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História Operação: Mamãe Solteira (Dahmo) - Me deixa te amar


Escrita por: dahyunix

Notas do Autor


eu não morri, mas acho que se dependesse de vocês eu já estaria mortinha pela demora kk

Capítulo 45 - Me deixa te amar


Com os pensamentos longe de onde realmente estava, Jinwoo parecia ainda mais pensativo naquela manhã, e isto foi o suficiente para que ele se desligasse de qualquer assunto ao seu redor. 

— Você está me ouvindo?

— Hum?

— Jinwoo! — Reclamou o mais velho, que sentia que suas explicações eram sem sentido algum no momento. — O que tanto pensa? E seja o que for, acha que é mais importante que o teste de biologia de hoje? Poxa, estou tentando aqui...

— Desculpa, Jaemin. — A expressão tristinha de Jinwoo, fez com que o garoto suspirasse e fechasse os livros.

— Tá' pensando ainda sobre o que a sua mãe disse ontem a noite?

— Me senti tão mal por ter fugido de casa e não estar lá pra ela, sabe? Eu sou um filho horrível mesmo. — Jogou-se no banco largo que estava e encarou o teto do refeitório vazio. Jaemin que estava na sua frente, levantou-se e decidiu se sentar no lado vago que ainda possuía no outro banco. Jinwoo lhe encarou de cabeça pra baixo e fechou os olhos ao observar o tal sorrisinho do de cabelos azuis.

— Não seja dramático, JinJin. Claro que você é um bom filho... Afinal, você não tem culpa do seu avô ser um babaca completo, sem ofensas. 

— Não ofendeu. É só que... — Abriu os olhos e encarou novamente o azulado em questão. — Ele precisava tanto assim ferrar com a nossa família ao ponto de bater em minha mãe? Estou com nojo.

— Está irritado — Jaemin pontuou e confusão surgiu em seu olhar, não era do feitio de Jinwoo se irritar com facilidade e ver como o mais novo parecia frustrado o deixou frustrado também. — Se quiser eu posso dar uma lição no seu avô. 

— Você não vai bater em um idoso!

— Claro que não — Revirou os olhos e escondeu uma risada ao ver o rostinho confuso de Jinwoo. — Estou dizendo que ele merece uma lição por machucar sua mãe e eu posso ter algumas ideias...

O Hirai se sentou e encarou o mais velho com ainda confusão. 

— E quais seriam suas ideias?

— Só me diga se aceita ou não, vou preparar tudo depois. 

— Jaemin... Isto está me cheirando a encrenca. Vindo de você ainda... 

— Ouch. Assim você realmente me deixa mal, sabia? — Com a mão no peito, fingiu estar ressentido e só conseguiu rir ao notar o olhar descrente de Jinwoo em sua direção. — Você quer que ele se ferre e eu estou oferecendo minha ajuda.

— E por que? Vai se meter em mais confusões por causa da minha família? É idiota por acaso?!

— Vou fingir que não escutei a última parte e dizer... sim. Você está irritado e eu não gosto de te ver desse jeito, costuma agir da maneira errada quando fica nesse estado.

— Me diga uma única vez que agi de forma errada por estar de cabeça quente.

— Creio que fugir de casa depois de uma discussão feia me parece um ótimo exemplo — A feição provocativa do mais novo morreu ao escutar aquilo e pareceu ponderar os fatos. — Isto porque eu ainda nem comentei sobre você ter saído sem dinheiro algum e sem a mínima noção de onde estava indo. 

— Eu tinha noção sim. Ia pra casa da Dahyun. E eu sabia seu endereço, okay?!

— Você não tem senso nenhum de direção, poderia ter se perdido fácil em uma rua qualquer aí. 

— Eu pediria informações. 

— Claro que sim. Vamos introvertido, converse com pessoas estranhas e peça informações de ruas.

Jinwoo até abriu a boca para tentar retrucar, mas a fechou quando sentiu que não teria mais as respostas. O sorriso de Jaemin, como se dissesse "ganhei" foi o suficiente para o Hirai revirar os olhos e se levantar com uma carranca, saindo do refeitório logo em seguida.

Oras, ele poderia sim conversar com pessoas desconhecidas, mas só não via nenhuma necessidade de realmente fazer algo assim.

— Ei, Jinwoo. Espera aí — A voz do amigo lhe fez suspirar e parar de andar, o encarou de braços cruzados. — Você que pediu um exemplo, não adianta ficar com essa carinha irritada.

— Não estou.

— Sei... — Jaemin riu, apertando as bochechas de Jinwoo que choramingou ao afastar o contato repentino.

— Odeio quando faz isso.

— Você fica bochechudo quando tá' com raiva. E com um bico enorme... fofo.

O garoto de fios negros ruborizou e virou a cara no mesmo instante. Jaemin era um idiota que era bom demais em lhe deixar constrangido.

— Vamos voltar a falar do vovô. 

— Oh sim, me encontra no portão da escola uns trinta minutos depois que as aulas acabarem. 

— Pra que?

— Isto funciona pra algo ou o que? — Perguntou batendo de leve na cabeça do mais novo. — Já disse que tenho ideias e preciso de você para fazer tudo, chame a Harumi também. 

— Mas eu não sei se isto-

— Te vejo mais tarde, JinJin. — Disse o outro garoto e correu em direção a sua sala, deixando Jinwoo para trás.

