História Only Fools Fall In Love - From heaven to hell

Chegamos ao parque e nos sentamos num banco afastado de onde a maioria das pessoas estava.  Ele novamente soltou minha mão e passou seu braço ao redor do meu pescoço.

– Então, qual é seu lance com o Taylor? – ele perguntou enquanto olhava de longe as pessoas passarem nas ruas.

– Nós não temos um lance, ele deixou isso bem claro.

– Claro que vocês tem, eu sei que já ficaram.

– Como você sabe?

– Tenho minhas fontes, eu sou uma pessoa muito informada. E não mude de assunto.

– Entendo. – ri – Bom, nós ficamos algumas vezes, mas só isso.

Eu não queria dizer que estava apaixonada pelo Taylor, até porque Matt já sabia disso, ele estava sendo um anjo por se preocupar tanto comigo, por largar os amigos para ficar comigo e nós nem tínhamos nada. Eu não queria dizer que passaria nossa tarde que deveria ser alegre, pensando no que me faz mal.

– Isso é bom. – ele sorria ainda encarando as pessoas na rua.

– Escuta, vamos fazer alguma coisa, não quero ficar sentada aqui. – falei me levantando do banco e estendendo a mão para que ele se levantasse também.

– Eu tenho uma ideia. – ele segurou minha mão e correu em direção a uma ladeira perto do banco onde estávamos sentados.

Quanto mais perto chegávamos mais encantada eu ficava, no final daquela pequena ladeira havia um lago de águas claras com várias folhas secas ao seu redor. Matthew desceu correndo e eu fui logo atrás, estava completamente encantada. Como eu consegui viver aqui por toda minha vida sem conhecer um lugar como esse?

– Valerie eu te apresento o melhor lugar dessa cidade. – ele estendia os braços e andava em direção as folhas no chão – É aqui que eu costumo vir quando eu não quero pensar em nada.

– É lindo, como encontrou esse lugar? – disse enquanto observava cada detalhe de onde estávamos.

– Isso não importa, mas ainda bem que encontrei, chega aqui. – ele tirou os sapatos, a camisa e se jogou dentro do lago.

– Sem chance Matt. – disse rindo e balançando a cabeça negativamente – Eu não vou molhar minhas roupas.

– Então tire todas, eu não me importo.

– Você não perde a oportunidade. Desista Matt, não vou entrar. 

– Bom, se você não vai entrar, eu também não vou ficar aqui. – ele saiu da água e veio na minha direção. – Legal esse seu cinto, onde você comprou?

– Mas que cinto? Eu não... – não consegui terminar de falar, Matt me pegou nos braços, tirou minhas botas e me jogou na água.  – Eu não acredito, eu vou te matar.

– Você não é a única que está querendo isso. – ele riu – Acredite.

          [...]

Aquela foi uma das melhores tardes da minha vida, eu não pensei em Taylor, não pensei nos Sprouses, não pensei nos meus pais, não pensei em nada a não ser em nós. Estava me divertindo como uma criança que acabou de fazer um novo amigo estava sentindo algo que não sentia há muito tempo.

Agora nós estamos caminhando em direção a minha casa, eu estou toda molhada e minha maquiagem borrada, imagino como devo estar ridícula.

– Sabe, você fica bem melhor assim. – ele disse quando paramos em frente a minha casa.

– Engraçado, muito engraçado.

– Eu não estou brincando. É que tipo você esta parecendo uma monstra, seu cabelo está bagunçado e sua maquiagem está escorrendo.

– E como eu consigo ficar melhor assim? – soltei um risinho leve.

– É que eu estou tão cego que mesmo assim você parece incrivelmente linda. – ele encarava seus pés.

Ele conseguiu me calar, de novo. Eu não sabia o que responder, eu nunca sabia. Queria ser o tipo de garota que é acostumada a ouvir isso e sempre tem uma resposta na ponta da língua, mas aquilo era novidade pra mim, eu nunca tive alguém que fizesse comigo as coisas que ele faz. Continuei calada, eu só o observava levantar o olhar com um sorriso de canto.

– Bem, eu preciso ir. – ele segurou meu queixo e se aproximou lentamente, me deu um selinho e se afastou – Eu te vejo amanhã. 

Mais uma vez eu estava parada igual boba observando ele partir, simplesmente não conseguia me mover, eu pensava em como ele me deixava feliz e em como eu tive sorte de conhecê-lo. Fui acordada de meus pensamentos com um barulho vindo de dentro da minha casa. Pensei em voltar e chamar Matthew, eu tinha medo que os Sprouses estivessem de volta, mas assim que entrei me deparei com uma cena bem pior que o que eu pensava, uma cena que jamais imaginei ver, minha mãe agachada com fósforo nas mãos apontava para uma poça no chão com um liquido que parecia ser água.

– Mãe? – minha voz lutava para sair, eu estava com um nó na garanta e não conseguia mais controlar as lagrimas – O que você está fazendo?

– Sabe que seu pai nunca quis ter filhos. – ela disse se levantando – Eu insisti para te dar a luz e agora estamos falindo por ter que te sustentar.

– Você já me largou aqui sozinha, voltou por quê? Arrependeu-se?

– Se eu me arrependi? – ela riu – Oh sim eu me arrependi, me arrependi de não ter te dado um fim quando tive a chance. Mas essa eu não vou deixar escapar.

Ela acendeu os fósforos e os jogou no chão, imediatamente vi o brilho das chamas tomar conta do lugar, eu olhava em todas as direções e tudo que conseguia ver eram aquelas cores se espalharem pelo ambiente, ela sorria como se estivesse realizada.

– Boa sorte querida. – ela disse e saiu pela janela e logo em seguida o fogo tomou conta da mesma.

Tentei sair pela porta, mas quando me virei notei que as chamas tomavam conta da mesma, não tinha nenhuma janela que não estivesse bloqueada, ela pensou em tudo, aquele seria meu fim.

Eu estava começando a passar mal, precisava respirar e a fumaça tomava conta do lugar, foi aí que eu perdi minhas esperanças, eu não conseguiria escapar, eu seria morta pela minha própria mãe.

Tentei procurar por meu celular, mas não o encontrava, eu estava sem forças para gritar por ajuda, não tinha força o suficiente nem ao menos para conseguir encontrar meu celular. Minhas pernas falharam ao me manter de pé, caí de joelhos no chão e as lagrimas em meu rosto continuaram a cair, eram lagrimas de desespero, de tristeza, eu não chorava por esse ser meu fim, eu chorava pelo modo como ia partir. Eu sussurrava um pedido de socorro, era inútil, ninguém conseguiria me ouvir, mas eu continuava a tentar, foi quando tudo em minha frente ficou embaçado, e eu apaguei.