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História One More Time - What am I doing?


Escrita por: hellojnfpdgo

Notas do Autor


Este capítulo mostra MUITO como é a relação do Arthur com a Julie, é complicada MESMO! Mas complicado nunca significou impossível. Por algum tempo vai ser assim, muitas bipolaridades, implicâncias, briguinhas, mancadas, palavras que machucam... mas com o tempo eles vão se adaptar um ao outro e vão transformar tudo isso em uma relação legal de ler, juro!

Obs: Arthur é complicado mesmo, não se assustem com as atitudes repentinas dele.

Espero que gostemmmm!

❁ Plágio é crime! Caso vejam alguma fanfic com conteúdo igual, por favor, denunciem. ❁

Capítulo 7 - What am I doing?


“Quando minha mente me diz ‘não’, o meu coração me diz ‘vai’.” – On My Way – Lea Michele

 

Acordei com meu celular tocando e torci para não ser o Gabriel. Olhei no visor do celular e quase fiquei cega por causa do brilho, até que meus olhos focaram no nome da pessoa, não acreditei quando li. Era o Carter!

Carter é meu amigo da Califórnia, somos amigos desde pequenos e praticamente crescemos juntos. Eu fazia tudo com ele, desde sair a estudar, e ele às vezes colocava juízo na minha cabeça.

— Alô? Oi, Carter! Que saudade! — falei meio afobada e escutei ele rir do outro lado da linha. Que saudade dessa risada!

— Nossa, calma! — ele disse. — Tudo bem?

— Sim e com você? — perguntei um pouco curiosa. Será que ele estava me ligando para dar alguma notícia ruim?

— Tirando o fato de que minha melhor amiga está no Canadá, eu tô ótimo!

Não era bem uma notícia ruim, era só um fato triste.

— Ai, bobo! — disse com um pouco de tristeza.

Eu estava bem por conhecer tantas pessoas boas aqui, mas a falta que meus amigos me faziam era imensa.

— Eu sinto tanto a sua falta. — ele falou e eu senti vontade de chorar, mas não queria fazer ele se sentir mal, mesmo que eu estivesse. — Você não sabe como é chato escutar a Lucy falando de meninos! — ele disse num tom emburrado e eu ri.

—Eu sei bem como é! — falei rindo.

— Eu queria você aqui. — ele disse baixo e eu não sabia o que falar. Também queria estar lá, sentia tanta falta da minha vida. Não que eu não estivesse feliz morando aqui, longe disso! Mas era como se a Califórnia ainda fosse a minha casa.

— Julie, você tá chorando? — ele perguntou num tom engraçado.

Estava quase.

— Ainda não.

— E nem vai! Não chora! Não tem porquê chorar.

— A gente está longe.

— É, essa é uma boa causa pra chorar... — ele disse pensativo. — Não! Quer dizer, isso não é motivo pra chorar!

Comecei rir. Ele tinha um jeito tão engraçado, sempre tão bobo.

Carter começou lembrar de quase todas as merdas que já fizemos, com o intuito de me animar. Ele lembrou das vezes em que cabulávamos e sempre passávamos despercebidos –por pura sorte do destino. Das vezes em que saíamos e ficávamos zoando as pessoas. Dos apelidos que dávamos às pessoas e só nós sabíamos o motivo. De quando tacamos pipoca na Lucy e no seu ficante porque eles não assistiam ao filme. De quando ele ficou bêbado e chamou minha mãe de “gatona”. E um dos momentos mais importantes que foi quando já éramos tão próximos, que a minha família já era praticamente a dele.

Passamos quase uma hora no telefone lembrando de muitos momentos, mas ele teve que sair.

Fiquei desolada lembrando da minha despedida na Califórnia. Eu não queria que eles fossem no aeroporto pois tinha toda certeza de que iam chorar, e me parte o coração ver quem eu amo chorando.

Nos reunimos na minha casa e fizemos uma minifesta um dia antes de eu ir. A razão de eu ter escolhido uma festa, era porque queria que todo mundo ficasse animado, que aproveitássemos os últimos momentos juntos, mas claro, no fim todo mundo chorou. Pelo menos não foi no aeroporto e eu não tive que partir vendo todo mundo chorar. A última lembrança que temos juntos é de uma festa divertida.