— Yah! Não me chame assim... — O Hirai suspirou ao saber que sua fala não havia sido escutada e deixou um risinho escapar de seus lábios. — Espero que não me meta em problemas...

— Falando sozinho, Jinwoo? — Pulou de seu lugar assim que escutou a voz da garota em seu ouvido e a amaldiçoou por ser tão inconveniente. 

— Que susto! Tá querendo me matar ou o quê?!

— Não seja um bebê chorão. Estava te procurando porque temos aula agora e me disseram que você estava estudando com o Jaemin. 

— Eu estava, mas ele já foi.

— O que tá rolando em? 

— Como assim? — Questionou ao ter que voltar a caminhar, agora lado a lado de Harumi, em direção a sala de aula.

— Você e o garotinho mau que agora não me parece tão mau assim.

— Jaemin? Nada. Por que?

— Você me trocou por ele.

— Eu não troquei ninguém. Só estou passando mais tempo com ele porque-

— Porque você gosta dele. Admita!

— Harumi não me enche o saco com essa bobagem de novo. Já basta Dahyun me zoando com essas coisas em casa

— Você jura que não vai contar pra mim que sou sua melhor amiga?! Jinwoo achei que me amasse. 

O garoto revirou os olhos e decidiu apenas ignorar a amiga e entrar na sala onde teriam a próxima aula. Céus! Como garotas eram dramáticas nessa idade.

— Vai mesmo fingir que eu não disse nada seu músico de araque. 

— Me deixa em paz! 

— Se está tão incomodado é porque eu tenho razão. Não que eu duvidasse de algo assim, afinal sempre tenho razão. 

— Não é nada disso. — Sentou-se no fundo da sala e encarou Harumi sentar na carteira em sua frente. — Eu só estou tão colado com ele porque finalmente tenho um amigo que gosta de mim de verdade, e ele não é você. Um evento histórico.

— Certo. Vou comprar essa desculpa porque você realmente não tem ninguém além de mim que te suporta, e isso é um pouco triste — A carinha de compreensão logo foi substituída por uma ameaçadora assim que Harumi agarrou o garoto pelo seu colarinho e se aproximou. — Mas se me trocar por aquele cara, saiba que você é um Hirai morto. Entendido?

Com os assentimentos frenéticos de Jinwoo, Harumi o soltou e sorriu como se não tivesse acabado de ameaçar alguém. Caramba! Jinwoo realmente não entendia as mulheres de sua vida e as mudanças frequentes de humor. 

— Alguma novidade? — Perguntou a garota, fazendo então Jinwoo se lembrar das palavras de Jaemin e assentir. 

— Eu e Jaemin vamos aprontar uma besteira depois da aula, e você vem com a gente.

— Isto é algum tipo de encrenca que vocês estão planejando e querem me arrastar como cúmplice?

— É um plano de Jaemin. Ele só quer dar uma lição em meu avô, mas sei que seu estilo de resolver as coisas pode ser um pouco radical.

— Se for pra fazer aquele velho sem noção pagar por ter te deixado triste, eu tô dentro. Mas como vai fazer pra avisar a sua mãe que você não vai voltar para casa no horário de sempre?

— Simples. Vou dizer que nós vamos fazer um trabalho juntos e você diz para a sua mãe que vai para minha casa fazer a mesma coisa.

— Isto não vai dar certo.

— Para de ser pessimista. 

— Acho bom mesmo confiarmos em todo esse seu otimismo, porque eu não tô querendo levar sermão.  

Jinwoo ia dizer que estava tudo bem e que não tinha com o que se preocupar, mas a presença de seu professor fez com que ele se calasse e apontasse discreto para frente, fazendo Harumi se endireitar na cadeira e abandonar a conversa. 

O Hirai ignorou as próximas palavras de seu professor, que introduzia algum novo conteúdo para a sala. Estava inerte mais uma vez em seus pensamentos, a lembrança nítida das palavras de Dahyun que incitavam o que havia acontecido de fato com Momo. 

Nunca foi muito com a cara do avô e por isto, dizer que estava surpreso com a atitude idiota do mais velho seria mentira, mas Jinwoo dizia a si mesmo que nunca imaginaria que Akira fosse tão longe em seu jeito horrível de criar alguém. Talvez o avô realmente precisasse de uma lição e o primogênito de Momo ficaria feliz em participar de qualquer brincadeira que de um jeito ou de outro, ferrasse o homem.

Isto poderia lhe render uma enorme bronca por parte da mãe, Jinwoo já sabia muito bem disso e mesmo assim tentou não pensar muito sobre. Apenas rezava agora para que Jaemin aparecesse com um ótimo e prático plano. 

Um pouco mais distante dali, Momo sorria de orelha a orelha ao passar seus olhos -pela quarta vez- até o último e-mail recebido. Nele, uma resposta de Jaehyun, que dizia que a reunião com o pai havia trazido bons resultados e que o homem mais velho pareceu bem convencido com tudo que Hirai havia lhe enviado, como o depoimento de que Momo era a culpada por todo o conflito que surgiu na noite em que a garota estava só. A advogada tinha sido clara no e-mail direcionado à um dos promotores, onde explicou a confusão e acrescentou não achar justo que Dahyun e Tzuyu fossem prejudicadas por um erro seu. Um pouco de poder e influência foi o que bastou para suas palavras serem o suficiente para convencer a todos, bastou apenas um mísero esforço e Kim Tzuyu já estava com um pé de volta ao lugar que nem deveria ter saído. 

