História Only a Human (HIATUS) - I Wish

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- Kate, está tudo bem? Você precisa ir emb... – Jessy perguntou tocando meu ombro. 

- Preciso ficar sozinha. – interrompi a Jessy e sai correndo.

Corri, corri para a salinha das coisas de limpeza, eu sei que a Jessy saberia que eu ia estar lá, mas ela sempre respeita quando eu digo que quero ou preciso ficar sozinha, ela é realmente a amiga que eu sempre quis. A porta da salinha sempre ficava aberta, ela é igual a de alguns banheiros só tem chave por dentro.

Entrei correndo lá, e sentei no chão. Meu corpo ardia e latejava, o cheiro forte de cloro da salinha chegava a incomodar, as risadas e as imagens de todos rindo e apontando não saiam da mente, eu preciso ir embora, e preciso de remédios de um hospital não sei. 

Peguei um pano que estava em cima de um tanque que tinha ali, molhei meus braços debaixo da água, e a ardência ficava mais forte. Odeio ter alergia muito forte dessa droga de azeite. Aonde havia caído a salada, estava vermelho.

Ai droga, lembrei, os chicletes nas minhas costas, mastigados e babados, e vermelhos. Como eu vou tirar essas merdas das minhas costas agora.

Sabe aquele momento que por mais forte que você seja ou tente ser, vem àquela pancada forte demais que você não resiste, por mais que eu seja uma pessoa forte e orgulhosa, a maioria das vezes só um bom choro resolve as coisas. Eu não sei o que eu fiz, na verdade eu sei que eu não fiz nada pra merecer nada disso, eu nunca nem tive uma conversa de verdade com eles, a não ser com o Taylor e com o Cameron, e eles me fazem me sentir um lixo, e seja porque talvez eu seja. Eu vejo que a sociedade deles, a sociedade que todos que eu conheço fazem parte, ela não me aceita, por que eu não estou no nível deles. Mas mesmo assim eu me mantenho de queixo erguido, ou pelo menos tento, porque esta cada vez mais difícil.

Escorreguei na parede ao lado do pequeno tanque, e abaixei a cabeça e deixando as lagrima de dor se misturar as de ódio e humilhação. Eu realmente precisava ir  embora, mais não vou sair daqui tão cedo.

Peguei meu celular no chão, e derrubei-o com o susto que levei com o barulho da porta abrindo. Droga mil vezes droga, esqueci de trancar a porra da porta. Com a claridade que vinha do corredor, só vi uma silhueta masculina entrando e fechando a porta.

- Você está bem? – a voz inconfundível do Caniff ecoou no pequeno cômodo – Olha me desculpa mesmo – ele disse acendendo a luz dali.

- O que você tá fazendo aqui, vai me humilhar mais? Rir da minha cara? Fazer vines me zoando? Porque se for isso pode ir embora. – falei e me levantei.

- Não calma Kate eu só...  – não deixei ele terminar de falar.

- Pra você Katerina. – falei grossamente.

- Okay. Katerina eu só vim ver se você tá bem. – ele disse e riu – Mais vejo que você tá péssima, seu cabelo tá um bagaço serio.

- Se era só isso, tchau. – falei indo até a porta.

- Não calma. Vou te ajudar a se limpar, e vou com você até a diretoria. Eu quero me desculpar pelo que eu fiz, foi sem querer mesmo. – ele disse e pegou o pano no pequeno tanque e veio até mim – Na verdade a culpa nem foi toda minha, você que fica correndo no refeitório, não te falaram que não pode? E ainda não olha por onde tá correndo. – ele disse e riu.

- Foi você que derrubou salada em mim? – perguntei pegando o pano da mão dele.

- Foi. Mas como eu disse foi sem querer, e a culpa foi mais sua que minha. – ele disse pegando meu celular no chão – Você acha que eu jogaria salada em você por querer, eu sei que você é alérgica a azeite. – ele disse e colocou meu celular no bolso.

- Eu acho, e porque como você sabe que eu tenho alergia a aceite? A Jessy te contou agora pouco não foi? – eu disse passando o pano por onde estava ardendo.

- Não, a Jessy não me disse nada, você que me disse na sua primeira semana de aula aqui. – ele disse.

- Verdade né, tinha me esquecido que na minha primeira semana de aula você foi legal comigo. Ai depois começou a andar com o Nash, e nunca mais olhou pra mim como uma amiga ou colega, igual tá olhando agora. – eu disse e sentei no chão jogando o pano nele.

