Ryota caminhava lentamente pelos corredores intermináveis dos dormitórios. Suas mãos estavam nos bolsos, e seu olhar permanecia calmo e calculista. Ele não estava apenas vagando sem rumo—ele tinha um destino muito específico em mente.
O quarto de Kei Karuizawa.
Desde que ele entregou aquele Nintendo a ela, algo na energia da garota havia mudado. Ele percebeu isso em sua expressão, em seu comportamento, no modo como ela estava sempre segurando aquele aparelho com tanto cuidado.
A primeira vez que ele viu aquele brilho diferente nos olhos dela, já sabia o que estava acontecendo. E agora ele precisava verificar.
Parando diante da porta, ele bateu levemente.
Por um breve momento, silêncio. Então, a voz de Kei respondeu do outro lado:
— Pode entrar.
Ryota girou a maçaneta e entrou no quarto.
O que viu o fez parar por um instante.
O quarto dela havia mudado completamente.
Seus olhos percorreram o ambiente. Não era mais o dormitório padrão da escola. O espaço parecia maior, mais aberto. Mas o que realmente o chamou atenção foram as paredes.
Estavam cobertas de fotos.
Impressões de tela.
Registros retirados diretamente do Nintendo.
Eram todas imagens de uma única pessoa.
Ayanokouji Kiyotaka.
Kei Karuizawa havia transformado seu quarto em um santuário dedicado ao homem que amava.
Ryota piscou lentamente, processando aquilo.
O comportamento obsessivo dela não era inesperado, mas ver a prova física ali, na frente dele, adicionava um peso real à situação.
Kei estava sentada na cama, segurando o Nintendo como se fosse um tesouro. Um sorriso suave pairava em seus lábios enquanto seus dedos se moviam pela tela.
— O que você está fazendo? — Ryota perguntou, quebrando o silêncio.
Kei olhou para ele apenas por um momento antes de voltar os olhos para o aparelho, seu tom soando sonhador.
— Eu encontrei uma função secreta no Nintendo.
Ryota ficou em silêncio, esperando que ela continuasse.
— Ele me permite ver outras realidades.
Os olhos dele brilharam levemente com interesse.
— Outras realidades, hein?
Kei assentiu.
— E eu achei uma... — sua voz ficou mais baixa, e seu aperto no Nintendo se intensificou. — Onde estou casada com o Kiyotaka.
Havia uma doçura no jeito que ela disse isso, mas ao mesmo tempo, uma tristeza oculta.
— Não apenas casada... — ela continuou, sua voz trêmula. — Nós temos uma filha. Ele realmente me ama nessa realidade.
Ryota suspirou internamente.
— E você ficou vendo essa realidade esse tempo todo?
Kei sorriu levemente, mas não respondeu.
Isso já era uma resposta.
Ele deu um passo à frente e olhou diretamente para ela.
— Kei.
Ela ergueu o olhar.
— Eu vim aqui exatamente por isso.
Antes que ela pudesse perguntar, ele estalou os dedos.
No mesmo instante, um portal amarelo surgiu no meio do quarto.
A energia pulsante da fenda dimensional preenchia o ambiente, emitindo um brilho suave e chamativo.
Kei arregalou os olhos, surpresa.
— O que... é isso?
Ryota colocou as mãos nos bolsos e explicou calmamente:
— Esse portal leva você para uma realidade onde você está casada com o Kiyotaka. Onde ele ama você genuinamente. Onde vocês vivem juntos e constroem um futuro real.
O coração de Kei disparou.
Ela olhou para o portal, depois para Ryota, e então de volta para o portal.
— Está dizendo que... eu posso ir para lá?
— Sim — ele confirmou. — Mas há uma condição.
Kei sentiu um frio na espinha.
— Qual condição?
Ryota a encarou com seriedade.
— Se você atravessar esse portal, nunca mais poderá voltar.
O ar no quarto pareceu desaparecer.
Os dedos de Kei tremeram levemente ao segurarem o Nintendo.
— Nunca mais...?
— Você tomará o lugar da sua versão dessa realidade. Você será ela. Tudo o que aconteceu aqui, tudo o que você viveu nessa linha do tempo... será perdido para sempre.
Kei sentiu um nó na garganta.
Seus olhos estavam fixos no portal, mas sua mente estava em completo caos.
— Se eu for...
Ela hesitou.
— Eu estarei finalmente vivendo a vida que eu quero. Eu teria o Kiyotaka. Ele me amaria. Ele nunca me deixaria...
Seus olhos brilharam com uma esperança dolorosa.
Mas então, outra voz surgiu em sua mente.
"E se você ficar?"
Ela desviou o olhar do portal e olhou para Ryota.
— E se eu ficar?
Ele deu de ombros.
— Se ficar, continuará vendo essa realidade futura. Continuará assistindo a tudo, mesmo sabendo que pode ser doloroso.
Kei cerrou os punhos.
— Então eu vou sofrer?
— Não sei — Ryota respondeu honestamente. — Mas você continuará sendo quem é.
A garota mordeu os lábios, sua respiração irregular.
Ela se levantou lentamente da cama e deu um passo hesitante em direção ao portal.
Ela poderia atravessá-lo agora.

Ela poderia se livrar da incerteza.
Ela poderia, finalmente, viver em uma realidade onde Kiyotaka a amava.
— Eu...
Seus olhos tremiam.
Suas mãos suavam.
Então, ela parou.
E olhou para o Nintendo em suas mãos.
Ela pensou no Kiyotaka desta realidade.
No que ele significava para ela.
No que eles ainda poderiam viver.
Kei apertou os olhos e suspirou pesadamente.
Quando ela os abriu, sua decisão estava tomada.
Ela olhou para Ryota.
— Eu... preciso de tempo para pensar.
Ryota a encarou por alguns segundos antes de assentir.
— Você tem até o fim do intervalo.
Com isso, ele estalou os dedos mais uma vez e desapareceu, deixando Kei sozinha com seus pensamentos.
O portal amarelo continuava brilhando suavemente.
Convite ou tentação?
Kei não sabia.
Tudo o que sabia...
Era que seu coração estava em guerra consigo mesmo.
A atmosfera no quarto era tranquila, mas o silêncio era quase ensurdecedor para Ichika. Ela estava deitada de lado, apoiando a cabeça na mão enquanto observava Nanase, que, desde que entraram no quarto, permaneceu imóvel, encarando o teto com um olhar perdido.
Ichika conhecia sua amiga bem o suficiente para saber exatamente no que ela estava pensando. Ou melhor, em quem ela estava pensando.
Ela riu suavemente.
— Você tá parecendo um daqueles protagonistas de mangá shoujo, sabe? — Ichika brincou, sua voz carregando um tom divertido.
Nanase piscou e olhou para ela, surpresa pela interrupção repentina.
— O quê? — perguntou, franzindo a testa, como se estivesse tentando esconder algo.
Ichika riu de novo e balançou a cabeça.
— Você ficou nesse estado desde que saímos do teatro. Aposto que está remoendo cada palavra daquela futura Horikita-senpai, não é?
Nanase desviou o olhar rapidamente, suas bochechas corando levemente.
— N-Não é bem isso...
— Ah, claro que não — Ichika zombou, apoiando o rosto nas mãos e sorrindo ainda mais. — Você não está pensando no Ayanokouji-senpai e naquela conversa cheia de tensão emocional, certo?
A outra garota suspirou, claramente tentando manter a compostura. Mas Ichika percebeu algo a mais nos olhos de Nanase — não era apenas constrangimento, havia também um leve traço de irritação.
— ...É só que me incomoda um pouco a maneira como a Horikita-senpai do futuro está lidando com isso — Nanase admitiu, finalmente cedendo.
Ichika arqueou uma sobrancelha.
— Hmmm?
Nanase se sentou na cama, cruzando os braços, e olhou para Ichika com uma expressão um pouco mais séria.
— Muitas garotas dariam tudo para que o Ayanokouji-senpai dissesse algo assim para elas — ela murmurou, visivelmente irritada. — E, no entanto, a futura Horikita-senpai parece estar fugindo disso, como se não fosse algo precioso.
Ichika piscou algumas vezes antes de rir.
— Então você ficou irritada com isso — ela provocou.
— Não é irritação! — Nanase rapidamente negou, mas sua expressão mostrava o contrário. — Só... eu simplesmente não entendo. Se você tem alguém assim na sua vida, por que não aceitar logo?
Ichika sorriu calmamente, observando Nanase atentamente.
— Você fala isso como se não tivesse nenhum interesse no Ayanokouji-senpai — ela disse, seus olhos estreitando de forma brincalhona.
Nanase corou imediatamente.
— Eu nunca disse que tinha!
— Mas também nunca disse que não tem — Ichika continuou, se aproximando lentamente da amiga, um sorriso travesso nos lábios.
— Ei, para com isso! — Nanase tentou se afastar, mas Ichika foi mais rápida.
Antes que a garota percebesse, Ichika apertou sua cintura levemente, fazendo Nanase soltar um pequeno som de surpresa e se encolher na cama.
— I-Ichika! O que você está fazendo?!
Ichika riu enquanto a outra garota se afastava apressadamente.
— Só queria ver se você ainda estava viva. Você estava tão perdida nos seus pensamentos problemáticos que eu achei melhor te trazer de volta pra realidade.
Nanase respirou fundo, sua expressão emburrada enquanto tentava esconder o constrangimento.
— Você é irritante.
— Eu sou uma amiga preocupada — Ichika corrigiu, ainda sorrindo. — E também alguém que está se divertindo muito com suas reações.
Nanase bufou e cruzou os braços novamente, virando o rosto.
— De qualquer forma, não acho que seja algo tão simples — ela disse, voltando ao assunto. — A Horikita-senpai claramente tem sentimentos pelo Ayanokouji-senpai, mas parece ter medo de admitir. Como se estivesse tentando se convencer de que não sente nada.
Ichika suspirou e apoiou o queixo na mão.
— O que não faz sentido, né? Afinal, ela já dormiu com ele.
Nanase ficou ainda mais vermelha ao ouvir isso.
— P-Por que você tem que dizer isso tão diretamente?!
Ichika deu de ombros.
— Só estou dizendo a verdade. Acha que estou errada?
Nanase hesitou por um momento antes de soltar um suspiro pesado.
— Não... você está certa.
Ichika sorriu satisfeita e se espreguiçou na cama.
— Bom, eu não acho que seja impossível que ela perceba isso logo. Talvez essa exibição do futuro ajude a Horikita-senpai a entender seus próprios sentimentos.
Nanase ficou em silêncio por alguns segundos antes de murmurar:
— Mas será que ela não vai perceber tarde demais?
Ichika parou por um momento, refletindo sobre as palavras da amiga.
— Hm... é uma boa pergunta. Mas, se eu fosse apostar, diria que Ayanokouji-senpai não desistiria dela tão fácil.
Nanase suspirou.
— Talvez.
Ichika estreitou os olhos, percebendo que Nanase ainda parecia preocupada.
— Ei, Nanase... você realmente não está irritada só com a Horikita-senpai, né?
A outra garota a olhou surpresa.
— O que quer dizer?
Ichika sorriu maliciosamente e se aproximou novamente.
— Você está com ciúmes.
Nanase arregalou os olhos e rapidamente balançou a cabeça.
— E-Eu não estou com ciúmes!
Ichika riu da reação exagerada dela.
— Está sim. Mas tudo bem, é normal — ela disse, piscando. — Ayanokouji-senpai é... bem, Ayanokouji-senpai. Ele mexe com a cabeça de todo mundo sem nem perceber.
Nanase abriu a boca para protestar, mas, no final, apenas suspirou, derrotada.
— Eu só... odeio essa sensação de não entender exatamente o que estou sentindo — ela admitiu baixinho.
Ichika sorriu de forma mais suave dessa vez.
— Bem-vinda ao clube, então.
Nanase olhou para ela, surpresa com o tom mais sério de Ichika.
— Você também se sente assim?
Ichika deu de ombros.
— Quem não se sente? Estamos assistindo o futuro se desenrolar na nossa frente, vendo coisas que nunca imaginaríamos. Algumas coisas são engraçadas, outras são frustrantes... e algumas fazem a gente questionar tudo o que achava que sabia.
Nanase assentiu lentamente, compreendendo o que a amiga queria dizer.
— Mas quer saber? — Ichika continuou, sorrindo. — Acho que, no final das contas, isso é só mais um jogo. E eu adoro jogos.
Nanase sorriu suavemente.
— Então você está dizendo que vai continuar observando tudo como uma espectadora?
— Claro. Mas... — Ichika a olhou nos olhos — Se for necessário, eu também sei quando devo entrar no jogo.
Nanase piscou, surpresa pela resposta inesperada.
— Você realmente é impossível.
Ichika riu.
— Eu sei.
Elas ficaram em silêncio por alguns instantes antes de Nanase murmurar:
— Obrigada, Ichika.
Ichika piscou.
— Pelo quê?
— Por me tirar dos meus pensamentos problemáticos.
Ichika sorriu.
— De nada.
A noite continuou tranquila entre as duas, mas o que havia sido discutido naquela conversa permaneceria na mente de ambas. No final, talvez nenhuma delas soubesse exatamente o que queria... mas com o tempo, as respostas viriam.
(Pov Ryota.)
Ryota sorria calmamente enquanto observava as duas novas convidadas na sala de teatro. Chabashira Sae e Chie Hoshinomiya estavam ali, tentando processar tudo o que ele acabara de explicar.
Afinal, não era todo dia que um deus aparecia e dizia: "Ei, eu sequestrei você e seus alunos para verem o futuro."
A expressão séria de Chabashira contrastava com a animação visível nos olhos de Chie. O choque inicial já estava se dissipando, mas a incredulidade ainda estava estampada em seus rostos.
— Então... — Chabashira quebrou o silêncio, massageando a têmpora. — Você está me dizendo que nos trouxe aqui para ver o futuro do Ayanokouji?
— E o que mais? — Chie sorriu, inclinando-se um pouco para frente. — Coisas que vão nos deixar envergonhadas? Descobrir coisas inesperadas sobre nossos alunos?
Ryota acenou positivamente, mantendo seu sorriso tranquilo.
— Exatamente.
— Hmmm... — Chie colocou a mão no queixo. — E você também mencionou que pode ter algumas cenas... como posso dizer? Picantes?
— Sim — Ryota respondeu sem hesitar.
— Ah... — Chie levou um dedo aos lábios, fingindo pensar. — Eu quero ver.
Chabashira imediatamente virou a cabeça em sua direção, seu olhar frio e mortal.
— O quê?
— O que foi? — Chie sorriu, inocente.
— Você realmente quer assistir os seus próprios alunos em situações assim?! — Chabashira bufou, cruzando os braços. — Isso é inapropriado!
— Ah, qual é, Sae! Não é como se fosse algo tão ruim assim...
— É sim! — Chabashira exclamou antes de suspirar pesadamente. — Eu não quero ver nada disso.
Ryota observava a troca com divertimento enquanto Chie continuava insistindo.
— Vamos lá, Sae-chan! Se a gente já está aqui, qual o problema? Pode ser interessante ver como eles lidam com esse tipo de situação no futuro.
— Não! — Chabashira exclamou de novo.
— Sim! — Chie rebateu, sorrindo travessa.
— Não.
— Sim!
— Não!
— Sim, sim, sim!
Antes que a discussão infantil continuasse, Chabashira suspirou e deu um leve tapa na cabeça de Chie, que se encolheu, fazendo um biquinho.
— Você não tem vergonha, não?
— Nenhuma — Chie sorriu.
Chabashira fechou os olhos e suspirou profundamente, como se tentasse encontrar paciência no fundo da alma.
— Ryota, nos mande de volta. Eu não quero ver nada disso.
Chie rapidamente se virou para Ryota.
— Eu quero ver!
— Já disse que não!
— Eu já disse que sim!
O deus olhou para ambas e sorriu calmamente, sem parecer afetado pela discussão.
— Vocês não têm escolha.
O silêncio reinou por alguns segundos antes de Chabashira suspirar e massagear as têmporas de novo.
— Eu deveria ter esperado por isso...
Chie deu um pulinho animado.
— Yay!
Chabashira caminhou até uma das camas que Ryota havia preparado no teatro e simplesmente se jogou nela, deitando de barriga para cima e fechando os olhos.
— Eu desisto.
Chie, por outro lado, estava completamente animada.
— Então, Ryota-kun, conta pra gente! O que já aconteceu até agora?
Ryota, que estava ajustando as novas camas, olhou para ela e depois para Chabashira, que ainda estava deitada, mas claramente prestava atenção.
— Bom... os alunos já viram bastante coisa.
— Tipo? — Chie insistiu, seu olhar brilhando de curiosidade.
Ryota sorriu levemente antes de responder.
— Eles descobriram que, no futuro, Ayanokouji trai Kei com Horikita.
Chabashira arregalou os olhos e se sentou rapidamente na cama.
— O quê?!
Chie arregalou os olhos antes de levar uma mão à boca e sorrir.
— Uau... isso sim é uma reviravolta.
— Espere, espere, espera... — Chabashira franziu a testa. — Ayanokouji... traiu Karuizawa?
— Sim — Ryota confirmou, ainda sorrindo. — Eles tiveram relações e, no meio disso, Ayanokouji admitiu que nunca amou Kei.
Chabashira permaneceu em silêncio por um momento antes de suspirar.
— Isso é cruel...
— Pois é — Chie concordou, mas seu tom era mais curioso do que chocado.
Chabashira olhou para ela, claramente insatisfeita com a reação da amiga.
— Você não parece muito surpresa.
— Ah, eu estou, sim! Mas é mais... — Chie pensou por um momento. — Eu sempre achei que Ayanokouji era um mistério. Nunca dava para saber o que ele realmente sentia.
Chabashira suspirou.
— Isso ainda não explica por que ele faria isso...
— Talvez ele tenha um motivo — Chie sugeriu.
Ryota sorriu levemente, mas não respondeu. Ele apenas continuou organizando as camas.
Chabashira se encostou na parede, cruzando os braços.
— Isso explica por que o clima entre eles parecia estranho ultimamente...
— E o que mais aconteceu? — Chie perguntou, claramente querendo mais informações.
— Bom, Sudou voltou a amar Horikita no futuro.
— Hm? — Chie piscou. — Mas ele não já gostava dela?
— Sim, mas na sala de reação, ele já superou isso — Ryota explicou. — Ele não tem mais sentimentos românticos por ela. Isso foi resolvido aqui.
— Entendi... — Chabashira assentiu levemente.
— Então, o Sudou do futuro está apaixonado de novo, e Kei ainda não sabe que foi traída — Chie resumiu.
— Exatamente — Ryota confirmou.
Chie sorriu.
— Isso está ficando cada vez mais interessante.
— Eu diria perturbador — Chabashira corrigiu.
— Depende do ponto de vista — Chie brincou.
Ryota riu suavemente.
— Agora, no futuro, eles estão indo para um dia na piscina. Ayanokouji, Horikita, Sudou e Kei.
— Uma piscina? — Chabashira arqueou uma sobrancelha.
— Hmmm... isso pode ser bem interessante — Chie comentou com um sorrisinho.
Chabashira olhou para ela com desconfiança.
— Você realmente não tem vergonha na cara, né?
— Absolutamente nenhuma! — Chie disse animadamente.
Chabashira suspirou e balançou a cabeça.
— Isso vai ser um longo inferno...
— Ou uma experiência divertida! — Chie retrucou, sorrindo.
Ryota apenas observava as duas, satisfeito com suas reações. Logo, os alunos voltariam do intervalo, e a exibição do futuro continuaria.
E ele mal podia esperar para ver como todos reagiriam ao que estava por vir.
POV: Ichinose
O quarto improvisado na sala de teatro estava silencioso, com apenas duas garotas dentro dele. Ichinose Honami estava sentada na cama, segurando um travesseiro contra o peito e olhando para o teto. Seu sorriso habitual ainda estava ali, mas qualquer um que realmente a conhecesse saberia que estava forçado.
Ao seu lado, Mako Amikura, sua melhor amiga, sorria de maneira tranquila, observando a expressão da amiga com um olhar analítico. Ela conhecia Ichinose melhor do que ninguém, e sabia que, apesar de sua postura sempre positiva e radiante, ela estava incomodada com algo.
— Você está bem, Ichinose? — Mako perguntou diretamente, cortando o silêncio do quarto.
Ichinose piscou e rapidamente forçou um sorriso maior, virando-se para a amiga.
— Claro que sim! Por que eu não estaria?
Mako cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha, claramente não convencida.
— Honami... você realmente acha que consegue me enganar com esse sorriso falso?
Ichinose piscou algumas vezes, fingindo confusão.
— Sorriso falso? Do que você está falando, Mako-chan? Meu sorriso é 100% genuíno!
— Mentira.
— Não é mentira!
Mako estreitou os olhos, avaliando a amiga.
— Então me diz... como você realmente se sente sobre o que vimos do futuro do Ayanokouji?