Foi difícil dormir naquela noite, foi difícil deixar todo mundo, uma parte de mim estava ficando em São Francisco.

Quando percebi já estava chorando igual criança.

Escutei alguém bater à porta e desci do jeito que eu estava, de pijama mesmo. Quando parei em frente a porta, pensei duas vezes antes de abrir, pois eu odeio que me vejam chorando.

Resolvi abrir, e me arrependi quando vi quem era.

 

Point Of View Arthur.

Estava indo assistir ao jogo quando passei pela janela do quarto e vi a Julie sentada em sua cama chorando. Ela parecia derrotada, e eu não sei se foi curiosidade ou preocupação, mas senti vontade de ir até a casa dela. Talvez tivesse acontecido alguma coisa, mas também podia ser só essas frescuras de menininhas. De qualquer forma, resolvi ir.

Eu estava trocando um jogo por uma garota chorando! Decadente.

Quando ela abriu a porta, fez uma cara de tédio ao me ver, como de costume.

— Se você veio implicar comigo por qualquer coisa, saiba que não é uma boa hora. — ela falou e eu senti vontade de rir, mas como ela disse, não é uma boa hora.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Não aconteceu nada. O que você quer? — ela falou sendo marrenta e enxugando as lágrimas com as costas da mão. Nem triste ela deixa de ser assim.

— Eu quero saber o que aconteceu pra você estar chorando.

— Nada que vá interessar você, agora já pode ir. — ela falou fechando a porta e eu segurei.

— Que saco, Julie! Se eu tô perguntando o que aconteceu, é porque me interessa! — falei sendo um pouco grosso e fiquei com medo de ela chorar mais.

Já estava quase desistindo e voltando para assistir ao jogo.

— Tá, entra. — ela fez pouco-caso, saiu e subiu as escadas, me deixando ali na porta.

 

Point Of View Julie.

Nem chorar em paz eu posso mais. Estava quieta no meu canto curtindo a minha tristeza sozinha, e ele vem me perturbar.

Quando cheguei no quarto, deitei na cama e logo em seguida ele chegou, se sentando em uma cadeira que tem uns ursinhos de pelúcia. Sim, ursinhos de pelúcia. Sou bem madura.

— O que você tem? — ele perguntou.

— Saudade. — falei olhando para o teto.

— Saudade? Pô, você me viu ontem! — ele falou rindo fraco e eu o olhei séria. — Tá, saudade de que? — ele percebeu que não teve graça.

— Califórnia. — falei e comecei chorar novamente.

— Para de chorar. — ele disse seco me olhando com certa arrogância enquanto girava devagar a cadeira para um lado e para o outro.

— Eu não sei o que você tá fazendo aqui.

Se era pra ficar sendo um babaca, era melhor não vir.

— Eu queria saber se tinha acontecido alguma coisa.

— Não aconteceu nada. Pode ir embora agora. — falei grossa.

— Eu não vou embora. — ele disse me olhando sério.

— Arthur, vai embora. — pedi educadamente enquanto ainda tinha paciência.

— Não.

Esse garoto me testa. Ele testa os limites da minha paciência, e consegue esgotar todos eles em questão de segundos.

— Arthur, vai embora! — gritei me levantando da cama e fui até a cadeira, ficando de frente para ele.

Ele levantou, ficando a centímetros do meu corpo.

— Eu não vou embora, Julie. Gritar comigo não vai adiantar nada. — ele disse me olhando, estava calmo mas alguma coisa em sua voz me fazia achar que estava me zombando.

Que péssima ideia abrir a porta para ele.

Me afastei.

— Sério, o que você tá fazendo aqui? Me deixa em paz! Eu não tô com tempo para as suas grosserias hoje! — gritei e comecei chorar, ali bem de frente para ele. Ele era a última pessoa no mundo para quem eu queria demonstrar alguma fraqueza, mas eu não fui capaz de conter a droga de umas lágrimas.

— Julie, não chora. — ele disse com a voz calma e me abraçou. Ele simplesmente me abraçou.

Tentei sair, mas seus braços me prendiam, então eu cedi entrelaçando meus braços em seu pescoço.

