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História One More Time - Three things, three kisses.


Escrita por: hellojnfpdgo

Notas do Autor


Oláaaa, meus amores! Como estão???
Dessa vez não vou me desculpar pela demora pois estou postando antes do que deveria, já que eu postaria esse capítulo só quarta-feira. Porémmmm, não aguentei a ansiedade e cá estou eu!
Bom, esse capítulo se resume em Julie e Arthur hahaha. O foco nos dois está grande! E como já viram o título do capítulo, coisa boa vai acontecer!

Boa leitura, espero que gostem! ♥

❁ Plágio é crime! Caso vejam alguma fanfic com conteúdo igual, por favor, denunciem. ❁

Capítulo 10 - Three things, three kisses.


“Mas eu não estou correndo de nada.” – Strong – One Direction

 

— Eu não acredito que vocês não se beijaram! — Laura praticamente gritou diante toda a cantina após eu ter contado sobre o jantar com o Arthur na noite anterior.

— É que fomos atrapalhados nas duas vezes! — me defendi.

— Não, é porque você é lerda mesmo. — ela disse revirando os olhos e eu me fingi de ofendida. — Dava um beijo nele de uma vez!

— Acho que não era a hora. — disse tentando convencê-la.

— Não era a hora?! — Laura perguntou num tom alto. — Querida, ele é Arthur Acker. Sempre é a hora.

Talvez o problema fosse comigo.

— Então ele estava me tratando apenas como amiga. — disse um pouco chateada.

— Até porque é bem normal quase beijar a amiga por duas vezes. — ela disse num tom irônico, rindo fraco. — Faço isso sempre!

— Querida, ele é Arthur Acker. Ele não tem amigas, e sim pretendentes. — imitei o que ela tinha dito.

— Então quer dizer que você é uma pretendente? — ela arqueou uma sobrancelha.

— Não, sou amiga dele. Não sou uma delas.

— Uma delas o que? — escutei a voz do Arthur atrás de mim e senti um gelo na espinha.

Todos os meninos se sentaram na mesa conosco.

Anthony sentou-se ao lado de Laura e a abraçou pela cintura. Laura sorriu da forma mais fofa que eu já tinha visto, e eu percebi o quanto ela gosta dele.

— Nada. — respondi.

— Vocês estavam falando de alguma coisa. — Arthur insistiu.

— Para de ser intrometido, era assunto meu e dela. — Laura falou e Arthur ficou irritado.

— Cara, podia ter ficado sem essa. — Matt disse dando uns tapinhas nas costas do Arthur.

— Galera! — Logan disse chamando nossa atenção. — É o seguinte: festinha na minha casa hoje!

— Logan, hoje é quinta-feira. — Anthony disse sendo óbvio.

— Ah, é verdade, né. — Logan coçou a cabeça, confuso. — Então vamos todos pra minha casa depois da escola!

— Fazer? — Arthur perguntou.

— Sei lá, só não quero ficar sozinho.

— Tá carente, Logan? — perguntei.

— Temos que arrumar uma garota pra você. — Arthur disse balançando a cabeça negativamente.

— Deixa disso! — Laura interveio. — Quero saber o que vamos fazer na sua casa, se for coisa chata eu nem vou.

Eu ri do jeito que Laura falou.

— A gente pode assistir algum filme, comer ou jogar alguma coisa. — Logan sugeriu.

— Comida é comigo mesmo! — Laura disse empolgada.

— Depois da escola a gente pode passar pra pegar umas pizzas. — Anthony sugeriu.

— Fechado! — disse e todos batemos as mãos do jeito mais desorganizado possível.

 

####

 

— Eu juro que se você e o Anthony ficarem se agarrando, eu vou dar dois tapas na cara de cada um! — falei para Laura fingindo braveza enquanto esperávamos os meninos no estacionamento da escola.

— Pode deixar, não vamos. — ela riu. — Ok, talvez um pouco. — e eu a fuzilei.

