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História Operação Cupido - C s2 B


Escrita por: HennyP

Notas do Autor


Boa noite!! Tudo bem?

Gostaram do comeback do EXO? Foi lindo né *-*

Trago à vocês minha oneshot do ChanBaek, amo esse ship do EXO <3

Espero que gostem ^-^

Boa leitura e desculpe qualquer erro!!

Capítulo 1 - C s2 B


Fanfic / Fanfiction Operação Cupido - C s2 B

– E daí ela me deu um tapa na cara e me chamou de idiota e foi embora.

Os dois amigos se encontravam no apartamento do menor, Chanyeol, que estava na cama jogado fitando o teto branco, contava sobre mais um de seus fracassos no relacionamento, enquanto Baekhyun, que estava deitado de bruços ao seu lado lendo alguma HQ, escutava as reclamações do amigo. Ambos estavam em seus vinte e cinco anos, são amigos desde que tinham nove anos de idade quando se conheceram na escola. Chanyeol sofria bullying pelos colegas da sala por ter um par de orelhas grandes e Baekhyun, que tinha se transferido recentemente, defendeu-o e tornaram-se inseparáveis desde então, agora trabalhavam juntos em uma empresa. Chanyeol e Baekhyun eram praticamente como irmãos, a intimidade já era tanta que o apartamento de Byun era quase de Park também, isso quando não dividiam a cama, que era espaçosa, em algumas noites. 

Quando o maior terminou seu relato, o amigo de medeixas castanho claro inspirou e pôs-se a falar.

– Ok... Channie, você é burro ou o que?

– Oi? Tudo bom?

– Chan, você não percebeu que ela queria que você a beijasse?

– Não, eu não percebi meu caro amigo.

– E daí você enfiou uma batata frita na goela dela sujando a cara dela e até a roupa com o molho. – Revirou os olhos.

– Eu achei que ela estava com fome. – Defendeu-se.

– Precisa começar a ler as entrelinhas, prestar mais atenção. Por isso que você é tão ruim pra dar andamento na vida amorosa, é lerdo. – Disse encarando-o.

– Acho que um soco na cara doeria menos Baek.

– Só digo as verdades. – Voltou sua atenção na história que lia.

– Mas e agora Baekkie, o que eu faço? Ela provavelmente não vai mais querer falar comigo...

Byun fechou seu HQ e deixou-o de lado, ajeitou-se numa posição confortável e apoiou os dois braços no peito do maior e deitou a cabeça nos mesmos para olhá-lo. Automaticamente, o de cabelos loiros levou sua mão aos cabelos do menor fazendo um cafuné.

– Acho que você poderia pedir uma segunda chance pra ela e explicar que aquilo não foi proposital, apenas um mal entendido seu. – Fechava os olhos sentindo o carinho do outro. Adorava quando ele mexia em seu cabelo.

– Mas e se eu fizer tudo errado de novo? – Perguntou preocupado.

– Channie, você precisa confiar mais em você, mas... Se quiser, posso te ajudar!

– Você faria isso? – Animou-se um pouco mais.

– Claro, você é meu melhor amigo! Aposto que faria o mesmo por mim.

– Obrigado Baekkie!! – Puxou-o para um abraço.

– Me chame de cupido agora!  – Riram.

Sem nenhuma surpresa, Chanyeol dormiu aquela noite na casa do Byun e como passava mais tempo naquela morada do que na sua própria, algumas de suas vestimentas permaneciam ali. No dia seguinte, o menor acordou primeiro e foi fazer sua higiene matinal, começou a fazer o café e quando tudo já estava quase pronto, foi chamar o Park que ainda dormia profundamente em sua cama. Abriu as janelas deixando a luz clarear o cômodo e chamou várias vezes pelo amigo, ouviu como sempre seus murmúrios pedindo para que deixasse dormir mais cinco minutos e o castanho negou puxando as cobertas para que o outro acordasse logo e fosse banhar-se. Ainda sonolento, levantou-se e caminhou até o banheiro e deixou a água cair pelo corpo, fazendo-o despertar. Tomaram o café e em alguns minutos já deviam sair para ir ao trabalho, o bom é que o prédio não ficava muito longe da casa de Baekhyun e podiam ir andando.

Chegando ao edifício, iniciaram suas rotinas costumeiras, foram até a sala onde continha vários funcionários trabalhando e sentaram-se em suas mesas que ficavam próximas, ligaram os computadores e começaram as tarefas. Naquele dia, parecia que o tempo estava andando mais devagar que o normal e deram graças a Deus quando chegou a hora do almoço. Desceram para o refeitório e formaram suas bandejas com o que comeriam e direcionaram-se pra uma mesa.

– Channie, olha ela lá! – Apontou.

– Ai meu Deus... Será que ela já me viu? – A garota que estava longe se virou e seus olhos cruzaram com o do Park. O maior deu um oi com a mão e sorriu pequeno, neste exato momento a expressão dela se fechou. – É... Ela me viu... E não gostou...

– Vai falar com ela.

– Está louco? Você viu como ela me olhou? Parecia que ia me matar só com a mente.

– A partir de agora eu que mando nas decisões da sua vida amorosa e estou mandando você ir. Vai agora.

– Tudo bem... Espero que chore muito sentindo minha falta depois que eu morrer.

– Pare de dramatizar e levanta essa bunda da cadeira logo.

– Ta ta. – Levantou-se e andou aproximadamente uns dez passos e voltou! – O que eu tenho que falar?

Baekhyun bufou. – Peça desculpas pelo que fez e suplique por uma segunda chance, diga que não vai mais ser o retardado que estava sendo e que vai melhorar.

– Ei, eu não sou retardado. – Byun apenas o encarou com uma sobrancelha arqueada bebendo o conteúdo de seu copo. – Ta ta, estou indo.

Park andava em direção a garota e sua mente começava a entrar em pânico quanto mais se aproximava. Ela mexia em seus cabelos longos e pretos e conversava com seu grupo de amigos que trabalhavam em um departamento diferente do dele e do Baekhyun. Quando notara que chegara até eles, abria a boca para falar e nenhum ruído saia, as palavras estavam presas em sua garganta devido ao nervosismo. Os outros ficavam olhando-o pensando que estava perdido ou se precisava de alguma coisa, foi então que a garota se pronunciou.

– O que você quer aqui Chanyeol?

– Seolhyun, eu poderia falar com você um minuto? – Celebrou internamente por ter conseguido falar alguma coisa.

– Eu estou com meus amigos agora.

– É rapidinho, por favor! – Pediu.

– Tanto faz... – Pediu licença aos outros e estes saíram deixando-os para conversarem. – Fale logo.

– Eu queria pedir desculpas pelo meu erro daquele dia, eu fui um idiota que não sabe ser romântico ou coisa do tipo. Poderia, por favor, me dar mais uma chance? Prometo que vou mudar! – Pensou se havia falado tudo, bem como o amigo disse para fazer e juntou as mãos em sinal de súplica. A menor ponderou sobre o assunto e demorou um pouco para responder deixando o loiro extremamente nervoso com a enrolação.

– Tudo bem. – Um sorriso brotou nos lábios do homem. – Mas é só esta chance que você terá.

– Não irá se arrepender.

– Assim espero. Bom, agora vou indo! Até mais.

– Até, bom almoço para você.

Seolhyun saiu e foi de encontro com os outros que a aguardava na mesa escolhida por eles. Chanyeol voltou todo contente para onde estava sentado contar como foi para seu amigo, mas chegando lá estranhou quando viu seu prato vazio.

– Yah, o que aconteceu com meu almoço?

– A comida estava esfriando, ia ser um desperdício jogar tudo fora.

– Mas é um comilão mesmo, não é a toa que tem essas coxas grossas, vai tudo pra elas.

– Isso é inveja! – Deslizou as mãos por elas. – Mas voltando... Como foi? – Park sorriu novamente radiante.

– Ela me deu uma segunda chance.

– Hm muito bem, agora os planos se iniciam. – Sorriu sem mostrar os dentes.

– Que planos? – Tombou a cabeça para o lado.

– Planos pra juntar vocês ué, pra dar certo esse relacionamento e você desencalhar. Quando foi a última vez que namorou? – Park ia falar, mas se calou. – Ta vendo?

– Espero que funcione, pois você também não tem muito que falar, não namora há muito tempo.

– Pelo menos eu tenho mais noção que você. – Rebateu.

– Veremos! Agora me deixe fazer outro prato, porque um certo alguém atacou o meu. – Levantou-se.

– Aproveita e me traz uma gelatina?

– Como você consegue comer tanto Baekkie?

– Dons Channie, dons.

Depois do dia cansativo de trabalho, cada um seguiu para sua própria casa e Baekhyun ficou com a árdua tarefa de bolar seu esquema de cupido. Passou a noite toda pesquisando informações na internet e formou uma tabela com alguns passos a serem seguidos. Sorriu satisfeito com seu trabalho. Quando viu as horas, já se passava da uma da madrugada.

 

***

 

No próximo dia, Baekhyun pediu para que Chanyeol fosse à sua casa depois do trabalho para mostrar seu plano e assim foi feito. Chegaram ao apartamento do castanho e este decidiu trocar de roupa para ficar mais a vontade, o maior o seguiu com a mesma ideia. Byun vestiu um shorts curto e uma camiseta grande e larga – que era do loiro – que iam até metade de suas coxas, Park colocou uma calça de moletom e uma regata. Antes que pudessem começar a discutir sobre o assunto, resolveram preparar algo para comer, os estômagos já estavam roncando de fome. Park cortava legumes para a receita e Byun procurava alguma tigela para depositar o macarrão que estavam fazendo.

– Ei girafa! – Chamou o loiro. – Usa essa sua altura pra alguma coisa e pega aquela tigela pra mim?

– Ai Baekkie, podia pedir com mais jeitinho, não acha? – Fez uma voz como se tivesse se sentido ofendido.

– Agora! – Mandou.

– Ok ok. – Aproximou-se. – Qual é? – Estava atrás do menor olhando a prateleira do armário.

– Aquela lá. – Apontava. – Atrás daquele outro bagulho do lado daquele coiso laranja.

– Nossa, se sua explicação pra isso está assim, não quero nem ver o plano que você fez pra mim.

– Cala a boca e pega o treco.

– Acho mais fácil você pegar, espera...

– O qu-

Não havia nem dado tempo do Baekhyun terminar a frase e braços envolveram seu quadril o levantando. Xingou o maior por tê-lo assustado pelo ato repentino, mas pegou a tigela escolhida e o loiro começou a descê-lo. O castanho colocou o recipiente no balcão e fechou o armário, porém os braços ainda estavam em volta de si.

– Ah era essa?

– Sim e já pode me soltar Chan.

– Por quê? Não gosta do meu contato baixinho? – Abraçou-o mais forte fazendo manha.

– Não!

– Ai que azedo... Cadê meu Baekkie doce e fofo? – Apertava sua bochecha.

– Talvez ele volte depois de comer.