— Arthur, eu quero voltar. — falei com o rosto escondido em seu pescoço. — Eu quero a minha vida novamente. Não quero ir para uma nova escola, nem conhecer outras pessoas.

Ele me soltou e me olhou.

— Sua vida é aqui agora. Você tem eu e os meninos, não precisa conhecer mais ninguém. — ele disse simples e foi até a cama, se sentando lá. Deu uns tapinhas ao seu lado, indicando para que eu fosse, e assim eu fiz.

Ele muda tão rápido que não é fácil compreender. Eu tenho a sensação de sempre estar perdida quando estou ao seu lado. Ele causa uma baita confusão na minha cabeça! Arthur é uma caixinha de surpresas, sempre imprevisível. Eu nunca sei o que esperar, e sempre sou surpreendida de todas as formas.

— Quer que eu chame o Gabriel pra te ajudar? Eu não sou muito bom com conselhos.

— Não chama o Gabriel.

Eu sempre gostei de caixinhas de surpresas, sou muito curiosa e sempre quero ir até o final. Se é pra descobrir o que ele tem pra me oferecer, eu vou até o fim.

— Então vou lá embaixo buscar água pra você. Quer mais alguma coisa?

Ok, ele tem água pra me oferecer.

— Não, meu servo, pode ir. — falei e ele revirou os olhos.

Pouco tempo depois ele voltou, me entregou a água e se sentou na cadeira.

— Tira a bunda dos meus ursinhos! — esbravejei e ele riu, me fazendo rir junto.

— Você quer que eu fique deitado com você? É só pedir. — ele disse se gabando com aquele sorriso de canto.

— Quero só um pouquinho.

Ele veio até a cama e deitou na mesma posição de antes.

— Arthur?

— Fala. — ele estava brincando com os meus cabelos.

Pra quem só faltou sair no tapa, essa proximidade é assustadora. Há cerca de vinte minutos atrás, eu só queria que ele sumisse, e olha como estávamos agora.

— Eu tô um pouco brava com o Gabriel, não quero falar com ele.

— Não quer falar com o Gabriel… — ele fez uma pausa. — Ok, então vou ter que te animar, porque conselho não vai dar certo.

— Não precisa me animar, só fica aqui. — eu disse e ficamos um tempo em silêncio.

Eu não acreditava no que acabara de dizer, provavelmente nem ele acreditava. Pedi para ele ficar ali comigo, sem distância alguma um do outro. Sem distância alguma da pessoa que mais me faz passar raiva, mas que no momento só me passava tranquilidade.

— Julie, pega meu celular ali na mesinha.

— Ah, não! — falei manhosa. — Não vai ficar mexendo no celular!

— É rapidinho!

— Não.

— Eu preciso mandar mensagem pro meu pai. Vou avisar que estou aqui, chatinha.

Tirei meu peso de cima dele ficando sentada na cama.

— Vai lá. — falei e ele levantou rindo.

— Preguiçosa!

— Folgado.

— O que você disse? — ele perguntou arqueando uma sobrancelha, querendo que eu repetisse.

— Fol-ga-do! — falei fazendo pausas.

Ele jogou um ursinho em mim e pegou certeiro na minha cabeça, tentei não rir mas foi impossível.

— Eu sabia que você ia rir. — ele falou sorrindo.

— Idiota. — falei contendo a risada e fazendo uma cara emburrada.

Ele jogou outro ursinho.

— Para de fazer isso! — falei rindo. Que menino retardado!

— Não!

Ele veio pra cima de mim com um monte de ursinho e começou jogar em mim. Ele dava umas gargalhadas muito gostosas de ouvir e eu acabava rindo mais. Ele adivinhou meu ponto fraco: cócegas! Arthur me segurava e eu tentava me soltar, mas além de ele ser mais forte, eu estava completamente fraca de tanto dar risada.

Assustamos com o barulho da porta abrindo e ele me soltou, me fazendo cair. Comecei rir mais ainda enquanto estava jogada no chão, mas olhei para a porta e parei de rir ao perceber quem estava lá, Gabriel.

O que ele está fazendo aqui?!

Olhei para o Arthur enquanto ele se levantava da minha cama e eu me levantava do chão.