Os meninos chegaram e fomos em carros separados. Logan, Arthur e eu viemos direto para a casa de Logan, e os outros foram buscar pizza.

— E aí, vamos assistir a um filme? — Logan falou.

— Dessa vez não vai ser de terror, né? — perguntei enquanto me esparramava no sofá e via Arthur sorrir de canto, provavelmente lembrando que da última vez que vimos filme de terror, a culpa foi inteiramente dele.

— Vai querer filme de que? — Logan perguntou indo para a cozinha.

Arthur sentou no mesmo sofá que eu.

— Se eu escolher, vocês não vão gostar. — disse rindo.

— Espera os outros chegarem e a gente escolhe. — Logan gritou da cozinha.

Eu estava deitada no sofá e Arthur sentado daquele jeito todo largado praticamente nos meus pés. Não tínhamos comentado sobre a noite anterior, e eu não queria fazê-lo relembrar do que passou ontem, mas apesar de tudo, foi uma noite divertida no final.

— E ontem quando chegou em casa? — perguntei quebrando o silêncio, e fazendo ele me olhar.

— Ah, eu cheguei em casa e meus pais já estavam deitados, não conversei com eles.

— E eles vão querer conversar?

— Vão encher meu saco mais um pouco, daí eu vou explodir de novo e sair revoltado de casa. — ele riu debochado, uma risada tão fraca e pesada que doeu em mim.

Arthur percebeu meu silêncio e disfarçou um pouco, balançando a cabeça negativamente. Ele pegou meus pés e tirou meus tênis, depois os colocou sobre seu colo.

— A noite de ontem foi legal, não fica lembrando só da parte chata. — ele disse, fazendo minha mente repassar nossos dois quase beijos, nossa aproximação e todas as risadas que demos quando saímos daquele restaurante.

— O que aconteceu ontem à noite? — Logan chegou na sala me tirando das minhas lembranças.

— O que? — perguntei balançando a cabeça, não sabendo o que contar para ele.

— É, o que aconteceu? — ele confirmou enquanto se sentava no outro sofá.

— Nós saímos ontem… — Arthur começou um pouco atrapalhado.

— E quase fomos expulsos do estacionamento! — interrompi apressada.

Arthur concordou balançando a cabeça enquanto Logan tinha uma expressão confusa no rosto.

— Que estacionamento? — Logan perguntou.

— Do restaurante. — Arthur respondeu.

— Que restaurante?

— Que a gente foi ontem.

— Vocês saíram pra jantar? — ele perguntou surpreso.

— Sim.

— Não! — respondi um pouco alterada e os dois me olharam. — Quer dizer, a gente saiu, mas era coisa dos pais do Arthur.

Arthur riu e concordou.

— Ah, ta. — Logan disse me fazendo achar que o assunto tinha acabado. — E depois? — ele insistiu.

— Depois? — perguntei.

— Depois nós andamos… — Arthur tentou.

— Andamos até o McDonald's! — completei.

— Mas vocês não jantaram no restaurante?

Droga! Logan não deixou passar nenhum detalhe.

— Não, a gente ficou no estacionamento. — Arthur falou.

— Vocês ficaram? — Logan parecia que estava fazendo joguinhos psicológicos com a gente.

— Ficamos sentados, de estar mesmo, só isso, nada demais, nenhum outro tipo de ficar. — tentei explicar completamente nervosa e Arthur riu.

— A gente entrou no restaurante, saímos antes de comer, paramos no estacionamento e depois fomos para o McDonald’s. — Arthur disse batendo a mão nas minhas canelas, tentando cessar o assunto.

— Vocês fizeram uma confusão dessa pra nada. — Logan revirou os olhos e riu.

Arthur me olhou sorrindo e eu sorri também.

Sabíamos o motivo dessa confusão. Não era pelo jantar, nem pelo estacionamento ou pelo McDonald’s. Era por causa daqueles dois quase beijos que simplesmente fingimos não ter acontecido.

