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História Operação: Mamãe Solteira (Dahmo) - A calmaria marcada por pedidos sinceros de desculpas


Escrita por: dahyunix

Capítulo 40 - A calmaria marcada por pedidos sinceros de desculpas


Olhando de maneira tediosa para a tevê ligada em sua frente, Dahyun tentava de todas as maneiras disfarçar seu estado inquieto. 

Se encontrar com Momo talvez não havia sido a ideia mais inteligente da Kim e aos poucos a coreana pareceu entender isto perfeitamente. Era uma completa idiota se tratando da outra mulher e sabia muito bem que seria chamada de trouxa por todos os seus amigos caso contasse sobre aquele dia em específico. 

Mas o que poderia fazer? Hirai passou tanta confiança naquelas palavras, parecia diferente de antes e talvez um pouco mais determinada também. Dahyun estava vivendo por aquele abraço de algumas horas atrás e teve que ser muito forte para não agarrar um celular qualquer e chamar pela japonesa.

— Dahyun! — Escutou o seu nome sendo gritado e rapidamente encarou o mais novo, que lhe olhava com preocupação.

— Hum?

— Tem alguém batendo na porta.

— Oh sim, obrigada. — Agradeceu e se levantou, caminhando até a porta e a abrindo sem nem mesmo verificar de quem se tratava, pois já parecia óbvio. — Mina.

— Dahyun. — Cumprimentou baixinho.

— O porteiro ainda se lembra muito bem de você, ele nem lhe anuncia mais. — Sorriu a mais nova um tanto quanto sem graça.

— Acho que sim. Nós podemos...

— Entra. — Deu o espaço para que a japonesa entrasse e antes que pudesse fechar a porta, pediu por paciência. 

— Jinwoo? — Mina franziu o cenho confusa. O garoto em questão apenas acenou e voltou a se concentrar no desenho que via.

— Longa história. Vem, vamos para o quarto. — Instruiu com a cabeça para que Mina lhe seguisse e assim foi feito. — Você disse que queria falar comigo sobre algo, e então?

— Quero pedir desculpas pela forma que eu lidei com todos os problemas, eu não deveria ter escondido algo de você e eu entendo agora os motivos de você ter ficado irritada comigo.

— Eu fiquei chateada. E fiquei ainda mais por você e as outras garotas acharem que precisam me proteger de algo, e pior, que para isso você precisou machucar Momo.

— Não foi só eu...

— Eu não me importo. Foi feio e eu nunca esperaria que você fizesse algo assim, e com uma amiga.

— Eu perdi o controle. É só que... a Hirai está tão diferente desde que o pai chegou e eu sinto que a amiga de anos atrás se perdeu novamente. — Suspirou, jogando-se na cama da outra. — Não queria ter feito o que eu fiz, só que agora não dá pra voltar no tempo e desfazer essa merda toda. Poxa, Dahyun, olha só o que ela te fez passar... Ela nunca pretendeu ter nada sério com você, ou pelo menos nem sequer pensou em lutar mais pelos sentimentos que vocês duas tinham.

— Está dizendo isto porque ainda gosta de mim?

— Estou dizendo isto porque sou sua amiga. Eu quero que você fique bem e... merda eu quero que Momo também fique bem, mas aquela idiota não nos ouve!

— Hirai vai procurar ajuda quando achar que precisa, Mina. Você e Sana realmente acharam que apenas com palavras iriam muda-la? Sei que são melhores amigas, mas Momo precisava querer fazer aquilo sozinha, por ela mesma e mais ninguém.  

— E você ainda defende ela? Digo, não está nenhum pouco irritada com a situação?

— Claro que eu estou! Poxa, Momo me tirou de Chewy... Ela me usou e aproveitou de meu sentimento para fazer algo assim, mas eu não posso bater nela ou excluir todos os nossos bons momentos, eu queria conseguir ser um pouco mais durona... Mas do que me adiantaria tudo isso? Do que adiantaria se eu decidisse lhe encher de tapas ou lhe xingar de vários nomes possíveis? Hirai não vai mudar por causa disso, e você, deveria saber disto.

