, analisando da mesma forma que Kihyun fizera antes.

- Então, vocês já se conheciam antes?

- Claro. (s/n) foi minha namorada.

- Sério? Ela nunca havia me contado sobre isso.

- Talvez ela não achasse que você devesse saber. - Foi um comentário rude, e Sungyeol reparou que Kihyun não estava tentando ser amigável, na verdade, Kihyun deixava claro que não gostava dele nem um pouquinho, mas Sungyeol não era do tipo que se intimida fácil.

- Ela também já foi minha namorada.

- Sim, ela me disse. Contou que vocês tiveram um curto relacionamento, algo sem importância. - Kihyun escondeu o sorriso ao vê-lo cerrar o punho. Aquilo se mostrava divertido.

- E por que se separaram?

Ele percebeu a malícia da pergunta, e deu de ombros, tentando soar indiferente, mesmo que essa pergunta o perturbasse tanto quanto qualquer outra, exatamente por não saber a resposta. - Sabe como é, problemas de casais. Acontece até com as melhores famílias.

- É, suponho que sim.

- E você? Seunyeol, certo? O que faz da vida?

- Sungyeol. - Corrigiu, sem saber que não tinha como Kihyun esquecer, nem se quisesse, as vezes em que a garota repetiu seu nome na noite passada. - Estudo engenharia civil.

- Hm. Legal. Parece... Animador.

- Claro, se você for observar o efeito que temos sobre a sociedade. Tem gente que precisa fazer o trabalho duro, para tornar melhor o conforto e conteúdo de vida das pessoas. Não sou como as outras, que não contribuem para algo útil enquanto se divertem, ganhando a custa de, onde o público predominante, são jovens imaturos bobos e inseguros. - Kihyun sentiu-se terrivelmente insultado ao perceber que Sungyeol falava de seus fãs e seu trabalho, rangeu os dentes pela raiva, mas depois realizou um exercício mental que havia aprendido com sua antiga psicóloga, e sentiu melhor para poder responder a altura.

- Aposto que esses "jovens imaturos bobos e inseguros" se tornam peças de muito valor para a sociedade, são deles onde surgem as melhores inovações. Sabe como dizem, o espírito livre vive mais feliz, isso também deve refletir significativamente na tarefa que eles efetuam, acabam vindo deles o ofício de um mundo mais dinâmico, onde nem tudo se relaciona à força de um braço, na arquitetura de uma casa, ou na inteligencia de um cérebro. Eles buscam a realização da felicidade, dedicada a uma criança, a um jovem inseguro, ou até um idoso. Um mundo menos cético e ganancioso depende de pessoas como eles, e posso afirmar que a diversão tem grande relevância em quase tudo que fazem. Por exemplo, não sei se sabe, mas a música é um dos maiores instrumentos estimulante do ser humano, sem música, arte ou cultura, estaríamos fadados ao preto e branco, a rotina maçante e fatigante, seríamos como máquinas. Isso não lhe parece terrível? Esses jovens sabem do que é preciso para aproveitar melhor a única vida que lhes foi dada, não se usa de muita inteligência ao jugá-los. Desculpe por não poder dizer muito mais do assunto, costumo estar ocupado demais tentando levar "diversão" a outras pessoas com meu trabalho.

Sungyeol tinha uma carranca não muito agradável, e estava prestes a proferir algo quando a garota surgiu pela entrada, chamando a atenção dos dois. Camiseta e jeans. Como Kihyun considerava, estava sexy o bastante. Ele sorriu e lhe estendeu o braço, ela aceitou, se aproximou dele e permitiu que a abraçasse por trás, não se importou muito por Sungyeol estar os encarando dessa vez.

- Do que estavam falando?

- Música. Sua relevância para o mundo, e sobre as pessoas que a reconhecem. - Kihyun respondeu, encarando Sungyeol com um sorriso sagaz e discreto no rosto. - O que acha sobre o assunto, jagiya? - Ela ficou momentaneamente paralisada. Era a primeira vez que Kihyun lhe chamava daquela forma após muito tempo. Tentou se estabilizar, antes que eles percebessem sua reação.

- Oh, sim, claro. Ela é de extrema importância. Como sabem, meu trabalho é a arte, e dependo da música para me mover e trazer o encanto e o deslumbramento a diversas pessoas que ocupam seus assentos nas arquibancadas. A dança depende da música, assim como eu dependo dela. E é um trabalho muito gratificante quando vejo o olhar satisfeito das pessoas ao me agradecerem, elas fugiram da sua rotina habitual para tentar esquecer seus problemas, encontrar um momento de paz, um descanso para si mesma, e me sinto muito feliz por ser capaz de oferecer isso a elas, e tudo, claro, por obra da música. Ela faz do mundo um lugar melhor, foi por isso que resolvi segui-la. E consequentemente, me trouxe aqui, a conhecer vocês, e não poderia agradecer menos por isso.

- Já disse que amo essa garota? - Kihyun dirigiu a ninguém em especial, lhe lascando um beijo rápido no pescoço. Ela sorriu, desconcertada, ainda não estava pronta para ouví-lo dizer aquela palavra.