— Eu chamei ele. — Arthur falou sem jeito coçando a nuca.

— Oi. — Gabriel disse com um sorriso torto no rosto.

— Oi, Gabriel. — falei sorrindo.

Eu sou muito mole mesmo, bastou um sorriso e cadê a raiva?

— Eu vou embora, vou deixar vocês conversarem. — Arthur disse apressado me dando um beijo na bochecha e fez um toque de mão com o Gabriel. — Se der, mais tarde eu volto. — ele disse antes de passar pela porta e logo saiu.

— Ele me mandou mensagem falando que não sabe lidar com gente chorando, disse que você precisava da minha ajuda. O que aconteceu? — Gabriel perguntou preocupado assim que ficamos a sós e se sentou na minha cama.

Por acaso está escrito “Sente-se.” ali?

— Ele te mandou mensagem? — perguntei curiosa. Eu nem o vi mexer no celular.

— Ele falou “Cara, eu vim buscar água, não sei lidar com gente chorando, Julie precisa de ajuda.” — Gabriel imitou a voz do Arthur e eu ri.

Agora entendi a desculpa pra ir buscar água, era muita boa vontade do Arthur pra ser verdade.

— Agora pode me explicar essa história de voltar para a Alemanha? — pedi.

— Meus pais querem voltar, reunir a família novamente.

— Por que não me contou? — disse chateada.

— Você estava se adaptando aqui, se mostrava tão feliz, eu não quis estragar isso. Eu não sabia o momento certo de contar. — ele disse com sinceridade.

— O momento certo era mesmo do nada em uma festa cheia de pessoas. — disse irônica.

— Mas não fui eu, foi o Arthur!

— Ele contou porque você não fez isso antes.

— Tá defendendo ele, Julie? — ele fez uma cara maliciosa. — Eu vi como vocês estavam se dando bem quando eu cheguei.

— Não foi nada. Ele me viu chorando e veio até aqui.

— Sei. — ele disse como se não acreditasse. — Ótimo jeito de fazer alguém parar de chorar. O garoto é esperto!

— Cala a boca. — falei revirando os olhos.

— Não disse nada demais. — ele riu.

Descemos para que eu finalmente pudesse tomar o meu café da manhã, já que tinha ficado ocupada desde que acordei. Gabriel me contava sobre a viagem e sobre sua família. Contou que cresceu longe de quase todo mundo e que agora veria todos novamente, ele estava feliz por isso e eu fiquei feliz por ele.

— Julie, por que você e o Arthur ficam brigando? — ele perguntou enquanto eu lavava a louça.

— A gente não briga. — falei pensativa.

Era mais uns desentendimentos, a única vez que brigamos mesmo foi quando ele me arrastou pra fora da festa.

— E por que vocês não se gostam? — ele continuou.

Será que se eu falar que o nosso santo não bateu, ele considera uma resposta válida? Porque era exatamente isso. Não tínhamos um motivo, foi assim desde o início.

— Ele às vezes é muito chato.

— Ele disse que você é mimada. — Gabriel disse e eu o olhei rapidamente.

— O que?! — perguntei indignada. — E ele é um ogro! — Gabriel começou rir. — Tá rindo de que, hein?

— Só você pra xingar alguém de “ogro”.

Quem esse garoto acha que é pra falar que eu sou mimada?

Gabriel foi embora já era quase noite dizendo que tinha que encontrar seus pais, mas aposto que era para encontrar alguma peguete.

 

####

 

Acordei e meus pais já tinham saído de casa. Minha mãe deixou um bilhete na cozinha mandando eu arrumar o meu quarto antes que ela chegasse, que fofa.

Saí para ir comprar café, me recusava a fazer.

Durante o caminho, lembrei do dia em que conheci os meninos, nessa mesma rua. As coisas acontecem tão de repente que é difícil de acreditar. Eu cheguei aqui do nada e sentia como se já tivesse ganhado tudo.

Tomei meu café e segui de volta para minha casa.

Arthur estava saindo de casa quando eu estava chegando na rua, e claro, ele teve que vir até mim.

— E aí, Julie. — ele disse parando na minha frente no meio da rua. — Tá melhor?