– Então vamos logo com isso. – Soltou-o e foi terminar de cortar os legumes, Baekhyun, inconscientemente, sentiu certa falta quando os braços alheios abandonaram seu corpo.

Terminaram de preparar a refeição e logo começaram a comer, a alegria parecia voltar para o castanho. Acabaram de jantar e dividiram a tarefa como sempre faziam, Chanyeol lavava a louça e Baekhyun enxugava e guardava todos os utensílios em seus devidos lugares. Feito tudo isso, seguiram para a sala e Byun buscou seu caderno com todos os seus esquemas prontos.  

– É o seguinte – Ajeitava os óculos que havia posto para dar um ar de professor. – Temos aqui dez passos que você irá precisar seguir, mas não se preocupe, não precisa fazer tudo no primeiro encontro. Primeiro encontro de verdade, ok?

– Uau, dez passos? Mas que competente.

– Comentários no final da minha explicação. – Tacou uma varetinha, que tinha pegado para ficar apontando, na cabeça do loiro que estava sentado no sofá. Este fez cara feia, mas se colocou a ouvir. – Então – Raspou a garganta. – Etapa um, “mudar seu pensamento”. Você não pode ser tímido, deve ser mais confiante e sim, teremos trabalho com isso, já que não se acha apto pra nada. Etapa dois, “melhorar a aparência”, você sabe que esse seu loiro já está todo cagado, né? Vamos mudar isso. – Chanyeol levou suas mãos aos cabelos com uma cara tristonha. – Etapa três, “como abordá-la”, você precisará prestar atenção no que ela estiver falando, tem que mostrar interesse e assim irá saber do que ela gosta. – Pausou para pegar fôlego. – Etapa quatro, “atração”. Será necessário manter uma conversa, por isso precisa saber do que ela gosta. Ser engraçado, contar algumas piadas ou fazer qualquer coisa que a faça rir, e piadas de preferência legais, pelo amor de Deus.

– Eu sei contar piadas, quer ver? Uma mãe pergunta para a filha que voltou da escola “E aí, aprendeu tudo?” e a filha responde “Ah, acho que não, amanhã tem que voltar de novo”. – Começou a rir sozinho enquanto Baekhyun o olhava desacreditado. Bateu novamente com a varetinha na cabeça do loiro. – Ai.

– Da próxima vez vai ser com uma vassoura. Enfim, onde eu parei? Ah ta. Ainda na etapa quatro, você deve se fazer um pouco de difícil, não se deixar ser seduzido, é você quem tem que seduzir ela. Olhe na linguagem corporal dela como ela está reagindo a você. Etapa cinco, “conexão”, faça algumas perguntas pessoais, retribua alguns interesses dela. Etapa seis, caso tenha algum reencontro, e esperamos que tenha, mostre-se contente, mas não contente demais. Etapa sete, comece a usar seus charmes. – Novamente tomou o fôlego. – Etapa oito, “a frequência dos encontros”, nunca marque alguma coisa antecipadamente, demore mais ou menos uns três dias para ligar pra ela, por exemplo. Se você ligar todos os dias, pode parecer que você é um carrapato ou um bichinho com necessidade de carinho procurando seu dono. Etapa nove, “sem ansiedade”, ouviu bem? Ignore ela as vezes, mas não no trabalho é claro, ta? Ignore ligações, mensagens, assim ela sentirá sua falta. Se ela perguntar alguma coisa diretamente, diga que estava ocupado e não viu, invente alguma coisa sensata. E por fim, etapa dez, quando já estiverem tendo algo, seja atencioso e protetor, mas não exagerado. E é claro que sempre seja educado. Alguma pergunta?

– Qual era mesmo a etapa dois? Ai!! Pare com isso... – Baekhyun havia tacado a varetinha em sua cabeça. – Baek, eu não sei se isso vai dar certo...

– É claro que vai, se você seguir todas as minhas instruções vai sim.

– E você falou alguma coisa de charme, Baekkie, eu não tenho isso.

– Você tem sim. – Sentou ao seu lado no estofado macio de sua sala.

– E o que é? – Encarou-o.

– Seu sorriso Channie, ele é muito bonito. – Park iniciou um sorriso automaticamente com o que ouvira.

– Sério?

– Sim. É difícil alguém não sorrir junto com você. – Sorria também. – Aposto que Seolhyun cairia rapidinho por você assim.

– Se fosse assim tão fácil... – Suspirou.

– Vai dar tudo certo, confie em mim e principalmente em você. Você tem potencial Channie, só precisa saber usá-lo. – Afagou os cabelos do maior.

– Ok... E você falou sério do meu cabelo?

– Com toda certeza, olha como já está desidratado, essa raiz aparecendo e a tonalidade do loiro feia. – Puxou-o para si vendo melhor suas medeixas. – Tem que ficar feliz por ela ter aceitado sair com você. – Chanyeol deu um leve soco no peito do menor.

– Yah, eu até que sou bonito. Como ela poderia rejeitar um rostinho desses? Me diz. – Exibia-se mostrando sua face.

– É isso aí que eu quero, autoconfiança. – Riu.

– Isso quer dizer que você não me acha bonito? – Semicerrou os olhos e o castanho riu.

– Ok ok, você é sim!!

– Essa resposta não me soou convincente. – Franzia a testa.

Sendo assim, Baekhyun pegou o rosto de Park com as duas mãos e aproximou-se dele olhando-o nos olhos.

– Chan, você é uma das pessoas mais bonitas que eu já vi na vida, acredite no que eu estou dizendo.

– O-ok... – Desviou o olhar.

– Vamos fazer o seguinte, como amanhã não trabalharemos na parte da tarde, que tal irmos ao cabeleireiro e fazermos algumas compras?

– Hm tudo bem.

– Agora – Ajeitou-se no sofá macio esticando-se e deitando com a cabeça nas pernas do Chanyeol. – Que tal vermos um filme? Ainda são oito e meia.

– Boa ideia, vai escolhendo aí algum no netflix enquanto eu faço pipoca.

– Me conhece tão bem! – Referiu-se ao petisco.

O castanho escolheu um filme chamado Triplo X, ouviu umas pessoas falarem bem sobre esse filme, mas não gostava muito do ator principal então nem havia dado vontade de ver, porém como estavam de bobeira, pensou que poderia valer a pena ver com seu melhor amigo. Desligou todas as luzes deixando o ambiente bem escuro e aquele cheiro de pipoca feita na hora já invadia as narinas do Byun, o que lhe causava fome novamente, seguiu o cheiro e Chanyeol já as depositava no recipiente. O menor pegou os refrigerantes e ambos foram para a sala.

– O que você escolheu?

– Triplo X. Já viu?

– Ainda não.

Deram o play e o menor já atacava a pipoca faminto tirando risadas do Park. Até que de alguma forma, não parecia tão ruim o filme, as cenas de lutas eram bem feitas e os dois faziam diversos comentários entre si e riam do jeito abobalhado de alguns personagens. E por falar em personagem, um chamou a atenção de ambos.

 – Chan, você sabe quem é esse ator? – Apontou ao que aparecia na tela. – Ele é asiático, não sei por que, mas me parece familiar.

– Também penso a mesma coisa, deixe-me procurar. – Começou uma pesquisa no celular. – Achei. Ele é chinês e se chama Wu Yifan, também conhecido como Kris.

– Nossa que deja vu, sinto que já vi ele antes...

– Eu também. Vai que não nos conhecemos em nossas vidas passadas? – Riram.

Após a estranha sensação, continuaram a assistir e quando este acabou iniciaram mais um, sendo de comédia. Já estava ficando bem tarde, desligaram os aparelhos e foram deitar, pois no dia seguinte teriam que acordar cedo para trabalharem.

 

***

 

O maior despertou sentindo-se sufocado, estava difícil de respirar. Abriu os olhos um de cada vez e quando olhou para o lado, viu que era Baekhyun que estava grudado a si. O castanho tinha essa mania de querer dormir abraçado a alguém e adquiriu-a por ter sempre o maior ao seu lado, costumavam muito a dormirem juntos quando um ia à casa do outro na infância e até hoje Byun não perdeu esse hábito. Park olhou nas horas do celular e constava 06h40min, já estava na hora de levantar.

Uma perna do Byun se encontrava por cima do maior, sua cabeça estava deitada no ombro do outro enquanto seu braço o rodeava como se estivesse buscando conforto. O braço do Chanyeol, que estava por baixo do Byun, acolhia-o e pousava-se na cintura do menor, sempre se perguntava como dormiam de um jeito e acordavam de outro, mais próximos. Foi tentando se soltar aos poucos, devia levantar-se e tomar um banho para começar o dia, mas Baekhyun não parecia querer separar-se daquele aconchego quentinho, o que tirava alguns sorrisos de Park. Achava tão fofo esse jeitinho do menor, parecia uma criança carente em momentos assim, quando conseguiu levantar, Byun agarrou-se ao travesseiro sentindo falta de algo e o loiro o encarava, os cabelos estavam bagunçados para todo lado, a camiseta levantada e um pouco caída no ombro e as coxas grossas toda a mostra, parecia um anjinho dormindo.   

Não podia ficar perdendo tempo e foi logo fazer sua higiene matinal. Depois de um banho tomado, arrumou a mesa e viu que já estava na hora do amigo levantar. A relação deles era assim, um sempre ajudava o outro nas tarefas já que quase conviviam juntos, assim não teriam brigas com apenas um agindo enquanto o outro folgava. Chegou ao quarto e Baekhyun nem havia mudado de posição.

– Baekkie, já está na hora de acordar. – Falou próximo do castanho e teve um resmungo como resposta. – Anda, levanta! Já são sete e dez.

– Não quero. – Disse baixo. Chanyeol, então, deu algumas batidas, não fortes, na região traseira do castanho.

– Vai sim, ou quer chegar atrasado pro trabalho?

– Queria pular pra parte em que fico rico e peço demissão!

– Todos nós queremos, mas é aquele ditado, fazer o que. Agora vai tomar banho que eu estou terminando de preparar o café. – Byun resmungou. – Eu vou te fazer levantar por bem ou por mal.

Como Park estava lavando momentos atrás o recipiente que usaram para a pipoca e os copos da noite anterior, suas mãos estavam geladas, então começou a espalmar sua pele fria na derme quente das costas do menor, fazendo-o se arrepiar todo e tentar afastar o maior. O loiro ria enquanto Byun o xingava de todos os nomes, as mãos passeavam pelo seu corpo o fazendo tremer com o frio e tentou virar e ficar de barriga para cima, conseguiu, contudo prendeu uma mão de Chanyeol embaixo de si, a outra repousou na cintura descoberta. Ficaram em silêncio por alguns minutos apenas olhando nos olhos do outro, o castanho, que estava ofegante, recuperava seu ar.

– Como você é malvado Channie!! – Fez bico. Chanyeol estava perdido admirando aquele ser pequeno abaixo de si, não sabia por que, mas Baekhyun parecia mais bonito naquela manhã.

– Yah, se continuar a usar minha camiseta, ela vai estragar. Olha só como está toda amarrotada.

