História Only You - 2 Temp. - Sem Mentiras

Olhava a Indie na cadeirinha chupando seu dedo, ela olhava sorrateira para ter certeza que o Brian não estava vendo aquilo, apesar da pouca idade já sabia muito bem como enrolar os pais.

- Lizzie, você... – Amy disse se virando, mas se calou automaticamente ao ver o que a Indie fazia. A Indie soltou o dedo rapidamente e a Amy não fez questão de reclamar sobre isso.

- Oi? – Chamei a atenção dela de volta para mim.

- Gostou da pizza? – Ela perguntou preocupada.

- Não, odiei. – Falei irônica. – Afinal, quem gosta de pizza?

- Boboca. – Ela revirou os olhos. – Tem certeza que não quer ir lá pra casa só mais essa noite?

- Amy! – Sorri. – Eu tenho meu apartamento e posso me virar muito bem sozinha.

- Mamãe... – Indie disse alegre. – Mamãe, mamãe.

- Espera, filha. – Amy respondeu calma. – mamãe tá conversando. Se precisar sabe que pode me ligar.

- Sim, eu sei. – Respondi.

- Mamãe. – Indie disse novamente.

- E o artigo? Conseguiu fazer? – Amy sorria animada.

- ME ESCUTA! – Indie gritou ficando com as bochechas rosadas.

Senti o carro reduzir a velocidade e o Brian parou no acostamento. Ele retirou rapidamente o cinto e se virou para olhar a Indie.

- Você gritou com sua mãe? – Sua voz não estava alterada, apenas firme.

- Não! – Indie respondeu insensível.

- Pois eu escutei você gritar com ela. – Brian olhava para Indie, que desviava o olhar para o chão. – Isso foi certo?

- Ela não me escutava! – Indie bateu os pés.

- Essa não foi minha pergunta. – O Brian tentava atrair o olhar da filha. – Olhe pra mim.

Indie olhou bufando, nem parecia ter dois anos.

- Vai pedir desculpas a mamãe? – Amy falou pegando na mãozinha da Indie, mas ela puxou brutalmente.

- Não. – Ela encheu as bochechas para responder.

- Chegando em casa você vai sentar na mesa e refletir o que você fez. – Brian falou sério. – Não se deve gritar ninguém e você sabe disso.

- Não vou ficar de castigo! – Indie falou abrindo o bocão e dando inicio á um choro estridente.

- Começou! – Amy falou se virando, o Brian pós o cinto e deu partida no carro.

Eu detestava ver a Indie daquela forma, mas sempre soube que não devo me meter na forma como os pais educam seus filhos e além do mais o Brian não fez nada errado, mas ela parecia tão novinha para ficar de castigo.

- Mamãe não deixa eu ficar de castigo! – Indie falava soluçando.

- Brian. – Amy tocou o braço do marido.

- Hoje ela te grita, quando tiver com 10 anos vai tá batendo na sua cara. – Brian sussurrou.

- Papai faz isso pro seu bem, meu amor. – Amy falou sem ceder e obedecendo a autoridade do Brian.

- Passou meu bebê. – Falei abraçando ela.

Assim que o carro parou em frente ao condomínio a Indie já havia parado de chorar e tinha concordado com o Brian em usar o tempo no carro para pensar no que havia feito. Ela podia parecer um bebê, mas já sabia bem a diferença entre certo e errado.

Desci do carro e o Brian desceu para pegar minhas bolsas na mala. Antes que eu fechasse a porta ouvi a Indie cochichar com a mãe.

- Quando alguém grita outra pessoa, deixa ela magoada. E não é bom magoar as pessoas. Isso é errado. – Indie falava e a Amy sorria olhando para ela. – Eu te magoei, mamãe?

- Um pouquinho. – Amy passava calma em sua voz. – Você entende que quando duas pessoa estiverem conversando você tem que esperar sua vez?

- Sim. – Indie balançou a cabeça e parecia envergonhada.

- Vem cá. – Amy soltou o cinto e foi dar um abraço na Indie.

Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, mas a enxuguei rapidamente.