— Eu já disse que sinto muito.

— Você não deve desculpas pra mim e sim para ela. Eu particularmente apenas fiquei chateada de início, mas nada muito grande ou algo do gênero. — Disse com sua total sinceridade, jogando-se ao lado da outra mulher. — Foi só por isto que você explodiu?

— Eu acumulei todos os sentimentos ruins e acabei descontando nela. Momo não merece isso, mesmo sendo uma babaca.

— Mina! 

— Eu não menti no que disse, Dahyun. Hirai é um fantoche do pai e se ela não fizer algo para mudar... tenho medo do que pode acontecer.

— Acho que ela está traumatizada agora, vocês todas fizeram muito mal em se afastar daquela cabeça de vento. O que Sana tinha em mente quando decidiu voltar para o Japão? 

— Ela está envolvida com algo grande e nem adiante me perguntar alguma coisa, eu não faço a mínima ideia do que seja. Sana não costuma fazer tanto suspense atoa e eu estou morrendo de curiosidade.

— Tá, mas e Jihyo? Nayeon? Você?

— Jihyo ainda manda bolinhos de limão, ela secretamente se importa demais para deixa-la totalmente. Nayeon toma café com Momo todos os dias na empresa. E eu, meio que estou recusando todas as suas chamadas pois não quero escutar a voz dela.

— Não seja idiota, Mina. Se Momo está te ligando é porque ela se importa com você e provavelmente gostaria de te pedir desculpas por algo.

— E é por isto que estou evitando, ela vai pedir desculpas e eu vou me sentir uma péssima amiga por ter socado seu rosto.

— Ninguém nesta história é nenhum santo. Todos cometemos erros e aprendemos com eles a ser uma versão melhor do que a nossa anterior... Você errou, Mina, mas não pode se culpar para sempre por isto. Hirai precisa de você, precisa das outras garotas pra enfrentar os medos e se vocês achavam que se afastando ela finalmente faria algo, estavam enganadas. — Suspirou e encarou a japonesa ao seu lado, esta que parecia mais pensativa agora. 

— Eu odeio quando você tem razão. 

— Se acostume a me odiar então. — Riu junto com a mais velha, que procurou pela mão da coreana e a segurou. 

— Eu sinto muito mesmo se fiz algo ruim, se te decepcionei agindo daquela forma. Depois que você saiu do hospital e Jihyo me contou da conversa que vocês duas tiveram, eu meio que entendi que estava me tornando uma pessoa que eu não queria. Descobri que eu amo mais você como amiga do que qualquer outra coisa, e isto me tirou um peso enorme dos ombros pois eu realmente tive medo de nunca superar o que nós tivemos no passado.

— Mina...

— Mas então eu entendi que só não queria que ninguém te machucasse como eu acabei te machucando. Todo o receio de sua recente aproximação com Momo era apenas uma tentativa de te proteger, não se tratava abertamente sobre paixão e sim uma... talvez obrigação que eu sentia ter com você. Por isto me senti culpada quando vi você naquele hospital acamada.

— Eu estou bem agora. E por mais que eu aprecie todo o cuidado que você teve, sei que posso me cuidar sozinha. 

— Eu quero que seja feliz, mas puta merda, Kim Dahyun! Escolheu justamente a pessoa mais complicada deste planeta...

— Sempre gostei de um desafio. — Disse em um sorriso fraco.

— Vou seguir seu conselho. Irei falar com aquela mulher e tentar botar as coisas no lugar com nossa amizade.

— Isto é bom.

— Mas e o que você pretende fazer com a sua situação? E você pode me dizer o por que Jinwoo está em sua sala?

— Resumindo: Ele teve uma discussão com Momo e resolveu fugir de casa.

— Estes garotos de hoje em dia não tem nenhuma noção da vida mesmo... E como ele caiu em sua casa?

— Jinwoo disse que pegou o endereço no escritório de Momo. E para entrar aqui, ele passou escondido pelo porteiro.

— Esperto. Hirai sabe?

— Ela veio aqui deixar algumas coisas pra ele ficar durante uma semana, isto até que não foi ruim, não gosto de ficar sozinha. 