O sorriso de Ichinose tremeu por um breve instante, mas ela rapidamente se recompôs.
— Ora, Mako-chan, não tem nada para se sentir mal. Esse é apenas um futuro possível, certo? Não significa que vá acontecer exatamente dessa forma, igual como você disse pra mim!
Mako suspirou, já esperando essa resposta.
— Honami, eu sei que você é um pouco obcecada no Ayanokouji. Você não precisa esconder isso de mim.
Ichinose congelou corada levemente antes de desviar o olhar.
— Eu...
— Você não precisa negar. Eu sei que você ama ele, independente do que ele tenha feito, das manipulações, das coisas ruins. Seu coração já foi completamente tomado por ele, e nada do que vimos no futuro vai mudar isso, certo?
Ichinose ficou em silêncio por alguns segundos antes de soltar um suspiro e encarar Mako. Dessa vez, ela não estava mais forçando um sorriso.
— Sim. Eu amo ele. E não importa o que aconteça, eu não vou mudar esse sentimento.
Mako sorriu suavemente.
— Você realmente é incrível, Ichinose.
Ichinose deu uma risada sem graça.
— "Incrível"? Eu sou só uma garota normal apaixonada por alguém complicado.
— E ainda assim, você não hesita. Mesmo vendo que no futuro ele trai a Karuizawa com a Horikita, mesmo sabendo que ele é manipulador e distante emocionalmente... você ainda ama ele.
Ichinose fechou os olhos por um momento antes de abrir um sorriso gentil.
— Sim. Porque eu sei que ele não é só isso. Eu sei que dentro dele, existe algo real. Ele não demonstra, não se abre, mas eu acredito que em algum momento... ele vai permitir que alguém o alcance de verdade.
Mako observou a amiga por um momento antes de rir.
— Você é realmente incrível, Ichinose. Eu já teria desistido no primeiro sinal de problema.
— Bem, eu não sou do tipo que desiste fácil.
Mako então sorriu de forma travessa.
— Bom... já que estamos falando de sentimentos, posso perguntar algo?
Ichinose piscou.
— Hã? Claro, o que foi?
Mako inclinou a cabeça e abriu um sorriso ainda mais travesso.
— Você já fantasiou sobre ele?
Ichinose piscou, confusa.
— "Fantasiou" sobre o quê?
— Ah, você sabe... aquelas fantasias bem... picantes.
O cérebro de Ichinose parou por um segundo antes de seu rosto explodir em vermelho vivo.
— M-MAKO-CHAN!!!
Mako começou a rir alto enquanto Ichinose pegava o travesseiro mais próximo e o tacava com toda a força no rosto da amiga.
— HAHAHAHA!
— C-COMO VOCÊ PODE PERGUNTAR ISSO TÃO NATURALMENTE?! — Ichinose exclamou, completamente envergonhada.
Mako, ainda rindo, desviou de mais um travesseiro enquanto Ichinose pegava outro para lançar nela.
— Ora, ora, olha só essa reação! Eu acertei na mosca, não foi?!
— CLARO QUE NÃO! — Ichinose gritou, jogando outro travesseiro, que Mako habilmente desviou.
— Relaxaaaa, eu só estou brincando... bem, pelo menos um pouco.
— Você é horrível!
Mako apenas riu, erguendo as mãos em rendição.
— Tá, tá, vou parar. Mas falando sério agora... o que você vai fazer em relação a isso?
Ichinose respirou fundo, acalmando-se antes de responder.
— Eu não posso fazer nada agora. Afinal, estamos presos aqui assistindo esses futuros alternativos. Mas quando sairmos... eu vou lutar pelo que eu quero.
Mako sorriu, orgulhosa.
— Essa é a Ichinose Honami que eu conheço.
Ichinose revirou os olhos, mas sorriu também.
— Agora, pode me fazer um favor?
Mako inclinou a cabeça.
— O quê?
Ichinose pegou um dos travesseiros restantes e lançou direto no rosto da amiga.
— PARA DE FALAR ESSES ASSUNTOS EMBARAÇOSOS!
Mako riu, aceitando o ataque de bom grado.
— Nunca!
E assim, as duas amigas continuaram conversando e rindo, enquanto Ichinose reafirmava para si mesma que seu amor por Ayanokouji não mudaria, não importava o que acontecesse.
POV: Ayanokouji
O corredor estava silencioso, com apenas o som suave dos passos ecoando pelas paredes infinitas que se estendiam para além do que os olhos poderiam ver. Ayanokouji caminhava calmamente, sua expressão sempre neutra, mas por dentro, sua mente estava analisando tudo ao seu redor como de costume. Ao seu lado, Suzune segurava suavemente sua mão, seus dedos entrelaçados nos dele.
Ela ainda mancava levemente, suas pernas tremendo de leve por causa do que tinham feito no quarto. Apesar da expressão emburrada no rosto dela, Ayanokouji conseguia notar como suas bochechas estavam coradas e como seus olhos evitavam encontrar os dele.
Ele sabia que ela estava envergonhada, mas também sabia que ela estava feliz. Era visível na maneira como ela apertava sua mão de tempos em tempos, como se quisesse garantir que ele ainda estava ali, ao seu lado.
— Você tá... me olhando demais, Kiyotaka. — Suzune murmurou, desviando o olhar enquanto fazia um leve beiço.
Ayanokouji sorriu de leve, aquele sorriso quase imperceptível que só quem o conhecia bem poderia notar.
— Estou apenas observando como você anda. Você está mancando... foi demais para você, Suzune?
O rosto dela ficou ainda mais vermelho, e ela apertou mais forte a mão dele.
— B-baka... você sabe que foi... foi a minha primeira vez... claro que eu ficaria assim...
Ayanokouji desviou o olhar para frente, seus olhos dourados analisando o corredor enquanto respondia calmamente.
— Você não parece arrependida.
Suzune abriu a boca para responder, mas rapidamente a fechou, mordendo o lábio inferior. Ela apertou ainda mais sua mão, e Ayanokouji sentiu o calor da palma dela contra a dele.
— ...Eu não tô arrependida. — Ela murmurou, sua voz quase um sussurro.
Ayanokouji sorriu internamente, satisfeito com a resposta.
— Isso é bom.
O silêncio se instalou entre eles por alguns instantes, apenas o som suave dos passos preenchendo o corredor.
Suzune olhou de relance para ele, suas bochechas ainda coradas.
— Você... gostou? — Ela perguntou, sua voz baixa e tímida.
Ayanokouji piscou lentamente, como se estivesse ponderando a pergunta, mas por dentro, ele sabia exatamente a resposta.
— Sim.
A resposta foi direta, sem rodeios, como sempre.
Suzune corou mais ainda, mas um pequeno sorriso apareceu no canto de seus lábios.
— Eu também... gostei... muito.
Ayanokouji olhou para ela de canto de olho, notando como ela apertava mais ainda sua mão, como se aquela pequena confissão tivesse exigido toda a coragem dela.
— Fico feliz em ouvir isso, Suzune.
Ela desviou o olhar rapidamente, corando mais ainda.
— Baka... para de falar essas coisas assim...
Ayanokouji apenas sorriu levemente e continuou andando.
Ele não sabia dizer ao certo o que estava sentindo. Aquela conexão que tinha surgido entre eles na noite anterior era algo completamente novo para ele. O calor do corpo dela, os sussurros tímidos, a maneira como ela se entregou a ele... tudo aquilo havia despertado algo dentro dele que ele nunca havia sentido antes.
Desejo.
Afeto.
Possessividade.
Era estranho. Ele nunca havia sentido essas emoções antes, nem mesmo com Kei. Ele gostava de Kei, sim, mas com Suzune... era diferente. Era mais intenso, mais profundo.
Ele olhou para a garota ao seu lado, vendo como ela mancava levemente, seu rosto corado, mas com um pequeno sorriso nos lábios.
Ela é minha.
O pensamento surgiu em sua mente antes que ele pudesse se conter.
Ele rapidamente afastou aquela linha de pensamento, voltando sua atenção para o corredor à frente.
— Ei, Kiyotaka... — Suzune chamou, sua voz suave.
— Hm?
— Você... você acha que a gente... vai conseguir esconder isso de todo mundo? Você sabe..o fato da gente ter feito....
Ayanokouji olhou para ela, vendo a preocupação em seus olhos negros.
— Se você quiser manter isso em segredo, então eu vou respeitar sua decisão.
Suzune mordeu o lábio, olhando para frente.
— É melhor assim... pelo menos por enquanto. Se descobrirem, vão começar a fazer perguntas, principalmente a Ichika... e eu não quero lidar com isso agora.
Ayanokouji assentiu calmamente.
— Como você quiser, Suzune. Isso é uma decisão sua.
Ela olhou para ele, surpresa por ele ter deixado tudo nas mãos dela.
— Você... não vai insistir?, tipo, pois isso incluiria manter o nosso relacionamento atual em segredo.
Ayanokouji apenas balançou a cabeça calmamente.
— Eu quero que você se sinta confortável. Se preferir manter isso em segredo, então é assim que vai ser.
Suzune corou mais ainda e desviou o olhar, mordendo o lábio suavemente.
— Obrigada, Kiyotaka...
Ele apenas apertou suavemente a mão dela como resposta.
Enquanto caminhavam, Ayanokouji percebeu como o corpo dela tremia de leve, provavelmente pelas dores e pelo cansaço acumulado.
Sem dizer uma palavra, ele soltou a mão dela e calmamente passou o braço por trás das costas dela, puxando-a suavemente para mais perto dele, apoiando-a contra seu corpo.
Suzune arregalou os olhos, surpresa, mas logo relaxou contra ele, seu rosto corando enquanto se apoiava nele.
— O-o que você tá fazendo...?
— Você está cansada, não está?
Ela corou mais ainda, desviando o olhar.
— T-tô... mas eu consigo andar sozinha...
— Eu sei que consegue. Mas não precisa se forçar, Suzune.
Ela mordeu o lábio suavemente, mas acabou se rendendo, se apoiando mais ainda contra ele.
Ayanokouji sentiu o cheiro suave do shampoo dela, misturado com o perfume natural de seu corpo. Era um cheiro agradável... viciante.
Enquanto caminhavam, ele notou como Suzune fechava os olhos por breves instantes, como se estivesse se permitindo relaxar por completo pela primeira vez em muito tempo.
Ele não disse nada, apenas continuou caminhando, segurando-a contra si.
Ela é minha, minha e completamente minha.
O pensamento voltou à sua mente, mais forte dessa vez.
Quando finalmente chegaram na porta do teatro, Suzune suspirou suavemente e se afastou dele, relutante.
— Obrigada, Kiyotaka...
Ele apenas acenou calmamente.
— Sempre que precisar, Suzune.
Ela corou novamente, mordendo o lábio antes de finalmente entrar na sala.
Ayanokouji a seguiu, seus olhos dourados fixos na garota à sua frente.
Ele sabia que aquele relacionamento era perigoso. Ele sabia que estava se entregando a algo que poderia mudar tudo para sempre.
Mas naquele momento... ele não se importava.
Suzune era sua.
E ele não iria deixar ninguém tirá-la dele.
Assim que Ayanokouji e Suzune abriram a porta do teatro, foram recebidos por uma visão completamente diferente do que lembravam. Antes, o local era apenas uma simples sala de teatro, com fileiras de cadeiras e uma grande tela para exibição. No entanto, agora o ambiente parecia algo muito mais luxuoso.
As cadeiras foram substituídas por camas largas e confortáveis, cada uma grande o suficiente para duas pessoas se deitarem lado a lado. Ao lado de cada cama, havia pequenos apoios para colocar bebidas e comidas, e algumas dessas comidas já estavam preparadas e dispostas ali, como se alguém tivesse planejado cuidadosamente a experiência.

Ayanokouji lançou um olhar atento para sua própria cama e notou um detalhe interessante. Ao seu lado, havia um sorvete. Já do lado de Suzune, havia uma seleção de doces japoneses, claramente escolhidos de acordo com o gosto pessoal de cada um.
— Esse Ryota realmente pensa em tudo... — Suzune murmurou ao seu lado, cruzando os braços enquanto olhava ao redor.
Ayanokouji apenas assentiu levemente. O propósito dessa mudança era óbvio. Com essas camas, ficaria mais fácil para as pessoas se deitarem e ficarem próximas umas das outras. Para alguém como Ryota, que parecia gostar de manipular as interações entre eles, essa nova configuração provavelmente tinha um propósito específico.
"Ele quer nos forçar a interagir de forma mais íntima?"
Era uma possibilidade. No entanto, Ayanokouji não se incomodava particularmente com isso. Já havia ficado mais do que próximo de Suzune recentemente.
Olhando ao redor, seus olhos dourados rapidamente encontraram duas figuras familiares. Chabashira Sae e Chie Hoshinomiya estavam deitadas em uma das camas próximas. A expressão no rosto de Chabashira era de puro desânimo, como se ela tivesse acabado de receber um diagnóstico terminal.
Já Chie, por outro lado, estava com um enorme sorriso no rosto, claramente se divertindo com a situação.
— Parece que temos novas convidadas. — Ayanokouji comentou casualmente, enquanto ele e Suzune começavam a se aproximar.
— Isso é inesperado. — Suzune murmurou, estreitando os olhos. — A última vez que estivemos aqui, só os alunos estavam presentes. Parece que o Ryota decidiu envolver os professores também.
Ao ouvir os passos deles, Chie foi a primeira a notar e imediatamente acenou animadamente.
— Ah! Ayanokouji-kun, Horikita-san! Finalmente chegaram!
Suzune estreitou os olhos para a professora, claramente incomodada com a maneira despreocupada com que ela os chamava.
— Professora Chie... o que exatamente você está fazendo aqui?
Antes que Chie pudesse responder, Chabashira soltou um longo suspiro e passou a mão no rosto, visivelmente exausta.
— Fomos trazidas aqui à força. — Ela respondeu, sua voz carregada de frustração. — Esse tal de Ryota apareceu do nada, explicou essa loucura toda sobre o futuro e nos arrastou para cá sem nos dar escolha.
Chie, por outro lado, riu suavemente e lançou um olhar divertido para a amiga.
— Vamos, Sae-chan. Não seja tão negativa. Não é todo dia que temos a oportunidade de ver o futuro dos nossos alunos! Eu, pessoalmente, estou bem animada.
Ayanokouji notou que Chabashira fechou os olhos e suspirou novamente, como se estivesse aceitando seu destino.
— Eu preferia não estar aqui... — Ela murmurou.
Chie sorriu de forma maliciosa e cutucou a amiga no braço.
— Ah, você diz isso agora, mas aposto que vai acabar se divertindo. Quem sabe não descobrimos algo interessante?
Chabashira apenas lançou um olhar mortal para Chie, deixando claro que não estava nem um pouco interessada em "descobrir algo interessante".
Ayanokouji observou a interação entre as duas com um olhar impassível antes de finalmente decidir perguntar:
— Então, vocês já assistiram alguma coisa?
Chabashira balançou a cabeça lentamente.
— Ainda não. Parece que estamos esperando todo mundo chegar antes de começar.
— Então ainda há tempo para nos prepararmos. — Suzune comentou ao lado de Ayanokouji, sua postura ainda um pouco rígida.
Ayanokouji percebeu que Suzune ainda estava se acostumando com a presença das professoras ali. Até então, apenas alunos estavam envolvidos nessa experiência, então era natural que a situação parecesse um pouco mais... desconfortável agora.
Por outro lado, Chie parecia estar se divertindo com tudo isso.
— Diga, Ayanokouji-kun... — Ela começou, com um sorriso travesso. — Ouvi dizer que as coisas ficaram bem... quentes no futuro.
Suzune ficou imediatamente vermelha e lançou um olhar cortante para a professora.
— O-O que você quer dizer com isso?!
Chie riu, balançando a cabeça.
— Ah, nada demais. Apenas rumores...
Ayanokouji percebeu que Chabashira fechou os olhos com força, claramente arrependida de estar ali.
— Por favor, apenas parem... — Ela murmurou, esfregando as têmporas como se tivesse uma dor de cabeça.
Suzune, ainda visivelmente envergonhada, cruzou os braços e se virou para Ayanokouji.
— Isso está ficando cada vez pior...
Ele apenas olhou para ela calmamente.
— Você queria manter segredo, certo? Então apenas mantenha a calma. Não reaja demais e eles não terão nada para suspeitar.
Suzune estreitou os olhos para ele.
— Fácil para você dizer. Você sempre age como se nada o afetasse.
Ayanokouji apenas inclinou a cabeça levemente, sem responder.
Chie, por outro lado, estava claramente aproveitando a tensão no ar.
— Ah, isso vai ser divertido. Eu mal posso esperar para ver que tipo de coisas interessantes aconteceram no futuro.
Chabashira olhou para ela com um olhar vazio.
— Eu posso.
Suzune suspirou pesadamente e olhou para Ayanokouji.
— Vamos pegar nossa cama antes que alguém tente sentar nela.
Ayanokouji assentiu e os dois se afastaram das professoras, indo em direção ao lugar que Ryota claramente havia preparado para eles.
Assim que se sentaram na cama, Suzune olhou de relance para Ayanokouji e depois desviou o olhar rapidamente, ainda corada.
— Eu não acredito que vamos assistir a isso deitados...
— Se te incomoda, você pode se sentar em vez de se deitar. — Ayanokouji respondeu calmamente.
Suzune mordeu o lábio, hesitando.
— Isso seria estranho... já que todo mundo vai estar deitado.
Ayanokouji apenas acenou levemente com a cabeça, concordando sem dizer nada.
Suzune suspirou e olhou para a tela na frente deles.
— Só espero que o Ryota não tenha planejado nada pior...
Ayanokouji apenas observou a tela silenciosamente, esperando que a exibição começasse.
Ele tinha a sensação de que as coisas estavam apenas começando a ficar mais complicadas.
POV: Ryota
O intervalo havia chegado ao fim, e Ryota observava com um sorriso os alunos retornando para a sala de exibição, um por um, enquanto suas reações eram exatamente o que ele esperava.
Assim que entraram, todos ficaram surpresos, alguns até boquiabertos, ao verem que as cadeiras haviam sido substituídas por camas confortáveis de casal, todas estrategicamente posicionadas para uma visão clara da tela gigante.
— Mas que diabos...? — Ishizaki foi o primeiro a falar, piscando várias vezes.
— Whoa, isso sim é um upgrade! — Hashimoto assobiou, olhando ao redor.
— Bem mais confortável que aquelas cadeiras. — Hiyori comentou calmamente, segurando seu livro, um livro dado a ela pelo Ryota.
Enquanto isso, Mako-chan sorriu radiante, segurando a mão de Ichinose antes de se jogar diretamente em uma das camas, como se estivesse num hotel de luxo.
— Ahhh, isso sim é vida! — Ela riu, se acomodando.
Ichinose, apesar de surpresa, riu junto, sentando-se ao lado da melhor amiga.
— Parece que escolhemos um bom lugar.
Ryuuen analisou a situação e riu, antes de se jogar despreocupadamente em uma das camas sozinho.
— Essa aqui é só minha. — Ele anunciou de forma autoritária, se espreguiçando como um rei em seu trono.
Isso fez com que Ishizaki e Albert se entreolhassem, claramente incomodados.
— Chefe, sério?! Vai mesmo fazer isso com a gente?! — Ishizaki reclamou.
— Problema de vocês. — Ryuuen riu.
Sem outra escolha, Ishizaki e Albert tiveram que dividir uma cama, algo que definitivamente não os agradava muito.
Ibuki sorriu satisfeita, pois isso significava que ela não precisaria dividir a cama com nenhum garoto.
— Pelo menos dessa vez a sorte está do meu lado.
Sakayanagi, por outro lado, manteve seu sorriso tranquilo, se sentando ao lado de Kamuro, que parecia estar praguejando mentalmente.
— Não acredito que vou ter que dividir espaço com essa loli demoníaca... — Kamuro resmungou.
— Se quiser pode procurar outra cama, mas não prometo que terá um lugar melhor. — Sakayanagi sorriu de maneira doce.
Kamuro soltou um longo suspiro, resignada com seu destino.
Já Hashimoto e Kitou rapidamente decidiram dividir uma cama, com Kitou aceitando a situação de maneira completamente indiferente, enquanto Hashimoto ainda parecia se acostumar com a ideia.
No lado oposto da sala, Ichika e Nanase entraram animadas, com Ichika segurando a mão da amiga, praticamente correndo até a cama mais próxima de Ayanokouji e Suzune.
— Aqui! Essa cama é nossa! — Ichika anunciou radiante.
Nanase, ainda um pouco vermelha, evitou encarar Ayanokouji diretamente, claramente lutando contra seus próprios pensamentos.
Kushida se aproximou com seu sorriso usual, sentando-se ao lado de Mii-chan, que parecia um pouco hesitante, mas acabou aceitando a companhia.
Já Sudou, por sua vez, estava claramente corado, tentando agir naturalmente enquanto conversava com Onodera, que se sentou ao lado dele de forma descontraída.