Momo se sentia bem, leve. Antes de tudo só queria Dahyun feliz e sabia que a volta da irmã lhe daria uma motivação. E esperava que isto fizesse de Kim alguém mais confiante para o que viria nos outros dias. 

— Atrapalho? — A batidinha já com a porta aberta era um clássico de Sana, que sorria fraco enquanto encarava a amiga.

— Não. Entra — Pediu, arrastando a cadeira mais para o lado afim de ver Sana melhor. — Aconteceu alguma coisa? Nós nos vimos ontem, mas não falamos sobre a sua volta ou o que realmente queria. 

— Fiquei com vergonha — Admitiu e supôs que as sobrancelhas franzidas de Hirai indicasse confusão. — Quando eu vi você me senti muito covarde e então quis ir embora logo. 

— Por que se sentiu assim?

— Me dei conta de que fugi e apesar de tudo que aconteceu entre a gente, não era pra isto ter acontecido. 

— Oh... Tudo bem. Na verdade, acho que foi um período ruim pra mim também por ter afastado vocês de alguma forma. Então, se te ajuda, eu me sinto uma idiota sempre que olho pra você... Desde àquele dia que me disse tantas coisas, acho que sempre fui uma babaca com você ou pelo menos em seus momentos ruins, justo os que você mais precisava. 

— Vamos entrar nesse assunto? Eu realmente não quero. 

— Certo. Então, por que veio?

— Vim dizer que voltei porque tenho tudo que preciso para fazer o quero, mas antes senti a necessidade de falar com você sobre o assunto. 

— Olha, Sana... Eu realmente não me importo. Digo, faça o que tem que fazer e apenas não pense muito em mim. Eu li os e-mails que me enviou, e você já tem provas o suficiente para fazer o que está planejando desde o momento que pisou pra fora desta empresa.

— Eu sinto muito.

— Pelo o que?

— Por ele ser um péssimo pai. 

— Não é como se fosse culpa sua. 

— Sei que não, mas ainda sinto. Não queria fazer isso e pensei muito antes de jogar seu pai em um grande processo, já que só conseguia pensar em como você se sentiria. Você ainda o idolatrava antes de minha ausência...

— Eu tenho uma lista cheia de meus arrependimentos, e isto ocupa o topo de tudo, acredite. Só que agora só quero me distanciar de tudo que envolve ele e-

— Voltar para Dahyun? — Sorriu ao identificar um dos incentivos para essa mudança toda de Momo. — Você a ama de verdade, não é mesmo? 

— Não acho que eu já tenha amado tanto alguém quanto amo ela. E nossa, é estranho, e surreal... — Sana riu como se entendesse bem aqueles sentimentos. 

No fundo, Minatozaki amava demais Momo e só queria o bem da mais velha. E Sana sabia muito bem que quem seria capaz de trazer aquela antiga Hirai feliz e motivada, era Kim Dahyun. 

— Não desista disso, Momo-ah. Eu vou torcer muito para vocês duas, quero que se resolvam e tenham mais crianças para me chamarem de madrinha. 

— Está louca? Eu já tenho quatro!

— O que tem?

— Não acho que consiga ter mais.

— Você não é nenhuma velha, claro que consegue. 

— Se quer tanto uma criança, arrume com Jihyo. 

— Deus me livre! Cuidar de pirralhos é um inferno total, quando tomo conta dos seus é diferente pois a mãe é você. Agora se a criança é minha e me irrita, não posso simplesmente devolve-la pra mãe porque a mãe sou eu... entende?!

— Você é dramática. Jihyo tem cara de quem quer ser mãe e ela vai acabar te convencendo de alguma forma.

— Vai ser preciso muito chá para eu me convencer — Momo lhe lançou uma careta de descrença ao sentir o tom todo malicioso em sua frase, e apenas revirou os olhos como se não valesse a pena ter aquela discussão com Sana. — Falei um pouco com Jeongyeon, ela me contou de você e mencionou como está sendo bem prestativa nesses últimos dias. Ajudando uma rival, Hirai?

— Uma aliada, nós duas queremos a mesma coisa. 

— E imagino que tenha um plano.

— Sempre, e está em andamento. Eu recebi uma ajudinha da promotoria, que depois de um pedido encaminhou uma nota onde Tzuyu deve voltar para Dahyun até o fim de semana. 

— Como conseguiu isso?

— O juiz do caso é pai de um amigo meu da faculdade. Ele me devia e cobrei com essa ajuda... Não é nada incrível e extraordinário, mas talvez isto faça com que as duas fiquem felizes. 

— O julgamento é quando?

— Final do mês que vem, Akira quer agilizar tudo antes que Tzuyu atinga a maior idade. 

— Isto ainda não faz sentido, Tzuyu ainda pode se mandar das asas dos pais assim que atingir os vinte anos. Por que uma guarda de meses é tão importante?

— Por causa disso — Virou o monitor para Sana, que encarou a aba aberta de maneira confusa. — Faz um tempo que Hana e eu estamos trabalhando juntas e como Tzuyu é adotada, buscamos dados do orfanato que ela frequentou.

— Isso é legal? Não deveria pedir um mandado ou uma carta do jurídico para fuçar em arquivos protegidos?

— Deveria, mas não tenho tempo pra isso. Como eu ia dizendo, foi Hana que  encontrou o nome de seus pais: Chou Li e Chou Yang — Momo disse mudando de aba apenas para mostrar a foto dos dois adultos para Sana. — Para a minha sorte foi fácil demais saber mais sobre eles e sabe, conseguir respostas.