— Estou sim. — sorri. Era estranho ver ele preocupado comigo. — Você disse que voltava lá em casa ontem e nem voltou, né? — falei lembrando.

— É que eu marquei uma coisa com alguém e não pude voltar. — ele disse com a mão na nuca.

A curiosidade me ganhou.

— O que? Com quem?

Droga, isso era invasão demais.

— Com uma garota… — ele disse um pouco receoso.

— O que? — perguntei novamente mas assim que falei já me toquei. — Deixa, não fala. — fiz com a mão como se fosse um sinal de “pare”.

— Eu disse que voltaria se desse, e não deu. — ele deu de ombros com um sorriso cínico.

— Estava bem ocupado, né.

— Muito ocupado!

Não acredito que ele não voltou por causa disso.

Idiota!

— E também o Gabriel ficou lá o dia todo. — ele fez uma careta.

— Não foi o dia todo. — Foi quase. — E mesmo assim, você não podia ir?

— Não. — ele disse simples.

Aquilo parecia tanto só uma desculpa esfarrapada.

Por que eu estava fazendo tanta questão que ele voltasse na minha casa???

— Tchau, Arthur. — desisti da conversa e passei por ele sem esperar por alguma resposta.

— Julie. — ele me chamou fazendo eu me virar.

— O que foi?

— Eu mandei mensagem pra ele porque achei que não ia saber lidar com você chorando, eu detesto gente chorando! Mas a gente começou se dar bem e eu fiquei feliz porque estava fazendo você se animar. Acabou que quando fui mandar mensagem pra ele dizendo que não precisava mais, a gente começou brincar e ele acabou chegando. — ele disse sem pausas me olhando sério.

— Não era pro seu pai? — perguntei confusa dando um passo à frente.

— Não. — ele disse olhando pro lado, e por algum motivo eu não estava acreditando nisso.

— Quase me convenceu. — falei sorrindo irônica e me virando mais uma vez pra sair.

— Eu fiquei tão bravo comigo mesmo! — eu já estava de costas para ele, mas ele insistia em falar.

— Por que ficou bravo, Arthur? — disse com impaciência.

— Porque eu sabia que se continuasse ali, você ia começar reagir diferente comigo! — ele disse alto. Ele se estressa tão fácil!

— Claro que não! — disse no mesmo tom e novamente de frente para ele.

— Então quer dizer que na frente do Gabriel, você ia continuar brincando comigo, ou até mesmo deitada comigo? — ele arqueou uma sobrancelha.

Minha conexão com o Gabriel é bem diferente da conexão que eu tenho com o Arthur, se é que temos uma. Um é tão diferente do outro e isso me complica tanto. Eu me dou bem com o Gabriel aonde estivermos, mas as únicas vezes que me dei bem com o Arthur, estávamos só eu e ele.

— Se você está tentando fazer eu me sentir culpada, saiba que não funcionou e nem vai funcionar. Você não voltou porque quis comer uma garota por aí, simples assim. — dei de ombros mostrando que aquilo não me afetava, mesmo que no momento isso fosse positivo. — Posso ir embora agora?

— Vai, Julie, vai. — ele passou a mão no rosto, impaciente.

Fui pra minha casa sem olhar para trás.

 

Point Of View Arthur.

— E também o Gabriel ficou lá o dia todo. — falei.

Eu tinha coisas mais importantes para fazer do que ficar consolando a Julie, sou péssimo em consolar as pessoas. Mas realmente não deu para voltar na casa dela. Só que ela não pode negar que ele estava lá o tempo inteiro, isso foi um motivo para eu não ir.

Gabriel e Julie tem muita intimidade, e obviamente eu ficaria igual um palhaço lá, só olhando os dois.

— Não foi o dia todo. E mesmo assim, você não podia ir?

— Não.

— Tchau, Arthur. — Julie disse do nada e passou por mim esbarrando de leve em meu braço.

Ela ia mesmo embora e me deixar aqui? Sim, ela ia.

— Julie. — chamei por impulso me virando para ela.

— O que foi? — ela se virou para mim perguntando com impaciência.

