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História Ônix - Capítulo V - The Blood


Escrita por: LightB

Notas do Autor


Hello my Little Wolfies

Capítulo 5 - Capítulo V - The Blood


Capítulo V - The Blood

Tudo começou a acontecer em câmera lenta, a faca escapando de seus dedos, o sangue escuro surgindo, a garota se engasgando com o próprio sangue, agarrando o pescoço em desespero, seu corpo caindo em um som abafado, um grito preso em minha garganta.

O oxigênio havia simplesmente desaparecido de meus pulmões, meu coração disparado, lágrimas escorrendo por meu rosto enquanto assimilava os fatos que se decorriam bem diante de meus olhos.

O sangue começou a escorrer pelo vestido branco, manchando o tecido de um vermelho profundo, empoçando no chão ao redor de seu corpo, grudando pelos cabelos louros, os tornando ruivos.

Erick me puxou para seus braços e enterrei meu rosto em seu peito, as lágrimas descontroladas, o choro compulsivo, a cena que gostaria de apagar de minha mente se repetindo em um looping aterrorizante.

As pessoas começaram a aparecer no fim do corredor, algo deve tê-los atraído até ali, logo o ambiente estava cheio de paramédicos, policiais e curiosos de todos os tipos. Os pais da Rachel estavam completamente desesperados e por um momento pude ver meus pais ali, quando acharam o carro do Ty.

Seus gritos cortavam meu coração de uma forma assustadora, eu nem mesmo a conhecia, mas sentia uma culpa sufocante e irracional, ela havia se matado a minha frente, mas porque?

Respondi a tantas perguntas, o que ela disse? Quando chegaram? Sabe o motivo? Foi ela que fez isso? Estava com ela no momento? E todo o tempo Erick me olhava, ele queria dizer alguma coisa, mas sempre havia alguém impedindo isso, com perguntas em cima de perguntas.

Quando finalmente consegui ser liberada para ir para casa encontrei meus pais, que estavam me esperando no estacionamento, assim como de quase todos os outros estudantes, a diferença é que minha mãe estava chorando e meu pai parado como uma estátua, observando tudo.

Pareciam mais deslocados ali do que eu dentro daquele baile.

—Que bom que ela não machucou você querida - minha mãe me disse enquanto me abraçava tão apertado que praticamente fiquei sem ar, mas não pude deixar de retribuir - não suportaria perde-la também.

No caminho de volta o silêncio era predominante e inevitável de me fazer pensar, até aquele momento eu havia ignorado o que a Rachel havia dito antes de morrer, mas agora, as palavras voltavam como um tapa.

“Deveria parar de procurar aquilo que não quer encontrar”.

O que ela quis dizer? Era para mim? Qual o significado daquelas palavras, seria por eu estar procurando pelo Tyler? Por tentar descobrir o que aconteceu com ele?

As perguntas surgiam como ondas e eu não tinha as respostas certas para elas, tudo o que sabia era que não devia contar aquilo a ninguém, e estranhamente o Erick também não havia dito nada, ele fingiu que não havia ouvido nada.

Porque?

Talvez para me proteger, ela disse aquilo me fitando de uma forma estranha, de certa forma deixando claro que era para mim, provavelmente era isso que o Erick queria me falar. Assim como eu devia querer entender do que ela estava falando, não seria fácil explicar algo que não havia entendido.

Acordei com o celular vibrando, eram 4 horas da manhã, resmunguei algo impossível de se entender enquanto desbloqueava a tela. Vista-se e saia, vamos caminhar. Era tudo o que dizia na mensagem do Erick.

Mais enigmática que aquilo seria impossível, mas não é como se eu estivesse dormindo de verdade, não acho que seria capaz de dormir de verdade por algumas semanas.

Rapidamente troquei de roupa, escrevi um bilhete e sai. Ele já me esperava na frente de casa, seus olhos imersos em pensamentos e com uma expressão vazia. Por um momento senti medo, o que eu diria a ele?