— Ainda não entendi o que produtos para pele tem haver com isso. 

— Este é o negócio da família. Chou é um nome popular na China graças sua linha de cosméticos — Voltou então até a página de antes e passou o mouse por alguns produtos, fazendo Sana arregalar os olhos pelos preços absurdos. — Bom, apesar de seus produtos não serem tão populares aqui, são consumidos como água nas cidades da China. Empresários muito bem sucedidos que cobrando um valor desses, devem nadar em dinheiro.

— Isto significa...?

— Que Tzuyu vai herdar uma herança bem generosa. 

— Quem garante? Eles deixaram a garota em um orfanato, Momo. Acha de verdade que existe chances dela colocar a mão em algum dinheiro?

— Não só existe chances, como está acontecendo exatamente isso. 

— Tá me dizendo que os pais dela-

— Um acidente trágico de carro que foi noticiado em todos os jornais. E em todos, era dito o mesmo, não deixaram herdeiros. Mas a imprensa não sabe que aqueles dois tinham Tzuyu, muito menos que em uma tentativa de esquecer erros do passado, ambos fariam o testamento todo no nome da pobre bebezinha que deixaram para trás. 

— Como descobriu isso?

— Tudo se tornou muito fácil quando eu já tinha os nomes. Foi só procurar por eles no google que já tive a resposta que eu tanto queria, e junto com ela, outras informações que começaram a ter muito sentindo em minha cabeça — Sorriu feliz com todo seu progresso. — Saber sobre o testamento que foi algo mais chato, eu tive que fazer várias outras ligações até escutar do advogado dos Chou, que sim, eles haviam entrado em contato com a família adotiva e discutido sobre isso. 

— Então...

— Eles não querem Tzuyu, querem o dinheiro dela. Por isto que eles estavam tão desesperados para contratar nossos serviços, precisam que Tzuyu seja menor de idade pois só assim-

— Eles tem o controle do dinheiro.

— Exato. Provavelmente vão roubar a garota sem ela nem mesmo imaginar e então fariam questão de devolve-la para Dahyun. 

— Caramba... Quer dizer que durante todo esse tempo eu tive a chance de ter uma milionária, e desperdicei ela?

— Sana! Estou falando sério!

— Eu também! Você lembra que eu dei em cima dela? Porra. Eu deveria ter jogado mais dos meus charmes.

— Vou contar para Jihyo.

— Yah! Eu estou brincando. Vamos voltar ao que interessa aqui, okay?! Você pretende fazer o que com todas essas suas descobertas?

— Impedir, óbvio. Por que acha que adiei tanto este julgamento? Algo estava errado e agora que tenho certeza disso, vou fazer de tudo para os desgraçados não sentirem nem o cheiro do dinheiro. 

— Estou impressionada. Juro que se você não fosse minha amiga me sentiria excitada só pela forma que você explica as coisas — Momo que estampava sua seriedade, sentiu as bochechas arderem e bufou irritada ao escutar as risadas de Sana. — Fica tranquila, você não faz meu tipo... Talvez na cama nós duas teríamos alguma chance, passarinhos me falaram que você é do tipo... barulhenta. 

— Vai se foder. — Disse entredentes, cruzando os braços em irritação. Havia esquecido o quanto ter intimidade com Sana era uma merda. 

— Foi só uma brincadeira. 

— Se já acabou com suas piadinhas eu tenho mais o que fazer, vai caçar seu rumo e me deixa em paz. 

— Estou entediada. Vai, me chama pra almoçar com você agora e eu posso até ser boazinha pagando a conta. 

— Por que não chama Jihyo? — A mais velha questionou, já desligando seu monitor e guardando a papelada em sua bolsa.

— Ela me trocou pela confeitaria. 

— Alguma de vocês duas tem que trabalhar e eu fico feliz em saber que ela é a responsável por isso. — Levantou-se vestindo o longo casaco, seguindo Sana para fora de sua sala. 

— Eu não vou precisar trabalhar pois depois que processar o seu papai, farei questão de arrancar todo o dinheiro que ele tem. Na verdade, metade dele.

— E a outra?

— A outra é de sua mãe. 

— Ah, você está tomando conta dos papéis do divórcio. 

— Ofereci ajuda em troca de certas informações, ela não negou. 

— Tome cuidado. Meu pai pode ser perigoso quando se sente ameaçado e é isto que você está fazendo, o desafiando com um sorrisinho cínico. 

— Não se preocupe. Sei me cuidar e se por acaso der tudo errado, vou contar com você e essa sua inteligência pra me livrar dessas roubadas. 

— Tudo bem. 

Momo sorriu quando Sana passou o braço por seus ombros e se apoiou nela. Mais um peso foi retirado das costas, o que fez Hirai entender que quanto mais resolvia suas pendências antigas, mais leve sua caminhada se tornava. 

O falatório de Sana foi interrompido pelo barulho de mensagens no celular de Momo, que o agarrou e suspirou.

— O que houve?

— Nada, só Jinwoo me avisando que vai fazer um trabalho na casa de Harumi.

— E essa carinha? Não me diga que está irritada com o fato de Jinwoo estar na casa de uma garota.

— Quê? Não! É que não falamos de sua fuga ainda.

— Por que?

— Ele chegou ontem e Dahyun...

— Ela foi também? E você me conta só agora?!

— Não tem muito o que contar, nós conversamos e eu... ela... nós duas meio que nos beijamos. 