— Então... isso foi ideia do Ryota, né? — Onodera perguntou, olhando em volta.
— Óbvio. — Sudou sorriu, tentando disfarçar seu nervosismo.
No entanto, Ike olhava para Sudou como se ele tivesse cometido a pior traição da história da humanidade.
— Sério, Sudou?! Você escolheu sentar do lado de uma garota em vez de ficar com os amigos?!
Sudou engoliu em seco, sentindo a pressão do olhar acusador.
— Não é bem assim...! Eu só...
Antes que ele pudesse terminar, Shinohara apareceu por trás de Ike e puxou sua orelha.
— Menos drama, Ike.
— Aaaargh! Tá bom, tá bom!
Enquanto todos estavam se ajeitando, Ichika e Ryuuen finalmente notaram algo inusitado ao fundo da sala.
As professoras Chabashira e Hoshinomiya estavam lá, deitadas em uma das camas!
Ryuuen arqueou a sobrancelha com interesse.
— Olha só quem resolveu se juntar à festa...
Já Ichika abriu um sorriso animado, claramente achando divertida a ideia de tê-las ali.
— Isso é incrível! Agora até as professoras vão ver tudo junto com a gente! — Ela disse, entusiasmada.
Chabashira, no entanto, não parecia nada feliz com a situação. Ela estava deitada, olhando para o teto com uma expressão de total desânimo, como se estivesse aceitando seu destino cruel.
— Por que estou aqui...? — Ela murmurou para si mesma.
Ao lado dela, Chie Hoshinomiya estava sorridente e empolgada, claramente se divertindo.
— Acho que isso vai ser bem divertido!
Ryota riu baixo, satisfeito ao ver como todos estavam acomodados.
— Muito bem, pessoal. Agora que todos estão confortáveis...
Suzune, que já estava deitada ao lado de Ayanokouji, se virou para ele, ainda parecendo um pouco incomodada.
— Tem um pressentimento ruim sobre isso que vai ser mostrado?
Ayanokouji a encarou por alguns segundos antes de responder calmamente.
— Sim.
Ela soltou um suspiro, cruzando os braços.
— Bem, não temos escolha. Vamos apenas ver o que acontece.
Ryota, ainda sorrindo, se acomodou em seu próprio assento especial.
— Muito bem, então... vamos continuar a exibição.
Com um simples estalar de dedos, as luzes se apagaram, e a tela começou a brilhar, indicando que o próximo trecho do futuro estava prestes a ser revelado.
Ryota estava prestes a começar a exibição quando, de repente, a porta do teatro se abriu bruscamente.
Todos os olhares se voltaram imediatamente para a entrada, onde uma figura familiar apareceu: Kei Karuizawa.
Ela estava ligeiramente ofegante, como se tivesse corrido para chegar ali. Seu olhar era determinado, e sua expressão não deixava dúvidas de que havia tomado uma decisão importante.
Sato, que já estava acomodada em uma das camas, soltou um suspiro de alívio ao ver a amiga.
— Finalmente! Eu estava começando a me preocupar! — Sato exclamou, cruzando os braços.
Kei olhou para ela e deu um sorriso pequeno, mas sincero.
Ryota, do seu lugar especial, observou a cena com um olhar satisfeito. Ele sabia muito bem o peso da escolha que Kei havia feito.
Ela poderia ter fugido. Poderia ter escolhido uma realidade onde sua vida seria "perfeita", onde estaria casada com Kiyotaka e tendo uma filha com ele. Mas, no fim, ela decidiu encarar a verdade e permanecer aqui.
— Nada mal, Kei. Nada mal. — Ryota comentou baixinho para si mesmo, sorrindo de canto.
A atenção voltou para Ichika, que olhava para Kei com um sorriso provocador.
— Tá atrasada, hein? Se demorasse mais um pouco, a gente começava sem você.
Kei não respondeu de imediato, apenas a encarou com um olhar sério, mas ao mesmo tempo sorrindo suavemente.
Ichika, que geralmente não se intimidava facilmente, parou sua provocação no mesmo instante.
Nanase, ao lado dela, também percebeu algo estranho.
— Huh...? O que há com esse olhar? — Nanase murmurou para si mesma, intrigada.
Kei não parecia apenas determinada. Ela parecia... diferente.
Ichinose, que observava tudo em silêncio, franziu levemente as sobrancelhas. Kei sempre foi expressiva e emocional, mas agora... havia uma calma nela que não parecia natural.
Horikita, que estava sentada ao lado de Kiyotaka, também notou a diferença imediatamente.
Então, Kei começou a se mover.
Ela caminhou lentamente pelo teatro, parando diretamente em frente a Kiyotaka, que a encarava com sua expressão inalterável.
O silêncio pesado se instalou no ambiente.
Kei o olhou nos olhos, sua postura firme, sem hesitação.
E então, com uma voz suave, mas firme, ela falou as palavras que ninguém esperava ouvir naquele momento.
— Estou terminando com você, Kiyotaka.
O silêncio que já era pesado se tornou ensurdecedor.
Todos os alunos arregalaram os olhos, sem acreditar no que acabaram de ouvir.
— O QUE?! — Sato foi a primeira a reagir, praticamente gritando.
— Ehh?! — Ichika abriu um sorriso surpreso, mas genuinamente curiosa.
Ryuuen, que até então estava deitado relaxado na cama dele, levantou parcialmente o corpo, agora interessado de verdade.
— Hah?! Mas que merda de desenvolvimento é esse?! — Ele riu, incrédulo.
Ichika não conseguiu segurar a risada, concordando com ele.
— É sério isso?!
Enquanto todos ainda tentavam processar o que estava acontecendo, Kei continuou a falar, sem se abalar pelas reações.
— Depois de ver o futuro, entendi uma coisa... — Ela respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem para continuar. — Kiyotaka nunca me amou. E, provavelmente, nunca vai me amar.
Sato, que ainda estava em choque, negou com a cabeça, como se não quisesse aceitar.
— Kei... o que você tá dizendo? Você ama ele, não ama?
Kei fechou os olhos por um segundo, antes de abrir novamente e encarar Kiyotaka com um olhar tranquilo, mas resoluto.
— Sim, eu amo. — Ela admitiu sem hesitação. — Mas amar sozinha não é o suficiente.
Todos prenderam a respiração.
— Não faz sentido continuar um relacionamento assim. — Kei continuou. — É hora de nos soltarmos um do outro. Eu quero que você escolha alguém que você realmente ame. E eu também quero encontrar alguém que realmente me ame.
Ela sorriu suavemente, tirando o anel que usava e colocando-o calmamente na mão de Kiyotaka.
Ele olhou para o anel brevemente, depois para Kei. Sua expressão permaneceu neutra, mas havia algo em seus olhos que ninguém conseguia interpretar direito, orgulho ? .
Após alguns segundos, ele acenou lentamente, aceitando o anel de volta.
— Entendo.
Kei esperou alguma outra resposta dele, mas, como esperado, ele não diria mais nada.
Ela soltou um suspiro leve, antes de sorrir um pouco mais.
— Agradeça por pelo menos, não ter tomado outro tapa.
Isso finalmente arrancou uma pequena reação de Kiyotaka, que levantou uma sobrancelha, lembrando-se da última vez que Kei havia ficado furiosa com ele.
— Pelo visto, você realmente mudou.
— Mudei, sim. — Kei confirmou, cruzando os braços. — Esse tempo que tive para refletir me ajudou a ver muitas coisas.
Antes que a conversa pudesse se aprofundar ainda mais, Ryuuen perdeu a paciência e gritou, rindo incrédulo.
— Eu ainda não acredito que isso realmente aconteceu! Kei terminou com ele mesmo?!
Ichika riu mais ainda.
— Pois é! Esse cinema aqui tá cheio de reviravoltas que eu não esperava!
Kei apenas revirou os olhos, suspirando.
Ela então voltou a olhar para Kiyotaka e, dessa vez, seu tom foi um pouco mais gentil.
— Espero que possamos continuar amigos. Não agora, é claro, porque o clima vai ficar estranho...
Ela olhou de canto para Horikita, que permanecia em silêncio, observando tudo com uma expressão difícil de ler.
— ...mas um dia.
Então, num gesto simbólico, ela estendeu a mão para Kiyotaka.
— Prazer em conhecê-lo, Meu nome é Kei Karuizawa.
Ele olhou para a mão dela por alguns instantes antes de estender a própria mão e apertá-la calmamente.
— Ayanokouji Kiyotaka. O prazer é meu.
Após alguns segundos, Kei soltou a mão dele, respirou fundo e se virou para voltar ao seu lugar.
Ela caminhou até Sato, que ainda parecia completamente perdida com tudo aquilo, e se sentou ao lado dela.
Kei então olhou para Ryota e, com um tom confiante, anunciou:
— Pode começar a exibição.
O teatro inteiro ainda estava em silêncio.
Apenas Ryota, que já esperava um grande impacto desse momento, sorriu satisfeito antes de estalar os dedos, apagando as luzes.
E assim, a tela voltou a brilhar, sinalizando que o próximo trecho do futuro estava prestes a ser revelado.
E então, antes que a exibição começasse, Horikita se inclinou levemente para Kiyotaka, sussurrando em seu ouvido.
— Você realmente não sentiu nada por ela?
Ayanokouji permaneceu em silêncio por um momento e suspirou.
— Sentimentos são mais complicados do que eu esperava, tenho certeza que amor não era algo que sentia por ela
Horikita o observou por alguns instantes, depois soltou um suspiro baixo.
— Sei que você não vai admitir ou você mesmo não entender, mas... acho que parte de você se importava com ela, não no sentido romântico, mas como amigo mesmo.
Ele não respondeu, apenas manteve o olhar fixo na tela.
Horikita, com um pequeno sorriso, sussurrou mais uma coisa antes da tela começar a rodar o futuro novamente enquanto suavemente entrelaçou os dedos dele com os delas em baixo do coberto.
— Talvez você só esteja começando a entender o que significa amar e se importar com alguém, e eu vou te ajudar a isso Kiyotaka, pode ter certeza disso.
Ayanokouji suavemente apertou a mão dela em silêncio enquanto a tela começava a mostrar a continuação do futuro.
Capítulo 2 : Você é meu
Era domingo, e o sol nasceu sobre as cabeças dos alunos da ANHS, entre os quais um pequeno grupo de quatro estava indo em direção à piscina.
- "V-você está muito bonita, Suzune", Sudo elogiou a garota de cabelos negros.
A roupa de Horikita não mudou muito desde a última vez que saíram em grupo. A única diferença perceptível foi a cor da blusa, que era de um vermelho marcante que a fazia se destacar, mesmo em comparação com Kei, que estava vestida incrivelmente elegante. Com sua aura gyaru, Kei atraiu muitos olhares de alguns dos homens ao redor.
- "Obrigado, Sudou-kun", Horikita respondeu secamente.
A voz de Sudou ecoou pela sala de exibição, e no mesmo instante Ayanokouji estreitou os olhos levemente.
Ele analisou calmamente a tela, observando cada detalhe. Horikita realmente estava bonita naquela roupa, isso era um fato inegável. Mas o que incomodou Ayanokouji não foi a roupa em si, mas sim a forma como Sudou a olhava enquanto falava.
Horikita, que estava sentada ao seu lado na cama, notou a pequena mudança na expressão dele.
Um pequeno sorriso se formou nos lábios dela.
Ela gostava disso.
Aquela leve diferença no comportamento de Ayanokouji quando se tratava dela... essa atenção exclusiva que ele tinha para ela. Isso era algo novo, algo diferente de como ele era com os outros.
Ela se inclinou ligeiramente na cama, aproximando-se de Kiyotaka.
— Ficou incomodado, Kiyotaka? — Ela perguntou baixinho, sua voz carregando um tom divertido.
Ayanokouji desviou os olhos para ela, mas não respondeu imediatamente.
Horikita se divertiu ainda mais com o silêncio dele.
No outro canto da sala, Onodera suspirou.
Ela desviou o olhar da tela, sua expressão demonstrando um leve incômodo, mas não exatamente por Sudou ter elogiado Horikita.
Ela olhou para o lado, onde Sudou estava sentado. Seu rosto estava sério.
Muito sério.
Ele observava a tela com uma mistura de frustração e nojo, como se aquela versão dele na tela fosse um estranho que ele desprezava.
— Tsc... Patético. — Ele murmurou.
Onodera piscou, um pouco surpresa com o tom irritado dele.
— Você realmente está odiando esse cara, hein? — Ela comentou, um pequeno sorriso surgindo.
Sudou fez uma careta, cruzando os braços.
— Você acha que eu tenho motivo pra gostar? — Ele bufou. — Depois de tudo que essa versão minha fez no futuro? Primeiro ferrar com você, e logo em seguida já ir pra cima da Suzune como se nada tivesse acontecido? Essa merda é nojenta.
Onodera percebeu a raiva sincera na voz dele.
Ela não era uma pessoa que gostava de guardar rancor, mas sabia que Sudou realmente se importava com o que havia acontecido com ela naquele futuro.
E de alguma forma, isso a fez sorrir levemente.
— Bom, pelo menos você não é esse cara. — Ela disse, dando um tapinha no ombro dele.
Sudou suspirou, tentando relaxar, mas ainda lançava olhares feios para a tela.
— Aquela Suzune lá ainda foi muito gentil. Nem devia ter agradecido.
— Ela provavelmente só quis manter a educação. — Onodera deu de ombros.
Ayanokouji, que estava ouvindo a conversa ao lado, fez um leve aceno de cabeça, concordando silenciosamente com Sudou.
No outro lado da sala, Sato sorriu animada.
Ela virou-se para Kei, observando atentamente a garota ao seu lado.
— Kei, você está linda nessa cena! — Ela elogiou, referindo-se à versão da amiga na tela.
Kei, que assistia calmamente, sorriu levemente.
— Obrigada.
Sato estreitou os olhos levemente.
Ela havia percebido algo.
O sorriso da Kei não era mais aquele sorriso forçado. Não era aquele sorriso vazio, sujo de lágrimas que ela teve que ver tantas vezes antes.
Agora, Kei parecia mais leve.
Sato sorriu suavemente.
— Você parece melhor agora.
Kei olhou para a amiga por um instante, antes de soltar um pequeno riso.
— Talvez eu esteja.
Enquanto isso, no fundo da sala, as duas professoras tinham reações completamente opostas.
Chabashira soltou um longo suspiro, passando a mão na testa.
— Então eu realmente vou ter que assistir o futuro desses garotos? — Ela murmurou, sem esconder o cansaço na voz.
Chie, por outro lado, estava animada.
— Parece que vamos ver um dia na piscina! — Ela sorriu, claramente gostando da ideia.
Chabashira olhou para ela com descrença.
— Você está realmente empolgada com isso?
Chie apenas riu.
E enquanto todos na sala continuavam reagindo à cena, Horikita voltou a olhar para Kiyotaka ao seu lado.
Ela sussurrou mais uma vez para ele, seu tom de voz baixo o suficiente para que ninguém mais ouvisse.
— Fiquei bonita nessa roupa no futuro?
Ayanokouji desviou os olhos da tela para ela, seus olhos dourados encontrando os dela.
Ele não respondeu de imediato, apenas a observou por alguns instantes, como se estivesse analisando cada detalhe.
Então, finalmente falou.
— Sim.
Horikita sorriu suavemente.
Era um sorriso pequeno, mas carregado de algo genuíno.
Ela gostava desse lado dele.
—"Vou comprar então essa roupa quando a gente voltar pra nossa dimensão."—
E sem ela dizer mais nada, voltou a olhar para a tela, satisfeita.
Kei, sentindo uma pontada de ciúmes pelo elogio de Sudou a Horikita, olhou curiosamente para o garoto de cabelos castanhos e se aproximou um pouco demais dele.
- "E eu, Kiyotaka, como estou?" ela perguntou com um grande sorriso.
- "Você está muito bonita, Kei", elogiou o garoto.
Horikita ouviu isso e não conseguiu evitar sentir uma pontada de ciúmes, mas respirou fundo para evitar qualquer pensamento vingativo ou, pior, possessivo.
Ayanokouji, sentado ao lado de Horikita, manteve seu olhar neutro, sem demonstrar nenhuma emoção especial. Ele não se importava com aquilo. Kei não era mais sua namorada, então ver sua versão no futuro dizendo algo assim não afetava em nada seu estado emocional.
Mas o mesmo não podia ser dito de Horikita.
Ela revirou levemente os olhos, desviando o olhar da tela com um suspiro discreto.
Ela não gostou daquilo.
Da mesma forma que Kiyotaka não gostou de ver Sudou tentando chamar a atenção dela no futuro, Horikita também não gostava de ver Kei tentando a atenção de Ayanokouji.
Sem dizer uma palavra, ela sentiu um leve aperto em sua mão.
Kiyotaka entrelaçou seus dedos aos dela por debaixo do cobertor, apertando suavemente, como se estivesse sinalizando para que ela relaxasse.
Horikita olhou discretamente para ele, vendo que ele ainda mantinha a mesma expressão calma de sempre.
Ela suspirou baixinho, mas não soltou a mão dele.
— Isso vai ser estranho agora... — Kei murmurou ao ver a cena, cruzando os braços enquanto observava a tela. — Ficar vendo as ações da minha versão na tela, agora que não estou mais namorando com o Kiyotaka.
Ichika, sentada em sua cama, revirou os olhos dramaticamente e soltou um suspiro teatral.
— Você acabou com a graça, Kei! — Ela disse, fingindo estar decepcionada. — Agora como eu vou te provocar dizendo que você é corna se você nem tá mais com ele?!
Kei deu de ombros, sem demonstrar qualquer arrependimento.
— Problema seu. — Ela disse simplesmente. — Se sente falta de provocar alguém, tenta outra pessoa.
Ichika sorriu de canto.
— Acha mesmo que eu não tenho outras vítimas na mira?
Kei apenas balançou a cabeça, rindo um pouco.
Enquanto isso, Ichinose estava visivelmente mais tranquila.
Ela já não se sentia tão pressionada.
Agora que Kei estava oficialmente fora da "competição", só sobrava uma adversária.
Horikita Suzune.
Ichinose olhou discretamente para ela, que ainda estava de mãos dadas com Ayanokouji, mesmo que tentassem esconder isso debaixo do cobertor.
Não será fácil... Mas pelo menos agora há um caminho.
Do outro lado da sala, Hiyori escrevia calmamente em seu caderno, um pequeno sorriso nos lábios.
Ryota havia dado aquele caderno para ela, pedindo para que anotasse algo específico.
Ninguém sabia exatamente o que ela estava escrevendo, mas ela parecia se divertir enquanto fazia isso.
Ryuen, sentado mais atrás, soltou uma risada debochada ao ouvir a reclamação de Ichika.
Ele se inclinou um pouco para frente, apoiando o queixo na mão, enquanto olhava diretamente para Ayanokouji.
— Realmente, vocês dois estragaram a graça de ver esse futuro. — Ele comentou, claramente se divertindo com a situação.
Ayanokouji, como sempre, não demonstrou reação alguma.
Ele apenas deu de ombros, respondendo calmamente:
— Não me importo com o que você pensa, Ryuen. A vida é minha, e eu decido o que quero fazer.
Ryuen sorriu ainda mais.
— Exatamente a resposta que eu esperava.
Enquanto isso, as duas professoras tinham reações bem diferentes.
Chabashira soltou um longo suspiro, passando a mão no rosto.
— Por enquanto, isso ainda está normal... — Ela murmurou, esperando que as coisas não saíssem de controle.
Mas no fundo, ela sabia que era só uma questão de tempo.
Chie, por outro lado, estava deitada na cama ao lado da Chabashira, observando atentamente a tela.
Até agora, nada realmente a havia chamado atenção.
Até que...
Seus olhos se arregalaram levemente quando a câmera focou no abdômen de Ayanokouji na tela.
— Oh... — Ela murmurou, claramente impressionada.
No mesmo instante, sentiu um tapa forte na cabeça.
PAF!
— AI!
Chabashira olhava para ela com uma expressão irritada.
— Você ousa olhar assim para o meu aluno favorito?! — Ela resmungou.
Chie massageou a cabeça, ainda sorrindo.
— Não tenho culpa se o garoto tá em boa forma.
Chabashira apenas bufou, cruzando os braços.
— Mantenha os olhos na parte educacional disso, por favor.
Chie apenas riu.
Enquanto a confusão continuava ao redor, Horikita voltou a sussurrar para Ayanokouji.
— Fiquei incomodada. — Ela confessou baixinho.
Ayanokouji apertou levemente a mão dela, sem desviar o olhar da tela.
— Eu sei.
Horikita olhou para ele, vendo que ele não parecia incomodado com Kei, mas...
Ele definitivamente não gostou do elogio de Sudou para ela.
Ela sorriu levemente.
— Acho que estamos empatados então.
Ayanokouji desviou os olhos para ela brevemente, antes de voltar para a tela.
— Acho que sim.
Horikita segurou o riso.
Mesmo sem dizer muito, ela entendia perfeitamente o que Kiyotaka sentia.