- Não é bem assim é qu... – não deixei ele terminar de falar.

- É bem assim sim. – disse.

- Okay. Então vamos esquecer isso, e esperar a droga do sinal tocar como grandes amigos, pra gente ir lá diretoria, eu tenho certeza que você não vai querer ir lá agora que tá todo mundo lá fora ainda. – ele disse e tirou meu celular do bolso e me entregou. – Poe a senha?! – ele disse por fim.

- Não! – disse e peguei meu celular.

Ainda não caiu a ficha que o Taylor tá aqui na minha frente, e que ele veio me ajudar. Nunca passou pela minha cabeça que ele falaria civilizadamente comigo, afinal como eu disse ele nunca mais depois daquela semana olhou pra mim como uma amiga ou uma colega, e agora tá olhando.

[...]

O sinal já tocou há dois minutos e eu e o Taylor, estamos na sala da senhora Dodds, só ela pode dar permissão pra alguém sair da escola, ela é a primeira diretora. E no momento ela esta ligando pra minha mãe, eu o Taylor contamos toda a historia menos a parte do chiclete, eu disse que estava comendo e minha amiga disse algo bem nojento ai me deu vontade de vomitar, por isso sai correndo e todo resto.

- Bom Katerina, sua mãe e seu pai estão no meio de uma pesquisa muito importante e não poderão sair pra te buscar. Você só tem uma opção agora, você pode ficar aqui e ir pra enfermaria o que não vai ajudar muito no seu caso. – senhora Dodds disse rigidamente – Sua mãe deu permissão pra que você pudesse sair, mais só podemos deixar você sair acompanhada com alguém de maior. – ele concluiu.

- Okay. Eu a levo, e só você me deixar sair. – Taylor disse levando da cadeira que estava.

- Boa tentativa Caniff, mais não vou te deixar sair. – senhora Dodds disse mantendo postura.

- Qual é. Eu já sou maior de idade e você acabou de dizer que só pode deixar ela sair acompanhada de alguém de maior. Deixa eu levar ela pra casa dela, hospital sei lá, ela já não te disse a gravidade da alergia. – Taylor disse tentando ser simpático – Então? – Taylor concluiu.

- Tudo bem, eu deixo você sair pra leva-la. Mais saiba que do momento que ela sair do portão dessa escola, tudo que acontecer com ela vai ser sua responsabilidade. – senhora Dodds disse – Eu só preciso da assinatura de vocês dois aqui. – ela nois deu um papel.

Eu nem li o que estava escrito e já assinei só pra terem noção eu estou toda vermelha e ardendo, sem contara que eu estou descabelada molhada e cheirando a tomate. Logo atrás Taylor assinou.

- Bom, vou avisar ao Noah que vocês podem sair e vocês já podem ir. – senhora Dodds disse pegando o telefone.

- Então eu vou pegar minhas coisas no meu armário, e já deu o tempo de tu avisar o Noah, ai a gente já sai. – Taylor disse.

- Obrigado senhora Dodds, e licença. – eu disse e sai atrás do Taylor.

Ele foi até o armário dele que é o 1226 e eu fui atrás afinal ele me usou pra matar aula, então. Ele abriu o armário e pegou umas chaves e uma bandana amarela.  E nos caminhamos até o estacionamento. Ela apertou o alarme na chave, e um carrão preto apitou e ele abriu a porta do carro e entrou.

- Tá esperando oque? – ele me perguntou ao destravar a outra porta.

- Nada ué. – falei ao entrar no carro.

Entrei no carro, tinha o cheiro do Taylor. Ele jogou o celular em cima do painel do carro, e a bandana e o único caderno que ele carregava no banco de traz, aonde tinha duas almofadas de zebrinha.

- E então aonde é sua casa? – ele perguntou ligando o carro, e mordendo os lábios. Eu já comentei o quanto ele é gato.

- Três ruas depois da sua. – eu disse e ele olhou surpreso pra mim.

- Você mora no mesmo condomínio que eu? – ele perguntou confuso, mais seguindo caminho até a portaria.

- Se eu moro três ruas depois da sua casa, e sua casa é duas depois da entrada do condomínio, é eu acho que sim. – disse e ri fraco e ele revirou os olhos.