— Cheguei! — Laura gritou abrindo a porta, nos fazendo olhar para ela. — Nossa, quanta animação. — ela revirou os olhos. — Vamos tentar outra vez, galerinha!

Laura voltou para fora da casa e fechou a porta.

Abriu a porta e gritou:

— As pizzas chegaram!

— Ah, agora sim! — gritamos quase juntos e ela riu.

Depois de nos ajeitarmos na sala, estávamos decidindo o que fazer.

— Filme? — sugeri e todos negaram.

— Algum jogo? — Laura disse.

— Dominó. — Matt disse nos fazendo rir. — O que foi?

— Dominó parece jogo de velho. — Anthony disse.

— Dominó valendo uma peça de roupa pra quem perder! — Matt parecia ter tido a ideia perfeita.

— Como assim? — perguntei.

— Você nunca jogou assim? — Laura perguntou indignada.

— É assim, quem perder a rodada tira uma peça de roupa. — Arthur disse simples.

Eu já tinha jogado baralho com essas regras, e eu sou péssima em qualquer tipo de jogo!

Fiz mentalmente a conta de quantas peças de roupa eu tinha: uma calça, uma camiseta, meias, calcinha, sutiã. Eu tinha praticamente 4 chances de perder, contando com as duas meias e ignorando a possibilidade de ficar pelada.

— Vocês estão loucos??? — Logan quase gritou. — E se minha mãe chega e pega a gente pelado?

Eu e Laura rimos descontroladamente.

— Tá com medo de perder? — Matt perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Ninguém vai ficar pelado. — Anthony disse.

— Melhor não arriscar. — falei pensando na possibilidade da mãe do Logan chegar.

— É tão ruim assim, Watson? — Arthur se dirigiu a mim pelo meu sobrenome.

Como ele sabia o meu sobrenome???

— Cala a boca, eu não vou jogar.

— Então vamos apenas assistir a um filme, outro dia a gente joga. — Laura disse.

— Todos dentro? Ninguém vai pular fora? — Arthur perguntou mais para mim do que para o resto do pessoal.

— Todos dentro. — confirmei e ele sorriu de canto.

Estávamos assistindo Dezesseis Luas, enquanto todos os meninos reclamavam porque queriam filme de ação. Pelo menos a escolha foi da Laura.

 

####

 

— Acorda, Julie. — ouvi uma voz baixa me chamar. — Acorda! — e agora mais alto, quase gritando.

Abri os olhos e vi a cabeça do Arthur bem em cima da minha, eu estava deitada em seu colo.

— Ai, ogro! Não sabe acordar alguém, não? — empurrei a cabeça dele e me levantei sonolenta.

— Eu tô te chamando faz um tempão! Achei que tinha morrido no meu colo!

— Dramático. — revirei os olhos. — Cadê todo mundo?

— Foi embora.

— Como assim? — perguntei indignada.

— O filme acabou, você dormiu na metade. — ele explicou. — E você capotou no meu colo, eu tomei um susto!

Ri do jeito que ele falou.

— Ah, acordou a Bela Adormecida! — Logan disse descendo as escadas.

— Tá vendo? É assim que fala com alguém que acabou de acordar. — disse para o Arthur.

— Que viadagem. — ele fez uma careta. — Vamos embora?

— Vamos.

— Vão me deixar? — Logan perguntou triste.

— Que carência é essa, cara? — Arthur perguntou se levantando do sofá enquanto eu calçava meus tênis.

— Carência? Desconheço essa palavra.

Andávamos pelas ruas em silêncio, estava um fim de tarde bem bonito e o sol ia ser pôr em pouco tempo, talvez até antes de chegarmos em casa.

— Os meninos sabem sobre a insistência dos seus pais em colocar você no negócio deles? — perguntei olhando para o céu alaranjado.

— Gabriel e Logan são os que mais sabem, eu conto mais para eles.

Só dois dos amigos dele sabiam. Amigos que cresceram com ele. E agora eu, que tinha chegado há tão pouco tempo.