— Meio?

— Jinwoo nos interrompeu. 

— Oh... E você ficou mexida demais para ter uma conversa com o Woonie por isso, imagino. 

— Acho que sim. — Deu de ombros.

— Não pense tanto sobre, você pode conversar com ele hoje a noite. Só tenta não ser tão... você.

— Como?

— Você pode ser bem rígida e ele é  só um moleque que está naquela fase da adolescência onde não odeia receber os seus sermões. Sei que o que ele fez foi imprudente, mas pega leve.

— Eu vou — A mais velha suspirou e o silêncio entre as duas demorou cerca de apenas segundos antes de Momo se lembrar da fala anterior de Sana, e ficar confusa. — Por que Jinwoo na casa de uma garota seria um problema? 

— Ah... Você sabe.

— Não, eu não sei.

— Vai me dizer que nunca disse que iria estudar na casa de alguém pra poder dar uns beijinhos. — Hirai parou de andar no mesmo instante e se sentiu tensa, já que obviamente havia feito várias vezes o mesmo com seus pais. 

— Yah! Jinwoo ainda é uma criança.

— Não seja boba, Momo — Sana lhe agarrou pelo braço e a fez continuar com o caminho que faziam antes. — Ele é um rapazinho que deve estar naquela fase.

— Que fase? Sana para de falar em códigos e seja mais específica.

— Eu não sei, caramba. A mãe não é você?! Quem tem que saber isto não sou eu não.

— Mas foi você quem começou com este papo de "O Jinwoo na casa de uma garota, cuidado em". — Imitou a maneira que a loira falava e recebeu um revirar de olhos da mesma, que cruzou os braços e continuou andando.

— Te espero no restaurante.

— Pera aí, Sana! Me explica isso! 

E Hirai correu atrás da amiga, que se arrependeu profundamente de sua fala e por chamar Momo para lhe acompanhar no almoço. 

[...]

— Isso é uma péssima ideia!

— Você tem alguma melhor?

— Jaemin! A probabilidade disso dar merda é gigante. — Jinwoo reclamou.

— Não seja bobão. Eu até gostei da ideia. — Esta foi Harumi, que sorria com diversão ao encarar a bolsa preta lotada de latas de spray que Jaemin mostrava.

— Viu só? Vai ser legal — Tirou uma das latinhas e sacudiu, entregando para Jinwoo. — Quer fazer a honra?

— Não! Você é maluco!

— Tudo bem, começo eu. — Deu de ombros e sorriu ao visualizar a enorme parede branca em sua frente. 

— Como você pensou isso? — Hirai questionou, observando Jaemin iniciar a sua pichação de algum desenho idiota e sem sentido. Jinwoo notou que o garoto sequer parecia preocupado em talvez ser pego e o achou louco demais por isto.

— Você disse que a única coisa que seu avô se importa é com a empresa, e por isto, achei que ele ficaria irritado se seu bem mais precioso fosse manchado dessa forma. Nós vamos começar aqui e fazer a volta por todo o prédio, gostei do lugar porque não é muito movimentado, então podemos nos divertir bastante.

— A gente pode ser preso.

— Só se nos pegarem. O que me faz lembrar que eu trouxe mais uma coisa. — Procurou agora na mochila que estava em suas costas e tirou dois moletons, os jogando cada um na direção de Harumi e Jinwoo.

— Pra que? 

— Precisamos esconder o uniforme do colégio, gênios — Falou como se tal coisa fosse óbvia demais e até apontou para suas próprias roupas, devidamente agasalhado para evitar suspeitas. Deixou o olhar cair em um Jinwoo já vestido, e se aproximou, alcançando o capuz e o ajeitando como se não quisesse que os cabelos médios do mais novo tivessem seu penteado arruinado. — Prontinho. 

— Céus. Eu acho que vou vomitar. — Harumi encarou a interação com o olhar descrente, e tudo piorou quando viu as bochechas rosadas de Jinwoo. — Vamos fazer o seguinte, temos muito trabalho e eu prefiro ir para o outro lado do prédio, a gente se vê daqui uns trinta minutos.

— Vai ficar bem sozinha?

— Eu não sou medrosa como você.

Jinwoo iria retrucar, mas Harumi se apressou em pegar alguns dos sprays e correr para o lado oposto. Jaemin sorriu e cutucou o garoto para que ele também começasse a fazer algo. 

— Se der errado, juro que não vou te visitar na cadeia. Pois pode ter certeza que irei jogar a culpa toda em você. — Se abaixou agarrando uma latinha e iniciou sem jeito seu pequeno vandalismo.

Jaemin riu alto, sabia que Jinwoo só dizia isso por dizer e que ele nunca seria capaz de abandonar um amigo em uma situação dessas. 

Continuaram pichando os muros por um tempo, faziam desenhos, escreviam palavras sem sentido e até jogaram jogo da velha em uma parede mais afastada. Por um instante, Jinwoo se esqueceu de que algo poderia dar errado e apenas se jogou naquela enorme confusão. 

Sabia que o que fazia não era nada maduro de sua parte, mas estava irritado com o avô e conseguia o enxergar muito puto pelas artes feitas em sua empresa. Não admitiria isso em voz alta, porque a última coisa que queria agora era que o idiota do Jaemin começasse a se gabar por algo, mas em seus pensamentos, tirando todos os contras de tudo que faziam (e tinha muitos), não havia sido uma ideia tão ruim assim. Jinwoo sabia que podia se encrencar feio caso alguém aparecesse ali, mas por um momento, encarando como Jaemin fazia tudo com um sorriso sapeca no rosto, não sentiu medo algum, algo lhe dizia que o motivo era por estar com o mais velho, mas seu lado racional ignorou tal besteira. 