— E vocês se viram?

— Claro.

— E então? 

— E então ela disse que mudaria, que não desistiria de nós e me abraçou tão forte que eu senti que quebraria no aperto. Mas eu senti aquelas coisinhas quando estava com ela... 

— A beijou?

— Não. Se eu beija-la eu sei muito bem que não resistiria a ficar com ela de novo e eu não quero isso, quero que ela se resolva com o pai e só então me diga o que quer. Já que sei que ele não nos apoiaria nunca, não quero viver em segredo ou com medo de acabar sendo descoberta, muito menos que ela mude suas atitudes na frente de outras pessoas quando está comigo.

— Você tem um bom ponto. E você acha que ela vai fazer algo a respeito?

— Acho que agora ela está realmente disposta a fazer algo sim, creio que cansou de tudo e vai procurar se ajudar um pouco. 

— Imagino, ninguém consegue seguir regras por quase vinte e nove anos, Momo aguentou muito aquele velho idiota falando na cabeça dela e sinto que ela está prestes a explodir tudo de uma vez.

— Só espero que ela fique bem. 

— Ela vai ficar, pirralha. Eu vou estar lá do lado dela dessa vez... Claro que não sou como Sana, não sou um pilar em sua vida, mas eu posso tentar algo se ela me perdoar.

— Todos vocês são pilares da vida de Momo, não seja tão pessimista assim. 

— Se está dizendo. E você falou com a Jeongyeon?

— Ela me mandou mensagens, disse que vai para uma reunião hoje com alguns amigos tentar negociar visitas. Já que os idiotas dos meus pais conseguiram o direito de ficar com ela até o julgamento.

— Que vai acontecer...

— Se eu não me engano, no final do mês que vem já vai ter o primeiro auditório. Mas tudo pode mudar de uma hora para a outra, são eles que tem a maior voz.

— Porque são os pais.

— Sim. O que é uma besteira. Mas não posso ir contra a lei e nem argumentar muito sobre, só posso esperar que Yoo seja melhor que Momo. 

— Isto é tudo muito louco. 

— Eu sei, mas e como está Chewy? Você disse que daria um jeito de vigia-la pra mim.

— Eu a vejo todos os dias depois de suas aulas. Ela sente sua falta e diz não estar passando falta de nada, apesar de sempre me implorar para levá-la em uma lanchonete que fica naquela esquina. — Mina sorriu ao se lembrar do jeitinho manhoso da mais nova.

— O aniversário dela está chegando, daqui a dois meses ela será finalmente uma adulta de verdade.

— Isto que eu ainda não entendo. Se ela já está prestes a poder tomar conta da própria vida sozinha e legalmente, por que seus pais insistem em pegá-la de volta? 

— Não me faça perguntas que eu não sei responder, Mina.

— Tem algo de errado nisso tudo e eu nem preciso ser uma advogada para saber o óbvio. Você sabe algo sobre os tais pais verdadeiros de Tzuyu?

— Não faço a mínima ideia. Ela chegou e era apenas um bebê no orfanato, só foi deixada na porta do lugar e pronto. Por que?

— Porque isto talvez possa te ajudar em algo. Seus pais podem estar interessados em algo maior que apenas a guarda da “filhinha fugitiva”...

— O que quer dizer com isso?

— Me passe o número de Jeongyeon, vou conversar com ela sobre esta teoria louca que eu acabei de ter e se caso fizer sentido para uma profissional, eu te digo. 

— Vai me deixar curiosa? — Perguntou ao se levantar e procurar pelo cartãozinho que a advogada havia lhe dado, o entregando para Mina logo em seguida.

— Eu só não quero te deixar com falsas esperanças. Agora eu tenho que ir embora, já te disse tudo que eu queria e preciso falar com aquela idiota da Momo.

— Pega leve com ela.

— Não se preocupe, irei levar a comida favorita dela e sei muito bem que não tem como ela resistir a isto. — Levantou-se da cama e seguiu para fora junto com Dahyun. 

