02 de Agosto de 2017
Folheava o álbum de fotos que a Amy tinha acabado de comprar para poder guardar as fotos que a mãe tinha mandado da Flórida. As fotos eram do começo de Julho, quando a Amy foi passar uma semana com a mãe, o padrasto e a Paige.
A Nádia sorria, mas não era mais o mesmo sorriso. Ela não se perdoava por achar que o que aconteceu a Marie foi culpa dela. Se ela tivesse chegado em casa apenas alguns minutos antes, se ela não tivesse parado no supermercado para comprar sorvete ou se pelo menos ela não a tivesse deixado sozinha, se nada disso tivesse acontecido, talvez a Marie ainda estivesse viva.
Apesar de tudo que a Marie fez, isso não parece certo. Um filho partir antes dos pais.
- Quer mais chá? – Hailey estava sentada em um tapetinho no chão, junto ao Jake. Eles estavam cercados por bonecas e no centro do tapete ela tinha um jogo de chá de plástico.
- Claro, por favor! – Jake levantou a sua pequena xícara e a Hailey pegou o bule rosa e fez de conta que o chá caia na xícara.
- Você já conhece a senhora Bochechas? – Ela perguntou arqueando as sobrancelhas.
- Não, ainda não fomos apresentados. – Jake tomava o chá de faz de conta. – Mas seria um prazer conhece-la.
- Ela tá lá! – Hailey apontou para uma boneca de porcelana em cima da estante, ela tinha bochechas grandes e vermelhas. – Ela e o senhor Marrom não se dão muito bem.
Senhor marrom era um urso branco, que por algum motivo na cabecinha da Hailey o nome Senhor Branco não combinava com ele.
- Quem te deu a Senhora Bochechas? – Jake disse curioso.
- Foi a mãe da Tia Amy que mandou. – Ela disse pegando um dos biscoitos no pratinho de plástico dela.
O Jake me olhou como se quisesse perguntar algo e eu sei o que poderia ser.
O Senhor marrom foi a Linda que deu a ela, e nós sabemos que a Nádia e a Linda não se suportam. Talvez a Hailey também perceba isso, ou então é apenas uma coincidência.
Amy entrou no quarto trazendo uma bacia com pipoca. Ela olhou em volta e viu a bagunça que o quarto estava, mas pareceu não se importar tanto.
- Toma, Lizzie. – Ela falou me entregando a bacia e sentando ao meu lado da cama.
- Amy, não quer tomar chá com nós? – Hailey pediu como se tivesse domínio nas palavras.
- Não, pequena. – Amy respondeu se deitando na cama, provavelmente cansada de arrumar as coisas dela. A Hailey deu de ombros.
- Quer mais, Jay? – Ela levantou o bule.
- Não, obrigado. – Jake fez uma gesto negativo com a mão.
A Hailey o encarou como se não compreendesse o que ele tinha falado. Ela virou seu rostinho de lado e ficou pensativa. O Jake abriu a boca para falar algo, mas logo a fechou.
- Quer sim, Jay. – Hailey disse por fim, servindo ele novamente.
- Parece que alguém não tem escolha. – Falei rindo da careta que o Jake fez.
Escutamos um barulho de algo caindo na escada e nos entreolhamos sem reação. Não tinha mais ninguém em casa além da gente.
- Merda de salto! – A voz da Emily esbravejou.
- Ela caiu? – Amy perguntou caindo na risada.
- Mãe? – A Hailey se levantou como se estivesse preocupada.
- Ela tá bem. – Jake falou pegando na mãozinha da Hailey e a puxando para o seu colo.
A Emily entrou no quarto eufórica. Ela bateu a porta com força. Sua respiração estava descompassada. Ela nos olhou surpresa.
- Oi Lizzie! – Ela falou sorrindo.
- Eu to aqui. – Jake usou um tom aborrecido.
- Que seja. – Ela revirou os olhos.
- E aí? – Amy se sentou sorrindo. – Como foi seu almoço com o Elliot?
- Você devia ter me levado. – A Hailey soltou. – Eu fiquei aqui morrendo de fome. A Bisa não tá em casa, e a Amy não sabe cozinhar...
- Você não almoçou? – Emily gritou nervosa.
- Almocei mamadeira. – Ela disse estirando os braços para cima para poder alisar o rosto do Jake.
- Depois resolvemos isso. – Emily revirou os olhos e começou a gargalhar.
Ela se encurvava de tanto rir. Nós nos entreolhávamos tentando entender o que estava acontecendo com ela. Ela se ergueu falou “Aí, aí” e voltou a gargalhar.
- EMILY! – A Amy gritou. Provavelmente ela pensava o mesmo que eu e o Jake, que a Emily pirou.