— Eu mandei mensagem pra ele porque achei que não ia saber lidar com você chorando, eu detesto gente chorando! Mas a gente começou se dar bem e eu fiquei feliz porque estava fazendo você se animar. Acabou que quando fui mandar mensagem pra ele dizendo que não precisava mais, a gente começou brincar e ele acabou chegando. — contei a verdade, que era algo que eu não queria fazer. Algumas verdades nos deixam vulneráveis.

— Não era pro seu pai? — ela perguntou desconfiada se aproximando.

— Não. — falei sem encará-la.

— Quase me convenceu. — ela sorriu e se virou para ir embora.

Por que ela não acredita em mim? É tão difícil assim?

— Eu fiquei tão bravo comigo mesmo! — continuei.

Nem eu entendo porque essa insistência toda. Era mais fácil eu deixar ela ir, e ir curtir a minha vida, mas eu simplesmente não conseguia.

— Por que ficou bravo, Arthur?

— Porque eu sabia que se continuasse ali, você ia começar reagir diferente comigo! — disse já irritado.

— Claro que não!

— Então quer dizer que na frente do Gabriel, você ia continuar brincando comigo, ou até mesmo deitada comigo?

— Se você está tentando fazer eu me sentir culpada, saiba que não funcionou e nem vai funcionar. Você não voltou porque quis comer uma garota por aí, simples assim. Posso ir embora agora?

Senti um choque passar por todo o meu corpo. Ela soou tão fria quanto eu.

— Vai, Julie, vai. — passei a mão no rosto sem nem olhar para ela.

Ela foi embora e eu fiquei parado no meio da rua sem saber o que fazer.

 

####

 

Point Of View Julie.

Estava deitada no sofá assistindo desenho –sim desenho, eu adoro– quando meus pais chegaram em casa. Olhei no relógio de parede e percebi que estava um pouco cedo demais para eles chegarem.

— Oi. — eles falaram quase juntos.

— Oi. — falei estranhando. — Por que chegaram cedo?

— Nós vamos sair. — meu pai falou.

— Oba! Vamos pra onde? — perguntei empolgada.

— Não, você vai ficar, sua mãe e eu que vamos.

— Oi? Como assim? Vão pra onde? — perguntei sem graça.

Levei um fora lindo agora.

— Vamos dormir fora. Só isso. — meu pai falou coçando a garganta.

— Aham. — falei rindo desconfiada.

Será que eles acham que me enganam com esse papo de que só vão dormir???

Eles subiram para arrumar algumas coisas e eu continuei no sofá. Pouco tempo depois eles desceram.

— Vai ficar bem sozinha? — minha mãe perguntou.

— Mãe, já sou bem grandinha. — sorri me convencendo, mas pra minha mãe eu ainda era um bebê. — E eu acho que vou chamar o Gabriel.

— Juízo, viu?!

— Juízo vocês! — falei rindo e ela revirou os olhos.

— Nos vemos só amanhã à noite. — meu pai falou e eu o olhei estranha. — Vamos dormir fora e de lá vamos para o trabalho, chegamos amanhã à noite. — ele disse como se fosse óbvio.

— Então ok. — falei risonha.

Meus pais nunca perderam a essência juvenil, e isso é lindo de ver. É como uma meta na minha vida encontrar alguém que esteja disposto a realizar qualquer loucura comigo independente de tempo, idade ou lugar.

Pensei em chamar o Arthur e o Gabriel para ficarem aqui comigo, mas pensei no que o Arthur me disse e acho que eu não ficaria a vontade com os dois.

Liguei para o Gabriel.

— Oi, Julie! — ele atendeu animado.

— Oi! — disse no mesmo tom. — Tá ocupado?

— Não, por quê?

— Dá pra vir aqui em casa?

— Dá. Aconteceu alguma coisa?

Gabriel sempre preocupado.

— Não, só é pra vir aqui mesmo. — ri fraco.

— Ok. Vou tomar banho e em 30 minutos estou aí.

Desligamos e eu continuei assistindo ao desenho.

Pouco tempo depois ele chegou e eu fui até a porta.

— Oi de novo! — ele disse me dando um beijo na bochecha e indo até o sofá, logo se esparramando e mudando o canal.

Que saco, meu desenho!