– Você quis dizer minha camiseta, não é Chan? Você sabe que ela é minha favorita e eu uso mais que você.

– Isso porque um baixinho resolveu sequestrar ela de mim, não é? Agora vai se arrumar que estamos perdendo tempo.

– Tudo bem! – Desanimou. Ficou encarando o amigo o aguardando e nada. – Chan...

– O que?

– Você precisa sair de cima de mim para eu me arrumar...

– Ah ta, desculpe. – Afastou-se. – Vou terminar de preparar o café enquanto isso.

Chegaram um pouco atrasados na empresa, mas nada que merecesse uma bronca pelo patrão. Aquela rotina costumeira sempre se fazia presente, as mulheres todas arrumadas e maquiadas parecendo modelos andando para lá e para cá pelos corredores, alguns desesperados falando com outras pessoas ao telefone, provavelmente tentando fechar algum acordo, outros bebendo café um atrás do outro e por assim vai. Depois de um tempo, o chefe Kim Junmyeon sai de sua sala e anda até a mesa de Park.

– Senhor Kim! – Reverenciou-se.

– Preciso que vá ao departamento ao lado e entregue estes documentos ao Kim Jongdae.

– Sim chefe. – Kim se retirou voltando à sua sala.

– Ei Chan, venha aqui! – Chamou e o maior se aproximou. – Já que você vai ao departamento que a Seolhyun está, caso ela não esteja tão ocupada, chame-a pra sair neste fim de semana. Mas se ela estiver, você voltará depois para conversar com ela. Entendido?

– Baekkie, por que não me falou antes? Sabe que eu preciso de preparo mental para essas coisas.

– Se vira, agora vai logo ou vai receber duas broncas.

– Duas? – Questionou confuso.

– Sim, duas. Do seu chefe do trabalho e chefe do amor. – Apontou para si. – Ah, lembre-se, seja confiante. Fighting!

O loiro revirou os olhos e saiu rumo à porta. Enquanto caminhava pelos corredores, reclamava mentalmente do susto que Baekhyun causara em si, fazia caras e bocas esquecendo-se de onde estava e quem o via franzia a testa pensando que tipo louco era aquele murmurando sozinho. Agora as palmas das suas mãos transpiravam em nervosismo, esperava não manchar os relatórios que segurava ou caso contrário levaria bronca por danificá-lo.

Desde que Baekhyun contou seu plano, pensava em como poderia colocar todas aquelas etapas em prática, duvidava um pouco, na verdade muito, se sairia tudo bem, uma pessoa não muda de uma hora para outra. O que teria que ao menos parecer agora era ser alguém confiante e isso seria meio que uma tarefa difícil para alguém que já estava praticamente afundado em azar nessa área. Mal conseguia manter um assunto com qualquer garota, ainda que dava graças quando não gaguejava, ficava tão ansioso para não errar que por causa disso não prestava atenção direito no que deixava passar. Chanyeol desejava profundamente que as mulheres viessem com manuais de instrução, porque tudo que ele fazia parecia sempre ser o errado, era muito difícil saber o que elas pensavam e ao invés de dizerem diretamente o que querem, fazem a questão de tornar tudo um jogo para que os homens adivinhem o que se passa em sua mente. Para quê facilitar se pode complicar?

Chegou ao local pedido pelo seu patrão e antes que adentrasse a sala, respirou fundo preparando-se psicologicamente para atuar confiante. Aquele ambiente era parecido com sua sala, muitos perambulavam por todo canto imprimindo documentos, falando ao telefone e fazendo outras atividades. Percorreu com os olhos por todo o perímetro a fim de encontrar a mulher ali e viu-a tirando alguns xerox na máquina. Engoliu seco imaginando como seria aquela conversa, mas primeiro teria que entregar os relatórios que tinha para Kim Jongdae. Atravessou a sala e bateu na porta, assim que sua entrada foi concedida, girou a maçaneta entrando em seguida no pequeno cômodo. O homem alto e magro falava ao telefone, então Park apenas lhe mostrou o que tinha em mãos e Kim fez sinal de que poderia deixar em sua mesa e pudesse sair seguidamente. Feito isso, fechou a sala novamente e caminhou sem pressa até Kim Seolhyun pensando no que diria.

– O que faz aqui Chanyeol? – Levou um pequeno susto ao ver o maior ali, estava concentrada tirando os xerox.

Respirou fundo e repetiu várias vezes como um mantra na sua cabeça “Seja confiante, seja confiante... E não gagueje!”. Tomou uma postura diferente, deixou a coluna mais ereta e levantou o queixo.

– Bom dia Seolhyun! Está muito ocupada agora?

– Bom dia! Estou apenas tirando essas cópias, mas pode falar.

– Por acaso estará livre esse fim de semana? – Até ele mesmo se surpreendeu de ter formado a frase sem desregular o tom dela.

– Livre... – Disse pensativa.  – Que dia você tem em mente?

– O dia que estiver melhor pra você. – Riu leve, estava ficando nervoso, mas tentava manter a pose.

– Por mim pode ser no sábado!

– Combinado então. – Sorriu. Tinha conseguido.

– Para onde vamos? – Porém, a felicidade durou pouco.

“Droga Baek, como pôde se esquecer de um detalhe desses? O que eu faço agora”

– Ahn... Eh... – Sua mente estava em branco e aquela confiança que tentava passar já estava evaporando. – Tem alguma ideia?

– Você vem me chamar pra sair sem saber aonde vamos? – Chanyeol abaixou a cabeça se martirizando. – Tudo bem, vou deixar passar porque sei que está tentando. Escolha um lugar e me surpreenda. Me busque as sete.

O loiro assentiu e despediu-se da mesma. Não deixaria barato para seu amigo por tê-lo feito passar vergonha em plena segunda chance.

 

***

 

Os dois amigos almoçavam em um restaurante na cidade de Seoul, como não trabalhariam naquela tarde, iriam fazer as compras prometidas e irem a um cabeleireiro. Enquanto comiam, Chanyeol despejava em cima de Byun o quanto ele foi culpado de ter se esquecido sobre o local de reencontro.

– Chan, vou te falar apenas uma coisa. – Limpava a boca com o guardanapo. – Improviso. – O maior ainda não falava nada, só continuava mantendo a cara fechada. – Você poderia ter simplesmente dito que era segredo e que era pra ela vestir sua melhor roupa e deixar o resto com você. Daí você completava com uma piscada de olho e saia.

– Que ótimo. Obrigado pelo conselho atrasado. – Disse irônico e bufou desviando o olhar do amigo que se sentava ao seu lado.

– Mas veja bem, ela disse que ia deixar passar, então tudo bem. Você vai surpreender ela na sexta e vai ficar tudo certo. – Park não mudava a expressão. – Ah Channiiiiiie, vai ficar bravo comigo mesmo? – Fez uma voz manhosa e agarrou o braço do loiro. Este olhou para o menor que tinha um bico triste nos lábios e os olhos acompanhavam esse semblante. Chanyeol liberou seu ar.

– Droga Baekkie, não faz essa cara. Você sabe que assim eu não consigo ficar bravo com você. – Byun sorriu vitorioso, já sabia que aquilo era como uma arma.

Após o almoço, o castanho imediatamente arrastou o Park para o cabeleireiro e por sorte este não estava tão lotado. Aguardaram uns quinze minutos até serem atendidos, enquanto isso xeretavam alguma revista ou mexiam no celular ou até mesmo fofocavam algo do trabalho. Quando o maior foi chamado, Byun o seguiu, já tinha em mente que penteado e cor poderiam ficar legal nos fios de Chanyeol, discutiu sua ideia com o profissional, que dizia exageradamente que aquela cor e corte era uma abominação fazendo Park o olhar feio, o cabeleireiro concordou totalmente. Durante este bate papo, o maior ficou curioso sobre o que seria feito em si, não ouviu a ideia de Baekhyun, só conseguiu ouvir o cabeleireiro que parecia que tinha usado um megafone para anunciar a todos o quanto seu cabelo estava feio. Só custava-lhe esperar.

Uma ajudante começou primeiramente a passar a tinta em seus cabelos e como não estava virado para o espelho, sua ansiedade aumentava, queria saber logo a cor que era. Terminado de passar, sentou-se no lugar que estava anteriormente esperando dar os quarenta minutos. Byun não perdia o momento fazendo piadinhas de como ele estava engraçado com o cabelo todo bagunçado pela tinta. Queria pegar o celular para ver como estava a cor, mas o menor o impedia falando para ele esperar. Era uma surpresa sua. Enfim o tempo se completou e agora enxaguavam suas medeixas, seguidamente se sentou na cadeira e um corte começou a ser feito, seu cabelo era um pouco grande, mas não cortaram muito, secaram e finalizaram com um penteado em que sua franja ficava num topete.

– Agora eu posso ver? – Perguntou. Baekhyun já estava ali ao lado e de boca aberta.

Viraram a cadeira e seus olhos quase saltaram para fora. Tocou em seu cabelo recém tingido de preto se acostumando com a cor. Simplesmente amou o resultado.

– Uau, eu estou tão-

– Sexy! – O cabeleireiro, que mordia o lábio inferior, intrometeu-se e ambos o olharam.

– Channie você está lindo! – Entrou na frente do profissional.

– Lindo é pouco, estou maravilhoso. – Gabava-se.

– Ok, agora desce um pouco do topo da montanha Chan. – Riram.

Foi Baekhyun quem pagou a conta, o moreno disse que não precisava, contudo o menor disse ser um presente seu e se o outro quisesse retribuir de alguma forma, que fosse com comida.

Um item da lista já fora riscado, agora seguiram para a próxima que era a compra da vestimenta, mas para isso, precisavam saber onde seria o encontro para que a roupa se adequasse ao lugar. Como o primeiro encontro, e único, que Chanyeol e Seolhyun tiveram foi em uma lanchonete, ideia horrível segundo Baekhyun, este lugar estava fora de cogitação. Foi, então, decidido que os dois iriam a um café e posteriormente em um cinema. Baekhyun avisou o moreno que se alongasse, pois não iriam embora até achar a roupa perfeita e do jeito que o menor era, Chanyeol realmente se alongou.

Pois bem, era duas e vinte da tarde, a cidade não parecia lotada e graças a Deus não fazia um calor de lascar, Park pensou que seria uma tarefa fácil, eram apenas roupas, seria rápido de encontrar. Ledo engano. Entraram em mais e mais lojas, Baekhyun lotava os braços de Chanyeol que quase o maior não conseguia enxergar o caminho para andar. Estava começando a se cansar de provar todas aquelas roupas e nada parecer agradar os olhos do menor e mandando-o voltar ao provador. Park as vezes achava que Byun tinha um espírito de mulher para compras, se fosse por ele, já teria escolhido qualquer coisa da primeira loja que entraram.

– Baekkie, vamos fazer uma pausa? Estou cansado! – Dizia de uma maneira arrastada.

– Pare de ser molenga e anda logo, nem andamos tanto assim!