E isso era o suficiente para deixá-la satisfeita.
Kei sorriu calorosamente para Kiyotaka e, apesar de sua falta de tato e experiência em dar elogios, ele conseguiu agradar sua namorada, algo que a loira apreciou.
A piscina que eles visitaram era enorme. Não só tinha piscinas diferentes para os muitos alunos que frequentavam nos fins de semana, mas também um pequeno centro esportivo próximo às atrações aquáticas, com inúmeras quadras de basquete e futebol.
Logo após entrar nas instalações, cada pessoa caminhou até seus respectivos vestiários. Inevitavelmente, haveria uma conversa desconfortável em cada cenário. Suzune com Kei... e Sudou com Ayanokōji.
Assim que a nova imagem surgiu, os olhos de todos se voltaram para a tela, prontos para mais um momento desconfortável.
Na tela, Kei sorria calorosamente para Ayanokouji, satisfeita com o elogio que recebeu dele.
— Hah! Até que ele sabe como agradar a namorada! — Riu Ryuen, se divertindo com a cena.
Ichika, ao lado dele, também não perdeu tempo em provocar.
— Sim, sim! Esse Kiyotaka aí pode até ser sem tato, mas pelo menos sabe elogiar a namorada.
Ela olhou diretamente para o Ayanokouji no presente e sorriu de canto.
— Isso é um progresso, hein?
Ayanokouji ignorou a provocação como sempre, mantendo sua expressão calma e observando a cena sem qualquer emoção aparente.
Enquanto isso, a tela mostrou a grande piscina do colégio, um local enorme, cheio de piscinas diferentes para acomodar os alunos nos fins de semana. Além disso, havia um centro esportivo com quadras de basquete e futebol.
A visão do lugar fez Sudou se inclinar para frente, seus olhos brilhando um pouco.
— Porra... — Ele murmurou. — Esse lugar é foda! Se eu soubesse que tinha uma estrutura dessas, eu teria ido mais vezes.
Onodera, sentada ao lado dele, sorriu levemente.
— Não me lembro de ter te visto nadando lá, Sudou.
— Eu nem ia! — Ele resmungou. — Não gosto muito de piscina, prefiro ficar na quadra.
— Hah, que desperdício. — Ichika comentou, ainda sorrindo. — Seria engraçado te ver todo desajeitado na água.
Sudou olhou feio para ela.
— E eu sou o quê, um saco de batata?
— Às vezes parece.
Ryuen deu uma gargalhada, enquanto Ichika apenas sorria satisfeita.
—"Talvez possamos ir juntos na natação, vai que você acaba gostando ?"— Onodera falou sorrindo sussurrando pro Sudou que corou suavemente.
—"Sim, acho que vai ser bom ir junto com você então."— Sudou falou sorrindo suavemente corsdo olhando pra Onodera.
Enquanto isso, a cena na tela mudou, mostrando cada um indo para seus respectivos vestiários.
E então...
A frase apareceu na narração.
> Inevitavelmente, haveria uma conversa desconfortável em cada cenário.
Suzune com Kei... e Sudou com Ayanokouji.
O teatro ficou em silêncio por alguns segundos.
Até que...
— PFFFFF HAHAHAHAHAHAHAHA!
Ryuen não conseguiu segurar e caiu na risada, batendo no braço da cadeira.
— Isso é perfeito!!!
Ichika, ao lado dele, também não segurou o riso e levou uma mão ao rosto.
— Que situação absurda! A corna no futuro sozinha com a amante do namorado, e o cara que quer roubar a amante dele trancado no mesmo vestiário com o cara que tá traindo!
Ela chorava de rir, completamente satisfeita com a confusão que esse futuro estava criando.
Kei revirou os olhos e cruzou os braços calmamente olhando pra Ichika.
— Se eu sou só corna nesse futuro, então já não tem mais graça, né? Eu terminei agora, então tecnicamente esse futuro nem existe mais.
Ichika secou uma lágrima de tanto rir.
— Ah, não tenta se livrar não, loira! A graça desse futuro é justamente o caos!
— Pois eu acho um saco.
Enquanto isso, Horikita suspirou pesadamente.
— Eu já posso imaginar o nível da conversa...
Ela olhou de relance para Kei, que apenas arqueou uma sobrancelha.
— Ah, relaxa, Horikita. Eu não vou te morder, nem te bater, eu acho
— Hm.
Do outro lado da sala, Sudou parecia... irritado.
Ele olhava para a tela com uma expressão fechada.
— Eu não acredito que essa merda vai acontecer no futuro... — Ele resmungou. — Que ódio dessa minha versão.
Onodera percebeu a expressão dele e tocou seu ombro de leve.
— Você sabe que não é você de verdade, né?
Sudou bufou.
— Eu sei... mas não significa que eu tenho que gostar dele, quer dizer eu, ahh você entendeu.
A Onodera soltou um pequeno riso.
Ayanokouji, por outro lado, continuava calmo, mas seus olhos observavam atentamente a tela.
Mesmo ele sabia que essa conversa nos vestiários seria... no mínimo, desconfortável.
Horikita, ao lado dele, sussurrou para ele, baixinho o suficiente para que ninguém mais ouvisse.
— Não gosto disso.
Ele desviou os olhos da tela e a olhou de canto.
— Do quê?
Ela respirou fundo, seus olhos demonstrando um leve incômodo.
— Dessas conversas. De como as coisas parecem se complicar tanto nesse futuro, eu realmente não gostei dele.
Kiyotaka entrelaçou os dedos com os dela debaixo do cobertor e apertou suavemente.
— Futuro nenhum pode mudar o nosso presente agora, Suzune
Ela o olhou por um segundo antes de suspirar e sorrir suavemente.
— "Sim, você está certo Kiyotaka."—
- "Parece que seu relacionamento com Kiyotaka-kun está indo muito bem", disse Suzune sem olhar para a loira.
- "Ki-Kiyotaka?!" a loira ficou surpresa. - "Desde quando você o chama pelo primeiro nome?" ela perguntou, surpresa.
- "Já faz algum tempo. Isso é incomum?"
- "Não, mas... eu não esperava. E sim, meu relacionamento com Kiyotaka está indo maravilhosamente bem", disse a loira, abrindo um grande sorriso.
- "Eu vejo..."
Kei arregalou os olhos e bufou, cruzando os braços.
— Tá brincando, né? "Maravilhosamente bem"? Que mentira mal contada!
Ryuen não conseguiu segurar uma risada alta.
— Pffft, sério! Essa sua versão do futuro tá tentando se enganar.
Ichika concordou, rindo também.
— Dá pra ver de longe que isso aí é puro fingimento. Se estivesse tão bem, ela não teria dado esse sorriso todo forçado.
Kei franziu ainda mais a testa e olhou para Sato ao seu lado.
— Eu mentia tão mal assim?
Sato olhou para ela, segurando um riso, mas no final acabou soltando um sorriso suave.
— Hmm... um pouco, sim.
Kei suspirou profundamente, afundando-se na cadeira.
— Que vergonha...
Sato riu e deu um tapinha no ombro da amiga.
— Ei, pelo menos agora você não precisa mais fingir nada.
Enquanto isso, Horikita mantinha os olhos na tela, observando atentamente a versão dela no futuro.
Ela não gostava de se ver interagindo com Kei, mas uma coisa chamou sua atenção.
— Pelo menos essa versão minha já entendeu o suficiente para chamá-lo de Kiyotaka.
Ayanokouji, ao lado dela, olhou de relance para ela e sussurrou baixinho, com um tom provocativo.
— Você gosta quando eu te chamo de Suzune, não é?
Horikita sentiu um arrepio imediato subir pela espinha.
Ela corou discretamente e desviou o olhar, tentando manter a compostura.
— N-Não diga coisas desnecessárias.
Ayanokouji sorriu levemente, satisfeito com a reação dela.
Do outro lado da sala, Ryuen estava completamente relaxado, com um grande balde de pipoca no colo.
Ele pegou um punhado e jogou na boca antes de olhar para Ichika e Nanase.
— Isso aqui ainda tá meio chato. Quero ver quando a bomba estourar.
Ichika pegou um punhado de pipoca e jogou na boca antes de responder.
— Concordo. Mas vai ser interessante ver a loirinha se desesperando mais tarde.
Nanase, ao lado delas, não parecia tão animada, mas Ichika a puxou para perto.
— Anda, come pipoca. Você tá aqui, então participa.
Nanase suspirou, mas aceitou, pegando um pouco.
Do outro lado da sala, Ichinose e Mako estavam jogando cartas calmamente.
Ichinose parecia despreocupada, mas de vez em quando olhava para a tela de relance.
Já Sakayanagi mantinha os olhos fixos na tela, observando atentamente.
Ela não estava interessada na fofoca ou nos dramas amorosos.
O que realmente importava para ela era entender o que aconteceria com Ayanokouji no futuro.
Enquanto todos assistiam, duas pessoas estavam em uma conversa particular.
Chabashira cruzou os braços e olhou para Chie, que estava relaxada ao seu lado.
— E então, ainda acha divertido assistir ao drama dos alunos?
Chie sorriu de canto.
— Ah, Sae-chan, admita, você também tá interessada nisso.
Chabashira suspirou.
— Não posso negar que é curioso... mas ainda acho meio ridículo.
Chie arqueou uma sobrancelha, olhando para a tela.
— Ridículo? Ou você só não gosta de ver certas interações acontecendo?
Chabashira desviou o olhar, mas não respondeu.
Chie riu e se inclinou para frente, pegando um pedaço de chocolate da mesinha ao lado.
— Ah, relaxa, eu não vou te julgar.
Chabashira apenas suspirou novamente e continuou assistindo.
Diante da calma de Horikita, a irritação repentina de Kei se tornou aparente.
- "Kiyotaka foi meu primeiro amigo... e também ele..." ela parou antes de continuar - "esquece."
- "Também?"
- "Esquece, tá? Isso não tem nada a ver com você. Estou indo embora. Vejo você na piscina."
Kei, sentada na poltrona com os braços cruzados, soltou um longo suspiro e revirou os olhos.
— "Essa minha versão do futuro é patética." — ela murmurou, encarando a tela como se falasse diretamente com sua cópia — "Mal consegue terminar uma frase."
Sato, ao lado dela, tentou aliviar o clima com um sorriso gentil.
— "Mas foi meio fofo, vai..."
— "Fofo? FOFO?" — Kei virou-se para a amiga, indignada. — "Ela basicamente entregou metade de uma confissão e depois fugiu da conversa como uma criança! Eu não sou assim!"
Sato riu, colocando a mão no ombro dela.
— "Amiga, você era exatamente assim. Antes de criar coragem, né?"
Kei suspirou, jogando o corpo contra o encosto da poltrona.
— "Esse 'era' tá me dando dor de cabeça. Eu mal terminei com o Kiyotaka no presente, e já tô assistindo minha versão do futuro implodindo em tempo real."
Ichika estalou a língua, balançando o balde de pipoca.
— "Tá vendo por que eu falei que você estragou a diversão?" — ela apontou com um dedo melado de manteiga. — "Eu queria provocar a corna original! Mas agora que você terminou com ele, nem tem graça."
Ryuen gargalhou do lado dela, completamente divertido.
— "É. Ver a corna enfrentando a amante era o ápice do entretenimento. Agora parece um ensaio de drama adolescente."
Kei, sem dar muita importância, apenas deu de ombros.
— "Sinto muito se minha saúde mental vale mais do que o show de vocês."
Ichika bufou, mas riu.
— "Bah, ficou mais chata agora."
Do outro lado da sala, Horikita mantinha os olhos fixos na tela apagada, pensativa.
A conversa da cena ainda ecoava em sua mente. Ela não estava exatamente incomodada com o que foi dito, mas sentiu um leve desconforto com a forma como Kei mencionava Ayanokouji.
Aquela frase cortada:
"Kiyotaka foi meu primeiro amigo... e também ele..."
"Também ele..." o quê? Um amor? Um primeiro beijo? O primeiro homem que ela confiou?
Horikita não gostava de lacunas.
Ela soltou um pequeno suspiro e comentou em voz baixa:
— "Ela devia ter terminado a frase."
Ayanokouji, ao lado dela, olhou de relance, percebendo o pequeno vinco entre as sobrancelhas dela.
Ele murmurou calmamente, entrelançando os dedos com os dela por debaixo da manta que dividiam:
— "Você gostaria de saber o que ela ia dizer?"
Suzune desviou o olhar.
— "Não por ciúmes. É só que... não gosto de informações incompletas."
Ayanokouji calmamente balançou a cabeça e falou.
— "Claro."
— "Não seja sarcástico." — ela murmurou, corando levemente.
Mais à frente, Ichinose e Mako-chan estavam agora assistindo com mais atenção.
Ichinose inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos olhando discretamente pra Kei e a Sato.
— "Isso é triste, sabia?"
Mako virou-se para ela.
— "O quê?"
— "Ver a Kei assim. Dá pra sentir que ela ainda gosta muito dele, mas tá engolindo tudo por orgulho."
Mako deu de ombros.
— "Bem-vinda ao clube das que engolem sentimentos."
Ichinose sorriu sem humor.
— "Você é mais direta do que eu."
Enquanto isso, Hiyori escrevia atentamente no caderno dado por Ryota.
Suas anotações eram detalhadas, não só sobre o conteúdo das cenas, mas sobre as emoções visíveis nas expressões e posturas dos envolvidos.
Ela murmurou para si:
— "Kei parece presa entre o orgulho e a vulnerabilidade. Essa oscilação é interessante de se observar... e perigosa, se não for resolvida, mas sera que ja foi resolvida sem ninguem saber? que interresante......"
Sakayanagi, mais distante, observava a tela apagada com sua costumeira calma.
— "A honestidade é um dom raro, mesmo entre as pessoas que se dizem próximas." — ela comentou em voz alta, ainda sem tirar os olhos da tela. — "Kei está descobrindo isso do pior jeito."
Hashimoto, ao ouvir isso, riu baixinho.
— "Você fala como se estivesse acima de tudo isso."
Sakayanagi sorriu, enigmática.
— "Não estou. Só enxergo o tabuleiro com mais clareza."
Do outro lado da sala, Chabashira e Chie continuavam observando, agora com copos de chá nas mãos.
Chabashira tomou um gole e comentou:
— "Eu imaginei que esse tipo de situação apareceria mais cedo ou mais tarde. Alunos envolvidos romanticamente... sempre termina em conflito."
Chie riu sorrindo inocentemente, cutucando o braço da colega.
— "Você fala como se nunca tivesse tido um caso no colégio."
Chabashira lançou um olhar afiado.
— "E se tive, não te diz respeito."
Chie sorriu.
— "Relaxa, só tô dizendo que talvez você devesse dar conselhos pra Kei. Você entende de orgulho."
Chabashira suspirou, olhando para Kei, que agora mantinha os olhos baixos.
— "Ela não me escutaria. Está no meio do furacão ainda."
Chie balançou a cabeça.
— "Talvez, mas às vezes é nesses momentos que a gente mais precisa ouvir alguém."
No centro da sala, Ryuen deu uma última risada e se espreguiçou.
— "Quero ver quando a bomba estourar. Esse triângulo aí mal começou."
Ichika bateu palmas, animada.
— "Tô apostando em uma briga feia entre as duas. Tipo, discussão na piscina, tapa na cara e tudo."
Nanase bufou.
— "Não seja ridícula."
— "Ah, vai, deixa eu sonhar."
A sala retornou ao burburinho normal de vozes e expectativas.
Todos sabiam que aquela pausa no diálogo entre Kei e Suzune não era o fim. Era só o início de algo mais complicado.
Isso não passou despercebido pela loira; ela não era boba. Embora ela pudesse ser academicamente inferior a Horikita, ela tinha uma vantagem significativa em termos de relacionamentos pessoais sobre a garota de cabelos negros. Além disso, ela já sabia que seu namorado era um ímã para outras garotas. No entanto, ela nunca havia considerado sua líder de classe uma rival em potencial, já que Suzune nunca havia demonstrado interesse em tais assuntos. Mas com o comportamento recente de Horikita, seu nível de ameaça havia aumentado consideravelmente, especialmente considerando sua posição como líder de classe e quanto tempo ela passava com seu namorado, demais para o gosto da loira. Até agora, ela havia deixado passar, mas com esse novo desenvolvimento, ela sabia que não poderia mais ignorar...
O silêncio que tomou conta da sala após o fim da cena foi pesado — como se todos estivessem prendendo a respiração para ver quem seria o primeiro a comentar.Kei, que inicialmente só mantinha o olhar fixo na tela, aos poucos foi abaixando a cabeça, os fios loiros caindo à frente do rosto enquanto seus ombros tremiam levemente — não de choro, mas de pura frustração e vergonha alheia.
— "...Eu não acredito que eu fui tão idiota assim naquela linha do tempo." — ela murmurou, a voz baixa e carregada.
Sato, sentada ao lado dela, olhou com um sorriso solidário. Ela se aproximou e começou a acariciar carinhosamente os cabelos da amiga, como se quisesse acalmar um gato arisco prestes a atacar.— "Vai com calma, Kei. Aquela não é você mais."
Mas Kei não estava disposta a se acalmar tão fácil. Ela ergueu o rosto lentamente, os olhos semicerrados de indignação.— "Como é que a minha versão do futuro ainda tá nessa de 'talvez a Horikita seja uma ameaça'? Sério? O Kiyotaka já fodeu ela, já traiu, já... já passou do estágio do flerte!"
Suzune tossiu discretamente, desviando o olhar com uma leve cor no rosto, mas não rebateu.Kei continuou, ainda mais indignada:— "O que mais falta? Elas tomarem banho juntas na minha frente pra eu entender que perdi? eles serem pegos quase fodendo na minha frente pra eu entender que ele ta me traindo ?!"
A sala explodiu em reações.Ichika, com um sorriso travesso, inclinou-se para frente com os olhos brilhando.— "Tá confirmada então: a corna é sempre a última a saber." — ela disse com um riso quase musical. — "A teoria vive!"
Ryuen, completamente entretido, deu uma gargalhada alta enquanto jogava pipoca na boca.— "Essa sala vale cada segundo." — ele comentou, quase engasgando de tanto rir. — "E ainda tem gente que acha que o futuro é entediante!"
Do outro lado da sala, Ichinose estava prestes a rir discretameante por causa da piada da Ichika, mas parou no meio quando sentiu o olhar de Mako-chan. A menina a encarava com uma expressão tão ameaçadora que parecia prestes a lhe jogar um chinelo invisível.Ichinose rapidamente tossiu e ajeitou a postura, adotando um sorrisinho inocente.— "N-Não tem nada de engraçado, né? É uma situação... delicada."
Kei bufou, cruzando os braços.— "É mais que delicada. É um vexame. E o pior... é que eu consigo sentir a dor dela. Essa sensação de que tem algo errado... mas você tenta ignorar, tenta confiar, tenta se enganar."
Sato, ainda acariciando os cabelos da amiga, comentou suavemente:— "Mas o importante é que você já não é mais essa garota."
Kei suspirou, mais relaxada agora, recostando-se no sofá.— "Sim. Eu não sou. Aquela versão do futuro era... burra." — ela soltou um risinho fraco. — "Com todo o respeito à mim mesma."
Ayanokouji, que até então permanecia calado, apenas observando o desenrolar, voltou-se para Suzune ao seu lado, que permanecia quieta levemente corada e com as mãos apoiadas no colo e enquanto tinha um olhar vago.

Ela então suspirou baixinho e encostou a cabeça no ombro dele.
— "Acho que a gente vai ver esse tipo de coisa muitas vezes ainda."
Ayanokouji respondeu com um leve aceno.— "Provavelmente. E com piadas piores."
— "Vai se acostumar?"
— "Já estou."
Suzune soltou uma risadinha nasal abafada, mas não disse mais nada. Ela sabia que, por mais piadas que fizessem, haveria momentos em que aquela pressão emocional a atingiria também.
Kei, já mais calma, virou-se para Ichika e ergueu o dedo do meio com um sorriso debochado.— "Pra você, sua insuportável."
Ichika explodiu em gargalhadas, completamente satisfeita.— "Essa é a Kei que eu gosto! Brava e debochada."
Chabashira, sentada na parte de trás da sala com uma xícara de café nas mãos, fechou os olhos por um instante e soltou um suspiro longo.
— "Eles são adolescentes, mas parece que estão em um reality show emocional."
Chie, do lado dela, ria discretamente.— "E a gente é o público de camarote." — ela deu um gole em seu chá e completou com um sorriso — "Não me arrependo nem um pouco de ter aceitado acompanhar esse futuro. Vai ser uma novela deliciosa."
Chabashira revirou os olhos.— "Você só quer fofoca. Não me engana."
Chie riu ainda mais.— "E você finge que não gosta, mas tá aí olhando tudo sem nem piscar."