— E por que contou pra mim?

— Não sei. — ele suspirou. — Não sei mesmo.

Arthur não estava mentindo, ele realmente não sabia o motivo, e se ele não sabe, imagine eu.

Preferi não tocar mais no assunto.

Chegamos em frente a minha casa e ele continuou andando em direção a porta, parei sem entender.

— Não vai entrar? — ele perguntou sorrindo.

— Acho que você errou de casa. — apontei para a casa dele.

— Ah, qual é? Deixa eu passar mais um tempo com você.

— Quem vê assim até pensa que é um amor. — falei indo até a porta e a abrindo.

Meus pais ainda não tinham chegado.

Fui direto para a cozinha e abri a geladeira, pegando a jarra de suco. Arthur se sentou na banqueta.

— Julie? — ele me chamou enquanto eu bebia o suco.

— Oi.

— Do que você tem medo? — ele perguntou me fazendo travar.

Não sabia qual o sentido daquela pergunta.

— Como assim? — peguei os copos para lavar.

— Medo, ué. Do que você tem medo?

— Muitas coisas, e você? — falei pensativa.

Nossos medos vão de um a um milhão. Tenho medo do escuro, mas às vezes o escuro é o único que me tranquiliza. Tenho medo de palhaço, mas acho incrível quando me fazem rir. Tenho medo de perder quem amo, às vezes tenho medo do amor também. Todos dizem “vamos nos aventurar!” mas quem é que se joga de cabeça nessa aventura que é amar?

— Várias coisas também. — ele respondeu. — Me diz um medo seu, que não seja filme de terror. — ele riu e eu o olhei brava.

— Ah, não, Arthur.

Assumir um medo é muito para mim. Por mais que eu tenha vários, não quero deixar que me ganhem, não quero me sentir vulnerável por causa deles.

— Tem medo de arriscar. — ele disse me olhando enquanto eu guardava os copos no armário e ia até o balcão.

— Arriscar? — perguntei sem entender.

Arthur não hesitou nem um pouco quando ouviu a minha pergunta. Deu a volta no balcão e aproximou seu corpo do meu, colocando uma mão de cada lado do meu corpo, apoiando-se no balcão.

Já sentia minha respiração acelerar.

— Tem medo de querer também. — ele me encarava de uma forma intensa.

— Querer o que? — não permiti que minha voz falhasse, ia responder à altura.

Ele colocou uma mão em meu pescoço e parou na minha nuca.

Na nuca é sacanagem!

— Você me quer, e tem medo disso. — ele falou firme e eu senti minhas pernas ficarem bambas. Se isso fosse um jogo, estaria um a zero para ele.

— Não parece que sou eu que quero algo aqui.

Ele riu fraco.

— Você acha que eu não quero? — ele arqueou a sobrancelha. — Porra, Julie! Eu quero você desde a droga do momento em que eu te vi.

E agora sim, meu coração pulava.

Absorvi cada palavra e as repeti devagar em minha cabeça.

Mas o “jogo” ainda não tinha acabado.

— E quem foi que disse que eu te quero? — perguntei convicta, o olhando nos olhos e vendo a confusão aparente em seu rosto. Meu tom zombava um pouco de sua seriedade.

Arthur se aproximou devagar. E eu virei o rosto, tirando sua mão da minha nuca.

— Não foge, Julie.

— Não tô fugindo.

— Está sim.

— Não querer alguma coisa, não é fugir disso, Arthur. — sorri o provocando.

— Então você não quer? — ele se esforçou tanto para conseguir perguntar, que sua voz vacilou um pouco, mostrando certa fraqueza.

— Eu sei do que você tem medo. — disse firme.

— Fala. — ele me olhava sério.

— Você tem medo disso. Você tem medo de não estar no controle. Você não suporta ficar fora do controle. E deixa eu te falar uma coisa, — me aproximei de seu ouvido. — você não tem controle nenhum sobre mim.