Talvez eu estivesse sensível por tudo que aconteceu esses dias, e ver que o Brian e a Amy tinham dado certo após tudo o que aconteceu, me fez pensar que o amor pode vencer bastante coisas, e a Indie é a prova do amor entre os dois. Mas não foi isso que me deixou chorosa, foi o gesto de amor entre a Amy e a Indie. Eu sinto falta da minha mãe. Sinto falta de deitar no colo dela e chorar a cada noite que eu me lembrava do Jake. Eu sei que ela me escutava.

O Brian subiu comigo até o meu apartamento e deixou as malas no canto da porta, nós nos despedimos e ao olhar aquela apartamento me senti sozinha. Aquele apartamento era o reflexo de como eu estava, vazia, sem ninguém por perto.

Caminhei até o sofá e me sente por um instante, abaixei a cabeça e respirei fundo.

- Mantenha a calma, Lizzie. – Pedi para mim mesma.

(PLAY)

Ouvi batidas na porta e pensei que podia ser o Brian que tinha voltado para mim buscar. Abri a porta sorridente e fiquei pasma ao ver aquela figura em minha porta.

- Jake? – Coloquei uma mexa de cabelo atrás de minha orelha. – Tá fazendo o que aqui?

- Me convida para entrar? – Antes que eu respondesse ele entrou e caminhou até o sofá em que minutos antes eu estava sentada.

- Você quer uma água ou alguma bebida? – Falei vendo-o mexer em seu celular.

- Guarda bebida em seu apartamento? – Ele me repreendeu.

- Não... – Me vi nervosa. – Digo sim, eu... O que você veio fazer aqui?

Eu estava cansada, não aguentava mais ficar mexendo no passado e cutucando essas feridas, elas já estavam doendo demais.

“Oi Jake. – Ouvi minha voz vinda do celular dele. -  É a Lizzie. Você ainda mora em Middleton? É só uma curiosidade, sabe? Espero que você esteja bem. Tchau.”

- Sério isso? – Ele falou sorrindo de lado. – Você não é uma colega de escola que liga para saber se me dei bem na vida. Você é minha ex, devia ter tido pelo menos mais criatividade.

- Jake... – Ele ergueu o dedo pedindo que eu não falasse.

- Espera. – Ele sorriu. –Tem mais.

“Oi. Sou eu de novo. Eu só queria dizer que isso são tentativas loucas minhas para poder dizer que eu to tentando, isso pode não te magoar mais, mas eu sinto a necessidade de falar que sinto muito por ter te chateado.”

- Ter me chateado? – Ele gargalhou secamente. – Você fez mais do que isso. Você acabou com qualquer chance que havia para eu ser uma pessoa melhor. Não me magoar.

Ele revirou os olhos.

- Essa é a minha favorita. – Ele disse apertando em algo no celular.

“Jake. Eu sei que já liguei umas mil vezes, mas é porque parece que você nunca tá perto do seu celular... Bem, sinto muito por tudo o que te fiz. E amanhã eu vou para Nova York e só espero que a gente possa superar o que aconteceu. É isso... Tchau.”

- Você conseguia estragar o meu dia com apenas uma ligação. – Seu olhar havia ódio. – Como você esperava que eu fosse reagir a essas ligações? – Ele se levantou vindo até mim. – Me explica, porque eu ainda não entendi. Achava que eu ia superar assim? Do nada.

- Eu pensei que você não se importasse mais. – Olhei para o chão evitando o olhar dele.

- CLARO QUE EU NÃO ME IMPORTAVA. – Ele gritou me fazendo saltar. – Por que eu me importaria? Só porque você quebrou a porra do meu coração? Recusou-se a me dar a merda de uma explicação de por que tudo aquilo. POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? POR QUE?

- Jake - Meus olhos se encheram de lágrimas. – Era minha mãe.

- E a gente podia ter passado por isso juntos. – Ele caminhou pelo apartamento como se procurasse calma. – Porra. Por que teve que voltar? Por que quis mexer com o que estava quieto?

- Por que você tá aqui agora? – Limpei meu nariz. – Quer dar o troco?

- Quero uma explicação. – Ele se encostou no sofá. – Quero acabar com isso de uma vez por todas.

- Jake não... – Falei tentando evitar.

- ME FALA! – Ele gritou novamente e eu me vi farta de aturar aquilo.

- VOCÊ ESTAVA ME FAZENDO INFELIZ! – Gritei serrando os pulsos.