Do outro lado da sala, Hiyori fazia anotações intensas no caderno.— "É interessante notar como o ciúmes mal resolvido da Kei do futuro distorce sua percepção de ameaça. Ela ainda tenta racionalizar os riscos, mas está ignorando os sinais óbvios do relacionamento emergente entre Horikita e Ayanokouji."
Hashimoto, curioso, olhou por cima do ombro dela.— "Você escreve como se estivesse fazendo um estudo de campo."
— "Estou." — ela respondeu, simplesmente.
Kei ouviu parte disso e bufou.— "Não precisa estudar tanto. É só olhar com os olhos. O Kiyotaka me traiu. Eu devia estar chutando a cara dele naquela cena."
Ayanokouji, ainda sereno, apenas olhou de canto.— "Você já terminou comigo no presente. Não precisa bater no futuro também."
Kei revirou os olhos.— "Cala a boca. Eu tô reclamando da Kei burra, não de você. Quer dizer... talvez um pouco de você também."
Sato riu baixinho, e até Ichinose sorriu com mais sinceridade agora que Mako parecia menos hostil.
Sakayanagi, que até então não havia falado, finalmente comentou:— "O que me fascina é a forma como as emoções humanas ignoram a lógica. A Kei sabe o que está acontecendo, mas se recusa a aceitar por medo de estar certa."
Ryuen apontou para Sakayanagi com a pipoca.
— "Você fala igual psicóloga de filme de terror."
— "Obrigada." — ela respondeu, com um leve aceno de cabeça.
No centro da sala, a tela voltou a brilhar por um instante, indicando que outra cena começaria. Mas antes que a nova imagem surgisse, Kei respirou fundo, relaxando os ombros.
Ela murmurou, mais para si mesma do que para os outros:— "Eu não sou mais aquela garota. E quer saber? Ainda bem."
Suzune escutou aquilo, e sem dizer nada, olhou de relance para Kei... com uma expressão difícil de decifrar. Talvez um pouco de pena pela garota ja que ela não fez nada de errado.
Mas a próxima cena já surgia na tela, e todos voltaram a focar, sabendo que aquele drama ainda estava longe de terminar.
- "Não era que eu quisesse andar de mãos dadas com Ayanokōji, nem que eu desejasse abraços ou afeição sem razão... Só me incomodava o quão facilmente Karuizawa conseguia fazer isso com Kiyotaka. " Ou assim Suzune pensava, mas no fundo ela sabia que estava mentindo para si mesma. Na realidade, ela queria isso e mais; ela queria que esse tratamento fosse exclusivo dela, mas ela não conseguia dizer ou demonstrar. Era um sentimento que continuava a roê-la por dentro. Para Suzune, Karuizawa Kei era apenas mais uma garota comum que aparentemente havia se tornado parceira de Ayanokōji Kiyotaka, algo que ela não conseguia tolerar. Ela sempre viu Ayanokōji como alguém incrível, quase inatingível, e é por isso que vê-lo com alguém tão comum quanto Karuizawa Kei a fazia se sentir irritada e inquieta.
Suzune apertou levemente os lábios, desviando o olhar com um leve rubor subindo pelas bochechas. Aquilo... Aquilo era para ter morrido dentro dela. Era o tipo de coisa que jamais deveria ter sido revelado, muito menos exposto diante de todos, como uma confissão indesejada arrancada à força de um canto secreto de sua alma.
Ela suspirou, tentando manter a compostura, mas sentia o peso do olhar de Kiyotaka ao seu lado. Ela não precisava encará-lo para saber que ele a observava, provavelmente com aquela típica expressão neutra, que escondia tudo e revelava absolutamente nada — o olhar calmo que irritava e seduzia ao mesmo tempo.
Suzune lutava contra a vontade de cobrir o rosto. Ela odiava se sentir vulnerável, mas aquelas palavras... elas escancaravam um desejo que ela mesma se recusava a aceitar por completo: ela não queria apenas a atenção dele — queria ser a única a tê-la.
— Nossa, Horikita... — a voz de Kei quebrou o silêncio, sarcástica, mas visivelmente incomodada — Obrigada, viu? Amei ser chamada de "garota comum".
Kei revirou os olhos e se sentou mais ereta, a expressão entre o sarcasmo e a decepção. Embora estivesse tentando parecer tranquila, havia um brilho magoado nos olhos dela, como se por um segundo tivesse se sentido pequena, diminuída por alguém que sempre considerou apenas uma rival acadêmica.
— Ei, calma — disse Satō, com a voz suave, passando os dedos pelos cabelos da amiga em um gesto reconfortante. — Não vale a pena brigar de novo por isso, tá? Você sabe quem você é.
Kei soltou um suspiro cansado e se recostou novamente contra a cama improvisada, tentando relaxar. — Eu sei... Eu só fico pensando até onde essa obsessão da Horikita vai, sabe?
Suzune bufou discretamente, tentando se defender, mas... nem ela mesma sabia ao certo.
Ichinose fechou os olhos, pensativa. Por mais que tentasse se manter imparcial, aquelas palavras haviam atingido um ponto sensível dentro dela.
— Eu entendo... — murmurou ela, quase para si mesma.
— Hm? — Mako a olhou de lado, desconfiada.
Ichinose abriu um leve sorriso, mascarando o turbilhão interno. — Só estava... refletindo.
Mas a verdade é que ela compreendia bem demais o que Horikita sentia. O desejo de ser a única capaz de alcançar Kiyotaka. O incômodo de vê-lo sorrindo, mesmo que sutilmente, para outra. A raiva silenciosa que queimava quando ele parecia se importar com alguém que, aos olhos delas, não era digna.
Ichika, encostada contra a parede com um leve sorriso cínico nos lábios, observava a tela com atenção. Ela não se manifestou de imediato, mas seu olhar dizia tudo. Ela também reconhecia aquele sentimento. Em silêncio, ela concordava com Suzune.
— Pessoas comuns realmente não deveriam ter algo tão valioso assim... — sussurrou para si, mas o suficiente para que Nanase escutasse.
— Está tudo bem? — Nanase perguntou com gentileza.
Ichika sorriu suavemente. — Sim, só estava pensando sobre o valor que damos a certas pessoas.
Nanase assentiu, mesmo não entendendo por completo. Mas Ichika estava claramente refletindo, e isso dizia muito.
Enquanto isso, Sakayanagi assistia em silêncio, o sorriso enigmático em seu rosto crescendo gradativamente. Aquilo era interessante. Muito interessante.
— Então é assim que ela se sente... — murmurou, mais para si mesma.
Ela observava Horikita com novos olhos agora. A firme e racional líder da Classe A mostrava emoções profundas, quase primitivas. Desejo, ciúmes, necessidade de exclusividade. Mas acima de tudo, orgulho. A forma como Suzune via Karuizawa como "comum" e a si mesma como alguém acima — alguém que merecia a atenção de Ayanokōji — era reveladora.
— Isso é orgulho? Ou é amor mascarado pelo proprio orgulho? — murmurou.
— Hm? — Kamuro olhou para ela.
— Nada, apenas... apreciando o drama. — Sakayanagi respondeu com um sorriso misterioso.
Na parte de trás da sala, Hashimoto estava mais interessado em observar as reações do que o conteúdo da tela. Mas até ele não pôde evitar soltar um assobio leve.
— Eita... a treta vai escalar — comentou, colocando um pouco mais de pipoca na boca.
Hashimoto então estendeu o balde de pipoca para Ryuuen, que aceitava com gosto, um sorriso malicioso em seus lábios.
— Isso tá melhor que novela. E olha que nem chegou na parte que alguém joga um copo de água na cara da outra — ele riu.
Kei, ainda visivelmente afetada, soltou uma risada amarga, apontando discretamente o dedo do meio para Ichika.
— Você é a próxima, Ichika. Aposto que na sua cabeça você também se acha digna dele, né?
Ichika sorriu como quem aceita o desafio, erguendo as sobrancelhas.
— Ué, não sou?
Kei rolou os olhos com um riso debochado, mas não respondeu. A rivalidade estava em ebulição, mas havia algo mais denso ali. Algo que se arrastava em silêncio: uma disputa invisível pelo coração de alguém que fingia não perceber, por alguem que ela é apaixonada, mas que sabe que nunca consigara o amor dele.
Chie ria discretamente ao fundo, como se estivesse assistindo a uma peça de teatro que misturava tragédia e comédia.
— Você está se divertindo demais — comentou Chabashira, cruzando os braços e bufando, exausta da exposição emocional em massa.
— E como não estar? — Chie respondeu com um brilho animado nos olhos. — Eu não me arrependo nem por um segundo de ter aceitado ficar aqui. Isso vai ser uma verdadeira montanha-russa. Melhor que qualquer programa de TV.
Chabashira suspirou, cansada.
Suzune, por sua vez, sentia o coração bater acelerado. Não só pela vergonha de ser exposta, mas porque, de certo modo, aquilo tornava seus sentimentos mais reais. Ela estava perdendo o controle. Kiyotaka sempre esteve perto, mas inalcançável. Agora, ela sentia que, se não agisse, ele escorreria completamente por entre seus dedos.
Ela olhou discretamente para ele. Como sempre, Kiyotaka estava quieto. Mas dessa vez, seus olhos a encaravam de volta com atenção.
— Vai dizer algo? — ela perguntou, com a voz baixa e seca, numa tentativa falha de parecer firme.
Ele apenas inclinou levemente a cabeça, os olhos ainda fixos nela.
— Você não é comum, Suzune. Nem um pouco e nunca deixe de saber que para mim você é especial. — ele falou, com sua voz calma e serena, mas que carregava um peso imensurável.
Ela sentiu o estômago revirar. Aquilo não era uma provocação. Era reconhecimento. Um elogio... era ele mostrando o amor dele por ela?
Ela desviou o olhar novamente, apertando levemente as próprias mãos no colo. Seus sentimentos estavam ficando difíceis de ignorar. Muito difíceis.
Kei, por outro lado, observou a troca silenciosa entre os dois e suspirou. Ela sabia que existia algo ali muito forte, ela não precisava mais de algo para mostrar isso pra ela, ela estava cega antes pelo seu amor pelo Ayanokouji pra perceber como ele olha pra Horikira e fala sobre ela. Mesmo que Suzune negasse. Mesmo que Kiyotaka nunca confessasse nada. Ela não era burra. E ver aquilo doía. Doía mais do que ela gostaria de admitir pois ela nem conseguiu perceber que o namorado/ex namorado dela gostava de outra garota.
Mas então ela respirou fundo, relaxando os ombros.
— É... eu também não sou mais aquela garota — murmurou para si mesma. — Eu só espero que, quando essa linha do tempo continuar... a versão futura minha acorde e não deixe se quebrar por algo assim.
Porque se não acordar... ela sabia que poderia perder tudo na quela linha do tempo.
E isso, por mais que tentasse fingir o contrário, a assustava profundamente pois por muito pouco ela não virou aquela mesma garota na tela.
Mesmo que esse último sentimento estivesse fora de lugar, alguém com a personalidade de Kei poderia conseguir o que quisesse simplesmente agindo de forma "fofa".
.
- "Você viu Karuizawa-san?" perguntou o Sudou enquanto tirava a camisa.
- "Sim..."
- "Ela parecia completamente apaixonada por você", ele disse em tom de provocação.
- "Parece que sim..."
- "E... você viu Horikita?"
Um tique apareceu no olho do garoto de cabelos castanhos.
- "Sim, eu a vi também."
Um breve silêncio pairou no ar assim que a tela congelou.
Ryuen foi o primeiro a se manifestar, com um sorriso torto e malicioso. Ele inclinou o corpo pra frente, apoiando os cotovelos nos joelhos como se estivesse prestes a saborear um banquete emocional.
— Olha só — ele começou com uma risada baixa —, então até o gênio sem coração tem um lado ciumento? Interessante... bem interessante.
Horikita desviou o olhar imediatamente, uma cor rosada subindo do pescoço até a ponta das orelhas.
Ela cruzou os braços, tentando manter a compostura, mas a leve curvatura em seus lábios denunciava a verdade.
"Ele... teve uma reação. Uma reação real ao meu nome sendo mencionado por outro garoto..."
Ela não precisava confirmar com os olhos. Ela sabia. Kiyotaka estava olhando pra ela. Sempre estava. Mesmo com o rosto neutro, mesmo com o olhar aparentemente apático, ela conseguia sentir.
"Ele ficou com raiva. Por mim."
Era só um tique. Um detalhe minúsculo. Mas para alguém como Ayanokouji, aquilo era praticamente gritar.
— Tsc — Ayanokouji suspirou baixo, ajeitando-se na cadeira. — Provocações nunca acabam por aqui.
— Isso foi um ciúmeszinho, Ayanokouji? — Ichika falou com a voz doce, mas cheia de veneno disfarçado. Seus olhos semicerrados estavam afiados como navalhas. — Que fofo. Nunca pensei que veria o dia.
Ela olhou rapidamente para Horikita e sorriu com um toque de ironia.
— Sorte sua, Suzune.
Horikita não respondeu, mas o brilho nos olhos dela era impossível de esconder.
Internamente, seu coração parecia em festa. Aquela reação mínima tinha o poder de silenciar todas as inseguranças que ela tentava esconder... principalmente quando se comparava com Kei.
Kei, por outro lado, estava visivelmente mais tensa do que antes.
Ela cruzou os braços e se afundou um pouco mais no colchão da cama em que estava deitada, os olhos fixos na tela congelada. Quando finalmente falou, sua voz saiu fria:
— Hm... então é isso, né?
Ninguém respondeu. Ela olhou de lado para Kiyotaka, esperando por alguma negação, alguma palavra, qualquer defesa.
Mas ele ficou em silêncio. O mesmo silêncio de sempre. O mesmo que já havia machucado antes, e continuava a machucar agora.
"Ele nem piscou quando me viu com o Hirata no festival..."
"Mas um tique apareceu no olho dele só por ouvirem que a Horikita estava bonita..."
Ela sorriu amargamente.
— Sabe — disse, encarando o teto —, eu acho curioso... Ele nunca se importou de me ver com outro cara. Nem uma reação. Nada.
Sato, sentada ao lado dela, tentou aliviar o clima. Ela riu de leve, esticando a mão para alisar os cabelos da amiga, mas mesmo o gesto suave não conseguiu esconder a pontada de incômodo que sentia.
— Não liga pra isso, Kei... Ele é assim com todo mundo... ou pelo menos era...
Mas Kei não respondeu.
Ela estava perdida nos próprios pensamentos.
Sato, então, desviou o olhar.
Ela também havia saído com Ayanokouji uma vez. Foi um encontro simples, casual, mas mesmo assim...
Ele não demonstrou absolutamente nada. Nem raiva. Nem desconforto. Nem surpresa.
Só aquele maldito neutro absoluto.
E agora, com Horikita?
Um tique. Um músculo se contraindo.
Parecia pouco. Mas na verdade, era tudo.
Sato fez um leve beiço e sussurrou algo que mal foi ouvido:
— Um dia eu também queria que alguém ficasse assim... só por me ver com outro.
Sakayanagi, que havia permanecido em silêncio até então, soltou uma risada breve.
— Hmm... então até o estoico deus do subsolo tem fraquezas — disse ela com elegância, os olhos azuis faiscando de curiosidade. — Mas o que é mais fascinante não é a reação... e sim pra quem ele teve essa reação.
Ela olhou diretamente para Horikita, com um sorriso calmo, porém afiado.
— Você se considera... alguém que mereça essa atenção, Horikita-san? Ou será que, inconscientemente, sempre se viu como alguém especial ao lado dele?
Horikita manteve o silêncio. Mas não negou.
E não precisava.
Ichinose observava tudo calada.
Ela mantinha os olhos fechados, como se meditasse sobre tudo aquilo. Mas sua mente estava longe, pesada.
Ela também já conhecia o gosto amargo de amar Ayanokouji e se sentir invisível ao lado dele.
"Quando beijei ele... ele não resistiu. Mas também não correspondeu."
"Mas só de ouvir o nome da Horikita, ele..."
Ela mordeu o lábio discretamente. A raiva era silenciosa. Mas a tristeza... essa era ensurdecedora.
Nanase percebeu.
Ela olhou para Ichinose com preocupação.
— Está tudo bem, Ichinose-senpai?
Ichinose abriu os olhos lentamente e forçou um sorriso gentil.
— Sim, só... pensando em algumas coisas.
Nanase assentiu com leveza, mas seus olhos continuaram vigilantes.
Ela não precisava perguntar. Era claro que aquele nome — Horikita — mexia com todos ali.
Ichika sorriu discretamente.
Ela também reconhecia o valor de Ayanokouji. E sim, aquilo irritava.
— No fim... é sempre assim — ela comentou, quase como um sussurro. — As garotas "comuns" se apaixonam por ele. Mas só algumas poucas o afetam de verdade.
Ela olhou para Horikita com um misto de respeito e inveja.
Ryuen voltou a rir.
— Vocês todas estão pirando por um tique no rosto do cara? Que patético — disse, mas havia diversão genuína na sua voz. — Mas, honestamente... se eu tivesse que apostar em quem ele protegeria com tudo o que tem... seria você, Horikita.
Ayanokouji bufou, desviando o olhar.
Mas não disse nada.
Horikita sentiu o coração acelerar.
Ela sabia que não era do tipo que se mostrava emocional. Que não pedia carinho. Que não tomava iniciativas.
Mas, só de imaginar que Ayanokouji poderia sentir raiva genuina ao pensar nela com outro homem, algo em seu peito se aquecia.
"Talvez... eu realmente pertença a ele. E ele a mim."
O silêncio voltou à sala, mas era um silêncio carregado de pensamentos, rivalidades internas e emoções não ditas.
- "Ela estava linda, não acha?"
- "Sim..." - "Bom demais para você" murmurou o garoto de cabelos castanhos.
Recebendo respostas tão breves, Sudou não sabia mais o que dizer. Ele estava grato por ter atendido ao pedido, mesmo que relutantemente, mas ele sentia que Ayanokōji estava especialmente distante ultimamente...
O garoto de cabelos castanhos trocou de roupa o mais rápido possível e saiu do vestiário. Ao sair, ele não encontrou nenhuma das duas garotas que estavam com eles hoje, então ele se sentou em uma das muitas cadeiras ao redor da piscina.
- "Está muito quente... isso me lembra daquela época", ele lembrou da primeira vez que foram à piscina só ele e Suzune no primeiro ano, enquanto fechava os olhos. No entanto, logo depois, uma sombra começou a bloquear a luz, e ele ouviu uma voz familiar chamando-o.
- "Venha comigo", uma voz autoritária vinda da mulher em quem ele pensava
- "Huh? O que está acontecendo, Suzune?"
Um silêncio incômodo pairou no ambiente por alguns segundos... até que Ryuen não aguentou e riu, daquele jeito calmo e sarcástico que já se tornara típico dele.
— Mas olha só... parece que a Horikita do futuro não perde tempo mesmo! — ele disse com um sorriso torto, jogando a cabeça levemente para trás. — Vai querer fazer "coisas" na piscina, é isso?
A risada veio em seguida, baixa, provocativa, carregada de malícia.
Horikita arregalou os olhos, pegando totalmente desprevenida pela insinuação.
Ela corou na hora — um rubor suave, mas evidente, subindo pelo pescoço até as bochechas.
— N-Nós... nós não faríamos isso — ela rebateu, em um tom mais alto que o normal, talvez até um pouco desesperado.
Mas ninguém acreditou.
Kei levantou uma sobrancelha.
Estava recostada com os braços cruzados, observando a tela com um sorriso levemente irônico.
— "Não faríamos isso"...? Hm, pareceu mais um "não faríamos isso... eu acho", Suzune — disse, fingindo inocência, mas seu tom era afiado como navalha.
Horikita mordeu levemente o lábio, percebendo que sua própria reação só piorava a situação.
Ichinose desviou o olhar da tela, corando suavemente.
— E-Eles não fariam... n-né? Tipo... ali... naquele lugar? — ela falou tentando rir de nervoso, mesmo sabendo que a pergunta era menos para os outros e mais para si mesma.
Nanase também corou, levando a mão à boca, tentando conter o choque.
— Um... relacionamento tão direto assim... ao ponto de... fazerem algo... na piscina...? — ela falou quase num sussurro, mas o olhar de surpresa genuína contrastava com sua tentativa de manter compostura.
Sakayanagi, apesar do habitual autocontrole, não conseguiu esconder um leve rubor nas bochechas. Ela riu baixo, mais para si mesma, os olhos ainda na tela.
— Não sei o que é mais fascinante... se é o comando direto da Suzune ou o jeito como ele simplesmente obedece.
Ela inclinou a cabeça com um sorriso travesso.
— Isso é um domínio emocional ou físico? Fico curiosa.
Ichika explodiu de empolgação.
Ela praticamente pulou no lugar, batendo palmas e rindo com brilho nos olhos.
— AHHH! É isso que eu quero ver!! Finalmente algo mais picante! Olha o jeito que ela chama ele, mandando, controlando... e ele indo! E NA PISCINA AINDA! Vai ter safadeza! Vai ter!!