—Erick - falei me aproximando.

—Vamos andar - ele se afastou rapidamente e tive de segui-lo por algum tempo parando apenas ao alcançar o bosque ao lado de minha casa - o que aconteceu? Por ela disse aquilo para você e se matou?

—Eu não sei.

—Chega de mentiras Liah, estou cansado de fingir acreditar em você - Erick andava de um lado para outro, verdadeiramente irritado, não podia culpa-lo, eu com toda certeza estaria ainda pior em seu lugar - eu quero a verdade.

—Okay, quer a verdade? – segurei minha voz para mantê-la baixa, quando na verdade minha maior vontade era começar a gritar - meu irmão não está morto, e eu estou procurando por ele, era isso que a garota quis dizer, ela me mandou parar de procurar.

—E por que se matou depois?

—Essa parte eu ainda estou tentando descobrir - essa era uma verdade incontestável, não havia sentido se matar daquela forma.

Nada parecia fazer sentido.

—O papel que escondeu na capa de seu celular?

O fitei confusa, ele havia visto aquilo?

—Uma mensagem do Ty - Erick olhou para o chão e depois para as árvores, mas em momento algum me olhou, eu o conhecia bem o suficiente para saber o que aquilo significava - você não acredita em mim.

—Não tinha uma desculpa melhor? Tinha que apelar para seu irmão morto ou invés de me dizer a verdade? – a revolta em sua voz, a maneira como ele falou do Tyler, aquilo realmente me irritou.

Soltei o ar que segurava, tentando manter a calma e não fazer ou dizer algo estúpido. Mas estava sendo um verdadeiro desafio.

—Nem sei por que ainda tento explicar - olhei para dentro dos seus olhos cinzentos, a raiva estampada ali - essa é a verdade se quiser acredite, se não, azar o seu.

—Não sei mais dizer quando você esta ou não mentindo, Liah, você não parece mais a mesma pessoa.

Desviei o olhar, sentindo o peso de suas palavras, eu havia morrido dia após dia esperando que Tyler voltasse, e ele não voltou.

—Aquela garota não vai mais voltar Erick – uma lágrima rolou por meu rosto enquanto a verdade saia por meus lábios – eu mudei e se esse é o seu grande problema, eu saio da sua vida.

—Está terminando comigo? – a surpresa em sua voz refletia o que eu mesma sentia naquele instante, não entendendo de onde havia surgido a força para dizer tudo aquilo.

—Não, estou te deixando livre para entender que eu não sou mais a garota por quem você se apaixonou.

Nem esperei uma resposta, virei e me afastei dele, voltando para casa. Aguentei firme até estar na segurança do meu quarto, lá eu podia desabar, escorregar pela porta até o chão e chorar como uma criança. Apenas deixando a dor fluir.

Depois de alguns minutos alcancei meu diário em cima da cama e passei a folheá-lo, aquelas páginas estavam repletas de pensamentos, planos para o futuro, metas de vida.

Mas desde quando Tyler havia desaparecido parecia sem sentido escrever qualquer coisa que fosse.

Insanidade

—Tyler sumiu e foi declarado morto.

—O e-mail da Hayley.

—Baile do desastre. Uma morte, uma frase “Deveria parar de procurar aquilo que não quer encontrar”.

—Erick não acredita em mim.

Fitei a lista a minha frente, apenas o essencial, aquilo que não poderia esquecer, sem mais detalhes do que o necessário.

Não sou mais a mesma Liah que costumava escrever. Fitei o papel sabendo o que aquelas palavras significavam. Ela ficou enterrada no cemitério, junto com a lápide do Tyler, ela não existe mais e provavelmente nunca voltará a existir. Uma lágrima solitária escorreu por meu rosto, pingando na página. Eu morri sem ter morrido e não vejo mais sentido em nada que costumava ver.

Esse é o fim de uma vida, o inicio de outra.

E eu não fazia a mínima ideia de como estava certa sobre isso.



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