— Se der tudo errado, me liga. — A mais velha assentiu e antes que pudesse seguir para fora da casa, deixou seu olhar cair em Jinwoo.

— Pivete! Seu sem noção! — Mina jogou uma almofada no garoto, que rapidamente a encarou confuso. — Que ideia de merda foi essa? E se te roubassem?

— E me roubariam o que? 

— Eu não sei. Pessoas roubam órgãos. E você é uma garotinho saudável que daria bastante dinheiro para o mercado negro. 

— Myoui Mina! — Dahyun arregalou os olhos, batendo de leve no braço da japonesa, como se a mesma estivesse falando loucura.

— Larga de bobeira. — O mais novo teve que revirar os olhos para o comentário. — Eu corro rápido, eles não teriam chance. E estou bem! Nada de ruim aconteceu, por isto, não tente bancar a mamãe.

— Oras, seu pivete mal agradecido. Eu deveria te dar uns bons tabefes pra aprender a não fazer rebeldias como essa de novo.

— Tia, Mina... Eu já disse que estou bem e não vou fazer isto de novo. Melhor assim?

A mulher encarou aqueles olhinhos de cachorro arrependido e suspirou, bagunçou os fios negros do menor e apenas negou ao se afastar junto com Dahyun.

— Este garoto ainda vai enlouquecer todo mundo, Kim. 

— Ele só foi impulsivo.

— Ele parece você sabia? Céus! Dois rebeldes que não pensam nas consequências de nada! — Acusou, escutando a risada da outra, como se sem o uso de palavras, talvez concordasse com aquela afirmação. — Vai para a faculdade hoje?

— Sim. Já avisei que ele vai ficar sozinho e deixei claro que ele não deve fazer nada de errado em minha ausência.

— Se quiser que eu fique com ele...

— Jinwoo já é grandinho, tem que saber se cuidar por algumas horas. 

— Então, até mais. Boa sorte cuidando de um Hirai.

— Eu cuidei de cinco, Mina-ah. Sei que posso cuidar muito bem de apenas um.

— Claro que pode. Não há nada que Kim Dahyun não consiga fazer, não é mesmo?

— Não me iluda. Sou péssima em vários tipos de coisas.

— Mas é boa nas principais. No que realmente importa e vale a pena. — Sorriu e então deu as costas para Dahyun, que a observou caminhar tranquila pelo corredor. 

Talvez, Mina estivesse certa no final das contas. Dahyun só precisava de um pouco mais de confiança em si mesma.

— Mamãe! — A atenção caiu no garoto que lhe encarava com um rostinho cansado.

— Jinwoo... Nós já conversamos sobre você me chamar assim. 

— Exato. Isto significa que não importa o que você diga, não irei deixar de te chamar assim. — Deu de ombros ocasionando uma risada na mais velha, que sentou-se ao seu lado no sofá. 

— Você é teimoso.

— Eu sou um Hirai, está no meu sangue.

— Tem razão. O que houve?

— Está tudo bem? Digo, por que Mina decidiu vir pra cá?

— Ela apenas queria pedir desculpas por algumas coisas, esclarecer algumas outras e dizer que gostaria de se resolver com Momo.

— Eu sabia! Minha mãe fez algo para ela e é por isto que todas as tias andam sumidas.

— Não tente entender. Problemas de adultos. — Tocou a pontinha do nariz do mais novo, que revirou os olhos.

— Vocês são complicados demais. Eu definitivamente não quero ser adulto.

— Infelizmente não é uma escolha, pois é óbvio que se fosse, ninguém teria a vida adulta como uma opção de vida. Mas tudo vai melhorar com o tempo... Gosto de acreditar que passamos por fases, e gosto mais ainda de saber que tenho as pessoas certas ao meu lado para lidar com todas as dificuldades. E você, Jinwoo, também terá.

— Eu não sei...

— Vai ter Jaemin. — Jinwoo desviou o olhar. Corado demais para sustentar o sorriso malicioso jogado em sua direção. 

— Ele é apenas um amigo.

— E eu disse que era algo além disso? 