— Vamos sair logo daqui. Meu dedo já está doendo de tanto apertar isto. — O Hirai murmurou, jogando a terceira lata de spray vazia de volta para a bolsa.

— Então agora vem a outra parte do plano. Vem, vamos encontrar a Harumi e eu explico melhor.

Jinwoo reclamou alto enquanto era puxado pelo outro garoto. Por sorte, logo encontraram a garota, apoiada em uma das paredes parecendo esperar por eles.

— Até que enfim.

— Yah! Harumi, por que fez isso? — Jinwoo perguntou apontando para todas as pichações pervertidas da amiga. 

— Fiquei sem criatividade — Deu de ombros, ignorando a careta de Jinwoo e encarando Jaemin. — E agora?

— Me acompanhem.

Trocando olhares suspeitos, Jinwoo e Harumi resolveram seguir o azulado. O acompanharam até o estacionamento e só pararam de andar quando notaram o garoto se apoiando de modo desleixado em um, dos vários carros de luxo que o lugar guardava.

— Este é o carro do seu avô.

— Como sabe?

— Existe marcações no chão. E elas ajudam os funcionários identificarem as vagas que pertencem à eles, esta aqui é a do seu avô. 

Jinwoo encarou o chão, e notou que havia realmente escrito "exclusivo" e até enxergou um "gerente". Lembrou-se do modelo também, e sabia que Akira que o dirigia. Só não havia entendido o que isto significava.

— O que tem? — Perguntou Harumi.

Guardado dentro de sua mochila, o mais velho presente puxou um taco de beisebol e sorriu. 

— Vamos fazer um estrago.

— Na Jaemin! Isso já é demais.

— Qual o problema? Ele é rico, pode comprar outro bem melhor que esse.

— Mas isto é vandalismo.

— E pichar propriedade privada não é a mesma coisa? Você disse que queria que seu avô pagasse pelo que fez com a sua mãe, acha mesmo que arrebentar o carro dele seria o suficiente? JinJin... Ele não é uma pessoa boa. Você sabe disso.

— Eu sei, mas isto não seria muito?

— Tudo bem. Se você não quer que a gente faça isso, podemos ir embora. As pichações já vão o irritar bastante e vai levar um tempinho até ele conseguir um pintor pra arrumar tudo que a gente fez.

Jinwoo suspirou. Olhou bem para o carro do avô e cerrou os punhos ao ter a imagem do homem ferindo sua mãe, era só mais um covarde que não estava nem aí para o bem de sua família, então não seria o garoto que se sentiria culpado só por uma pequena vingança. E era como Jaemin disse, Akira poderia comprar um novo e esquecer de tudo aquilo, já Momo não esqueceria tão fácil as agressões do pai. 

— Me dá esse taco. — Estendeu sua mão, jogando sua mochila para qualquer canto. 

Sorrindo, Jaemin o entregou e antes que Jinwoo pudesse atingir a janela do carro, o azulado se aproximou do para-brisas e grafitou uma última coisa com o resto de tinta que havia sobrado.

— Jaemin! Isto é um palavrão feio! — Jinwoo murmurou ao observar o grafite em letra enorme com um destacado “cuzão” estampado em vermelho.

— Foi só o melhor que eu imaginei pelas coisas que você disse. — Pontuou e tirou de dentro da mochila duas chaves de fenda, entregou uma para Harumi e ficou com a outra. 

— Pra quê?

— Enquanto ele quebra, a gente vai arranhar a pintura. Precisamos ser bem rápidos, o alarme vai disparar e alguns seguranças podem vir até aqui. 

— Por que você parece profissional nessas coisas? — A garota questionou.

— Eu vejo muitos filmes. 

— Sei... 

— Estou falando sério! Não sou um trombadinha ou algo assim, apenas sou preparado para qualquer situação. 

— Podemos ir logo com isso? Antes que minha coragem suma. — Jinwoo que disse, e recebeu acenares positivos dos outros dois. 

E foi naquele instante que o Hirai se sentiu completamente realizado. Depois do primeiro barulho de janela quebrada, as outras se tornaram diversão e Jinwoo se sentiu leve, como se aquilo fosse um método que havia achado para acertar as contas com o avô. Talvez não fosse funcionar a longo prazo, mas era incrível a sensação no momento e pagaria para ver a reação de Akira com tudo que o trio havia aprontado. As janelas, o capô e os dois retrovisores haviam sido totalmente danificados, Jinwoo fez questão de só deixar o para-brisa com o grafite intacto.

Como Jaemin disse, o alarme tocou e demorou uns oito minutos até que um segurança aparecesse, seguido de outro e mais um. Harumi foi quem notou e em estado de alerta, cutucou Jinwoo para o avisar das companhias que chegavam.

— E agora?

— O óbvio? Corre! — Jinwoo notou a amiga disparando a correr logo após sua fala e apenas encarou os seguranças. 

Péssimo momento para toda aquela sua coragem ir embora e suas pernas simplesmente decidirem parar de lhe obedecer. 

Notando que o mais novo parecia em estado de choque, Jaemin revirou os olhos e entrelaçou sua mão ao do garoto, passando a correr junto com ele para bem longe dali. 