— Meus pais não vão dormir em casa hoje. — falei me sentando ao seu lado.

— Vão dormir aonde?

— Não sei, e eu não diria bem dormir… — falei rindo.

— Credo, Julie! — ele disse alto tampando o rosto com a mão. — Eu não quero imaginar seus pais fazendo isso! — ele disse assustado.

— Não falei nada, você que tá imaginando. — continuei rindo.

— E por que me chamou?

— Porque eu não quero ficar sozinha.

— Você enche meu saco, hein! — ele fingiu irritação.

— Não quer ficar? — arqueei uma sobrancelha. — Tudo bem, eu chamo o Arthur.

O que eu estava fazendo provocando ciúmes com o próprio amigo dele?

Gabriel fez uma cara zangada e prendia um sorriso.

— Chama lá, eu nem vou ligar.

Ameacei levantar do sofá e ele puxou meu braço, me fazendo cair ao seu lado de novo.

— Mentira! Não é pra chamar ele! — comecei rir.

Uma ideia surgiu de repente na minha cabeça.

— Gabriel, vamos fazer pizza?

— Não é mais fácil pedir uma? — ele disse olhando pra TV.

— Ah, não! Vamos fazer uma, por favor! — pedi praticamente igual criança e ele me olhou furioso, provavelmente porque não consegue dizer não.

Fomos até a cozinha e começamos pegar tudo o que poderia ser usado.

Gabriel procurava receitas na internet e ia me falando alguns ingredientes. Seguíamos a receita à risca para não dar nada errado.

— Me dá mais trigo. — pedi notando que faltava um pouco.

Ele estava de pé ao meu lado na mesa e todos os ingredientes estavam espalhados por ela.

Percebi uma demora e escutei um risinho fraco, então resolvi olhar e rapidamente ele assoprou trigo no meu rosto.

— Ai, meu olho! — falei levando uma mão ao rosto e fazendo uma cena, não tinha pegado no meu olho, mas se era pra brincar, vamos brincar! — Nossa, tá ardendo!

— Ai, merda! — Gabriel exclamou e se aproximou de mim, tentando levantar meu rosto. — Abre o olho, olha pra mim.

Tateei a mesa em busca do saco de farinha de trigo enquanto Gabriel se preocupava em tirar toda aquela farinha do meu rosto. Encontrei e enchi a mão, logo assoprando tudo nele. Passei a mão suja pelo seu cabelo e ele se afastou.

— Bobo, não pegou no meu olho.

— Isso foi jogo sujo! — ele piscava rápido diversas vezes tentando me enxergar.

Fui até ele e o ajudei tirar tudo aquilo.

— Ok, vamos terminar porque eu estou com fome. — disse e continuamos.

Terminamos de fazer e colocamos no forno. Enquanto assava, Gabriel lavou a louça e eu limpei a bagunça de farinha de trigo. Se minha mãe visse o estado da cozinha, certamente surtaria!

Foi um longo tempo de tortura esperando que a pizza terminasse de assar, mas finalmente estava pronta!

— Tem certeza que não colocou veneno, né? — Gabriel perguntou com um sorriso brincalhão no rosto.

Cortei um pedaço da pizza e o levei até a boca sem tirar os olhos de Gabriel. Torci muito para que estivesse muito boa e eu não fizesse alguma careta.

Expectativas alcançadas! Estava ótima.

— Acho que isso responde a sua pergunta. — sorri e ele comeu também.

 

####

 

Depois de perder quatro vezes seguidas para o Gabriel no baralho, eu já estava me sentindo derrotada.

— Você tá roubando!

— Você que não sabe jogar.

— Eu sei sim, mas você tá roubando.

— Ah é, você não sabe perder.

— Sei sim! — bati no ombro dele.

— Ah é? Quer brigar?! — ele perguntou vindo pra cima de mim e me jogando no chão.

— Não, não, não! — falei alto.

Perder no baralho e em lutinha ia ser demais para mim.

Ele segurou meus pulsos com uma mão e com a outra me fazia cócegas.

Por que logo cócegas???

— Para, Gabriel!

— Pede pra sair! — ele falou imitando o cara de Tropa de Elite.

Por que meninos são assim?!