E eu menti. Menti para ele. Menti para mim mesma.

Tinha a plena consciência do controle dele sobre mim, e por mais que eu lutasse, por mais que dissesse que não, eu estava ali, brigando com a minha própria razão, dizendo para mim mesma “Mantenha o controle!”, mas ele o tinha só de estar a centímetros do meu corpo, mesmo que não soubesse disso.

— É, tem razão, odeio estar fora do controle. — ele deu de ombros e se afastou. — Mas quer saber? Quem tem controle é TV, eu não ligo pra isso.

Então ele veio novamente, eliminando toda distância entre nós, abalando todas as minhas estruturas e marcando o placar de dez a zero. Ele segurou o meu rosto com as duas mãos e colou os lábios nos meus com certa intensidade.

Como eu sairia dali se todo o meu corpo pedia por isso?

Então escutamos o barulho da porta sendo destrancada, e pulamos pra longe um do outro.

— Filha? — minha mãe chamou quando abriu a porta.

— Oi, mãe! Tô aqui na cozinha.

Arthur não tirava sua atenção de mim e eu tentava ao máximo não olhar para ele.

— Oi, Arthur! — minha mãe o abraçou. — Vai ficar pra janta?

Ele ia responder e eu o interrompi.

— Ele já estava indo embora.

Arthur me olhou confuso.

— É, eu já estava de saída.

Ele veio até mim e nos atrapalhamos na maneira de se despedir, o que nos fez rir. Ele se despediu da minha mãe e saiu.

— Agora pode me contar o que aconteceu! — minha mãe me encarava ansiosa.

Sentei na cadeira e esperei minha respiração se controlar.

— Mãe, a gente quase se beijou! — falei alto. — Quer dizer, chegamos a dar um selinho, mas você chegou e a gente quase que teve um infarto.

Ela riu e eu continuei parada, com os braços apoiados na mesa.

— Droga, devia ter atrasado! — ela lamentou, mas logo ficou séria. — Espera! Vocês estavam sozinhos em casa! Devo me preocupar?

— Não. — falei rindo de sua reação.

Não fiquei pra janta, só queria subir e repensar nessa loucura toda.

“Eu quero você desde a droga do momento em que eu te vi.”

Seria possível me querer, mas, ainda assim, ser insuportável comigo? Ok, é apenas o jeito natural do Arthur, ele é insuportável mesmo. Mas por que falar isso agora? Dessa forma?

Arthur é uma incógnita, difícil decifrar o que se passa por sua cabeça ou o que o leva a agir de tal forma. É como se a cada dia eu tivesse mais o que descobrir sobre ele. E de certa forma, eu gosto desse mistério.

 

####

 

Já estava pronta para ir pra escola e peguei uma caixinha de suco na geladeira.

Saí de casa e segui em direção ao final da rua. Comecei escutar passos pesados atrás de mim e se aproximavam cada vez mais. Até que a pessoa pegou em meu braço.

— Não, moço, eu não tenho nada! — falei de olhos fechados e escutei aquela gargalhada gostosa.

Abri os olhos e vi Arthur ainda rindo e largando meu braço.

— Palhaço! Não faz mais isso.

— Bom dia. — ele disse tomando a caixinha de suco da minha mão.

— Ah, para! — resmunguei. — Você é muito folgado!

— Você é insuportavelmente chata e eu não estou reclamando. — ele sorriu colocando o canudinho na boca.

Não estava um clima estranho, não estava constrangedor, estava apenas o clima normal de dois melhores amigos indo para a escola em um dia normal.

Mas o meu coração acelerado certamente não era uma coisa normal.

Chegamos na escola brigando pelo resto do suco que tinha na caixinha, e como de costume, muitas meninas me fuzilavam.

— Odeio essas meninas nos olhando. — reclamei.

— Estão olhando pra mim, não pra você. — ele sorriu convencido.

— É, quem mandou você colecionar peguetes!