— Yah! — Escondendo seu rosto entre as mãos, Jinwoo sentiu ter caído em um tipo de armadilha feito pela Kim. — Não quero falar sobre estas coisas!

— Tudo bem, mas saiba que vocês são fofos juntos e apesar de todo o passado clichê que ambos tiveram, gosto de como nasce um sorrisinho bobo quando começa a contar sobre ele.

— Como você soube que gostava da minha mãe? 

— Ah, eu não sei. Eu só sabia que gostava muito dela. Gostava de ficar perto dela, de admira-la mesmo que de longe, do jeito bobo e engraçado... Acho que foi quando entendi que eu não iria conseguir passar dez segundos no mesmo ambiente que o dela, e não ter uma estúpida vontade de beija-la... Me encantei aos poucos, mas sei que cada parte de Momo sempre me fez ama-la de um jeito inexplicável. 

— E eu vou sentir aquelas coisas idiotas que todas as garotas dizem?

— Borboletas no estômago? Parece um pouco infantil e fantasioso demais, mas sei que com certeza vai sentir um friozinho na barriga quando encontrar a sua pessoa. 

— E a sua pessoa é a minha mãe?

— Você está bastante questionador hoje em?! Desse jeito realmente irei acreditar que gosta de verdade daquele garoto. — Brincou, mas Jinwoo ainda parecia pensativo demais para reclamar de algo.

— Só me responde. — Dahyun suspirou e afagando os fios negros do garoto, sorriu.

— Sim, Jinwoo. Ela é a minha pessoa.

— Acha que ela pensa igual à você?

— Bom, isto eu já não vou poder estar te respondendo. Irá ter que perguntar pra ela quando voltar pra casa. — Jinwoo assentiu como se compreendesse a situação. 

— Estou com fome. — Anunciou com a mão em sua barriga, cortando totalmente o assunto anterior. Para a alegria de Dahyun.

— Eu não tenho nada de besteiras, não sabia que iria abrigar uma criança em casa. Mas se me prometer que vai ficar bem quietinho aqui, eu posso ir até a confeitaria de Jihyo e trazer algumas coisas. 

— Eu não sou criança, Dahyun. 

— Oh sim, eu esqueci que estou com um verdadeiro homem em casa. — Ironizou.

— Não brinque comigo, pois será este homem aqui que vai te proteger durante uma semana todinha. E de graça. — A fala adorável de Jinwoo fez Dahyun acabar sorrindo. Sabia que o mais novo seria uma boa distração para todas as coisas ruins que lhe atingiam nos últimos dias. 

Depois que deixou Jinwoo sozinho, Kim Avisou Jihyo que passaria pela loja e  acabou contando um pouco sobre a última noite até o momento da visita de Mina. Escutou de Park que era uma idiota emocional, que realmente não conseguia ficar longe nem mesmo por alguns instantes da pessoa que gostava, mas não se importou com nada daquilo. 

— Por que desligou na minha cara? — A voz da mais velha soou de forma irritada pelos ouvidos de Dahyun, que suspirou e se virou para encarar a fera. Talvez deveria ter escolhido outro lugar para fazer as compras.

— Porque você iria começar a falar sobre Momo, e em como eu havia fraquejado. Eu definitivamente não estava afim de escutar este tipo de coisa. 

— Eu só estou preocupada!

— Não fique, estou bem. 

— E Jinwoo? Não me contou porque ele fugiu de casa.

— Por quais motivos um adolescente fugiria de casa nos dias atuais? Ele teve uma discussão com Momo, ficou irritado e boom, parou na porta de minha casa.

— Ele se especificou sobre? — Jihyo acabou questionando, enquanto ainda seguia a outra pelos corredores de sua loja.

— Isto meio que não importa. Ele tem que se resolver com a mãe e pode ter certeza que ele vai... 

— Acreditou de verdade nas palavras que Hirai lhe disse? 

Dahyun parou de andar e encarou a mais velha. Percebeu que apesar da fala um tanto quanto julgadora, havia um resquício de esperança e se agarrou à isto. 