Ela olhou para Suzune e gritou animada:
— Suzune, você é a melhor!! Mostra quem manda mesmo!!!
Horikita escondeu o rosto com uma das mãos.
O calor no rosto era insuportável agora. Ela não sabia se era de vergonha, excitação ou pura confusão.
— Isso é um mal-entendido! Eu... eu não sou assim!
Chabashira-sensei, que até então havia se mantido calada, deixou escapar um pigarro nervoso.
Ela ajeitou os óculos com rigidez, evitando olhar diretamente para a tela.
— E-Espero que a transmissão pare por aqui... Isso não seria mostrado, não é? Ryota...?
A voz dela soou mais preocupada do que autoritária.
Chie Hoshinomiya, por outro lado, riu suavemente — e com malícia.
Ela encostou no encosto da cadeira, cruzando as pernas com elegância e piscando para a colega.
— Não seja tão puritana, Sae-chan. Os alunos estão apenas... explorando a juventude. E francamente, ver a Horikita dominando a situação assim... é delicioso de assistir.
Ela suspirou, com um sorriso malicioso.
— Acho que vou torcer por esse casal agora.
Kushida, mesmo tentando manter a expressão neutra, não conseguiu esconder o incômodo em seu olhar.
— Hmph... que tipo de garota arrasta um cara pra fora e manda ele segui-la assim...? — murmurou, mordendo a parte interna da bochecha.
Sato cochichou algo para Kei, rindo de leve.
— Ei, se isso virar uma cena quente mesmo... será que o Ryota vai censurar? Ou vai deixar a gente ver tudo?
Kei não respondeu de imediato.
Ela estava olhando fixamente para a tela. A expressão dela era estranhamente calma... mas os olhos denunciavam uma mistura amarga de sentimentos.
Ela se lembrava de quando ela mesma era a única garota que o Ayanokouji ouvia. A única por quem ele se permitia mexer, mesmo que levemente.
Mas agora?
— "Venha comigo."
Ele seguiu. Sem questionar.
Ele se levantou e obedeceu.
— Ele... não fazia isso comigo — disse ela, num sussurro tão baixo que só Sato ouviu.
Sato apertou a mão dela, mas não respondeu. Havia pouco a ser dito.
Ayanokouji, na sala, suspirou.
Seus olhos estavam semicerrados, observando a própria versão futura com atenção.
— Interessante — comentou, sem emoção. — Eu não esperava reagir assim.
Ryuen soltou outra risada.
— Você nunca esperava nada... mas esse "você" aí claramente já aceitou que é cachorro da Suzune. Tá até abanando o rabo na piscina.
Horikita não aguentou.
— EU NÃO TENHO UM CACHORRO! — gritou, tentando desesperadamente restaurar a dignidade.
Mas não adiantou. Todos estavam rindo. Ou corando. Ou ambos.
Ichika se jogou de costas na cama, rindo alto.
— MEU DEUS, EU AMO ESSA REALIDADE!
Sakayanagi cobriu os lábios com a mão, tentando conter uma nova onda de risos.
Chie olhou para Chabashira e murmurou:
— Se isso for censurado, vou ficar decepcionada. Quero ver até onde essa Suzune consegue ir.
Chabashira estava pálida.
— Eu... preciso conversar com o Ryota sobre os limites dessa transmissão.
Ryuen terminou com uma provocação final:
— E aí, Suzune? Vai dizer que não gosta quando ele te obedece assim?
Horikita fechou os olhos, virando o rosto com o rosto ainda quente.
Mas no fundo...
...ela gostava. E muito.
Antes que sua visão fosse completamente preenchida pela figura dela, Suzune o agarrou pelo pulso e o levou para longe de onde o garoto de cabelos castanhos estava descansando.
- "O que está acontecendo de repente?" ele perguntou, observando uma Suzune abatida.
- "Você..."
- "Huh?"
- "Estamos entrando em um território do qual não poderemos retornar..."
- "O que você quer dizer?"
- "Acho que vou aceitar sair com o Sudou-kun..." ela disse, olhando para ele atentamente.
Em resposta a essa declaração, o garoto de cabelos castanhos lançou-lhe um olhar penetrante antes de rapidamente agarrá-la pelo pulso e prendê-la contra a parede, semelhante ao que seu irmão havia feito em seus primeiros dias de escola. A diferença era que o garoto de cabelos castanhos havia posicionado seu joelho na área íntima da garota de cabelos negros, fazendo-a soltar um pequeno gemido de tal ato.
O choque foi imediato.
Geral. Absoluto.
Um silêncio gelado tomou conta por alguns segundos.
Todos haviam travado na fala de Horikita:
"Acho que vou aceitar sair com o Sudou-kun..."
Mas ninguém estava preparado para a reação do Ayanokouji do futuro.Ninguém.
Nem mesmo o próprio Ayanokouji presente, que agora mantinha os olhos fixos na tela com um olhar indecifrável, como se analisasse uma jogada de xadrez feita por uma versão de si mesmo que nem ele reconhecia totalmente.
E então...
RYUEN EXPLODIU EM RISADAS.
— AHAHAHAHAH! — ele jogou a cabeça pra trás, batendo no encosto da cadeira. — É ISSO QUE EU TO FALANDO, PORRA!! O CARA SURTOU!! ESSE É O VERDADEIRO "HOMEM DE ALTO DESEMPENHO"!!
Ichika também não segurou:
— EITA PORRAAAAAAAA!!! — gritou, se levantando num salto e batendo palmas como se tivesse assistido a um gol em final de campeonato. — ELE ENLOUQUECEU!!! ELE SURTOU DE CIÚMES!!! MEU DEUS, ELE BOTOU O JOELHO!!! O JOELHO, GENTE!!
Ela gargalhava de forma exagerada, quase caindo no chão.
Kei travou.
Literalmente.
Ela estava de pé — ou ao menos estava, até a perna vacilar e ela ter que se segurar na cadeira mais próxima.
Seus olhos arregalados. O rosto? Branco.
O coração? Batendo tão forte que ela podia ouvi-lo nos ouvidos.
— ...Ele nunca fez isso comigo — murmurou, incrédula, quase num sussurro. — Nunca... me encostou desse jeito...
Sato virou-se lentamente para ela, tão chocada quanto.
— Kei...? Você tá bem?
Kei não respondeu.
Nanase ficou imóvel.
O rosto completamente corado, as mãos tapando a boca.
— E-E-Eles... mas... isso é... é considerado... assédio... ou... isso foi um... ato de... desejo?
Sakayanagi arregalou um dos olhos.
Foi um dos poucos momentos em que sua compostura vacilou.
— Ele perdeu o controle... — sussurrou, fascinada. — Ele agiu sem pensar. De forma selvagem. Instintiva.
Ela deu um sorriso pequeno, mas perigosamente encantado.
— Eu... gostei.
Ichinose balançava a cabeça, completamente sem reação.
— Não... isso... isso não é o Ayanokouji que eu conheço... Ele sempre foi frio, distante... ele não... ele não reage assim...
Ela parecia completamente desnorteada. Como se tivesse acabado de ver um animal selvagem surgir de uma jaula aberta.
Chabashira quase derrubou a cadeira ao se levantar.
— Isso é... isso é... completamente inapropriado! Isso vai contra todas as regras escolares! Contra o código de conduta! — sua voz subiu alguns tons, os olhos arregalados, a respiração acelerada.
Chie sorriu.
Um sorriso malicioso, prazeroso.
— Aiai, Sae-chan... a juventude tem seus momentos impulsivos. E confesso...
Ela se inclinou para frente, lambendo levemente os lábios.
— Essa cena foi quente. Muito quente.
Kushida estava pálida.
O ódio fervia sob a pele dela.
Ela estava incrédula. Furiosa e não sabia dizer o motivo disso.
— Ela... ela gemeu... com o joelho dele ali... ela deixou! — murmurou entre dentes.
Horikita, presente na sala, estava em colapso.
O rosto completamente vermelho, o olhar perdido, o corpo travado.
— N-Não... eu... eu não faria isso...
Ela começou a recuar, quase tropeçando.
Ryuen gargalhou mais uma vez.
— Não faria? NÃO FARIA?! Você GEMEU, mulher!
Ele fez uma voz fina, imitando:
— "Ahhn~"
E riu mais alto ainda.
Ichika o acompanhava, segurando o estômago.
— E ainda falou que ia sair com o Sudou, só pra provocar, e OLHA O QUE ACONTECEU! O CARA TRANSFORMOU CIÚMES EM EREÇÃO MENTAL! HAAAAAA!!!
Ayanokouji, presente, fechou os olhos por um segundo.
E então murmurou:
— Aquela versão minha perdeu o controle momentaneamente.
Todos se viraram para ele.
— Huh? — Ichinose.
— Como é? — Sakayanagi.
— Kiyotaka...? — Suzune, trêmula.
Ele abriu os olhos, sereno, mas com um tom levemente mais baixo.
— Essa versão de mim... ela perdeu o controle. Pela primeira vez emocionamente. Por ela.
O silêncio voltou.
Mas agora, era mais denso.
Sakayanagi foi a primeira a falar.
— Isso é... perigoso. Fascinante, mas perigoso. Um Ayanokouji que sente? Que reage com desejo violento? Isso... muda tudo.
Kei abaixou o olhar.
Ela não podia mais negar. A verdade estava ali.
Aquela intensidade. Aquela possessividade.
Aquela... vontade.
Não era pra ela.
Era dela.
De Suzune.
Chie soltou um suspiro leve.
— Agora estou torcendo por esse casal também...
Chabashira murmurou:
— Isso vai ser censurado... não vai? Ryota...?!
Mas Ryota só sorria...
E a imagem da tela ainda mostrava os olhos de Suzune arregalados, presos no olhar intenso do garoto que a prendia contra a parede.
- "Foi isso que eu quis dizer..." disse a garota de cabelos negros, desviando o olhar com o rosto completamente vermelho.
- "Você está falando sério...?" perguntou o garoto de cabelos castanhos, com clara irritação na voz.
- "E se fosse assim?", perguntou a garota de cabelos negros, lançando um olhar desafiador, mas com um pequeno sorriso.
- "Você sabe que eu não vou permitir isso."
O clima era sufocante. Os olhos de todos estavam fixos na tela.
Cada palavra daquele Ayanokouji dominante parecia carregar um peso sexual, emocional e psicológico que atingia em cheio principalmente as garotas na sala.
Suzune presente, sentada, estava em colapso.
— N-Não... eu... — ela pressionava os joelhos juntos, o rosto escondido pelas mãos, totalmente corada, quase gemendo de vergonha. — Ele... ele tá tão... tão mandão... eu... eu não...!
Mas não conseguia terminar a frase.
Kei estava sem palavras.
Sua boca entreaberta, o rosto completamente ruborizado. Ela não sabia onde enfiar o rosto.
— ...Isso é... isso é sacanagem — murmurou, quase com raiva, mas uma raiva misturada com frustração. — Ele nunca falou assim comigo... desse jeito...Na verdade teve uma vez...mas aquilo não conta.
Ela apertou os punhos.
Sakayanagi desviou o olhar com um leve rubor.
— Um homem que comanda... com presença, com firmeza... isso é raro de ver.
Ela suspirou, encostando-se à cadeira.
— Suzune... você está com sorte.
Ichinose tentava se manter calma, mas o suor na testa, o rubor nas bochechas e os lábios mordidos entregavam o que estava sentindo.
— Ele... ele foi tão direto... nem hesitou...
Ela apertava os dedos das mãos no colo, tentando ignorar a crescente excitação que invadia seus pensamentos.
Nanase estava tremendo levemente.
Ela cobriu o rosto com ambas as mãos, mas seus olhos espiavam por entre os dedos.
— Ele... é tão... mandão assim...? Isso... é o que algumas garotas gostam...? — murmurou, meio confusa, meio fascinada.
Ichika não resistiu.
Ela se levantou de novo, agora abanando o rosto com as mãos.
— EU TÔ TENDO UM TRECO AQUI!!! O JEITO QUE ELE DISSE "EU NÃO VOU PERMITIR"... CARAAAAALHO! EU QUERO UMA FIC SÓ COM ELE DOMINANDO TODO MUNDO!
Ela se jogou de volta na cadeira e gritou:
— HORIKITA, SUA SORTUDA DO INFERNOOOO!!!
Chie riu com elegância, mas havia malícia no olhar.
— Essa versão dele... é deliciosa. O tipo de homem que não pede permissão, ele toma.
Ela mordeu levemente a ponta do dedo indicador.
— Suzune, você se derreteu, né?
Suzune virou o rosto, mas não negou.
Seu coração estava em chamas. Ela tentava manter o controle da respiração.
Mas dentro dela...
Aquela frase ecoava sem parar.
"Você sabe que eu não vou permitir isso."
Aquela voz firme, o olhar cortante, a forma como ele a prendia...
Era tudo o que ela nunca soube que queria.
Sato e Matsushita estavam sem palavras.
Sato sussurrou:
— Eu tô... molhada.
Matsushita olhou pra ela, chocada:
— S-Sato?!
— Desculpa! Mas... MEU DEUS!
Chabashira estava entre o pânico e o colapso.
— Isso não é adequado... isso... isso ultrapassa os limites escolares! Isso é... sedução!
Ela limpava o suor da testa com um lenço.
— Ryota!! Isso não vai continuar, né?!
Ryota apenas cruzou os braços, com um sorriso largo.
— Essa é só a entrada. O prato principal vem depois.
O Sudou arregalou os olhos.
— E-Esse cara... tá ameaçando tirar a minha versão merda do futuro do jogo... na frente da garota... usando a presença dele...!!
Ele ficou em silêncio, depois sussurrou:
— Respeito.
A Onodera riu suavemente ouvindo ele falar isso.
Ayanokouji presente observava a tela com atenção.
Seus olhos estavam fixos, sérios.
— Essa versão de mim... está começando a abandonar a neutralidade. Ele está sendo consumido pelo desejo, pela emoção.
Ele fechou os olhos brevemente.
— E a Suzune... não está resistindo.
Suzune presente soltou um leve gemido abafado.
Todos olharam pra ela.
— N-Não olhem! Eu só... só tô com calor! — gritou, levantando-se de súbito e indo até o canto da sala, totalmente vermelha, pressionando as coxas juntas.
Ichika apontou:
— OOH! OLHA LÁ! OLHA A HORIKITA DE HOJE SENTINDO NA PELE! AHHH ISSO É MUITO BOM!
Ryuen deu risada.
— Tsc... quem diria. A fria Horikita... completamente derretida por um homem que manda.
Kushida, silenciosa até então, finalmente explodiu mentalmente:
— Isso é ridículo! Ele nunca foi assim comigo! Nunca teve esse olhar! Esse tom! Esse calor!
Ela cerrava os dentes.
— Eu... eu vou fazer ele me olhar assim um dia. Nem que eu tenha que...
Ela parou, com o olhar sombrio.
Chie percebeu. E riu.
— Parece que alguém está perdendo o controle também...
A tensão estava no ápice.
A imagem congelava bem no momento em que ele se inclinava ainda mais sobre Suzune, como se estivesse prestes a beijá-la — ou dominá-la de vez.
E todos na sala... estavam presos ali, sem conseguir desviar o olhar.
- "O que você não vai permitir? Mas quem você pensa que é- mmphh...!" ela foi interrompida pelo garoto de cabelos castanhos com um beijo, do qual a garota queria se desvencilhar e dar um tapa nele, porém, suas emoções a traíram, e ela acabou correspondendo ao beijo. No entanto, suas ações não pararam por aí, pois o garoto começou a aplicar pressão em sua área íntima com o joelho, e sua mão direita viajou até sua bunda apertando-a suavemente, tudo isso enquanto sua mão esquerda focava em um dos seios da garota de cabelos negros, que, não querendo ficar para trás, começou a explorar o corpo bem definido do garoto de cabelos castanhos, sentindo cada músculo de seus braços, abdômen e costas, deixando pequenos arranhões nele, que não passaram despercebidos pelo garoto, que após separar seus lábios dos dela, olhou diretamente em seus olhos e falou.
O inferno foi liberado.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH!!! — gritou Horikita presente, jogando-se para trás no sofá e enterrando o rosto em um travesseiro, como se sua alma estivesse saindo do corpo.
— EU NÃO EXISTO MAIS!!! EU VOU MORRER AQUI MESMO!!!
Ela tremia. Literalmente.
— Ele apertou minha... ELE APERTOU! E EU TAVA EXPLORANDO ELE?! MEU DEUS, O ABDÔMEN...! EU SINTO ISSO NA MINHA PELE, MESMO QUE NÃO SEJA EU!
Kei, pasma, apenas observava.
— Essa... não é a Suzune que eu conheço...
Ela engoliu em seco.
— Ela se entregou completamente. Ela... gostou.
E então olhou pro ex namorado que estava ao lado da garota surtando
Kiyotaka Ayanokouji.
O rosto dele era neutro. Impecavelmente neutro. Como se não estivesse abalado.
Mas...
Suas pernas estavam cruzadas.
Kei percebeu de imediato.
Ela ficou surpresa com isso..
— Até você tá... sentindo alguma coisa, né?
Ele não respondeu. Só desviou os olhos por um instante.
— Interessante — murmurou.
Sudou estava corado, muito mais do que de costume. Mas se manteve sentado, ereto, respeitoso. Não desviava o olhar da tela, mas também não sorria.
Onodera, ao lado dele, também estava vermelha até a alma.
Ela colocou a mão na frente dos olhos dele.
— Você não precisa ver isso...! — disse, nervosa, mas doce.
— Eu não vou ver se você não quiser. — Sudou respondeu, com uma pequena reverência.
— Eu confio em você, Onodera.
Onodera ficou paralisada.
— D-Desse jeito... quem vai acabar me beijando é você, Sudou-kun...
Ryuen e Ichika estavam em estado de êxtase absoluto.
— MEU DEUS!!! ELE PASSOU A MÃO EM TUDO! — gritou Ichika, batendo palmas com força, os olhos brilhando. — ELE NÃO DEU NEM TEMPO PRA RESPONDER!
Ryuen gargalhava alto.
— EU TE DISSE, ICHIKA! ELE É UM MONSTRO! ISSO AQUI É UM MONSTRO DOMINANTE EM MODO MÁXIMO!
— OLHA A SUZUNE ARRANHANDO ELE! AAHHH, EU QUERO UM KIO-CHAN SÓ PRA MIM!
Chabashira, sentada ao fundo, tinha o rosto completamente corado. Ela não conseguia nem comentar.
Estava travada.
— Eu... estou em um pesadelo... ou num... filme pornô ao vivo?
Ela tossiu.
— Eu sou professora! Eu sou professora!
Chie também estava corada, mas... rindo.
— Nossa, ele foi direto ao ponto, hein... Nenhum "posso", nenhum "desculpa"... só pegou, apertou, beijou e dominou.
Ela cruzou as pernas e sorriu com malícia.
— Kiyotaka, você me surpreende mais a cada dia.
Sato e Chiaki estavam completamente rendidas.
— E-Eu... — Sato sussurrou. — Eu senti tudo. T-U-D-O. Como se tivesse acontecido comigo.
Ela colocou a mão entre as pernas, discretamente, tentando manter a compostura.
— Minhas calcinha... — sussurrou Chiaki. — Ela esta... molhada.
Sato arregalou os olhos.
— VOCÊ TAMBÉM?!
— VOCÊ TAMBÉM?! — responderam juntas.
As duas se entreolharam e riram, envergonhadas, mas cúmplices.
— Isso é inaceitável... — disse Chiaki, mordendo o lábio. — Mas tão... irresistível...
Kushida, ao fundo, estava com o rosto virado, mas o olhar furtivo denunciava.
Ela apertava os dedos contra a perna, tensa.
— Ele... nunca foi assim comigo... nunca...
Sua respiração era instável.
— Se ele me pegasse desse jeito... eu jamais me recuperaria...
Sakayanagi, calma como sempre, apenas sorriu.
— Um homem que sabe o que quer... e toma.
Ela fechou os olhos e inclinou levemente o pescoço.
— Suzune... agora entendo por que você nunca foi de se apaixonar. Você precisava de alguém mais forte que você. Que quebrasse suas muralhas.
Nanase, completamente sem chão, cobriu o rosto com ambas as mãos.
— Isso foi um pecado... mas foi... lindo...
Ichinose mordeu o dedo.
— Eu... não sabia que ele...
Ela parou, fechando os olhos com força.
— Isso me afetou mais do que deveria.
A tela congelava no exato momento em que ele dizia sua próxima frase...
E a legenda começava a aparecer em câmera lenta.
Ryota sorriu.
— Que tal... ouvir o que ele tem a dizer depois disso tudo?
Todos estavam em silêncio.
A respiração pesada. As mentes rodando.
O corpo de Suzune presente tremia, escondida no travesseiro.
O Ayanokouji presente estava com os olhos entreabertos, quase em transe.
E então, a legenda apareceu:
- "Você é minha, Suzune..."