Arthur não respondeu, sabia que era verdade. E eu sabia que não queria ser uma dessas de sua coleção. O que aconteceu ontem, ou o que quase aconteceu, não poderia se repetir e nem se concretizar.

De sexta-feira, Arthur e eu tínhamos as duas primeiras aulas de filosofia juntos, então fomos direto para a sala.

 

####

 

Já haviam se passados quase todas as aulas, agora estávamos nas duas últimas, que eram de língua estrangeira. Anthony, Laura, Arthur e eu estávamos na mesma sala.

Sentei com Laura.

— Novidades. — disse prestando atenção nos meninos, que estavam um pouco longe de nós.

Laura olhou para onde eu olhava.

— Já sei sobre o que é. — ela riu. — Conta!

Contei tudo para Laura, cada palavra e cada ato do dia anterior com Arthur na cozinha. Ela me olhava boba e prestava atenção em tudo.

— Estou confusa em uma coisa. — ela disse com uma expressão engraçada.

— Diga.

— Por que caralhos você disse que não queria?! — ela falou um pouco exaltada.

Suspirei desanimada.

— Eu só não queria que ele achasse que eu sou uma dessas que ele pega quando quer.

— E aí ele te diz que te quer desde quando te viu. — ela concluiu. — Quando foi isso?

— Já faz dois meses.

E só então eu percebi há quanto tempo eu estou aqui! Faz dois meses que minha vida mudou completamente. E faz dois meses que o Arthur já fez eu ter cinquenta tipos de sentimentos diferentes por ele.

— Tudo isso?! — agora Laura gritou um pouquinho.

— Sim, mas no começo não nos dávamos muito bem. — lembrei. — Essa aproximação surgiu há pouco tempo.

— Olha, Julie, eu conheço o Arthur há anos, e posso te afirmar uma coisa: quando ele quer, ele consegue. Ele não vai parar em um selinho. E do jeito que estão, você vai ceder. — Laura disse com firmeza.

— O problema não é eu ceder, o problema é o que vem depois disso.

— Como assim?

— Você conhece ele. Ele pega e larga. — disse com certo desapontamento. — E eu já estou apegada a ele.

Laura me olhou triste e não falou mais nada.

Eu estava me sentindo vulnerável; vulnerável por gostar de alguém. Isso soa péssimo. Eu devia me sentir como nos filmes, em que a pessoa descobre um sentimento e se sente radiante. Eu queria me sentir assim. Mas gostar do Arthur tem sido complicado porque eu sei como ele é, e sei o quanto se sentir radiante por isso é ridículo, pois ele não vai me dar flores ou me beijar na chuva. E esse é o tipo de romance que eu quero pra minha vida! Mas olha por quem eu fui me apaixonar.

 

####

 

Estava esparramada na cama assistindo Supernatural, quando escutei meu celular tocar avisando que havia chegado uma mensagem.

Arthur: Kevin vai tocar em uma balada hoje. Vamos?

Julie: Estou assistindo Supernatural, e o episódio está muito bom!

Arthur: Eu sei que está.

Li a mensagem e olhei direto para a janela. Arthur estava sentado em sua cama, e agora sorria pra mim.

Julie: Me dá um bom motivo pra sair da minha cama e ir.

Arthur: Eu estarei lá.

Soltei uma gargalhada alta em direção à janela e o vi revirar os olhos.

Julie: Prefiro os irmãos Winchester.

Arthur: Esteja lá embaixo em quarenta minutos.

Olhei para a janela e ele sorria. Levantei da cama e fui até lá, logo fechando a cortina.

Estava indo em direção ao banheiro para tomar um banho, quando escutei novamente meu celular tocando.

Arthur: Ah, e quando for deixar a cortina aberta, vê se usa umas roupas mais compridas porque assim não dá!

Olhei para a minha roupa e eu estava de pijama! Droga.

Tomei banho e me arrumei. Coloquei uma roupa básica, sem muita frescura. Uma saia preta e um cropped.