— Sim. Momo vai mudar. Não por mim, ou algo do tipo, mas por ela mesma, e eu se fosse você pararia com esta besteira de a ignorar... Ela não merece outro julgamento, não de suas amigas. — Foi sincera e seguiu para o caixa, tendo Jihyo em seu encalço.

— Mina realmente foi pedir desculpas?

— Foi o que ela me disse. Eu acho que o foco deveria ser em Akira, afinal ele não é o x de tudo de ruim que acontece? Momo é só uma garota que é manipulada pelo pai.

— Ela tem quase vinte e oito anos.

— Eu sei. Não cabe à mim dizer que ela é completamente vítima... Claro que não! Ela podia ter ido contra ele se realmente queria ser livre, mas também não acho que ela tinha algo ou incentivo para fazer isto. 

— E então ela te conheceu. 

— Eu não fiz nada.

— Você trouxe o amor novamente para aquele coraçãozinho fechado.

— Ele não pareceu suficiente...

— Se o que diz é verdade, se Momo está realmente tentando mudar agora... Acho que foi bem mais que o suficiente. 

— Talvez.

— Eu ainda fico com um pé atrás. Mas não irei mais comentar sobre isto, vou pedir desculpas pela minha frieza dos últimos dias e então, esperar que ela conquiste você de novo para ter uma opinião formada sobre tudo que aconteceu. — Dahyun riu, achava graça do jeito que Jihyo lidava com tudo. No fim, estava feliz por abrir a mente das garotas e fazê-las enxergar Hirai com os seus olhos.

Momo não era um monstro, apenas havia cometido erros como qualquer outra pessoa do mundo. E apesar de Dahyun ainda se assustar com a forma que tudo aconteceu, tentava sempre ver as coisas por outro lado.

Despediu-se da Park, e enquanto estava tentando ajeitar as sacolas em seu braço e ao mesmo tempo sair daquele ambiente, acabou esbarrando em alguém assim que passou pela porta.

— Merda. Me desculpe por isto, eu não estava olhando pra frente. — Pediu com uma careta envergonhada. 

— Não foi nada.

— A senhorita se machucou? 

— Estou bem, obrigada, querida. 

Kim suspirou aliviada. Encarou aquele olhar doce que era lhe direcionado e entendeu que realmente estava tudo bem. 

Deixando seu olhar vagar melhor sobre aquela mulher de talvez... meia idade? Não fazia a mínima ideia, Dahyun nunca foi boa com chutes. Tinha uma aparência impecável e parecia conservada o suficiente para causar dúvidas em qualquer um, e também tinha algo, Kim jurava conhecê-la de algum lugar.

— Querida? — Balançando a cabeça para espantar os pensamentos, Dahyun sorriu sem graça. — Pode me ajudar em algo?

— Claro.

— Este endereço, sabe onde fica?

A mais nova passou a então orientar a desconhecida pelas ruas, mostrou os atalhos para se chegar mais rápido e ganhou pontos com a mulher por ser tão educada. Dahyun se despediu com um curvar e recebeu um aperto em sua bochecha como agradecimento.

Observou ainda a mais velha por vários segundos, até que ela desaparecesse de sua visão e permitisse que Dahyun quebrasse a cabeça sozinha ao pensar de onde conhecia aquele rosto. 

— Estou ficando louca. — Resmungou para si mesma e negou, voltando para seu destino anterior.

[...]

Envolvidas pelo silêncio, Momo e Mina dividiam agora uma das mesas da cantina da empresa que a mais velha trabalhava. Hirai parecia criar coragem para ser a primeira a dizer algo, apesar de ter sido Myoui quem havia lhe chamado.

— Então...

— Então... 

— Aconteceu alguma coisa?

— Por que acha que aconteceu?

— Porque eu estou tentando te ligar já faz alguns dias e você não me atende. E agora, de repente, você me manda uma mensagem e me traz frango frito... às três da tarde. 

— Não me lembro de você ter reclamado quando estava comendo. — Acusou com um sorrisinho provocante, Hirai devolveu tal gesto de maneira mais reprimida.

— Obrigada. Mas ainda não entendi o por que você está aqui...