- "Não ouse dizer isso quando passa todo seu tempo com aquela gyaru..." disse a garota de cabelos negros. Era ciúmes o que ele detectou?
- "Isso te incomoda? Deixa eu te lembrar, você era quem não queria nada comigo."
- "Você não se incomoda em fazer isso com sua namorada?"
- "Isso me incomoda um pouco..." ele disse, olhando fixamente para a garota de cabelos negros, - "Mas o que me incomoda mais é a ideia de te entregar a outro homem," disse o garoto de cabelos castanhos enquanto capturava os lábios da garota de cabelos negros mais uma vez, deixando-a completamente cativada por suas palavras... querendo saborear cada parte dele e se afogar em seu gosto...
Depois que ficaram sem fôlego, o garoto começou a beijar o queixo da garota de cabelos negros, descendo a cada beijo, deixando um rastro de fogo por onde passava.
A imagem explodiu na tela com o beijo e as palavras afiadas do Ayanokouji do futuro. Um silêncio momentâneo se espalhou pela sala, interrompido apenas pelo som abafado de um travesseiro colidindo com um rosto.
"AAAAHHH!!" — gritou Horikita, o rosto completamente afundado no travesseiro, tentando esconder o vermelho escarlate que tomava conta de suas bochechas. Ela sabia que não adiantava se esconder, mas o constrangimento era insuportável. Mesmo assim... o sorriso que se formava involuntariamente era a prova de que aquelas palavras possessivas mexeram com ela. Muito.
Ryuen caiu na gargalhada. "Hah! Agora sim! Isso é que é pegar o controle da situação! Você é minha, Suzune! Porra, se isso não é uma declaração, eu não sei o que é." Ele olhou de canto para o Ayanokouji real. "Então... não vai dizer nada? Vai continuar com essa cara de paisagem?"
Ayanokouji não respondeu de imediato. Estava com o rosto neutro de sempre... mas quem olhasse com atenção notaria o detalhe: ele havia cruzado as pernas. Muito discretamente, sim, mas ainda assim... um gesto revelador.
Ichika praticamente saltou no lugar. "MEU DEUS! ISSO TÁ MUITO BOM! TÁ TUDO PEGANDO FOGO!" Ela levantou os braços, como se comemorasse um gol. "Mano, esse Ayanokouji do futuro é o meu espírito animal! Você é minha, AFF, alguém me segura!"
Ichinose, completamente vermelha, estava com as mãos cobrindo o rosto. Mesmo sem olhar, seus dedos entreabertos deixavam claro que ela queria ver mais. "Isso... isso é quase indecente..." — murmurou ela, mas sua voz estava fraca, tremida, e no fundo, havia admiração — e desejo. "Ele... está tão diferente. Mais... intenso..."
Sakayanagi observava com um sorriso sereno, embora suas bochechas também carregassem o rubor da excitação. "O mais fascinante disso tudo..." — ela falou com calma — "é como Horikita claramente gosta da dominação dele. Ela se perde nele, mesmo quando tenta resistir. Uma dinâmica perigosa, mas... fascinante."
Sato e Chiaki estavam tão coradas quanto a Horikita. A Chiaki apertava o braço da amiga, as duas tentando manter uma compostura que já tinha evaporado junto com a sanidade coletiva do ambiente.
"Isso foi... intenso demais," Chiaki sussurrou, as pernas cruzadas instintivamente.
Sato respirava fundo. "A voz dele, o jeito que ele fala... é tão direto. Ele não deixa espaço pra dúvida. Eu... eu entendo totalmente o que a Horikita tá sentindo."
As duas meninas sabiam que aquilo não era só um beijo. Era um avanço... um avanço que mexia com o psicológico, o corpo, a alma. Uma entrega — quase obrigatória — e ainda assim desejada.
Kushida desviava o olhar, mas seu rosto também estava corado. Ela mantinha um sorriso discreto, mas seus olhos brilhavam. "Ele é bem mais perigoso assim..." — comentou, quase num sussurro. "Esse tipo de homem... te quebra completamente e depois te reconstrói do jeito dele."
Nanase se mantinha mais firme, mas até ela não pôde deixar de engolir em seco. "Esse nível de... intensidade..." — ela murmurou — "não é algo que se vê todo dia. E a Horikita do futuro não resistiu. Ela se entregou completamente."
"É," Chabashira concordou, a voz hesitante. "Isso é perigoso... mas tem algo muito... hipnotizante nisso." Ela passava as mãos nos próprios braços, como se estivesse com frio, mas na verdade era só o arrepio que se espalhava.
Chie riu, claramente se divertindo, mesmo com o rosto também levemente corado. "Isso tá virando um caso pra maiores de idade," ela comentou. "Mas confesso que... esse lado dele é bem interessante."
Chabashira, por outro lado, suava. Literalmente. "Eles não... vão mostrar mais, né? Certo? Certo? Ryota?" Ela olhava em volta, nervosa, como se pudesse apelar pra alguém.
Ryuen, ainda rindo, fez um gesto com a mão. "Ahhh, deixa mostrar! Isso aí é melhor que novela das dez!"
Sudou, corado, tentava se manter quieto, mas sua expressão não escondia o desconforto. Ele mal teve tempo de dizer qualquer coisa, pois Onodera, muito corada, colocou a mão nos olhos dele com firmeza novamente.
"Você não vai ver isso! só vou sair quando isso acabar!" — ela falou firme, embora seu rosto estivesse igual a um tomate.
"Tá bom, tá bom..." — Sudou levantou as mãos em rendição, deixando-se guiar pelas ordens dela. "Eu respeito."
No canto da sala, Ichika ainda gritava animada. "Ryota, SE TIVER MAIS, MOSTRA! A GENTE PRECISA VER ELES TRANSA—"
"ICHIKA!" — gritou Ichinose, completamente em pânico.
Mas Ryuen já ria alto. "Ela tem razão! Mostra logo essa porra! O clima tá quente e o Ayanokouji tá virando um protagonista de mangá erótico!"
Kei, por outro lado, estava surpreendentemente calma. Ela apenas cruzou os braços e soltou um suspiro leve olhando discretamente pro Ayanokouji na sala de reação ao lado da Horikita. "É... ele realmente já seguiu em frente,..." — murmurou para si mesma. Não havia mais tristeza. Era aceitação. Ver aquele Ayanokouji do futuro tão entregue a outra garota, tão dominador, tão emocional... confirmava o que ela já sabia: aquele cara não era mais dela. E tudo bem.
Ela olhou para Horikita, que ainda estava enterrada no travesseiro, e sorriu de lado. "Boa sorte, Suzune," ela pensou em silêncio. "Você vai precisar."
Horikita, por sua vez, ainda tentava se recompor. Ela não conseguiria olhar nos olhos de ninguém por pelo menos uns bons minutos. Mas em seu rosto escondido, havia um sorriso vago, quase sonhador.
"Você é minha..."
Essas palavras ecoavam dentro dela como uma melodia viciante.
E ela não queria que parasse tão cedo.
Com o pouco fôlego que lhe restava e os olhos fechados, a garota falou - "E-Não tem jeito então... me faça sua..." ela sussurrou, se rendendo completamente aos beijos e carícias do homem de cabelos castanhos. Ambos sabiam o que estava prestes a acontecer... e nenhum deles iria recusar, pois ambos amavam a sensação de estarem próximos um do outro. O homem de cabelos castanhos começou a beijar o pescoço da garota de cabelos negros, pretendendo deixar um chupão enquanto suas mãos a faziam ver estrelas em intervalos com seu toque habilidoso em sua área íntima. No entanto, antes que ele pudesse ficar satisfeito, o homem de cabelos castanhos foi abruptamente interrompido por um empurrão da garota... Isso o surpreendeu, mas ele rapidamente entendeu por que ela havia feito isso.
- "Kiyotaka?" disse uma voz um tanto angustiada.
Isso estava indo mal...
"NÃOOOOO!!" — Ichika gritou, levantando-se da cadeira com os braços erguidos ao céu como se invocasse alguma entidade mística. — "ELA ESTRAGOU A CENA! ESTAVA TÃO PERFEITA! PORRA, KEI!"
Ryuen, logo em seguida, bateu a mão com força na mesa e gargalhou alto, mas com raiva genuína misturada à diversão. — "ESSA GYARU! TINHA QUE ESTRAGAR A PORRA TODA! EU JÁ IA PEGAR PIPOCA! MAS..." — Ele parou, os olhos brilhando. — "...finalmente vai vir o drama. O drama da corna do futuro. Isso sim vai ser entretenimento de verdade!"
Ichika levou as mãos à boca, os olhos arregalados com pura empolgação. — "É verdade! Vai acontecer! Ela vai descobrir que tá sendo corna ao vivasso! ISSO VAI SER LINDO! A emoção! O surto! EU QUERO VER LÁGRIMAS!"
Enquanto isso, a Kei da sala de reação soltou um suspiro pesado, inclinando o corpo levemente pra trás, recostando na cadeira como quem já esperava por isso. Ela passou a mão pelo cabelo com um sorriso sarcástico.
— "Sabia que essa parte ia chegar mais cedo ou mais tarde..." — murmurou, encarando a tela. Seu olhar era misto de irritação, tédio e leve curiosidade. — "Quero ver como eu reajo a isso... se vou chorar, gritar ou mandar ele se foder com classe."
Ela não parecia furiosa. Nem triste. Apenas... resignada. Como quem já superou tudo aquilo há muito tempo.
— "Não tô com ciúmes," ela pensou. "Mas se essa versão minha se humilhar por ele, vou ficar com vergonha alheia."
A algumas camas de distancia da Kei, a Horikita soltou um baixo e irritado:
— "Tsk..."
Foi quase inaudível, mas claramente um sinal de frustração por ter sido interrompida justo quando estava se rendendo — no bom sentido — ao prazer daquele momento com o Kiyotaka do futuro.
Ayanokouji, ainda com aquela calma habitual, virou levemente o rosto pra ela e, em um gesto muito discreto, passou os dedos de leve pela cabeça dela, num carinho silencioso.
Horikita não disse nada, mas seu rosto ficou um pouco mais vermelho. Ela mordeu levemente o lábio inferior e desviou o olhar, tentando disfarçar o quanto aquele simples gesto a acalmava... e a deixava mais vulnerável.
— "...Idiota," sussurrou ela, baixo demais pra alguém além dele ouvir.
No outro lado da sala, Ichinose, Chabashira e Nanase suspiraram em uníssono, como se finalmente pudessem respirar após tanta tensão acumulada.
Ichinose colocou a mão no peito. — "Graças a Deus isso parou antes de virar algo que eu... não tava preparada pra ver," ela falou, sorrindo nervosa.
Nanase assentiu. — "Sim. Eu não saberia onde enfiar a cara se tivesse continuado."
Chabashira, por sua vez, largou o tablet que usava pra anotar qualquer coisa didática. — "Isso tá saindo completamente dos trilhos. Eu tô aqui como supervisora, mas sinto que virei babá de um reality show adulto."
Sakayanagi, que não demonstrava vergonha, mas sim um ar curioso, inclinou levemente a cabeça. — "Interessante. Muito interessante. A interrupção não foi só física... foi emocional. Kei, mesmo não querendo mais ele, ainda tem um peso no coração. O suficiente pra tentar impedi-lo de seguir em frente... mesmo que inconscientemente."
Sato, observando tudo com os olhos arregalados, comentou com Chiaki:
— "Cara... isso é mais tenso que qualquer coisa que a gente já viu. Você acha que a Kei do futuro vai surtar?"
Chiaki engoliu seco. — "Se não surtar, pelo menos vai sofrer. Ela ainda parecia muito ligada a ele. Essa dor vai vir pesada."
Kushida, que estava quieta, sorriu. — "Amor, ciúmes, posse, traição emocional... esse episódio tá tendo de tudo. Eu tô adorando."
Ryota, no centro da sala, estava com um sorriso quase diabólico. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. E sabia que a melhor parte ainda estava por vir.
— "Acho que todo mundo aqui já entendeu que... o drama começou de verdade agora."
Ele girou o controle do Nintendo lentamente. — "E não se preocupem, isso foi só o começo da dor emocional. A bomba maior ainda nem caiu."
Ichika praticamente pulou da cadeira. — "TEM MAIS? RYOTA! PELA DEUSA DA LUXÚRIA, MOSTRA LOGO!"
Ryuen, ainda rindo, bateu no ombro dela. — "Relaxa, porra. O sofrimento é como vinho... tem que ser saboreado. Aos poucos."
Kei, com os braços cruzados, olhou novamente pra tela, desta vez mais atenta. Seu rosto agora era mais sério.
— "Vamos ver se eu pelo menos tenho dignidade quando descobrir," ela murmurou. "Ou se vou virar a idiota que perdoa homem só porque ele tem pegada."
Ayanokouji lançou um olhar curioso pra ela. Mas não disse nada.
Horikita, ao notar o olhar dele para Kei, cruzou os braços também e lançou um olhar rápido de canto de olho para a gyaru.
Ela não sentia ciúmes — não mais. Mas havia uma tensão no ar... e ela sabia o que era.
Ayanokouji era um homem que poderia fazer qualquer mulher se apaixonar... e, no fundo, todas na sala sabiam disso.
O que importava agora era: qual delas seria forte o bastante para aguentar esse jogo?
Sakayanagi falou baixo, mas com firmeza:
— "Amor é uma arma. E ele está aprendendo a usar com perfeição."
Chabashiro, sentada no canto, massageava as têmporas. — "Por que eu aceitei supervisionar isso mesmo?"
Chie, sentada ao lado dela, riu baixinho. — "Porque você é masoquista, Sae-Chan."
- "Ah! Aí está você!" exclamou o ruivo, feliz por ter encontrado sua donzela.
- "O que você estava fazendo?" perguntou a loira com uma expressão sombria... pois sentia que seus piores medos poderiam estar se tornando realidade. - "Por que os dois estão tão nervosos?"
- "Por que o rosto de Horikita-san está vermelho."
- "Por que Kiyotaka está respirando pesadamente? Não... não pode ser verdade, certo?"
Um silêncio instantâneo tomou conta do espaço. Ninguém piscava.
Ichika, no entanto, se inclinou lentamente pra frente, com os olhos brilhando como se estivesse assistindo o episódio final da sua novela favorita.
— "É AGORA..." ela murmurou, os lábios se curvando num sorriso animado. — "A verdade vai bater na cara dela sem piedade. A cornificação oficial chegou, Ryuen."
Ryuen soltou um riso rouco, os olhos fixos na tela. — "Finalmente. Quero ver a cara da loira desabando. Será que vai chorar? Vai gritar? Vai bater nos dois? Eu não sei o que esperar, mas sei que vai ser LINDO."
Ichika riu com ele. — "Ela tá com a intuição pegando fogo. Aquele 'não... não pode ser verdade, certo?' foi puro desespero emocional reprimido. Já sentiu? Tá sentindo, Kei? Tá ardendo no chifre emocional."
Enquanto os dois se divertiam como crianças vendo um espetáculo trágico, o resto da sala estava em choque. Literalmente congelados. Era como se a cena os tivesse fisgado com uma garra invisível.
Sato tapou a boca com a mão, os olhos arregalados.
— "Ela percebeu... ela percebeu. Vai dar merda. Vai dar MUITA merda!"
Chiaki mordeu o lábio inferior, nervosa. — "Cara, a Kei do futuro tá muito abalada. Dá pra ver. A voz dela... tremendo. Os olhos. Ela tá tentando manter a pose, mas tá quebrando por dentro."
Ichinose, com uma expressão preocupada, balançou a cabeça lentamente. — "Isso tá indo longe demais... se ela confirmar qualquer coisa agora, vai ser devastador. Eu não gostaria de ver ninguém sofrendo assim."
Nanase cruzou os braços, séria. — "Se Horikita e Ayanokouji não souberem explicar ou amenizar, essa cena pode se tornar irreversível."
Chabashira exalou devagar, como se também estivesse ficando tensa. — "A garota claramente os pegou em um momento íntimo. Seja o que for, essa situação vai gerar consequências."
Kei da sala de reação, que até então assistia em silêncio, soltou um suspiro, mas não de surpresa. De algo mais... melancólico.
— "...Sabia que minha versão do futuro ainda estava ligada a ele," murmurou. — "Ela ainda o amava... ainda esperava que ele não tivesse ido embora de verdade."
Ela sorriu de canto, mas havia amargura em seus olhos.
— "Iludida."
Mesmo assim, ela se manteve firme. Sem lágrimas. Sem escândalo. Mas o brilho curioso no olhar mostrava que ela queria saber... como sua outra versão iria reagir.
Horikita também observava a cena atentamente, mas com um misto de vergonha e tensão. O rosto levemente avermelhado – mais pelo conteúdo anterior do que pela cena em si – contrastava com o olhar sério.
— "...Ela vai perguntar. Vai confrontar," murmurou. — "Mas o que eu — a versão do futuro — vai responder? Como vou reagir com alguém nos flagrando naquele momento?"
Ayanokouji, ao lado dela, parecia mais neutro, mas seus olhos estavam bem focados na tela. A tensão entre as versões dele e de Horikita era palpável.
Sem dizer nada, ele apenas passou a mão lentamente sobre a coxa de Horikita, pressionando de leve, como uma âncora silenciosa para mantê-la no presente.
Ela se virou, surpresa com o gesto, mas ao vê-lo encará-la com aquela calma habitual, relaxou, mesmo que timidamente.
— "...Obrigada," sussurrou ela. — "Mas isso tá... desconfortável. Mesmo pra mim. Essa versão minha cometeu alguns erros que realmente são desconfortaveis para ve"
Ayanokouji apenas assentiu.
Sakayanagi, observando atentamente, comentou com frieza:
— "O curioso é que a verdade ainda não foi dita. E mesmo assim, a dor já está se espalhando. Isso mostra como sentimentos não precisam de provas... apenas de sinais. Pequenos demais para negar."
Chabashira-sensei, que claramente já não sabia mais onde enfiar a cara, disse:
— "Por que eu ainda estou aqui? Isso virou um drama adolescente com pitadas de tragédia grega!"
Chie, do outro lado, riu. — "Porque está ficando bom demais pra sair agora."
Sudo, finalmente rompendo o silêncio que o dominava desde o início da cena, grunhiu:
— "Se fosse comigo, eu teria descido a porrada. Ninguém brinca com o coração de alguém assim..."
Ike murmurou: — "Mano, ela vai pirar... eu nunca vi a Kei com aquele olhar. Ela tava desmoronando só de ver os dois suando...
Na sala de reação, Ichika e Ryuen ainda estavam se divertindo como dois sádicos assistindo uma peça trágica.
— "Vai chorar? Vai correr? VAI GRITAR?" — Ichika dizia, quase pulando na cadeira.
— "Será que ela vai falar 'eu sabia que você ia me trair com ela'? Ah, esse roteiro tá digno de Oscar, eu juro!" — Ryuen comentou com entusiasmo.
Ichika colocou a mão no peito dramaticamente. — "Esse momento... essa dor... essa angústia... é tudo o que eu queria ver. É arte, Ryuen. Arte."
Kei da sala de reação, apesar da tensão geral, permanecia firme.
— "Se ela me fizer parecer desesperada, eu nunca me perdoarei. Vamos, mostra pra eles que você consegue sair disso com dignidade."
Mas seu coração batia mais rápido. E ela sabia. Sabia que a dor da sua versão do futuro era real.
Dor de ser deixada. De ser substituída. De não ser a escolhida.
E esse sentimento... não importava o quanto ela disfarçasse, ainda latejava em algum canto dentro dela.
A loira sabia que o relacionamento entre os dois era mais profundo do que eles deixavam transparecer, sempre foi assim, mas devido à natureza de Horikita, ela nunca a considerou uma ameaça. Então por que ela estava pensando demais nisso?
- "É impossível que Kiyotaka e Horikita façam algo indecente em um lugar como esse, certo?"
- "Eles nem sequer têm esse tipo de relacionamento para começar." Ela disse a si mesma, tentando acalmar suas ansiedades.
- "Eles provavelmente estavam falando sobre algo relacionado às provas, ou ela só estava dando uma bronca nele por alguma coisa... certo?", respondeu a ruiva, rindo. - "Por serem tão próximos, eles com certeza não se dão bem...", ele provocou.
Todos os presentes... piscaram ao mesmo tempo. Um único, longo e sincronizado piscar de incredulidade, como se o cérebro de todos estivesse tentando processar aquela auto-ilusão em voz alta da Kei do futuro.
E então, quase em câmera lenta, todos viraram os olhos para Sudou.
O garoto, que até então encarava a tela de forma distraída, sentiu dezenas de olhares caírem sobre ele como uma avalanche emocional. Suas bochechas ficaram vermelhas como pimentões maduros.
— "Eu... eu nem falei nada, porra," murmurou ele, a voz baixa, quase infantil.
Onodera, ao lado dele, já não conseguia segurar o riso. Ela cobriu a boca com a mão, mas não antes de deixar escapar uma gargalhadinha.