O silencio surgiu.

- O que você está dizendo? – Ele estava incrédulo e sua testa estava franzida.

- Eu nunca namorei com você por você ser Jake Hunter. – Meus lábios se batiam por lembrar dele afirmando isso no hotel. - Eu não aceitei namorar com Hunter O pegador, eu aceitei namorar apenas com o Jake que me mandava flores e fazia o inimaginável para me ver feliz. Você cansou disso, cansou do namoro, cansou de mim.

- Meu Deus! - Ele andou de um lado para o outro na sala. - Sempre insegura. Sabe eu achei que você tinha crescido e aprendido a confiar em mim, mas não.

- EU APRENDI! - Gritei com as lágrimas descendo pelo meu rosto. - E aí você estragou tudo.

- EU ESTRAGUEI TUDO? - Ele gritou de volta.

Caminhei até a porta. Essa discussão ia acabar fazendo os vizinhos reclamarem ou ficarem assustados.

- Vai embora, por favor. - Falei abrindo a porta e controlando os soluços.

- Não. - Ele disse seco.

- Ok. - Engoli o choro. - Então eu ligo para a policia.

Corri até o telefone, mas ele agarrou meus braços e me virou para ele.

- ME SOLTA! ME SOLTA!! - Gritava forte fazendo minha garganta arder.

Ele me soltou assustado. Isso não era um draminha, não era uma simples raiva.

POV Jake

Eu não sabia porque tinha ido até o apartamento da Lizzie, eu fui intuitivo e achei que a gente iria conseguir conversar e ela me pediria desculpas novamente por tudo que me fez, mas dessa vez eu iria aceitar as desculpas. Nós nos abraçaríamos e eu falaria o quanto ela é importante para mim.

Mas nada disso aconteceu.

Começou como uma briga comum, mas agora ela está diferente. Ela realmente quer que eu vá embora e é duro demais sentir essa sensação de ter sido superado. Não posso aceitar isso.

- Por favor. - Ela sussurrou agarrada aos braços. -Vai embora, por favor.

- Lizzie. - Tentei me aproximar dela, mas ela se afastou mais ainda. - Eu vim de Nova York só pra te ver e você...

- Não. - Ela me olhou, sem lágrimas, apenas ódio. - Você veio aqui jogar na minha cara que eu sou um lixo. Que eu sou uma desgraçada por ter te deixado e te feito sofrer.

O que ela dizia tinha um pouco de verdade.

- Pode até ter sido, mas agora eu percebo... - Lambi os lábios, não sabia se conseguiria falar sobre isso. - Eu não quero te perder de novo.

- Você me afastou mais e mais de você nessas últimas semanas. - Ela abaixou a cabeça novamente.

Abaixei a cabeça também e passei a mão por meus cabelos. Que grande idiota você foi Jake. Eu não devia ter feito isso com ela. Não devia ter feito ela sofrer tanto. Devia ter agido como um adulto e mesmo magoado, a perdoar, mas não foi o que eu fiz.

- Eu só vou perguntar isso uma vez. - Ela se aproximou de mim, ficando apenas a alguns centímetros longe da minha boca. - Quero a sua sinceridade.

Sim, eu te amo. Amo mais que tudo. Nunca deixei de amar, meu amor.

- Claro. - Falei mais afoito do que gostaria.

- Você me traiu? - Ela mordeu os lábios.

- O que? - Falei incrédulo. Como ela podia perguntar isso? - Claro que não.

Ela abaixou a cabeça e respirou fundo.

- Resposta errada. - Ela me deu as costas e foi até a porta que ainda estava aberta. - Saí daqui.

- Não até você me explicar isso.

Eu nunca me senti tão perdido e magoado como agora. Por que ela não conseguia confiar em mim? E por que mesmo assim eu continuo gostando tanto dela?

- Eu sei o que você fez. - Ela disse sem vida no olhar. - Você não podia ter mentido daquela forma para mim.

Ela tremia os lábios e parecia estar tão cansada e sozinha. Eu só queria poder cuidar dela.

- Sem mentiras. - Ela pronunciou, e eu não soube o significado, mas fez meu corpo inteiro se arrepiar e um frio percorreu minha espinha.

Continua...