O Taylor foi legal comigo na salinha das coisas de limpeza, legal assim, ele continuou muito escroto e com algumas brincadeirinhas de mau gosto, mas legal. Ele me ajudou com os chicletes e até me fez rir varias vezes.

Passamos pelo Noah rapidinho, ele só pediu nomes, afinal a senhora Dodds já deve ter avisado ele. Noah é o porteiro da escola e ele é muito legal, um paizão realmente.

O caminho da minha casa até a escola era um pouco longuinho pra mim que ia todos e voltava todos os dias a pé, dois quarteirões, mas de carro eu creio que seja mais rapidinho.

- Seus pais trabalham na empresa dos Dallas? – ele perguntou sem tirar os olhos da rua.

- Sim, por quê? – eu disse olhando pra frente também.

- Sei lá. Quase todo mundo do condomínio alguém da família trabalha lá nos Dallas. – ele disse como se fosse óbvio, talvez fosse.

- Mudando totalmente de assunto. Sabe a Jessy? – eu perguntei rindo, eu sei que vai ser mancada falar, mas...

- Sei o que tem ela? – ele disse e riu, acho que ele já imagina o que vem.

- Bom, ela é afim de você, será que ela teria chance? – eu perguntei rindo pelo jeito que eu falei.

- Talvez. – ele disse e sorriu.

- Ela vai me matar por ter falado. – eu disse e gargalhei.

[...]

Cheguei em casa há uns vinte minutos, já tomei meu antialérgico, remédio pra febre que provavelmente eu ficaria mais tarde, e passei pomada por onde aquela merda caiu. No momento estou deitada no sofá esperando minha mãe e meu pai chegar ouvindo Cher Lloyd no celular, eu amo essa musica dela.

“[…]And now I'm at home, I'm all alone

(E agora estou em casa totalmente sozinha)

'Bout to pick up the telephone

(Prestes a pegar o telefone,)

Got to call my genie he knows, yeah

(tenho que ligar para o meu gênio, ele sabe, é)

I wish I was tall

(Eu desejo ser alta,)

I wish I was fast

(Eu desejo ser segura)

I wish I could shop with a bag full of cash

(Desejo fazer compras com um saco cheio de dinheiro)

Cause If I want you, I gotta have that

(Porque se eu te quero, eu preciso ter isso)

Come, come kiss me, boy

(Vem, venha me beijar, garoto)

I wish I had style, I wish I had flash

(Eu desejo ter estilo, eu desejo ter um brilho)

I wish I woke up with a butt and a rack'

(Eu desejo acordar com bundão e peitões)

Cause If I want you, I gotta have that

(Porque se eu te quero, eu preciso ter isso)

Come, come kiss me, boy

(Vem, venha me beijar, garoto)...”

Narrador’s:

Katerina afogava suas magoas na musica em sua casa. Na casa de Taylor ele falava com os amigos que se encontravam na escola ainda, ele disse leves mentiras de tinha apenas matado aula nada demais, ele não poderia deixar Nash saber que ele ajudou a pobre Katerina. Jessy que estava no pátio, tentava freneticamente ligar pra Katerina mais ela não atendia, o celular dela se encontrava em silencioso no seu quarto, porem ela não desistia. Aaron no fundo da sala do senhor Thompson, olhava pra Brenda que tagarelava sem parar com a Mahogany um pouco na frente dele, pobre Aaron gostava tanto da garota, mal ele sabia que ela não passava nem perto de sentir o mesmo por ele. Bruna e Cameron discutiam e se pegavam ao mesmo tempo no fundão da sala da senhora Rudek, que falava e falava lá na frente mais ninguém prestava atenção.

E em um lugar não menos importante da cidade, uma mulher e um homem tinham uma conversa, um tanto quanto tensa, sobre Katerina, que nem imaginava.

- Você tem certeza que devemos falar pra ela antes? – o homem perguntou.

- Não sei, talvez essa não seja uma ideia tão boa. – a mulher disse.

- Eu acho que devemos esperar o aniversario dela pra ter certeza que vai acontecer, por que se não acontecer ela não precisa saber... – o homem não terminou de falar por ter sido interrompido pela mulher.

- Temos mesmo que ter certeza que vai acontecer. Provavelmente ela vai ficar com febre, muita dor em tudo. E por ai vai. Acho que podemos até fazer uma festinha nesse aniversario dela, por que se realmente der certo, ela não vai ser mais uma pessoa normal como nós depois do aniversario. – a mulher disse e sorriu vitoriosa.