Avisei os meus pais e saí de casa, logo vendo Arthur encostado em seu carro.

— Uau! — ele falou enquanto eu me aproximava. — Você está linda.

— Obrigada. — sorri. — Você também.

— Também estou linda? — ele riu e eu revirei os olhos.

— Claro.

Entramos no carro e partimos.

Algum tempo depois, ele estacionou o carro em uma rua um pouco parada.

— Chegamos.

— Oba! — comemorei.

— Vou te falar três coisas: — ele disse sério. — Primeiro, não bebe nada que te derem. Segundo, não fume.

— Arthur, eu já fui em baladas antes. — falei entediada, o interrompendo.

— Eu sei, é que sua babá foi embora, então tenho que falar.

Bufei.

— Terceiro e mais importante, não fique com ninguém. — ele falava apontando com o dedo, como se fosse autoritário, mas estava calmo e sorriu bobo antes de terminar. — A não ser que seja comigo, daí você pode.

— Três coisas também: — comecei. — Não vou beber nada que me derem. Eu não fumo. E a terceira eu não posso te garantir. — sorri e ele me fuzilou.

— Julie, eu estou falando sério!

— Eu também.

— Não vai ficar com ninguém?

— Vai sonhando. — falei abrindo a porta do carro e saí.

Arthur saiu do carro e ficou parado me olhando, enquanto eu estava na calçada o esperando.

— Vamos? — arqueei uma sobrancelha e não consegui deixar de sorrir vendo seu descontentamento.

Entramos na balada e eu olhei por todo o local, vendo pessoas dançando, bebendo, sorrindo e se divertindo.

— Você entendeu o que eu disse no carro? — Arthur falou no meu ouvido, me fazendo virar para ele.

— Você me disse três coisas, e eu já te disse minhas três coisas sobre aquilo. — respondi em seu ouvido e saí andando, me enfiando no meio das pessoas e o fazendo me perder de vista.

Estava na pista de dança, segurando um copo de alguma bebida e dançando com muitas pessoas ao meu redor. Pulávamos, curtíamos a batida de cada música e apenas aproveitávamos o momento.

Me juntei a um grupo de meninas quando uma música um pouco mais lenta começou. Dançávamos quase em sincronia e alguns caras nos olhavam, alguns de longe e outros um pouco mais de perto.

Quando olhei em volta e vi Arthur, segurando um copo de bebida e observando aquilo com certa raiva em seu rosto. Ele me encarava e eu apenas sorria.

Ergui meu copo para ele, como se pedisse um brinde, mas em vez de corresponder, ele riu balançando a cabeça negativamente, e veio em minha direção.

— Aproveitando a festa? — ele disse com o corpo próximo ao meu.

— Muito! — ri fraco.

— Só me diz pra que dançar desse jeito.

— Estou só dançando.

— Muitos caras estão te olhando.

— Como você estava.

— Mas você sabe o que eu quero.

— Me diz.

— Eu quero você.

E então minha respiração acelerou, meu corpo inteiro estremeceu e meu coração pulava descontroladamente.

O afastei com as mãos espalmadas em seu peito.

— Arthur, vai curtir a festa. — me forcei a dizer.

— Vem comigo. — ele pegou em minha mão, me tirando do meio daquele monte de pessoas.

Já estávamos um tanto longe da pista de dança, já tínhamos passado pelo bar, e por um momento eu achei que ele estava me levando para o banheiro, mas então ele parou e me encostou em uma parede. Me recusei a encará-lo, mas óbvio, ele não deixou. Pegou em meu queixo me fazendo olhar para ele.

— Vamos curtir a festa? — ele sorria da forma mais descarada que eu já tinha visto.

— Olha, eu estava curtindo até você ir falar comigo.

— A questão é essa, eu não quero mais falar.

E não foi como no dia anterior. Não teve aviso. Ele apenas colou nossos lábios com certa pressa enquanto colocava as mãos em meu rosto, dando firmeza ao beijo. Ele me beijava com intensidade, com desejo, e conseguia ao mesmo tempo parecer tão calmo e confiante do que estava fazendo.