– Baek, já são quase cinco da tarde e ainda não compramos nada. Tudo que fizemos foi virar as lojas de cabeça pra baixo deixando os coitados arrumarem tudo de novo.

– Vai querer desistir então?

– Não é isso, é só... – Olhou para o lado e avistou uma sorveteria. Sorriu. – Vamos reabastecer nossas energias tomando um sorvete? Que tal? – Baekhyun pareceu pensar sobre. – Vaaaaamos!!! – Balançava o braço do menor que cedeu em alguns segundos.

– Tudo bem, tudo bem. Mas depois iremos andar o dobro. – Sorriu perverso fazendo os ombros do maior caírem em descrença.

Entraram no estabelecimento que tinha um ar condicionado deixando o ambiente fresco, suspiraram em alívio. Sentaram-se em uma mesa um de frente para o outro, próxima a janela e esperaram um atendente lhes servirem. Logo o mesmo apareceu entregando o cardápio, tudo ali parecia ser extremamente delicioso, Byun tinha vontade de pedir um de cada para experimentar. No fim Chanyeol escolheu um de limão e Baekhyun uma banana split. O pedido não se demorou a chegar e já se deliciavam com os gelados.

– Como sempre exagerado no tamanho dos pedidos.

– Yah, deixe-me ser feliz. Um dia eu vou morrer e não quero nem pensar no arrependimento de não ter comido o que eu queria. – Levou uma colherada do doce até a boca mostrando toda sua felicidade ao maior que riu.

– Ao menos você poderia comer sem se sujar todo, não é Baekkie?

O de fios negros pegou alguns guardanapos e como tinha braços longos, nem precisou levantar-se da cadeira para alcançar o rosto do menor, pegou o queixo do mesmo e com a outra mão limpava a região. Ao mesmo tempo em que limpava, ambos escutaram uns risinhos vindo da mesa ao lado, viraram os rostos minimamente para o lado sem sair da posição e duas garotas, uma de cabelos longos e ruivos e a outra, um pouco mais baixinha, de cabelos castanhos curtos, tinham sorrisos estampados nos lábios dirigidos a eles. Pareciam estrangeiras, a ruiva tinha um celular em mãos apontado para eles e quando viram eles as encarando, ela guardou rapidamente o aparelho.

– O que estão fazendo? – Perguntou Chanyeol.

– N-nada. – Respondeu a de cabelos curtos.

– Por que estavam rindo e tinha esse celular virado pra gente?

– É que vimos uma coisa engraçada na rua, não é amiga? – Falou a ruiva. Antes que o moreno falasse mais alguma coisa, ela continuou. – Vamos indo? Temos que encontrar as outras daqui a pouco. – A outra assentiu e saíram apressadamente.

– Que meninas estranhas. – Disse Park olhando elas irem embora.

– Chan! Eu estou comendo papel. – Verbalizou com dificuldade por ter o guardanapo ainda em sua boca.

– Ah desculpe.

Conversavam sobre coisas aleatórias enquanto comiam e quando deixaram os pratinhos vazios pediram a conta, levantaram-se e foram ao caixa e, dessa vez foi Park quem pagou. Continuaram a se aventurar pelas ruas, entraram em uma loja que a luminosidade era um pouco escura e músicas tocavam ao fundo, para a alegria de Chanyeol, seus braços começaram a ser preenchidos de peças novamente. Quando Byun achou que já era o necessário, mandou-o ir experimentá-las, ficou sentado em uma poltrona enquanto isso e cada vez que o maior colocava uma roupa, ele saía mostrando o resultado ao menor que diria se aprovava ou não. Em uma das vezes, Park saiu e o castanho sorriu contente, porém uma coisa estava errada e andou até ele para arrumar.

– Channie, essa camisa devia estar por dentro das calças e não fora.

 Iniciou o ato de colocar o tecido para dentro ali mesmo, até que escutaram uma tosse vinda da atendente. Parou com o que fazia, os dois se olharam e abaixaram a cabeça vendo que as mãos de Byun estavam bem dentro das calças que o maior vestia. Coraram um pouco de vergonha por estarem sendo observados, Chanyeol disse que ele poderia terminar de arrumar e o menor concordou mudo. Depois de analisarem bem a vestimenta, Park comemorou por finalmente Baekhyun ter dito que era aquela roupa que levariam, voltou ao provador para se trocar.

– Vocês parecem se dar muito bem. – Disse a mulher.

– Sim, nos damos sim. – Respondeu Byun.

– Queria que meu namoro fosse assim também.

– É... Espera. – Deu-se conta. – Que? Namoro? – Elevou um pouco a voz surpreso. Ela não estava pensando aquilo que imaginava, certo?

– Sim. Vocês não são namorados?

– Não não! – Chacoalhou as mãos em negação.

– Oh, me desculpe.

Ainda estava com a mente em pane pensando no que tinha dado na cabeça da mulher para pensar numa coisa dessas. Eram simplesmente melhores amigos, como irmãos e nada mais que isso, aliás, nunca pensou no amigo dessa forma. Park já sabia que Baekhyun era bissexual, mas isso nunca os impediu de serem próximos. Saiu de seu devaneio quando o amigo saiu do provador e sorriu assim que viu Byun, este teve suas bochechas coradas e os batimentos mais acelerados. Culpou a mulher por isso, por ter falado essa ideia maluca assustando-o.

 

***

 

Os restos dos dias no trabalho seguiriam normalmente, se não fosse Chanyeol recebendo muitos elogios pelo cabelo novo, estava querendo se prender no banheiro do andar porque não gostava muito de atenção para cima de si. Enfim sábado chegou, os amigos combinaram do maior ir à casa de Baekhyun levando consigo as roupas que compraram a pedido do menor e os coturnos pretos que Park tinha. Pediu também alguns outros acessórios e depois de ter ajeitado tudo no porta-malas do carro, seguiu para a casa do castanho.

Chegando à rua, estacionou em frente ao prédio e pegou tudo que levara, nem precisava falar em qual dos apartamentos entraria, o porteiro já conhecia Chanyeol de longe. Entrou no elevador apertando o terceiro andar e esperou, saiu e já foi entrando na casa que tinha a porta aberta para si, o porteiro avisara Baekhyun. Deixou tudo na cama do menor – menos os sapatos, estes deixara na entrada – e voltou para a sala se jogando no sofá afundando o rosto nas almofadas. Byun estava no meio de seu banho e cantava alto arrancando risos de Park, quando finalizou, vestiu um shorts e uma regata, colocou uma toalha em volta do pescoço para secar seu cabelo molhado.

– Baekiiiiiie!! Estou nervoso. – Reclamou. – E se eu fizer alguma coisa que ela não goste e fracassar de novo?

– Pare de reclamar, se ficar pensando demais aí que vai dar errado. – Bateu com a toalha na bunda do maior.

Chanyeol resmungou baixo, mas Byun estava certo. Quanto mais pensamos negativamente, mais são as chances disso realmente acontecer. Sentou direito no sofá e chamou o menor para sentar ao chão entre suas pernas. Depois do castanho se sentar de costas para o maior no tapete preto e branco que combinava com a decoração de sua sala, Park pegou a toalha e começou a secar os fios do Byun.

– Você trocou o shampoo Baek?

– Ah, percebeu?

– Sim! Deixe-me ver se adivinho. – Aproximou-se para sentir melhor o aroma. – Maçã verde?

– Acertou. – Riu. – Então Chan, é mais ou menos isso que você tem que fazer com a Seolhyun hoje. Não perguntar sobre o shampoo, é claro, mas algumas conversas aleatórias. Ficar despreocupado e levar tudo numa boa. Mas não despreocupado demais, ouça o que ela tem a dizer e mantenha a conversa. Está lembrado das etapas, não é?

– Descobrir do que ela gosta, não é?

– Sim. Pergunte o que ela gosta de fazer nas horas vagas, quais são os hobbies dela, filme favorito ou qualquer coisa do tipo. – Chanyeol ainda secava seu cabelo delicadamente e ouvia as idéias do menor. – Você poderia começar com algum elogio e depois fazer umas perguntas e desenrolar a conversa, mas não aja que nem um entrevistador. – Gargalhou.

– Mas já o elogio? Não era em outra etapa?

– Elogios nunca são demais! Todos gostam de receber um.

– Não sei o que falar... Ela não gostou do elogio que eu falei quando nos encontramos.

– Mas é claro que não! Nunca se fala pra uma mulher “Nossa, você come muito bem!” – Imitou o maior. – Ela vai entender que está a chamando de porca ou alguma coisa do gênero. – Revirou os olhos.

– Por que é tão complicado? Você não fica assim quando eu falo que você come que nem um boi.

– É porque eu simplesmente me vingo de outras formas!

– Aah...

– Tipo assim! – Iniciou a coisa que Chanyeol mais odiava, cócegas no pé.

– P-p-para B-baek-kie.

Ria demais e tentava puxar suas pernas, mas o menor as prendeu. Inclinou o corpo para frente a fim de pegar os braços traiçoeiros do castanho para que parasse com aquela tortura, quando conseguiu, segurou os braços no peito do Byun, como se o abraçasse por trás, impedindo-os de fazerem mais movimentos. Seu rosto estava ao lado da cabeça do castanho e este ouvia cada respiração ofegante do maior, causando uma sensação estranha em si.

– Por que tão maldoso? – Perguntou fazendo beicinho.

– Porque é legal. – Riu. – Ta. Já que não sabe fazer elogio, pode treinar comigo. – Virou-se de frente para o Park.

– Eu? Elogiar você?

– Tem mais alguém aqui além de você? – Park franziu o cenho.

– Ta ta... – Ficou pensando por alguns minutos, não sabia bem o que falar.

– Vamos Channie, é pra agora!

– Calma que estou pensando!

– Fale qualquer coisa que lhe venha na mente.

– Ok. Você tem pernas bonitas.

– O-obrigado. Mas se falar algo assim pra ela, ela vai achar que está interessado no corpo dela, então não vale. Tente mais uma vez.

Park aproximou seu rosto do menor e tocou com o indicador a bochecha do amigo.

– Sua pele é bem macia e bonita. Tem um sorriso fofo, aliás, você é fofo, também adoro seus olhos, as vezes eles me lembram os de um gatinho, tão bonitinhos. Você é lindo por inteiro Baekkie, se veste bem, é bondoso com as pessoas e canta maravilhosamente bem. Acho que deve ter muito mais...

Baekhyun arregalou os olhos, seria tudo verdade aquilo que Chanyeol dissera sobre si? Não estava brincando, não é? Nunca lhe ocorrera que o maior pensasse algo assim sobre ele. Sentiu o peito e o rosto aquecer, mordeu instintivamente os lábios.

– Baek? – Chamou. – Baekkie? – Balançou a mão na frente chamando a atenção do castanho.

– Ahn?

– Está tudo bem? Você está com febre? Está um pouco vermelho. – Foi checar a temperatura pousando uma mão na testa do Byun e a outra na sua própria. – Hm, está normal.