— Nunca! — falei praticamente me debatendo. Não dá pra ser normal com cócegas.

Usei minhas pernas para afastá-lo e consegui me soltar. Sentei no chão para me recuperar.

— Tá achando que é fácil assim? — ele falou se jogando em mim de novo, mas dessa vez o impacto foi maior e eu bati a cabeça no chão, fazendo um barulho alto.

Senti minha cabeça latejando e virei para o lado com os olhos fechados

— Ai! — gemi baixo ainda sentindo latejar.

— Ai, meu Deus! Julie, desculpa! — ele falou assustado e começou passar a mão na minha cabeça como se quisesse fazer parar de doer. — Abre os olhos, não fica com os olhos fechados. Ainda tá doendo?

— Mais ou menos. — falei abrindo os olhos novamente e virei a cabeça para ele. — Ok, não foi tão forte assim.

Gabriel me olhava preocupado.

Ele parou de fazer carinho na minha cabeça e me olhou nos olhos. Só aí que percebemos o quanto a gente estava perto, e que ele estava em cima de mim apoiado no chão apenas pelo seu antebraço. Talvez a situação devesse ser um pouco constrangedora, mas o jeito que aqueles olhos castanhos me olhavam me fizeram ficar totalmente parada.

Com o pouco de noção que me restava, abri a boca para pedir para ele sair, mas ele juntou os lábios com os meus sem me deixar falar nada. Ele me beijou e foi aí que eu não pensei em nada mesmo, sentia apenas sua mão acariciando onde eu havia batido e o seu beijo calmo. Gabriel me passava calmaria em qualquer momento, mas esse em especial estava sendo o melhor. Ele abaixou mais e eu senti o peso de seu corpo sobre o meu. Minhas mãos brincavam com o cabelo loiro dele enquanto ele rapidamente tirou sua mão de minha cabeça e passou pela lateral do meu corpo, repousando a mão por alguns segundos em minha cintura, mas logo voltando para minha cabeça. Ele mordeu meu lábio inferior me fazendo sentir choques por todo o meu corpo, então eu retomei a consciência.

Parei o beijo e evitei olhá-lo. Pude sentir quando seu corpo se afastou do meu.

Me sentei no chão e o vi sentado com as costas apoiadas no sofá.

— Desculpa. — falei sem pensar.

— Você não tem que pedir desculpa por beijar alguém, Julie. — ele me olhou tranquilo e deu um sorriso fraco.

E ele tinha razão. Nem eu mesma sabia o motivo de ter pedido desculpa, mas não parecia certo beijá-lo, mesmo que isso fosse uma vontade de ambos.

— Ok.

— Eu vou embora, tá? Se eu ficar aqui, vou fazer de novo. — ele sorriu maldoso e eu não pude deixar de sorrir junto.

Ele se levantou e eu o acompanhei até a porta.

— Tchau. — ele me abraçou e me deu um beijo estalado na bochecha. — Vai ser estranho só te beijar na bochecha agora. — ele disse quase num sussurro no meu ouvido e eu senti meu corpo inteiro se arrepiar.

Agora eu sei porque as meninas que ficam com ele não largam do pé dele, agora eu sei porque elas não resistem!

— Gabriel… — falei num tom ameaçador tentando ter uma reação normal. — Tchau! — falei sorrindo e ele riu.

— Me liga se a dor não passar! — ele disse quando já estava na rua.

Só concordei com a cabeça e entrei novamente.

Arrumei a bagunça de baralho que tínhamos feito e fiquei um tempo parada olhando para o chão da sala.

Não é errado se não devemos nada a ninguém, né? Não é como se eu nunca tivesse imaginado isso, pelo contrário, desde o dia em que fomos na sorveteria, olhar aquela boca me causou algumas vontades. Só não imaginei que era uma vontade mútua.

Será que o Arthur me odiaria se soubesse disso?

Por que eu estava pensando no que o Arthur acharia disso? Ele não tem que achar nada, ponto.


Notas Finais


Vocês não acharam que eu ia deixar o Gabriel ir embora sem antes rolar um beijo, né?????????

Me contem o que acharam! Adoro ler o que vocês pensam sobre a história. ♥

Até o próximo, beijoooosxsxs!


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