— Vim falar com você. Pedir desculpas.

— Por que?

— Você sabe. Por ter te batido naquele dia no hospital. — Cruzou os braços e desviou o olhar do da mais velha. — Eu não estava sendo racional e muito menos correta em minhas ações. Não era a minha intenção.

— Eu acho que merecia. Digo, você não mentiu quando me disse aquelas coisas. Eu não deveria ter feito o que fiz com Dahyun, não deveria ter permitido algo assim.

— Não vamos remoer o que infelizmente já aconteceu. Eu errei, você errou. — Suspirou enquanto ainda parecia sem graça por toda aquela situação. — Eu achei que aquilo que eu fiz havia sido proteção, mas percebi que era só uma desculpa. Detesto pensar que te feri de alguma forma, apesar de continuar te achando uma idiota... Somos amigas, quase irmãs... Eu fui uma pessoa horrível por não ter me colocado no seu lugar antes de tudo. 

— Você não foi uma pessoa horrível. Só estava de cabeça cheia no momento, Dahyun quase morreu naquele dia e isto tudo por minha culpa... Então eu quem deveria estar te pedindo desculpas. — Disse, Momo, com um tom que demonstrava arrependimento. — Eu cometi muitos erros em minha vida, e apesar de tudo que fiz, sei que Dahyun foi um dos meus poucos acertos. Destruí isto tão rápido que eu mesma me impressiono, mas eu não quero mais ser assim... Talvez seja tarde, ou talvez eu ainda consiga outra chance. Eu só sinto que tenho que parar com isso, eu estou cansada, Mina... esgotada e com medo de ser alguém que eu sempre escondi. Não quero ter mais medo de mim mesma, e nem de meu pai me controlando o tempo todo. 

— O que está pensando?

— Sana me deu o número da terapeuta dela, antes de voltar para o Japão. Eu pensei que ajudaria em algo se talvez eu finalmente falasse sobre isto com alguém.

— Está se referindo ao seu passado?

— Acho que foi isto que moldou a adulta medrosa que sou hoje, não? Preciso me libertar de meu pai e preciso fazer enquanto ainda tenho um mínimo de coragem. 

— Vai fazer isto por Dahyun?

— Por mim. Eu preciso ser alguém melhor por mim mesma primeiro, só assim eu poderia apresentar uma versão melhor para a Kim, uma que me agrade. 

— Não vai ser fácil...

— Sei que não. Mas tenho que tentar.

— Vou estar aqui pra você se precisar, não vou abandonar essa idiota de novo. — A mais velha riu baixinho e assentiu. Sabia que também precisaria mostrar ser uma amiga melhor para Mina e as demais. — E quanto ao caso de Dahyun? 

— Eu tento não lembrar, mas é claro que ele me persegue mais do que tudo. Vou me livrar dele. Eu só não sei como ainda, mas vou dar um jeito. 

— O que te fez pensar em mudar tão rápido assim?

— Minha distância com Dahyun e minha briga com Jinwoo. Escutar todas aquelas palavras de seu próprio filho é como um tapa na cara, bem mais dolorido do que qualquer outra dor física que enfrentei. Quero ser uma mãe melhor para eles, quero voltar a ser uma inspiração para o Woonie.

— Soube que falou com Dahyun.

— Foi uma conversa rápida, ainda me sinto mal quando estou com ela. Não quero invadir seu espaço e muito menos acabar com o tempo que ela me pediu. 

— Dahyun vai te esperar. Sabe disso, não sabe? 

— Ao mesmo tempo que fico feliz por isto, fico receosa pois não sei se mereço todas essas chances. 

— Quer merece-la? Traga Tzuyu de volta para seus braços e você vai ver que já é um grande primeiro passo. E para isso acontecer você tem que-

— Confrontar Akira, eu sei. Vou tentar.

— Vai conseguir. — Mina sorriu e buscou pela mão da mais velha por cima da mesa.

— Acha que as outras meninas também vão me perdoar pelas coisas que fiz? 

— Foi só um choque pra todos, Hirai. É melhor não se preocupar com isto por agora, não vale a pena. 