– Eu estou bem. – Tirou a mão de si. – Bom, este elogio está bom. Aprovado. E... – Olhou as horas. – Chan, são quase seis! Vá tomar banho que tem que começar a se arrumar. – Puxou-o e praticamente o lançou dentro do banheiro. – A toalha você já sabe onde fica, vou pegar suas roupas.

– Sei sim, obrigado.

Baekhyun pegou as roupas e se não fosse por ele, Chanyeol possivelmente teria ido ao encontro com as etiquetas ainda nelas. Deixou-as num pequeno espaço da pia do banheiro e aguardou o maior sair.

– Baekkie! Onde está a camisa?

– Eu não te entreguei ainda porque você provavelmente iria molhá-la com os respingos do cabelo. Vem cá que eu seco com o secador pra ir mais rápido.

Chanyeol saiu do banheiro com a toalha na cabeça, o abdômen nu mostrando seu corpo malhado e uma calça jeans preta colada com o cinto aberto. A respiração de Baekhyun parou por um segundo, já vira várias vezes o maior com o tronco nu, então por que estava reparando tanto agora, pensava. Chamou o maior para se sentar no sofá e ligou o secador na tomada que tinha ao lado. Diferente do topete que o cabeleireiro fez antes, Byun tentou fazer uma franja de lado e o resultado foi mais que perfeito. Passou bem pouco de gel em alguns cantos e pronto. Chanyeol vestiu a camisa preta colocando-a para dentro, como disse Baekhyun, fechou o cinto e arregaçou as mangas. O castanho chegou com uma maleta para perto do moreno e este olhou curioso. Quando ele a abriu, Park olhou estranho para o amigo.

– O que foi?

– Você vai fazer mesmo maquiagem em mim?

– Vou, por quê? Algum problema?

– Tenho sim, eu sou homem.

– Quer dizer que eu não sou?

– Não é isso... Em você tudo fica bonito, em mim já é outra coisa... – A fala ia diminuindo tentando consertar sua frase.

– Até homens usam Chan. Vou deixar você lindo e vai ver só. Agora vira pra mim e fecha os olhos.

O moreno fez o que lhe fora mandado e apenas deixou o amigo fazer sua obra de arte. Sentia os dedos delicados de Baekhyun passarem um protetor em sua face e em seguida uma base, passou um pouco de pó da cor da pele do maior e mesmo que Chanyeol achasse estranho estar usando maquiagem pela primeira vez na vida, até que gostava da sensação de ter os pelinhos fofos dos pinceis em contato com sua epiderme, esperava que ficasse boa a maquiagem, caso contrário seria uma perda de tempo. Agora Byun pintava o canto de seus olhos com uma sombra nude e no momento que foi passar o lápis de olho, Chanyeol foi para trás.

– O que é isso?

– É lápis de olho. Agora volta aqui que já estou acabando.

– Isso vai entrar no meu olho e me deixar cego!

– Se você continuar a se mexer mesmo vai sim. Fica quieto e me deixe trabalhar.

Aquilo causava uma aflição no maior, mas felizmente conseguiu suportar. Tudo finalizado e em seguida foi se ver no espelho do banheiro.

– Baek, você é um artista! Onde aprendeu isso?

– Tutoriais no youtube. – Deu de ombros.

– Impressionante. – Via cada detalhe em si.

– Agora coloca o acessório que te falei.

– Mas Baek, pra que um relógio quando se tem horas no celular?

– Não faça perguntas, só coloque. – Chanyeol ainda tinha a dúvida e Baekhyun percebeu. – Simples, relógios nos fazem parecer mais maduro.

– Ah... – Já colocava no pulso esquerdo.

– Está faltando alguma coisa... Ah, já sei! – Saiu deixando um Park na sala curioso e logo voltou com uma coisa em mãos. – Se abaixe um pouco.

Chanyeol inclinou e Baekhyun passou com suas mãos indo até atrás do pescoço do maior fechando o fecho de um colar. Era uma pequena pedrinha branca em um formato redondo. Abriu mais um botão da camisa do maior para deixar o colar à mostra e agora sim, estava perfeito.

– Tem certeza Baek? Você adora esse colar.

– Tenho, está tudo bem. Ah! – Saiu e voltou com um frasco de perfume espirrando no pescoço e pulsos do maior. – Acho que agora está tudo pronto.

– Só uma coisa... Você não acha que eu estou muito dark? Ela vai achar que eu estou do lado negro da força. Pensando bem... Esquece, gostei.

– Ué, mas você não era do bem Yoda?

– Cala a boca anão de jardim.

– É assim que me agradece? – Colocou uma mão no peito como se tivesse sido atingido. – Depois de tudo que fiz por você? – Fingia estar magoado.

– Baekkie... – Preocupou-se e o menor mostrou a língua rindo em seguida, Park revirou os olhos.

– Agora vai ou se não irá se atrasar.

– Você não vem também? Pra me ajudar?

– Ah desculpe, não sabia que era um encontro a três. – Disse sarcástico. – Não quero ficar segurando vela.

– Não é isso que eu quero dizer. Tipo, você meio que ficar me ajudando de longe, sabe...

– Entendi! Mas como vamos fazer isso? Você vai buscá-la na casa dela, não é? E eu não quero ir andando até lá, é longe! – Cruzou os braços.

– Posso te deixar no café antes e ir buscá-la em seguida. Que tal? – Baekhyun inspirou fundo e liberou o ar aos poucos.

– Tudo bem. Me dê dez minutos.

O castanho teve de se aprontar rapidamente, vestiu um jeans, uma camiseta e uma blusa qualquer, pegou um boné, uma máscara, um caderno e voltou para a sala.

– Vamos.

– Pra que tudo isso?

– Para a Seolhyun não me reconhecer. Agora chega de conversa ou não chegaremos a tempo. Mulheres não gostam nem um pouco de atrasos.

Sem nem mais um piu saíram do prédio e entraram no carro de Chanyeol, o moreno deixou Baekhyun no estabelecimento e disse que não demoraria muito para chegarem. A memória ainda era fresca sobre o caminho que teria que fazer para chegar à casa de Kim, conforme virava as esquinas, aquele frio na barriga em ansiedade aumentava. Queria que tudo desse certo. Enfim chegou à casa da cor azul com um quintal florido e uma cerca. Abriu aquela porta de metal e tocou a campainha, ouviu a voz feminina gritar um “já vai” e abriu a porta.

– Uau, quem é você e o que fez com o Chanyeol?

– Não gostou?

– Está brincando? Eu adorei! Você está um gato. – Olhava-o de cima a baixo.

– Obrigado. – Riu nervoso e lembrou-se sobre elogiar. – Ah, você também está bonita.

– Obrigada. – Sorriu com aqueles lábios vermelhos.

– Podemos ir?

– Claro. Aonde vamos?

– Você verá quando chegarmos.

Durante o percurso, ambos ficaram quietos, só havia o som do rádio ligado tocando uma música estrangeira. Estacionaram em uma vaga em frente ao café, onde Seolhyun já desconfiou que iriam entrar, mas decidiu esperar Chanyeol sair e dar a volta pelo carro.

– É aqui, vamos?

– Vamos.

Park abriu a porta para a morena entrar e deixou com que ela escolhesse a mesa. Agora que era um novo Chanyeol, deveria tentar ser mais cavalheiro também. Avistou o menor ao fundo sentado em um dos bancos no balcão e sorriu aliviado. Baekhyun viu os dois e levantou-se, como Chanyeol se sentou de frente para a mulher, então se sentaria na mesa do lado, ficando atrás da morena para que o Park conseguisse enxergá-lo.

Um garçom se aproximou com seu caderninho perguntando o que gostariam de comer ou beber, Chanyeol pediu um café expresso e uma torta de morango, a garota pediu um lanche pequeno natural e um suco detox. Na hora em que o maior ouviu o pedido dela, ficou com peso na consciência. Pensava se era o habitual dela comer aquilo mesmo ou se foi por causa do que disse da última vez, em que ela poderia ter pensado que havia a chamado de gorda. Olhou para Baekhyun e viu que ele tentava mostrar algo que escreveu no caderno que trouxera consigo.

“Ah, então era pra isso o caderno? Muito esperto senhor Byun!”

“Pergunte se ela gosta de filmes e de que tipo! Vai que ela não goste e você leva ela pro cinema.”

Park tentava ler, mas a letra estava tão pequena que franzia a testa forçando a vista pra enxergar.

– O que? – Nem percebeu que havia falado alto.

– Está tudo bem Chanyeol? – Virou para onde ele encarava e Baekhyun jogou o caderno no colo e debruçou na mesa batendo a testa no mesmo e xingando internamente.

– Ah não é nada, estava tentando ler quais são as promoções daqui. – Riu e pediu desculpas para o Baekhyun por olhar. Este massageava o local machucado. Escreveu mais alguma coisa no caderno e mostrou.

“DÁ PRA SER ‘MENOS’ DISCRETO DA PRÓXIMA VEZ? EU DISSE PRA PERGUNTAR SE ELA GOSTA DE FILME PRA VOCÊ VER SE LEVA ELA OU NÃO PRA MERDA DO CINEMA”

Agora conseguira ler e tinha uma leve sensação de que Baekhyun estava irritado. Porém logo mudou de humor quando um grande milkshake chegou a sua mesa, seus olhos brilharam encantados e os cantos dos lábios iam de orelha a orelha. Sorriu ao ver a felicidade do menor. Voltou a atenção à Seolhyun quando a escutou raspar a garganta.

“Merda! Foco Chanyeol, foco.”

– Então, você por acaso curte assistir filmes?

– Curto sim, gosto especialmente dos filmes de suspense e terror. E você?

– Gosto de tudo um pouco, se a história me prender eu vejo. Bom saber disso. – Falou contente.

– Por quê?

– Pretendo te levar ao cinema ainda hoje. – Sorriu.

Os pedidos chegaram e ambos começaram a comer. A mulher concordou sorrindo em ir ao cinema, Chanyeol sorriu vitorioso, parecia que estava indo tudo bem até agora. Olhou para o ser atrás da mulher e viu mais uma plaquinha.

“PERGUNTE DOS HOBBIES!”

– Além de assistir filmes, o que mais você gosta de fazer para passar o tempo? – Levou uma garfada do doce até a boca.

– Gosto de dançar e cantar, já cheguei a fazer aulas de dança quando era criança, voltei a dançar um tempo atrás, mas tive que parar pra poder estudar. Pretendo entrar em uma faculdade de dança. E cantar, canto apenas por diversão, não que eu queira ser cantora.

– Mas que legal, espero que dê tudo certo pra você. Aposto que um dia será uma dançarina profissional.

– E você Chanyeol, do que gosta? – Mexia no canudo do suco.

– Gosto muito de música e sei tocar alguns instrumentos, meu tio tinha uma loja de instrumentos musicais e eu visitava muito ele, acabava que eu começava a tocar tudo que via pela frente e cheguei a fazer umas aulas de violão. Mas toco um pouco de bateria e piano também.

– Mas que homem de talentos. – Park riu. – Quem sabe futuramente não podemos fazer alguma apresentação juntos? Eu dançando e você tocando.