Eu tenho total conhecimento de todos os meus sentimentos sobre ele. Sei com todas as minhas forças o quanto eu não quero ser mais uma, mas infelizmente, eu só sei disso quando ele está longe. Porque quando está por perto, ele consegue tirar toda e qualquer fração de racionalidade que eu tenho, e eu apenas sei o quanto eu desejo isso, o quanto eu quero senti-lo. E eu sei o quanto eu o queria assim.

Eu sabia o que aconteceria desde o momento em que ele me tirou do meio das pessoas, e eu escolhi ficar com ele. Toda ação tem uma consequência, e esse beijo, com certeza, me traria várias, mas eu não queria parar. Mesmo conhecendo o jeito típico do Arthur, mesmo me negando a aceitar o que eu sinto, mesmo não sendo recíproco e mesmo eu parecendo só mais uma menininha apaixonada por ele, eu não queria parar.

Suas mãos estavam firmes em minha cintura e eu mantinha as mãos em sua nuca, o trazendo para mim. Sabendo o que aconteceria mais para frente, eu só queria aproveitar esse momento, pois ele não se repetiria.

— E no final, você conseguiu as suas três coisas. — falei um pouco ofegante quando paramos o beijo.

— Consegui bem mais que isso.

Ele me beijou mais uma vez, não me deixando falar nada.

— Vamos embora? — pedi.

— Vamos.

Arthur pegou em minha mão e caminhamos até a saída da balada.

Enquanto Arthur dirigia, eu o olhava e apenas pensava no que tinha acontecido.

Ele parou o carro em um semáforo e me olhou, me fazendo ficar com vergonha, pois já estava o olhando. A luz vermelha batia em seu rosto, e seus olhos sempre me prendiam com seu brilho.

Ele me beijou mais uma vez, perdendo suas mãos por meus cabelos e sendo impaciente para tirá-los de meu rosto.

Um carro buzinou, nos fazendo rir e ver que o semáforo já estava verde.

Paramos em frente a minha casa e eu olhava pela janela.

E de repente, foi como se toda minha consciência tivesse sido retomada, o que me fez encarar a realidade. A triste realidade de que aquilo acabou ali. De que todo aquele turbilhão de sentimentos dentro de mim, tinham que se afastar porque o dia acabava ali, e junto com isso, nós também acabaríamos. Se é que tinha um “nós”.

— Isso foi errado. — disse encostando a cabeça no banco do carro e fechando os olhos. — Droga! Isso foi muito errado. — eu dizia mais para mim mesma do que para ele.

— Por que? — ele me olhava atento.

— Porque nós somos amigos.

— Eu sei.

— Então.

— Relaxa, Julie. — ele disse calmo. — Foi só essa vez, sei lá, calor do momento, agitação da festa. — ele explicou um tanto apressado. — Não vai se repetir.

E ele me confirmou o que eu já sabia. Ele não repete. Aquilo acabava ali.

Resolvi que não iria me arrepender, eu quis fazer e eu fiz. Por que me arrependeria? Ele não repete a garota, e eu não repito o mesmo erro, simples.

Me aproximei dele para me despedir e ele arriscou outro beijo, virei o rosto fazendo sua boca encostar na minha bochecha. Pude sentir seu sorriso e me afastei.

— Tchau. — sussurrei e saí do carro, caminhando rápido até a minha casa.


Notas Finais


MANO ASQKOIHSOQIH. Juro pra vocês que surtei sozinha quando li o capítulo pronto! HAHAHA

Achei legal o primeiro beijo deles ser em uma festa, pois o Arthur é o garoto das festas, das noitadas. Justo, né?

Minha parte preferida é a que os dois estão na cozinha, mesmo que não tenha rolado o tão esperado beijo.E a de vocês???

Comentem o que acharam, vou adorar saber!
Até o próximo, beijoooosxsx! ♥ ♥


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