Eram mais jovens e despistar todos aqueles brutamontes não foi tão difícil assim, corriam mais rápido e antes que pudessem perceber, estavam longe do prédio e de toda aquela confusão. 

Jaemin riu alto enquanto Jinwoo tentava recuperar seu fôlego por conta da corrida e de seu total desespero. 

— Isto foi irado!

— Isto foi perigoso!

— Você parecia estar se divertindo.

— Antes daqueles caras começarem a correr atrás de mim — Acusou. — Não sirvo pra isso, Jaemin.

— Eu acho que você foi muito bem para sua primeira vez. Na próxima-

— Próxima?! Não existe isso! Nunca mais vou arriscar minha vida de novo. É exatamente por isto que prefiro assistir anime quietinho em casa. 

— Deixa de ser chorão. Vem, a sua amiguinha correu tanto que deve ter nos deixado pra trás. 

Jinwoo suspirou, mas resolveu que procurar Harumi seria o melhor agora. O estado de choque do Hirai não o deixou perceber duas coisas muito importantes no momento. A primeira era que não havia soltado a mão de Jaemin nem por um segundo desde que haviam sido entrelaçadas. E a segunda, era que havia esquecido sua mochila bem próxima do carro do avô. 

[...]

O mar sempre acalmou Dahyun, isto desde que se entendia por gente. Vivia naquele lugar quando estava estressada ou só queria pensar melhor em sua vida.

Hoje, estava lá pelos dois motivos, apreciava como o vento gelado beijava a sua pele e o silêncio também, onde os único som que escutava era o barulho do mar, que parecia um pouco agitado naquele fim de tarde. 

Dahyun levou sua mente para o dia que esteve ali com Momo, e suspirou de maneira audível. Pensar em Hirai sempre lhe deixava tensa, ainda mais depois das palavras da noite anterior proferidas pela mulher. 

Um voto de confiança.

Kim pensou bastante se aquilo que ambas tiveram merecia um novo início, e sabia que seu lado emocional falaria sim mil vezes se necessário, amava Momo e amava tanto que estranhava. A japonesa chegou em sua vida e assim como o mar trouxe uma maré de sentimentos, e era a própria Dahyun que estava ali debaixo da água, tentando nadar contra a correnteza e apenas conseguindo se colocar ainda mais fundo. 

Queria mesmo acreditar que seria diferente daquela vez, que Momo seria a pessoa que puxaria sua mão do fundo do mar e lhe salvaria, mas precisava de algo. Tinha que ter alguma certeza que desta vez seria o certo, que não haveria arrependimentos. 

— Dahyun? — A garota balançou a cabeça, afastando seus pensamentos e encarando a dona da voz. 

— Momo. — Riu ao perceber como o destino era mesmo engraçado. Pensar na Hirai acabou a trazendo para perto.

— O que faz aqui?

— Só admirando. E você?

— Fui almoçar com a Sana, e depois decidi passear um pouco pela cidade. A última parada seria aqui.

— Está tudo bem com vocês duas?

— Acho que sim. Eu posso? — Hirai perguntou, e Dahyun apenas assentiu a observando se sentar ao seu lado. — Eu queria pedir desculpas por ontem... Acho que pareci só uma idiota agindo daquela maneira com você. Tão desesperada.

— Eu não acho, e não precisa pedir desculpas por isso. Está tudo bem.

— Então por que não olha pra mim?

Dahyun então a encarou e percebeu o sorriso triste que era lhe direcionado, negou para si mesma e voltou a encarar o mar em sua frente.

— Não posso.

— Por que?

— Porque não consigo te olhar por mais de cinco segundos sem ceder. Eu estou sentada aqui faz quase uma hora pensando sobre o que você disse, o voto de confiança, e eu quero tanto colocar os pensamentos no lugar. Quero escolher o que seria bom para nós duas, mas não consigo porque pensar em você me faz querer te ter por perto de novo — E então a encarou. — E olhar para você me faz querer te beijar, te abraçar e caramba... eu não te soltaria nunca mais. 

— Faça isso. Por favor, Dahyun. 

— Eu deveria? Momo eu tenho tanto medo. Porque eu já te perdi uma vez e eu não sei se conseguiria te perder de novo assim, não sei se aguentaria ver você me afastando novamente. 

— Eu não vou.

— De verdade ou só está me dizendo isto agora porque tem saudades? Tenho minhas dúvidas. Sei que seu pai pode te fazer mudar de ideia se quiser e se você tiver alguma pontinha de incerteza, não posso me arriscar de novo. 

— Dahyun...

— Eu te amo. Sei que você me ama, mas isto basta, Momo? Isto vai permitir que você fique comigo pra sempre? Nós vamos dar certo mesmo ou isso tudo é só algo momentâneo? Eu preciso saber.

O silêncio de Momo fez com que o olhar de Dahyun desviasse do seu. Kim só queria respostas, e precisava muito delas para decidir o que faria com a sua vida. Ao seu lado, Hirai entendia o que a mais nova tentava lhe dizer, mas só não conseguia ser boa com as palavras para explicar para Dahyun o quanto a mesma era importante para si. 

— Quer dar um mergulho?

— Está frio. 

— Então fica aí e me assiste.

A pergunta trouxe o olhar confuso de Dahyun, que notou a mulher ao seu lado se levantar e apenas tirar os seus sapatos antes de correr em direção ao mar. 