- Quero falar sobre o almoço! – Ela falou se recompondo e respirando fundo. – Sabem aquele restaurante caro do centro? Hangar alguma coisa?
- Ele te levou lá? – Amy falou surpresa.
- Ele me deu algo. Querem ver? – Emily falava quase saltitando.
- Claro! – Eu e a Amy falamos num corro.
- Ok. – Emily mordia os lábios. – OLHEM!
Ela berrou mostrando o dedo que possuía um belo anel com uma pedra no centro. Eu e a Amy nos levantamos rapidamente da cama e agarramos a mão dela analisando o anel.
- Não me diga que ele... – Amy começou a frase e a Emily balançou forte a cabeça fazendo que sim
Começamos a gritar dentro do quarto e abraçamos forte a Emily. Ela gargalhava contente. Após dois longos anos eles vão casar.
- O QUE TÁ ACONTECENDO? – Hailey gritou perdida no colo do Jake.
- Sua mãe e seu pai vão se casar. – Jake disse dando um beijo no rosto dela.
Ela olhou para a cama e ficou parada, analisando aquilo.
- Meu amor! – Emily a pegou nos braços. – Mamãe tá tão feliz.
- Mas... Mas isso tá errado. – Hailey falou sem olhar a mãe. – Você nem namoraram.
- É porque eu e seu pai... – Emily falava tentando encontrar uma boa forma de explicar aquilo.
- Você nem se beijam na boca que nem a Tia Amy e o Bry. – Ela falou encarando a mãe dessa vez.
- Hailey. – Emily piscou ficando vermelha.
- Vamos fazer um sanduíche. – Jake falou usando o método Hunter com a Hailey.
Ele se levantou, a pegou no colo e foi até a cozinha.
Nos riamos animadas, e a Emily contava detalhes de como tudo tinha acontecido. Ela já estava com todos os planos de como seria o casamento dela. Ela queria que fosse o mais rápido e simples possível, apenas a família e amigos próximos, não daria nem 100 pessoas.
- A quanto tempo você não transa? – Amy soltou rindo e fazendo a irmã ficar vermelha.
- Sua idiota! – Ela deu um tapa forte na coxa da Amy.
Meu celular começou a tocar e eu o peguei na mesinha que a Hailey tinha para fazer suas pinturas. Vi que era o número da Elisa, provavelmente para dizer que a cirurgia tinha saído bem.
- Oi! – Falei saindo do quarto.
- Lizzie. – Ela disse fungando. – Eu preciso de você.
- O que? – Falei preocupada. – O que houve, Elisa?
Ela ficou quieta, como fazia a maioria das vezes.
- Elisa, me fala. – Mantive a calma, mas estava nervosa o suficiente para ela notar.
- A mamãe entrou em coma. – Ela disse soluçando. – Não me deixa, Lizzie. Eu preciso de você.
- Ei, ei. – Falei docemente. – Calma, tá? Vai ficar tudo bem, a mamãe é forte. Ela sai dessa numa boa. Vou tentar comprar as passagens ainda hoje, te prometo que até a sexta eu to aí.
- Promete que vai ficar comigo? – Ela estava tão nervosa, eu tinha que manter a calma.
- Prometo que não vou sair nem por um minuto do seu lado, ok? – Falei preocupada com ela.
- Não demora. – Ela disse e antes que eu respondesse só pude ouvir o Tum, tum, tum da ligação finalizada.
Me apoiei na parede a minha frente e fechei os olhos com força, minha cabeça estava girando. Engoli em seco e comecei a lutar para respirar.
- Titia? – A Hailey falou nas escadas.
Tentei responder, mas eu precisava me concentrar em continuar em pé.
- Titia? – Ela falou agora segurando minha blusa. – Que foi?
- Hailey. – Me ajoelhei respirando profundamente. – Eu preciso de um abraço, você pode fazer isso por mim?
Antes que eu concluísse a frase ela me abraçou com força, afundando seu rostinho em meu pescoço e segurando forte minhas costas.
Aquele era o abraço que eu queria dar a Elisa. Era o que ela estava precisando e eu não podia fazer, e agora ela tá quase do outro lado do país, com um pai que ao que parece não serve nem para consola-la. Ele não podia ter deixado ela ficar tão nervosa.
- Hailey! – Jake chamou subindo as escadas. – Nosso lanches estão...
Ele parou e nos olhou. Meus olhos ardiam com as lágrimas presas.
- Jake, a gente precisa cuidar da minha irmã. – Pronunciei ainda segurando forte a Hailey.
- Tá. – Ele concordou entendendo o que estava acontecendo.
Ele caminhou até eu e a Hailey e se ajoelhou a minha frente. Ele abraçou-o nos, deixando o corpinho da Hailey entre os nosso. Ela odiava ficar em lugares apertados, mas dessa vez não. Ela ficou quietinha
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