– Quem sabe. – Sorriram.

Chanyeol estava feliz que estava conseguindo agir naturalmente e não estar levando nenhum xingamento pelo sexo oposto. Baekhyun já estava entediado ali parado e apenas ouvindo coisas que não lhe interessava nenhum pouco. Quando viu que eles terminaram de comer e que haviam conversado bastante, lembrou-se de mais um recado para escrever.

“QUANDO FOREM AO CINEMA, NÃO SE ESQUEÇA DE ANDAREM DE MÃOS DADAS!”

Park viu a mensagem e guardou a ideia. Pediram a conta e o maior a pagou, o cinema não era muito longe dali, então foram andando. Agradeceu por isso, não iria gostar de deixar o amigo para trás sozinho. Abriu a porta para Kim sair e o moreno apenas fez sinal com a cabeça para que o castanho seguisse eles, Baekhyun apenas queria ir embora logo, mas não tinha outra escolha.

Como lhe fora dito, Park pegou timidamente a mão de Seolhyun que fechou a sua na dele, porém esperava mais, não sabia por que, mas não sentiu aquele choque que as pessoas tanto falavam. Caminhavam conversando sobre coisas aleatórias, disfarçadamente Chanyeol deu uma olhada para trás para ver se um baixinho o seguia e sorriu quando o encontrou. O castanho bufava que queria sua cama logo.

Chegaram ao cinema que tinha vários filmes em cartazes para serem escolhidos, deixou com que a garota fizesse a escolha e esta optou para um de terror, era isso ou romances clichês. Escolheram os assentos e Byun que estava atrás, viu e pegou um atrás do deles, reclamou internamente sobre o gosto da garota, odiava esse tipo de gênero, mas nada estava a seu favor. O moreno pediu um momento para ir ao banheiro e a garota o esperou, Baekhyun o seguiu e assim que entraram no local, o castanho estendeu a mão.

– O que você quer?

– O dinheiro da entrada do filme, eu não disse que queria ver e você sabe que eu não gosto de filme assim.

– Desculpe... – Pagou-lhe. – Vai ser rápido Baekkie! Obrigado por estar me ajudando. – Abraçou-o.

– Se eu tiver pesadelo, você vai pagar caro por isso. – Quando se separaram do abraço, Baekhyun viu que Chanyeol havia dado uma quantia a mais de dinheiro. – Channie, acho que você errou na quantia. – Mostrou.

– Não errei. Você sabe que depois do filme, terei que levar a Seolhyun pra casa, e como vai ser muito tarde, quero que chame um táxi.

– Ah, tudo bem, obrigado.

– Agora vou voltar... Você tem fones de ouvido?

– Ok. Tenho... Por quê? – Tombou a cabeça para o lado estranhando a pergunta.

– Caso você fique com medo do filme, apenas ouça uma música e feche os olhos.

– Ah... Ta...

O maior teve que voltar logo para a garota, mas antes de sair do banheiro, Baekhyun deu mais algumas instruções do que Chanyeol poderia fazer em meio ao cinema e quando deixasse a Kim em sua própria casa.

Já dentro da sala totalmente escura o filme começou a rodar, Baekhyun ouvia músicas como o maior disse para se distrair, tinha muito medo de filmes de terror. Como usava um boné, abaixou um pouco a parte da frente para impedi-lo de ver o telão. No decorrer do tempo, começou a sentir um certo desconforto, mas não sabia a razão disso, pensava se era a bebida doce que pediu no café misturada com a pipoca que comia que estava deixando-o mal. Algumas vezes olhava na fileira debaixo para ver como estava o procedimento do encontro, Chanyeol havia feito aquilo que falara, passou o braço direito pelos ombros da garota. Mesmo sua mente falando “é isso aí”, alguma coisa para si não estava nada bem.

Em um dado momento, por curiosidade, Baekhyun olhou para o filme e na hora se arrependeu, viu uma cena assustadora que o fez gritar de susto junto com algumas outras pessoas da sala. Park ouviu e olhou para trás, viu Byun se encolher e preocupou-se, porém não podia largar a garota e acolher o menor.

Graças a Deus aquele inferno tinha acabado para Baekhyun. Já se encontravam do lado de fora do cinema, Chanyeol tentou dizer com o olhar para que Baekhyun ligasse pedindo um táxi, já iria levar Seolhyun para casa e assim Byun o fez.

Park e Kim iam andando até o carro conversando sobre o filme, a garota parecia ter gostado bastante, ouvira muitos comentários bons a respeito do filme, Chanyeol também gostou bastante, mas no final do mesmo parou de prestar atenção depois de ouvir seu amigo se assustar. Chegou à casa de Seolhyun e ambos saíram caminhando até a porta, pararam e ficaram se olhando.

– Me diverti muito hoje!

– Eu também. – Sorriu. – Bom, está entregue. – Arrumou uma mecha de cabelo dela para trás da orelha.

– Tenha uma boa noite Park. – Olhava-o.

– Você também Seolhyun, tenha bons sonhos! – Andava devagar de costas fitando-a e mordendo levemente o lábio inferior, sorriu em seguida. Fazer-se de difícil, ok. – Entre, está ficando frio.

– Você também! Tome cuidado pra voltar pra casa.

Depois de sair do local, Chanyeol foi diretamente para a casa de Baekhyun, precisava conferir se ele estava bem. Como sempre o porteiro o deixou entrar e pegou o elevador, a porta do apartamento foi aberta por um Byun que se cobria por inteiro com um cobertor, Park deixou um riso escapar e o menor o abraçou rapidamente.

– Channie, esta casa está silenciosa demais. – Escondia o rosto no peito do maior.

– Calma pequeno, já vamos deixá-la barulhenta.

Pegou-o pelo braço e levou-o até a sala ligando a televisão em algum programa divertido. Sentou-se ao seu lado no sofá abraçando-o de lado para relaxá-lo.

– Está melhor? – Acariciava as costas do castanho.

– Acho que sim.

De repente os dois amigos sentiram os celulares vibrarem.

 

Luhan

Oi pessoal, estarei voltando essa madrugada pra Coreia!

Vamos fazer uma social!! Quem disponibiliza uma casa? Pra amanhã, porque estou com saudades. \o/

 

Jongin

LU!!! Finalmente, saudades de você, quanto tempo!!

 

Minseok

Que notícia maravilhosa :)

Baek, podemos fazer na sua casa?

 

– Sobrou pra mim. – Riam enquanto viam as mensagens.

– Ah, vai ser divertido.

 

Chanyeol

Claro que podem, amanhã as 18h?

 

– O dumbo, a casa é minha ou sua? – Fingia estar bravo, mas riu em seguida.

– Ah hobbit, sabe que essa casa é quase minha também

– Mas dividir as contas não quer, né? – Arqueou uma sobrancelha.

– Então... Nossa, olha a dança deles que legal! – Apontou na televisão e o menor riu.

 

Luhan

Por mim perfeito! Cadê o Soo e o Sehun?

 

Jongin

O Soo está dormindo, se eu acordar ele agora, capaz de eu receber um chute no meio da cara. Vamos evitar os danos né...

 

Sehun

Apenas queria ver se alguém ia perguntar de mim!

 

Baekhyun

HAHAHA

Então, cof cof, vocês podem vir neste horário mesmo na MINHA casa, não é Chan?

 

Chanyeol

Que seja!!

 

Minseok

Vocês dois hahaha Ok, marcado então! Bebidas? Algo pra comer?

 

Jongin

O Soo, o Lu, o Sehun e eu podemos levar as bebidas e o resto pedir pizza, que tal?

 

Sehun

Ok!

 

Luhan

Perfeito :3

 

Baekhyun

O “RESTO” concorda?

 

Chanyeol começou a gargalhar.

 

Jongin

Ai Baek... Ok! Baek, Chan e Min podem cuidar da pizza?

 

Baekhyun

Agora sim haha tudo bem!

 

Minseok

Beleza.

 

Chanyeol

Fechado então!

 

O grupo continuou conversando mais um pouco e logo pararam, já eram duas da madrugada e ainda assistiam alguma coisa na TV. Chanyeol ouvia uma respiração calma vindo de um ser deitado em seu ombro, olhou e Baekhyun dormia profundamente. Pegou o controle e desligou a televisão, tomou cuidado com seus movimentos para não acordar o menor e pegou-o no colo levando até sua cama, depositou-o no macio e foi desligar as luzes da sala, voltou para o quarto e sentou ao lado do corpo do menor. Retirou os fios castanhos que caiam em seus olhos e ficou olhando para a expressão relaxada, sempre tinha a imagem de que quando Baekhyun dormia, parecia tão indefeso, vulnerável, que dava vontade de protegê-lo de todo o mal. Desligou a luz pelo interruptor ao lado da cama e deitou-se, demorou um pouco para dormir, ficou pensando nas coisas que aconteceram consigo naquele dia e de repente percebeu que o menor se agitou, devia estar tendo um pesadelo em consequência do filme, Baekhyun tateou até encontrar algo e alcançou o corpo maior, abraçou-o com força e Chanyeol o retribuiu e por instinto, selou a testa do castanho que em seguida se acalmou.

 

***

 

– Vamos logo Channie!

– Calma Baek, uma coisa de cada vez.

– Mas já faz meia hora que você está aí no banheiro e não terminou ainda.

Como os amigos iam na casa do menor, Baekhyun colocou Chanyeol para ajudá-lo a limpar a casa. Tiraram no pedra, papel ou tesoura pra ver como dividiriam as tarefas, o maior ficou com o banheiro e os quartos e o menor com a sala e a cozinha.

– Eu nem devia estar limpando, essa casa não é minha.

– Agora mudou de ideia? Vai limpar sim senhor, você quem disse que eles poderiam vir pra cá.

– Tem como voltar atrás?

– Agora não adianta reclamar mais.

Passaram a tarde toda deixando a casa no jeito, acordaram uma da tarde e fizeram um almoço rápido, rapidamente Baekhyun caçou o maior pras atividades, como ambos sabiam que não gostavam desse trabalho de limpar, que limpassem o quanto antes pra acabar logo.

Foi chegando perto do horário combinado, os dois amigos foram banhar-se, primeiro o menor e depois o maior, Park alegou de que se o castanho sujasse o banheiro, ele lhe daria um cascudo. Aos poucos os amigos foram chegando, primeiro Minseok, depois Kyungsoo junto de Jongin, Sehun e por fim Luhan. Colocaram as bebidas na geladeira, os responsáveis pela comida ligaram pedindo uma pizza e racharam no pagamento.

Enquanto aguardavam a pizza, iam tomando cerveja e colocando os assuntos em dia. Luhan contava de como foi o trabalho como modelo na China e de como ele morria de vontade de pular em uma mesa lotada de salgados e doces. 

– Então era por isso que queria a social? Pra comer e beber? – Perguntou Sehun.

– É claro que não, estava com saudades dos meus amigos.

– Não é o que seu estômago está dizendo. – Falou Kyungsoo após ouvir a barriga do loiro roncar.