Como um deja vu, Dahyun lembrou-se novamente de seu primeiro encontro com Momo e como se fosse automático, também se levantou, repetindo todos os atos que a mais velha teria feito e no fim, correndo até seu encontro. Não podia se controlar, não quando seu corpo sempre era puxado para Momo, tinha sim aquela necessidade de estar perto e não podia fazer nada contra isso.

As ondas agitadas responderam aos corpos se chocando contra a água, e antes que a maré pudesse as distanciar por completo, Momo puxou Dahyun pela mão e a aproximou de seu corpo.

— Te peguei — Sorriu, passando a envolver Kim pela cintura. — “Quem é a verdadeira Hirai Momo?”

— Hum?

— Você me perguntou isto da última vez que estávamos aqui. Lembro que eu fiquei tão tensa, porque não tinha nada de legal ou incrível para falar sobre mim. Eu era só uma mulher que cedeu a todos os caprichos do pai e que vivia uma vida chata, monótona. Então você veio e me salvou como uma verdadeira heroína, me disse palavras tão bonitas que achei que poderia chorar... Eu merecia isso? Foi o que me perguntei depois de repassar as suas falas várias outras vezes em minha cabeça. Entendi que não, acho que vendi uma falsa versão minha pra você. Uma que eu achava que faria você gostar de mim, e eu só consegui estragar tudo no final agindo assim. 

— Onde quer chegar?

— Estou dizendo que quero ter um recomeço com você, um certo dessa vez e um que vai valer a pena. Sei que foram as minhas atitudes que te fizeram ficar se questionando, mas Dahyun, eu estou te dizendo que o que sentimos basta. Que eu não vou te deixar de novo, porque sei que eu não aguentaria perder a pessoa incrível por quem eu estou perdidamente apaixonada — Aproximou-se do ouvido de Dahyun e sussurrou. — Você é minha felicidade e eu não vou te deixar afundar porque sempre estarei aqui, segurando a sua mão e te puxando pra mim. Porque eu te amo, Kim Dahyun e poderia gritar para todos os quatro cantos do mundo que amar você foi um dos meus maiores acertos nessa vida. 

Um arrepio percorreu o corpo de Dahyun, que ao ver Momo se afastando para lhe encarar novamente, apoiou suas mãos em seu rosto e observou o sorriso lindo da mulher jogado em sua direção. 

— Me deixa te mostrar quem eu sou de verdade. Uma mulher completamente apaixonada que agora enxerga o quanto deixou escapar uma garota maravilhosa como você. Dahyun... Me deixa te amar.

Dahyun não respondeu. Não achou que precisasse depois de tudo que ouviu e simplesmente, com as mãos ainda nas bochechas de Momo, a trouxe para mais perto e colou suas bocas.

Os lábios se conectaram como um ímã, atraídos um pelo outro, e se mexiam com saudade daquele contato. Quando as línguas se encontraram, foi como um choque térmico entre os corpos gelados pela água, que agora estranhamente não parecia incomodar tanto, desde que as duas estavam tão próximas. Hirai quase não conseguiu deixar de sorrir ao sentir novamente o gostinho de Dahyun, havia um leve sabor de sal por conta do mar que estavam, mas não incomodava.

Kim sentiu quando as suas pernas foram agarradas por Momo, foi rápida ao entrelaça-las na cintura da mais velha e sorriu entre o beijo quando foi erguida. A japonesa lhe guiava para fora da água e não ousou em nenhum instante encerrar o contato que faziam, pelo contrário, Kim apenas aprofundou o beijo e passou a guiar o ritmo das coisas. Envolveu sua língua com a de Momo e movimentou-se como se estivesse acariciando, fazendo a mais velha soltar um suspiro de como se estivesse bastante satisfeita.

Com cuidado, Hirai abaixou-se com Dahyun ainda em seu colo e a deitou na areia, ficando por cima de seu corpo e finalmente acabando com o contato para lhe encarar. 

Momo sorriu e Dahyun lhe copiou. A mais nova passou a mão pelos cabelos molhados, principalmente pela franjinha da mulher e sorriu ainda mais. Hirai era a pessoa mais linda que já havia visto.

— Os seus olhos ainda continuam sendo o brilho mais bonito que existe a noite. Hirai Momo, as estrelas tem tanta inveja de você — Dahyun disse, tirando um tempo para acariciar o rosto de Hirai tão próximo ao seu. — Eu confio em você e acho que podemos começar de novo. Do jeito certo, agora.

— Sim. Do jeito certo. — Repetiu da maneira mais boba para Dahyun, caindo ao seu lado na areia e entrelaçando suas mãos. Momo encarou o perfil da coreana e se aproximou, apenas para deixar um beijo em sua bochecha e acabar por ter a atenção da mesma voltada para si. 

— O que foi agora?

— Eu estive pensando muito durante estes dias que passamos longe uma da outra, e sabe, você pode até não ter sido o meu primeiro amor, mas é o único pelo qual eu tenho uma imensa vontade de me arriscar completamente, Dahyun-ah. 

— Isto é bom? — Perguntou virando-se de lado e encarando melhor Hirai, que repetiu seus atos e lhe roubou um rápido selinho, que foi seguido de outro e mais vários outros. 

— Isto é muito mais que bom.


Notas Finais


gays vão ler minha nova fanfic que tem a dahyun guitarrista de banda de rock e a momo toda xonadinha nela: https://www.spiritfanfiction.com/historia/living-in-sin-dahmo-22622778


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