- Desculpem, mas preciso ir agora. A gente se vê mais tarde, (s/n). - Sungyeol se levantou para despedir, e ela se afastou de Kihyun, para poder abraçá-lo. Kihyun sentiu desconforto com a cena, não era, de todo, agradável, mas depois o garoto lhe estendeu a mão, e dessa vez Yoo a segurou com afabilidade. - Foi legal te conhecer, Kihyun.

- Digo o mesmo, Sungyeol. - O nome saiu da forma correta, Kihyun já não mantinha antipatia por ele. Havia ganhado a razão, e manter rivalidade depois disso só demonstraria o quanto seria estúpido.


- O que vamos fazer agora? - Kihyun questionou após a saída do garoto, predendo o corpo dela ao seu ao beijá-la.

- Você não devia ir embora?

- Você quer que eu vá? - Ele se mostrou manhoso e acusador, além do polegar descendo pelo decote nos seios que não havia, simplesmente criava um ao empurrar a camisa para baixo.

- Não. Mas acho que deveria.

- Por quê?

- Porque senão, você deve saber como acabaremos no fim das contas. - A imagem dela nua em cima de uma cama lhe passou na cabeça. O agradou bastante.

- Não vejo problema algum. Na verdade, ótimo, vamos acabar.

- Não podemos, e tenho visita, daqui há vinte minutos.

- Visita? Quem?

- Hm... Seunghyun.

- Quem é Seunghyun?

- Acho que o único que você e eu conhecemos. - Ele estreitou os olhos, por que é que ela ainda mantinha contato com alguém como Seunghyun?

- Você vai me explicar sobre isso?

- Claro, mas, por enquanto, seria melhor se você fosse embora.

- Para vocês dois ficarem sozinhos?

- Por favor, Kihyun. Não comece.

- O quê!?

- Esse seu ciúmes, a sua desconfiança em mim.

- Não tenho desconfiança em você, tenho desconfiança nos outros. Os incidentes que aconteceram com você contribuem para isso.

- Não é somente por isso. É a sua insegurança. Achei que tivesse mudado.

- Então é por isso que foi embora? Esperava que eu mudasse?

- Claro que não.

- Então, por quê? Me diga, ao menos, o motivo de ter me deixado.

- Está na hora de você ir. - Para encerrar o assunto, ela o afastou, e seguiu para a sala de estar, com ele não deixando de acompanhá-la.

Kihyun lembrou que tinha prometido a si mesmo abordar o assunto com cuidado, e percebeu que aquela era a forma perfeita para perdê-la novamente.

- Caramba, jagiya. Desculpe, não imaginei que estivesse forçando as coisas. - Tentou tocá-la, mas ela rapidamente se afastou, colocando a barreira da indiferença maior e mais resistente do que ele se lembrava. Aquilo o feriu tanto.

- E não está. Eu só, não estou pronta para contar ainda.

- Não está pronta ainda? Depois de um ano e meio? Então qual o motivo para você estar de volta?

- Por favor, Kihyun. Não quero falar sobre isto.

- É claro que não quer. É você quem sempre decide. Quer mais tempo para me fazer de bobo? Ótimo, vamos lá, jogue o graveto que eu correrei como um grande estúpido atrás dele, vou apanhá-lo e te entregar, conforme a sua vontade. Mas sabe qual é o problema? - Ela se encolheu entre os ombros, a voz de Kihyun já havia elevado o suficiente para tornar intimidante. - O problema é que estou ficando exausto de correr pra lá e pra cá, exausto de ser feito de tolo. Você não é o único lado da história, tenho o direito de saber, direito a uma explicação. Não percebe isso?

- Eu percebo. M-mas é que... Ainda não.

- Ainda não? Isso é tudo o que você tem a dizer? - Ela deu de ombros, não encontrado respostas. - Ótimo.

Sem mais discussão, Kihyun circulou pelo apartamento, procurando seu aparelho telefone, e quando o encontrou, tentou ignorá-la ao passar pela sala de estar.

- Pra onde você vai?

- Não queria que eu fosse embora? Estou indo. Talvez você tenha agora um novo animalzinho para castrar. - E bateu brutalmente a porta na saída, mas não conseguiu dar mais um passo depois de se agachar com a cabeça entre os joelhos, soltando um grito raivoso. Ela estava do outro lado, e escutou. Ficou com a mão na maçaneta, pensando se seria a melhor opção, mas depois desistiu, a soltou e deslizou para baixo.

Aquele sentimento era amargoso, e doía. Os dois compartilharam um pranto silencioso. Um lado carecia por não saber os motivos, e o outro desordenava por não saber o que fazer com o que sabia. Perguntavam-se se era a hora de insistir ou deixar ceder. Ela sabia que tinha escolhas, contar a verdade, era tudo o que tinha de fazer, mas não era tão simples, pensava na forma como ele receberia a notícia. Afinal, era errado querer proteger Kihyun da mesma dor que tem guardado e alimentado por todo esse tempo? Errado ocultar o que ele tanto insisti em saber por amor?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...