– Fica quieto Soo! – Os outros riram.

O telefone do apartamento tocou e era o porteiro avisando que a pizza havia chegado, mandou o homem subir e pagaram. Organizaram a mesa de centro da sala, pegaram mais bebidas e começaram a atacar a comida. Os amigos relembravam a época de escola e de como Chanyeol e Baekhyun eram juntos, na maioria das vezes, insuportáveis, no bom sentido claro, juntos faziam algazarra para todo lado, mas era contagiante a alegria que espalhavam. Lembraram também de como Kim Jongin era apaixonado por Do Kyungsoo. O menor era, e ainda é, muito calmo, diferente de Jongin que era mais serelepe, este queria muito confessar ao menor, mas morria de medo de não ser recíproco e de levar um belo fora ou seja lá o que ele poderia fazer. Muitos tinham medo do Kyungsoo, diziam que ele tinha uma personalidade fria e que era anti-social, então nem se aproximavam dele, mas Jongin foi diferente e acabou conhecendo e se apaixonando pelo menor. Kim pediu ajuda aos amigos e esses o ajudaram.

– Aaaahh parem, estão me deixando com vergonha! – Exclamou Jongin tampando o rosto.

– Lembram da cara dele quando foi entregar a carta e o Soo-Hyung passou reto porque não o viu? – Alfinetou Sehun.

– Apenas me aguarde Oh Sehun. – Semicerrou os olhos.

– Calma Ninnie. – Falou Kyungsoo para Jongin. – No fim deu tudo certo e hoje sou muito feliz.

Mesmo que aquilo fosse fofo, ainda era estranho o ruivo falar assim.

– Chanyeol, você ainda toca violão? – Perguntou Minseok.

– Toco sim!

– Tem algum por aqui? Poderíamos cantar algumas músicas.

– Sim, está lá no quarto. Já volto. – Saiu.

– Vocês estão morando juntos Baek? – Questionou Luhan.

– Não estamos.

– Achei que estavam.

– Por quê? – Perguntou curioso.

– Apenas parece! Chanyeol age como se a casa fosse dele também, ficou mais evidente quando falaram no grupo.

– É que ele vive praticamente aqui. – Riu. – Daí algumas coisas suas costumam ficar aqui.

– Entendi.

O moreno chegou com o violão em mãos, já tinham terminado de comer e deram uma organizada básica na sala. Park tocava alguma coisa e os outros se puseram a cantar, ficaram um tempo assim e quando cansaram, deixaram o violão de lado. Byun foi buscar mais algumas cervejas e quando voltou na sala, Sehun havia roubado seu lugar no sofá.

– Pode sair, esse lugar é meu. – Entregou as cervejas para os outros.

– Tem lugar no tapete. – Respondeu.

– Sim e ele está chamando seu nome. – Rebateu.

– Vem aqui Baekkie. – Chanyeol o puxou para que se sentasse em seu colo, seus braços rodaram a cintura do menor e deixou uma mão pousada na coxa do mesmo.

Os amigos não falaram nada, já eram acostumados com a postura dos dois, sempre foram muito unidos, então não acharam surpresa alguma. Ainda conversavam sobre diversos assuntos, enquanto isso mais e mais bebidas iam ingerindo.

– Baek, acho melhor você parar.

– Por quê?

– Porque bebida te dá sono.

– Relaxa!

Park tinha avisado, mas Baekhyun não lhe dera ouvidos, daqui a pouco uma sonolência batia na porta, Chanyeol praticamente o segurava para não cair, até que o menor amoleceu e dormiu nos braços do maior. Aquele parecia ser um sinal aos amigos, então se levantaram e foram embora, disseram que o moreno não precisava levá-los até a porta, despediram-se ali mesmo e saíram. Como na noite anterior, Park o levou até o quarto, tirou as roupas do castanho que pareciam incomodar-lhe deixando-o apenas de boxer, achou estranho o fato de ter sentido um pouco de vergonha, era seu amigo ali, abandonou o pensamento e deitou-se para dormir também depois de trocar de roupa.

 

***

 

As semanas iam se passando, o moreno seguia as dicas do amigo e parecia que a relação andava conforme o planejado. Park e Kim se encontravam nos fins de semana e algumas vezes almoçavam juntos na empresa, porém esses encontros aumentavam e Chanyeol começou a levá-la para casa depois de saírem do trabalho. Nisso, os dois amigos diminuíram o tempo de encontros que costumavam ter, causando a sensação de um vazio que não sabiam bem explicar, quando o menor via Park almoçando com a Kim e trocando sorrisos, sentia um aperto no peito e a mesma coisa quando o maior a acompanhava para casa, sentia falta de sua companhia. Chanyeol não estava diferente, também sentia falta do menor, gostava de como passavam o tempo descontraídos e conversando baboseiras, assistindo programas que gostavam e até quando tinham aquele momento do maior tocar o violão e Byun cantar.

Era um sábado e o moreno se aprontava, tinha um encontro com Seolhyun, ambos iriam passear pelo parque e a mulher pediu para que Chanyeol levasse seu violão. Queria vê-lo tocar.

Baekhyun estava entediado em sua casa sem fazer nada, era tão sem graça sem a presença do amigo, ligou a televisão para ver se algo interessante passava, rodou todos os canais, mas nada lhe chamava a atenção. O celular começou a tocar em cima da mesinha e na hora foi atender pensando que era o Park.

– Oi Lu-Hyung! – Murchou um pouco os ombros.

– Nossa, sou tão sem graça assim?  

– Não, claro que não, é que... Estou tão entediado aqui...

– Isso é perfeito então, queria te chamar pra sair!

–Tudo bem. Aonde vamos?

– Vamos ao parque Songpa Naru, pode ser?

– Ok, te encontro lá.

O castanho se arrumou e logo saiu. Pegou um táxi, pois não tinha carro e em alguns minutos chegou ao local combinado, andou pela calçada passando pelas bonitas árvores de cerejeira e encontrou o loiro sentado em um banco.

– Oi Lu-Hyung!

– Oi Baek, tudo bem?

– Está sim. E você?

– Tudo... Você não parece tão bem assim, aconteceu alguma coisa? – O menor balançou a cabeça negativamente.

– Não, está tudo bem, mesmo.

O loiro olhou desconfiado para o amigo, contudo decidiu deixar pra lá, respeitou a decisão do menor. Conversaram um pouco e compraram sorvete de uma pessoa que estava passando com um carrinho.

– Ahn Baek... Queria saber se nesse tempo em que estive fora... – Falava olhando para as mãos. – O Minseok saiu com alguém? – Baekhyun sorriu arteiro.

– Então você gosta dele? – Cutucou-o com o cotovelo.

– Sim, eu gosto, ta? – Byun riu.

– Não saiu, pelo menos acho que não. Que eu saiba, ele não gosta de ninguém.

– Que bom. – Sorriu. – Será que ele me aceitaria?

– Seria um idiota se não te aceitasse, você é bonito demais e legal. Ele estaria perdendo se te recusasse.

– Obrigado. – Riu. – Você me ajuda?

– O que?

– Com o Minseok?

– De novo como cupido? – Falou baixo, mas Luhan o ouviu.

– Cupido? Como assim?

– Eu ajudei Chanyeol a sair com uma garota, sabe, ele era muito azarado e- – Cortou a fala quando viu o Park e a Kim sentados debaixo de uma árvore, um pouco longe deles, o moreno tocava violão e cantava, a garota sorria a todo o momento. – Eles estão ali. – Falou fraco e apontou, Luhan virou e viu a cena confuso.

– Mas... Baek, vocês não- – Parou o que dizia e falou rapidamente. – Por que está chorando?

– Que?

– Você está chorando, por quê?

Baekhyun passou as digitais pelo rosto, não sabia que tinha começado a chorar, estava confuso e quanto mais olhava para ambos, mais as lágrimas insistiam em cair. Luhan olhou para a direção em que Byun encarava e entendeu na hora, Chanyeol e Seolhyun estavam se beijando.

– E-eu preciso ir. – Saiu apressado dali.

– Espere Baek. – Seguiu.

 

Chanyeol tocava o instrumento cantando uma letra qualquer, Seolhyun o interrompeu.

– Oppa, você sempre usa esse colar, ele tem algum significado?

– Ah! – Park ainda tinha o colar, Baekhyun acabou dando de presente quando o moreno foi devolver. – Sim, uma pessoa muito importante me deu. – Sorria docemente.

– Entendi, e essa pessoa é mais importante do que eu? – A voz já tinha um tom de ciúmes.

– Ah, não gosto de comparações! Ele é importante para mim e muito, crescemos juntos, então é quase que minha família.

A mulher, depois de ouvir aquilo, não gostou de ouvir que poderia estar em segundo lugar, então para calá-lo e fazê-lo se esquecer dessa pessoa, tomou-lhe os lábios. Era o primeiro beijo deles, Chanyeol levou um susto na hora, mas respondeu ao beijo, no entanto imaginava que quando fossem se beijar, sentiria aquele frio na barriga, o coração estaria acelerado e tudo mais, porém não sentiu nada daquilo. Não sabia se era porque não namorava a muito tempo e talvez fosse normal no começo, mas ainda tinha suas dúvidas.

 

Luhan perseguiu Baekhyun e quando o alcançou, este dizia insistentemente que queria voltar pra sua casa, logo o loiro chamou um táxi e ambos se direcionaram para o apartamento do castanho. Chegaram a sua casa e Byun ainda soluçava, Luhan o mandou se sentar no sofá e buscou um copo d’água para o menor que virou tudo de uma vez.

– Está melhor?

– S-sim... Desculpe, não sei por que fiquei assim...

– Como não sabe? Baek, você gosta do Chanyeol. – Afirmou

– O que? G-gostar?

– Todo mundo já sabia, nós achávamos que vocês dois namoravam. – O castanho arregalou os olhos.

– Vocês também?

– Mais alguém já falou isso?

– Uma mulher que trabalha em uma loja por aí... Mas por que achavam isso?

– Não é óbvio? Vocês dois agem como um casal desde sempre. – Falou como se estivesse tão na cara. – Sempre estão juntos, nunca se afastam em nada, andam abraçados e tudo mais, você até mesmo disse que ele quase mora aqui.

– Mas isso é normal entre amigos... – Tombou a cabeça pro lado. – Não é?

– Não Baekie, não é. Vocês são exatamente como o Kyung e o Jongin e como eu gostaria de ser com o Minseok. – Explicou. – Compare a relação sua com a do Chanyeol e depois com a do Sehun, por exemplo. São as mesmas?

A cabeça de Baekyun parecia rodar, seria mesmo que sempre agiram como um casal? Achava normal aquele tipo de relação, mas se for comparar mesmo como Luhan dissera, eram extremamente diferentes, não imaginava ser tão íntimo de Sehun. Agora tudo fazia sentido, daqueles sentimentos que passara a sentir quando a trabalhadora da loja achou que eram namorados se encaixavam nas palavras do amigo loiro. Levou a mão à boca e sentiu mais umas lágrimas escorrerem, finalmente se deu conta de que amava Park Chanyeol.