— "Meu deus... como a versão futura dele pode ser TÃO burra?" ela sussurrou, e logo depois acariciou a cabeça do Sudou como se fosse um cachorrinho que acabou de aprontar.
— "Mas é fofo, sabe? Essa burrice inocente, essa negação apaixonada... é quase romântico."
Sudou resmungou de cabeça baixa, evitando os olhares.
— "Não sou eu... é ele. Outro eu."
Ryuen, que não perdia a chance, já jogava lenha na fogueira:
— "É o mesmo DNA, campeão. Você no futuro tá usando uma fralda emocional. Impressionante. Aposto que se a Horikita tivesse saído do quarto ajeitando o cabelo, tua versão ainda ia dizer que foi um ataque de asma coletivo."
A sala inteira riu.
Mas, entre as risadas, havia também olhares pesados de frustração e indignação — todos voltados agora não pra Sudou... mas pra Kei.
Ou melhor, para a versão futura de Kei, que falava frases como quem se afogava em negação.
Kei da sala de reação estava com as bochechas vermelhas, não por vergonha alheia, mas por um misto de raiva contida, humilhação indireta e vergonha de si mesma.
— "Como... COMO ela consegue dizer isso com a cara limpa?!" — disse ela, os olhos arregalados, virando-se para Sato. — "Ela viu os dois. Ela VIU os dois. Eles estavam suando! Ela viu o estado deles! O que mais precisa acontecer pra ela entender o óbvio?!"
Sato, em resposta, a abraçou pelos ombros e puxou a cabeça de Kei gentilmente contra si, fazendo cafuné com ternura.
— "Calma, amiga. Ela tá só... tentando sobreviver. Às vezes, quando a gente ama alguém, a gente se recusa a aceitar o que tá na frente do nariz."
— "Ela tá se enganando de propósito!", retrucou Kei, apertando os punhos. — "Ela tá fazendo papel de palhaça, de trouxa! E eu... eu não acredito que essa é a minha versão futura!"
Ichika, escorada ao lado de Ryuen, estava agora sem forças de tanto rir.
— "Ela tá igual a uma esposa que pega o marido pelado com outra mulher e ainda diz 'ele tava ajudando ela a procurar um brinco'."
— "É pior do que eu imaginei," Ryuen completou. — "Acho que minha versão futura ia sentir vergonha até de zoar ela. Isso tá patético."
Horikita, ao lado de Ayanokouji, encarava a tela com um rubor discreto nas bochechas, mas os olhos intensamente atentos.
Ela respirou fundo.
— "...Eu não imaginava que ela me considerava tão inofensiva."
Ayanokouji soltou um breve "hm", o rosto neutro, mas também analisando.
— "Ela entendeu desde o começo que havia algo entre nós... mas se recusou a encarar a possibilidade."
— "É um erro clássico. Subestimar quem parece distante ou fria demais pra sentir algo. Mas... o que mais me espanta é como ela opta por se enganar."
Horikita suspirou.
— "Se isso fosse comigo, eu teria gritado. Teria enfrentado. Não me calaria assim. E, sinceramente..." — ela hesitou, mas completou, — "essa atitude passiva me assusta."
Kei, ouvindo isso, virou-se rapidamente para Horikita com os olhos em chamas.
— "Você acha que eu sou fraca?!"
Horikita a encarou com calma. — "Acho que sua versão futura está ferida demais pra reagir como deveria. Isso não é fraqueza... é cansaço emocional."
A frase ecoou. Ninguém respondeu.
Ichinose, tocando os próprios lábios com um dedo pensativo, murmurou:
— "Ela está quebrando por dentro... e ao invés de enfrentar, ela está tentando se convencer de que nada está acontecendo."
Nanase, de forma pragmática, completou:
— "Uma defesa psicológica. Mecanismo de negação. É comum quando a realidade é dura demais."
Sakayanagi, sorrindo com ironia, disse:
— "Mas o resultado é trágico, não? Ela está se jogando no abismo com os próprios olhos fechados. Está escolhendo o sofrimento, lentamente."
Sudou finalmente falou, virando-se pro Ike:
— "Mano... se eu visse a garota que eu gosto com outro cara, suando, respirando pesado, e com aquele olhar culpado, eu ia perder o juízo."
Ike concordou. — "Cara, não é possível. Não é só negação... é auto-enganar-se em modo avançado."
- "Pobre rapaz", pensou Ayanokōji. Mesmo assim, ele sentiu uma sensação estranha ao ver o rapaz à sua frente apressar a conversa, simplesmente querendo passar um tempo curto com a mulher de quem gostava, a mesma mulher que havia passado o dia anterior nos braços do homem de cabelos castanhos, gritando seu nome mais de uma vez. Ele não conseguiu evitar curvar os lábios levemente com esse pensamento.
Horikita não respondeu e saiu correndo, indo em direção à piscina mais próxima dos armários que ela havia usado antes. Sudou a seguiu quase instintivamente, enquanto Kei permaneceu de pé, cabeça baixa, esperando pela resposta de Ayanokōji.
Na sala de observação, o silêncio reinou por alguns segundos.
Foi Sudou quem quebrou o clima primeiro — mas não como alguns esperavam.
Ele estava encostado na parede, os braços cruzados e uma expressão totalmente relaxada. Ao contrário do que a cena poderia sugerir, ele não parecia abalado.
— Eu realmente... não sinto mais nada por ela, — disse, com sinceridade tranquila. — E, sinceramente, o cara do vídeo parece meio... perdido, né?
Geral piscou, como se esperassem uma explosão ou um momento desconfortável vindo dele. Mas nada disso aconteceu.
Onodera, que estava sentada ao lado dele, suspirou profundamente, aliviada.
— Que bom... — murmurou baixinho, o rosto corando levemente.
Sudou notou, e, com um sorriso meio torto, levou a mão até o topo da cabeça da garota, acariciando com calma.
— Fica tranquila. Eu tô bem. — disse ele, tentando aliviar qualquer tensão que ela ainda pudesse estar sentindo.
Onodera se encolheu um pouco, tímida, mas não afastou a cabeça. Pelo contrário, seu rosto corou ainda mais, e ela soltou um pequeno riso suave.
— Você às vezes me surpreende, Sudou.
— É... até minha versão futura é idiota às vezes, mas pelo menos eu aprendi alguma coisa nesse tempo — respondeu ele, dando de ombros.
Do outro lado da sala, Suzune mantinha os olhos fixos na tela. O som do pensamento do Ayanokōji do futuro ainda ecoava em sua mente: "a mesma mulher que havia passado o dia anterior nos braços dele, gritando seu nome mais de uma vez."
Ela corou.
Não muito. Não exageradamente. Mas visivelmente.
Desviou o olhar para Kiyotaka, que estava ao seu lado — o atual. O presente. O que ainda não havia feito aquelas coisas com ela. Ainda assim... a ideia daquilo tudo já estava muito clara em sua mente, assim como a memória da noite recente em que havia se entregado a ele pela primeira vez.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, o cenho levemente franzido. Havia algo incômodo em ouvir os pensamentos dele sendo expostos dessa forma, tão crua e direta. A possessividade silenciosa, a sutileza de sua malícia... tudo isso provocava um calor desconfortável em seu peito.
— A sua versão do futuro é... mais expressiva do que eu esperava — murmurou ela, cruzando os braços.
Kiyotaka, calmo, apenas ergueu a mão e acariciou suavemente os cabelos dela, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Suzune suspirou.
— Mas eu prefiro o toque do presente — completou, mais baixo, com um meio sorriso, fechando os olhos por um instante para sentir melhor o carinho dele.
Enquanto isso, Kei estava sentada na beira da cama, as mãos apoiadas sobre os joelhos, o olhar fixo no chão. Não precisava nem olhar para a tela — tudo já estava queimando dentro dela. O rosto corado, os olhos um pouco arregalados, o coração pulsando com um misto de indignação e vergonha.
— Por que... por que eu sou assim? — resmungou, quase para si mesma.
Sato, que estava ao lado dela, pousou uma mão no ombro da amiga. Seu toque foi leve, gentil. Mas não disse nada.
— Sato... — Kei ergueu os olhos, aflita. — Eu sou mesmo assim quando se trata do Kiyotaka? Digo... tão... submissa? Tão... apagada?
Sato hesitou.
Olhou para a tela, depois para Kei, e por fim acenou com a cabeça. Devagar. Lentamente. Como se estivesse temendo a reação da amiga.
— Eu... acho que você se perde um pouco quando o assunto é ele — respondeu, com honestidade desconfortável. — Você não é assim com mais ninguém. Só com ele.
Kei fechou os olhos e suspirou, quase como se tivesse levado um tapa no rosto.
— Isso é tão... patético.
— Não é patético — retrucou Sato, quase imediatamente. — É amor. Mas... talvez um pouco mal equilibrado.
Kei riu. Uma risada fraca, amarga.
— Espero que essa minha versão futura crie coragem logo. Porque assim... assim ela só vai se machucar.
Sato sorriu, apertando levemente o ombro da amiga.
— Vai melhorar. Você é forte. Até a versão indecisa de você tem um limite, né?
Kei não respondeu, mas seu olhar fixo na tela parecia concordar silenciosamente.
Do outro lado da sala, Ichika observava tudo com os olhos atentos. A cena, os rostos, as reações. Ela não dizia nada, mas seu olhar passava de Suzune para Kiyotaka, de Kiyotaka para Kei, e de Kei para Sato.
— Interessante... — murmurou, apenas para si mesma.
Kushida, por sua vez, tentava conter um sorriso que ameaçava se formar.
— Que confusão gostosa — sussurrou, encostando-se ao encosto da cadeira.
— Você parece se divertir com isso — comentou Haruka, com a voz baixa, mas carregada de julgamento.
— E você não? — retrucou Kushida com um brilho travesso no olhar. — É como assistir a um reality show em tempo real... com o bônus de saber que nada do que está ali pode ser impedido.
— Isso é cruel. — respondeu Haruka, desviando o olhar apertando sua mão.
— Ou só... inevitável — rebateu Kushida, com um sorriso enigmático.
Haruka suspirou com raiva das falas da Kushida.
Ryuen, atrapalhando o clima pesado do ambiente por um breve instante.
— Pelo menos agora sabemos que o Ayanokōji do futuro sabe ser um pouco maldoso, hein? Nunca imaginei que ele teria pensamentos como esses...
— Ele só está mais sincero — comentou Hirata, ajustando apostura levemente desconfortavel. — Mas... ainda assim é um tanto desconcertante ver como ele pensa as coisas de forma tão fria, mesmo quando envolvem sentimentos alheios.
Ayanokōji, o presente, permaneceu em silêncio, como se aquilo não fosse sobre ele. Mas seu olhar estava fixo na tela. E sua mão ainda acariciava os cabelos de Suzune.
— Não é frieza. É... consciência — murmurou, por fim. — Às vezes, saber o que o outro sente só serve para reafirmar aquilo que você já decidiu fazer.
Suzune o olhou de relance. Queria entender mais do que ele estava dizendo. Mas talvez... talvez ainda não estivesse pronta.....Mas talvez ela esteja chegando perto.
Mais uma vez, o ambiente ficou em silêncio. Um daqueles silêncios densos, onde todos pareciam presos dentro dos próprios pensamentos.
E então, como se o universo estivesse se preparando para jogar mais uma peça dramática naquele xadrez emocional, a tela piscou, anunciando a próxima cena.
Mas, naquele momento, ninguém se moveu. Ninguém respirou fundo.
Todos, absolutamente todos, estavam presos no que aquela última frase havia revelado.
- "Foi exatamente como Sudou disse... ela estava me dizendo para não fazer nada parecido com o que aconteceu com Maezono novamente, ou poderia ser ruim para a classe..."
- "Tem certeza?" perguntou a loira, sentindo lágrimas começando a se formar nos cantos dos olhos. No entanto, elas não se formaram completamente depois que ela sentiu a mão do garoto de cabelos castanhos na sua, entrelaçando os dedos com os dela.
- "Não pense muito, Kei", disse o garoto de cabelos castanhos enquanto a puxava gentilmente em direção à piscina.
Como se a sombra que pairava sobre ela tivesse desaparecido, as palavras do garoto aliviaram a loira.
- "Hm!" ela assentiu alegremente. - "Vamos nos divertir, Kiyotaka!"
Um silêncio desconfortável caiu por alguns segundos na sala de reação. A tela escureceu suavemente após a última fala de Kei do futuro, e todos os olhos se voltaram lentamente para a Kei do presente.
Ela, no entanto, estava com a cabeça abaixada, os ombros levemente curvados, completamente corada.
— ...Não olhem pra mim assim, caramba... — murmurou ela, com a voz abafada pelo travesseiro em que se escondia.
Sato estava sentada ao lado da amiga e estendeu a mão para acariciar gentilmente suas costas, tentando consolá-la de alguma forma. Ela mesma parecia um pouco constrangida com o que tinha visto, mas sua amizade com Kei falava mais alto.
— Foi... muito intenso — comentou Sato, dando um sorrisinho hesitante. — Mas olha, Kei... você não é a única que age de forma diferente no futuro.
— Mas... — Kei levantou um pouco a cabeça, os olhos arregalados, as bochechas ainda queimando. — Eu acreditei nele na hora! Ele só pegou na minha mão e pronto! Eu... EU PAREI DE CHORAR E SÓ ACEITEI?! Assim tão fácil?
Ela afundou o rosto de novo no travesseiro, soltando um gemido abafado de pura vergonha.
— Meu deus... eu sou muito submissa nesse nível?!!! — gritou, agora quase desesperada.
— Sim — respondeu Ichika com um sorriso provocador e absolutamente debochado. — Uma corna mansa.
Kei levantou a cabeça imediatamente e mostrou o dedo do meio pra Ichika sem pensar duas vezes, o rosto completamente vermelho. Apesar do gesto, havia um sorriso meio emburrado em seus lábios.
— Você não presta — disse ela, bufando.
— Obrigada, eu tento — Ichika piscou pra ela.
Rokusuke cruzou os braços, observando com um sorriso quase divertido a interação entre as duas. Não parecia interessado em interferir.
Horikita, sentada calmamente ao lado de Ayanokouji, observava a tela apagada com uma expressão pensativa. Seus olhos se moveram lentamente até Kei, e por mais que tivesse suas reservas sobre a loira, não pôde evitar sentir uma pontada de empatia.
— Manipulação emocional — murmurou Suzune. — Ela não percebeu, mas ele quebrou a tensão com um toque e uma frase simples, e ela foi completamente envolvida por isso.
— ... — Suzune suspirou e, por um instante, abaixou o olhar. Ela sabia exatamente o que significava ter alguém que consegue invadir suas defesas tão facilmente. Ao sentir os dedos de Kiyotaka acariciando seus cabelos, seu corpo reagiu antes de sua mente.
Ela fechou os olhos, inclinando-se levemente para ele, como se absorvesse aquela sensação.
— ...Você tem quase o mesmo efeito em mim, Kiyotaka... — murmurou baixinho, de forma que só ele pudesse ouvir.
Ayanokouji não respondeu com palavras, apenas continuou o carinho leve nos cabelos dela, um gesto pequeno, mas que dizia muito. Horikita relaxou ao seu lado, os lábios se curvando em um pequeno sorriso que contrastava com a tensão anterior.
Sudou, por sua vez, estava estranhamente tranquilo. Quando a cena começou, ele manteve os braços cruzados e a postura reta, observando sem muito julgamento. Quando a cena terminou, ele apenas soltou um suspiro leve.
Onodera, ao seu lado, o observava com certo receio, como se estivesse esperando alguma reação explosiva de qualquer lado. Mas nada veio. O máximo que aconteceu foi ele dar um pequeno tapinha carinhoso na cabeça dela.
— Tá tudo certo, Ono. Isso não me afeta. Aquela fase já passou — disse ele, de forma calma.
Onodera corou levemente, tanto pelo gesto, apelido quanto pelo alívio de saber que Sudou realmente não estava mais preso àquilo realmente de vez. Ela soltou um suspiro discreto e sorriu para ele, um pouco tímida.
— Que bom, Sudou. Eu... achei que isso realmente poderia te incomodar, desculpa por não acreditar na primeira vez de você falando sobre isso. — admitiu ela, sincera.
— Há um tempo atrás, talvez. Hoje em dia? Não. Eu tô em outra. — Ele deu de ombros. — E você me ajuda a seguir nessa direção.
As palavras deixaram Onodera ainda mais vermelha, mas feliz. Ela desviou o olhar, tocando os próprios cabelos, sorrindo discretamente.
Ryuen, do outro lado da sala, riu com prazer. Ele parecia mais animado do que o normal.
— Isso tá ficando interessante — disse ele, olhando fixamente para Kei. — Eu tava esperando o momento em que ela fosse descobrir tudo... mas ver o impacto dessas pequenas ações do futuro aqui na sala tá me divertindo bem mais.
Kei lançou um olhar irritado para ele, ainda meio vermelha.
— Você é um sádico. — disparou.
— E você é uma marionete emocional, aparentemente — retrucou Ryuen, abrindo um sorriso.
— Cala a boca. — Kei bufou, jogando um travesseiro em cima dele. Ryuen desviou rindo, sem se incomodar nem um pouco.
Ichika continuava observando a loira com um certo brilho nos olhos.
— Mas agora é sério, Kei... você realmente confiou nele sem nem hesitar? Nem um pingo de dúvida?
Kei passou as mãos pelo rosto e suspirou longamente.
— Eu sei... eu sei... Parece ridículo. Mas... — ela hesitou, olhando para a tela apagada. — Era o Kiyotaka, sabe? Ele... ele sempre tem esse jeito de parecer calmo o tempo todo. Forte. Seguro. Naquele momento... a minha versão futura só queria acreditar que ele tava ali por ela.
— ...Mesmo sabendo que no dia anterior ele possivelmente estava com outra nos braços — Ichika completou, afiada como uma lâmina.
Kei travou. A frase cortou fundo, mais fundo do que gostaria de admitir ja qye isso doia ainda. Mas ela forçou um sorriso, mais triste do que provocador agora.
— Ela... queria acreditar que ainda tinha valor pra ele. — Sua voz vacilou um pouco, mas ela manteve o tom firme. — Mesmo que fosse uma mentira.
Sato apertou a mão da amiga com carinho, e mesmo Ichika, por um breve momento, pareceu suavizar a expressão.
— Isso é o mais humano que você já falou até agora, Kei. — disse Ichika, cruzando os braços. — E... é triste.
Kei assentiu em silêncio, olhando para o nada.
— Talvez eu precise mudar mais ainda aqui no presente. — murmurou, mais para si do que para os outros.
— Sim, precisa — disse Ichika sem piedade, mas com uma sinceridade inesperada. — E espero que essa versão do futuro também perceba isso a tempo.
Sakayanagi, que estivera observando tudo em silêncio, ergueu um leve sorriso.
— É fascinante, na verdade. A manipulação sutil. Um toque na mão. Um convite inocente à piscina. E tudo se resolve.
— Ou se esconde debaixo do tapete, como um segredo podre — comentou Hoshinomiya, que aparecera mais uma vez com uma garrafinha de suco. — Essa relação tá me dando um mau pressentimento desde o começo.
— Estamos todos assistindo um teatro onde cada personagem tem seus próprios segredos — comentou Ichika, recostando-se na cadeira. — A questão é: quem vai explodir primeiro?
— A Kei — respondeu Ryuen imediatamente, rindo. — Ela tá segurando essa bomba interna com fita adesiva.
— Cala a boca! — Kei jogou outro travesseiro.
A sala explodiu em risos sutis.
Horikita olhou para Ayanokouji ao seu lado.
— E então... O que você achou da cena?
— Estratégica — respondeu ele. — Mas também emocional. Ela ainda confia demais. Isso a torna vulnerável. E isso pode ser perigoso em algum momento.
— Inclusive para você? — ela perguntou, inclinando-se levemente para ele.
Ayanokouji olhou para Suzune por um breve momento. Seus olhos se cruzaram em silêncio.
— Inclusive para mim — respondeu ele, sincero calmamente.
Suzune fechou os olhos, apoiando a cabeça no ombro dele. O carinho nos cabelos continuava, suave.
A tensão na sala foi diminuindo aos poucos, mas as emoções ainda pairavam no ar.
Todos sabiam que aquele era só mais uma cena. E que os mais intensos ainda estavam por vir.
Fim da parte 1 do capitulo 2,
Espero que tenham gostado do capitulo, deu muito trabalho fazer essa primeira parte, então espero que tenham gostado da leitura, 25k de palavra cansa de escrever hahahahah, em fim, resolvi dividir em duas parte novamente pois vai da mais de 50k de palavras(Na verdade iria ter 58k, mas eu lancei esses outros no capitulo especial do Kiyotaka com a Horikita.) e esse capitulo ja demorou muito mais que o previsto pra ser lançado, pois eu não estava esperando que as minhas provas viessem tão cedo hahahaha.
Em fim, espero que tenham gostado do capitulo e que tenham se divertido e lembrando:


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