— No início achei que todas estavam assim pelos meus atos com Dahyun, depois entendi que isto só foi a última gota d'água. Desde que meu pai chegou não estou dando muito atenção para vocês, acho que Sana tem razão ao dizer que só penso em mim mesma. 

— Sana não foi nada empática quando não pensou na sua situação, assim como eu também não... Eu estou te dizendo, Momo, que todos nós cometemos erros. Alguns mais graves que outros, mas nós aprendemos com eles. Então pare de pensar nessas coisas e apenas foque em melhorar, em soltar tudo que está dentro desse coraçãozinho aí.

— Obrigada. Achei que você fosse a última a ter esse tipo de conversa comigo. 

— Agradeça Dahyun. Ela conseguiu abrir meus olhos, apesar de tudo, acredita que você quer mudar graças a última conversa que vocês duas tiveram. 

— Acho que ela confia mais em mim, do que eu mesma. — Riu sem jeito. 

— Não tenha dúvidas. Kim sabe ser um poço de melosidade quando quer... Ela estava toda emocionada por causa de um abraço.

— Não posso zombar, meu corpo todo tremeu quando finalmente encostei nela. Foi como uma descarga de choque. — Disse e Mina a encarou descrente.

— Meu Deus! Como vocês são... enfim, completamente bobas uma pela outra. 

— Desculpe, não é nossa intenção.

— Oh, claro que não. — Revirou os olhos, mas acabou sorrindo fraco. — Tem notícias de Sana?

— Ela me liga algumas vezes, mas não diz nada sobre ela.

— Aquela mulher... ela está aprontando alguma coisa. 

— Tipo?

— Não sei. Vou descobrir. Qualquer coisa eu te falo, agora vou embora pois não quero te alugar mais.

— Tudo bem. Meu horário de intervalo já deu também... A gente se vê depois?

— Claro. Se marcar a terapia e quiser que eu vá com você, me manda mensagem.

— Ótimo. Eu aviso, sim. — Levantou-se da mesa e pensou se deveria abraçar a mais nova. Não queria soar invasiva. 

— Você pode me abraçar, Hirai. — Mina riu ao desvendar o olhar perdido de Momo e lhe puxou para seus braços.

 Momo sentiu-se bem com o contato, sabia que as coisas estavam conturbadas e receber o ato carinhoso de Mina, acabou sendo muito importante. Hirai tinha em mente que talvez não havia sofrido o suficiente para merecer as amizades de volta, mas poxa, havia perdido muito por seus atos e graças as semanas que passou sozinha, pôde refletir que não aguentaria muito se continuasse daquela maneira. 

Era horrível pensar que precisou perder a confiança de pessoas importantes para entender o que parecia óbvio para os outros. 

Talvez ela não merecesse. Talvez, Hirai havia sido acolhida rápido demais mesmo depois de todo o caos que havia feito. E só talvez, isto mostrasse o quanto era rodeada de pessoas que se importavam o suficiente e que mesmo sendo pouco, acreditam em seu pedido de redenção. Faria por merecer.

Já dentro de sua sala, Momo sentou-se sobre a sua cadeira e antes mesmo de fazer algo, escutou as batidas em sua porta.

— Senhorita, Hirai? 

— Pode dizer. — Deu a fala para a sua secretária, passando a encarar o visor do notebook em sua frente. 

— Tem alguém querendo te ver.

— Eu não estou trabalhando em nenhum caso estes dias, peça para falar com outro advogado disponível. 

— Acho que não é um cliente. 

— Seja quem for, pode mandar embora, não quero atender ninguém hoje. Apenas deixe subir se for alguma das garotas ou Jaebum. Tenho zero paciência pra lidar com qualquer outro alguém. 

— Vou fingir que não me senti insultada, Hirai Momo. Afinal, não esperei tanto tempo para lhe ver e acabar sendo chutada desta maneira tão rude. — A voz que com certeza não pertencia à Sooyoung, soou nos ouvidos de Momo, esta que rapidamente ergueu o olhar para a porta e engoliu seco. — Surpresa!

 — Mamãe? 



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