– Hyung... O que eu faço agora? – Se olharam e Luhan não soube o que dizer, apenas confortava o amigo de coração partido.

 

***

 

Depois do encontro, Chanyeol ficara pensando nos seus sentimentos incertos, queria conversar com Baekhyun sobre isso, talvez ele tivesse a solução para as suas perguntas. Pegou as chaves do carro e foi para se encontrar com o menor, aproveitaria e mataria a saudade que sentia.

Pegou o elevador e estranhou a porta não estar sendo aberta desta vez, girou a maçaneta e ela estava destrancada.

– Baekkie? – Entrou.

Não o viu pela cozinha e nem na sala, andou então até o quarto e viu um corpo coberto até a cabeça.

– Já vai dormir? – Riu.

– Uhum...

– Baek, queria te perguntar umas coisas... A Seolhyun me beijou hoje e-

– Eu não quero saber Chanyeol.

Park paralisou. O menor nunca o chamava pelo nome inteiro, sempre fora pelos apelidos “Chan” ou “Channie”, alguma coisa de errado tinha, além de ter usado um tom meio frio consigo.

– Baek, o que foi?

– Não é nada.

– Me fala, o que há de errado? Quero ajudar.

– Não é nada que você possa fazer... – Ditou tão baixo que o outro não ouviu.

Park tentou, então, arrancar aquele cobertor de cima do menor, queria ver o rosto dele.

– Chanyeol pare! – Esbravejou.

– Eu quero te ver. – Disse na mesma altura.

Quando conseguiu, até por ser mais forte que o amigo, viu o rosto todo vermelho de Baekhyun, os olhos inchados por ter chorado tanto, seus olhos brilhavam e ameaçavam voltar a despejar lágrimas. Foi de imediato a preocupação de Park, sentiu uma alfinetada no peito ao ver Byun daquele jeito.

– Baekkie...

O castanho se levantou depressa e correu até a sala, não queria que Chanyeol o visse assim. Contudo, o moreno o seguiu.

– Espera Baek, o que foi? – Pegou-o pelo braço.

– Me solta! – Tentava desvencilhar-se.

– Eu te fiz alguma coisa? Me desculpe!!

– Não é você Chan... O problema é comigo. – As lágrimas já insistiam em cair.

– Olhe para mim. – Nada. – Olhe para mim Baekkie. – Pegou seu rosto suavemente. – Me conte o que está acontecendo, hm?

No entanto, Baekhyun se perdeu naqueles olhos castanhos, o moreno estava próximo a si e por impulso selou seus lábios aos do Chanyeol, na hora não mediu as consequências e quando percebeu o que tinha feito, afastou-se com brutalidade levando as mãos até seu rosto tampando a boca.

– C-chan, me desculpe! – O menor se martirizava por ter deixado isso acontecer.

– Baekkie... O-o que... – Estava estático.

– Droga, como eu sou idiota... – Passava as mãos entre os fios do cabelo. – Por favor, esqueça o que aconteceu e vá embora...

– Por que... – Mal conseguia falar de tão surpreso que estava. – Por que me beijou?

– Chan, por favor... – Sentia-se como se estivesse em um campo minado.

– Por quê? – Perguntou mais firme e o limite de Baekhyun estourou. 

– PORQUE EU TE AMO! – Chanyeol arregalou mais ainda os olhos. – Merda... Por favor, esqueça tudo isso. Você namora a Seolhyun agora e... – Suspirou cansado. – Vai embora... Me deixe sozinho. – Chanyeol foi se aproximar de Baekhyun, mas este se esquivou. – Vai embora e me deixe em paz! – Falou mais alto.

A contra gosto Park abandonou a casa com a mente processando todas aquelas informações. O castanho, que estava apoiado na parede, deslizou por ela até sentar no chão, o rosto estava encharcado novamente com suas lágrimas e o coração despedaçado.

– Por que eu fui te amar?

 

***

 

O passar da semana foi muito difícil para ambos, quase não trocavam palavras e toda a vez que Chanyeol tentava alguma aproximação, Baekhyun arranjava alguma desculpa para não ter que enfrentá-lo. Como poderia depois de dizer que o amava? Ainda mais que estava numa relação com uma garota, o que já era uma situação diferente sobre a preferência. Queria poder voltar no tempo e nunca ter se oferecido para ajudá-lo com a moça, sabia que estava sendo egoísta, mas era o que sentia, aquilo estava matando-o por dentro.

Chanyeol nunca teve uma semana tão torturante quanto aquela, doía demais ficar separado de Baekhyun, alguém que esteve sempre ao seu lado e de uma hora para outra ser arrancado de fora de sua vida, dava-lhe uma tremenda angústia. Com o tempo em que estiveram separados pôde perceber o que lhe era realmente importante e essa importância não tinha um par de seios. Chegou a uma conclusão e o colocaria em prática no dia seguinte.

 

***

 

Mais um dia amanhecia e mais um dia Baekhyun ficaria agoniado dentro de casa. Pensava no que poderia fazer para tornar o dia diferente e optou por limpar a casa, odiava, mas poderia ocupar a mente.

No período da noite, assistia algum reality show que passava, mas nem aquilo estava adiantando, só conseguia pensar no Chanyeol. Ouviu algumas batidas na porta e estranhou, o porteiro geralmente avisava quando estava vindo alguém, talvez fosse algum dos vizinhos querendo alguma coisa. Abriu a porta e deparou-se com um Chanyeol todo molhado no rosto e camisa.

– Chan... O que aconteceu com você?

– Você não devia ter dito que me amava.

Baekhyun expressou um semblante em tristeza e raiva ao mesmo tempo. Teria Chanyeol ido até lá somente para falar isso? Antes que Byun pudesse dizer alguma coisa, Park prosseguiu.

– Porque agora vai arcar com as consequências.

O moreno invadiu a casa do menor e atacou os lábios rosados do menor em um beijo intenso e feroz. Foi fechando a porta atrás de si e prensou Byun na mesma com seu corpo, apertava a cintura do castanho, que arfava em meio ao ósculo e, com a outra mão, encaixou-a na do menor apoiando na porta ao lado da cabeça deste. Apenas se separaram quando seus pulmões gritavam por ar.

– O que... Foi isso? – Disse Byun com dificuldade, não raciocinava direito.

– Isso foi o que eu sinto por você. – Byun o encarou. – Eu também te amo Baek.  – Baekhyun sorriu tanto que as bochechas chegaram a doer.

– O que? Não ouvi direito.

– Ouviu sim pequeno! – Sorriram.

– Eu também te amo Channie.

Byun acariciou alguns fios na nuca do maior e olhava sua face como se decorasse cada pedacinho dela, embrenhou seus dedos em seus cabelos e puxou-o para mais um beijo, dessa vez um apaixonado e sem pressa. Chanyeol pediu passagem com a ponta da língua e foi prontamente permitida, as línguas tinham a liberdade de explorar cada canto com mais calma e em meio ao beijo, elas se abraçavam calorosamente.

Conforme o beijo progredia, aquilo já não bastava para satisfazer ambos, Byun iniciou o ato de tirar a camisa que o maior usava, seus dedos alcançaram os pequenos botões e foi tirando um a um, o outro foi fazer o mesmo, mas para tirá-la, deviam se afastar e com relutância fizeram-no, rapidamente as bocas se colaram novamente. Parecia que o beijo se tornou o novo vício, era difícil ficarem afastados, puseram-se a andar e quase que tropeçando pelo caminho, chegaram ao quarto com os troncos já desnudos. Chanyeol deitou o castanho na cama e retirou a calça que o menor usava e seguidamente a sua própria, os tecidos eram algo inútil no momento.

Baekhyun chamou o maior com o indicador e mantinha um sorriso de canto nos lábios, Park prometera a si mesmo de que nunca se esqueceria daquela visão, era tão bonito, avançou na cama com o foco naquela pele macia do pescoço de Byun, deixava uma trilha de chupões e beijos molhados e estalados, fazendo o corpo menor abaixo de si se arrepiar. Logo terminaram de retirar as peças de roupa faltantes, as mãos faziam o trabalho de passearem nos corpos opostos a fim de conhecerem cada canto, desferiam arranhadas e alguns apertões em algumas áreas, além de também proporcionarem o prazer que queriam. Os gemidos liberados eram como músicas naquele quarto quente e quando se conectaram, ambos sabiam que aquele era o certo. Park já não tinha mais dúvidas quanto aos seus sentimentos, amava aquele baixinho e talvez a razão de seus relacionamentos sempre fracassarem era porque provavelmente seu inconsciente já sabia quem era a pessoa na qual seu coração pertencia.

As borboletas no estômago, o coração acelerado, a vontade de estar sempre junto com a pessoa amada, de lhe proporcionar carinhos, Chanyeol sentia tudo com Byun o que não sentia com mulher alguma. Estavam cegos por algo que há muito tempo já sabiam, mas que foi preciso de algo para separá-los para enfim se darem conta do que sentiam. Amaram-se pela noite toda e a partir do momento em que se declararam, o mundo de ambos se encaixaram absolutamente.

 

***

 

– Channie, eu acho que a Seolhyun quer te matar.

Estavam no refeitório da empresa terminando de almoçar, a garota estava do outro lado do ambiente e lançava um olhar raivoso ao moreno.

– Shh, não vamos fazer movimentos bruscos, ela pode atacar a qualquer momento. – Dizia baixo e Byun revirou os olhos e riu.

– Chan... Eu ainda não entendi o porquê de você ter chegado na minha casa molhado daquele jeito.

– Ah! – Riu fraco. – Eu simplesmente disse pra Kim que não podia continuar, que eu estava apaixonado por outra pessoa. Daí ela jogou a água que estava bebendo na minha cara e foi embora. – Baekhyun gargalhou. – Ei, não ria da desgraça dos outros... Pelo menos não foi um tapa que nem na outra vez.

– Sinto pena dela de ser rejeitada duas vezes pela mesma pessoa. – Mas não era o que seu rosto demonstrava.

– Estou vendo que sente. – Riram. – Sabe Baekkie, estive pensando... – Já haviam terminado de comer e agora andavam pelo corredor do prédio. – O que acha de definitivamente morarmos juntos?

Baekhyun freou os passos e encarou o maior.

– Está falando sério?

– Acha que eu brincaria com uma coisa dessas?

O castanho sorriu mostrando todos os seus dentes brancos, Chanyeol olhou em volta e selou os lábios de Baekhyun, recebeu um soco fraco no peito por estarem em público e corou.

– Então, o que me diz?

– Ainda pergunta? Eu adoraria Channie!

Sorriram radiantes e, agora não se importando se seriam notados, deram um beijo carinhoso e apaixonado que aqueceu ambos internamente.


Notas Finais


Não deixem de comentar o que acharam ^-^

Pra quem gosta de BTS, tenho a fic "Game Over!" que estou postando semanalmente, ela é VKook, deixarei o link aqui para quem quiser ler ^^

< https://spiritfanfics.com/historia/game-over-9369280 >


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