História Opostos Complementares (YoonMinABO) - Capítulo 13

Jimin estava disperso, olhando pela janela do carro de Taehyung. O alfa havia deixado ela aberta pela metade e Jimin conseguia sentir o vento da noite preencher o espaço entre eles, de forma que o cheiro de Taehyung não o deixava desconfortável.

Ainda estava pensativo, preocupado. A discussão na mansão estava acalorada e ele, por mais que desejasse não se importar com o Min, só conseguia pensar se Yoongi estava bem.

Taehyung não estava muito diferente. As brigas entre a mãe e o irmão podiam chegar a níveis complicados caso não se entendessem rapidamente, mas ainda assim, ele se preocupava com Jimin. Sabia que não tinha sido fácil ouvir cada palavra de desprezo que sua mãe direcionava a ele, bem como não era fácil ver Yoongi jantando com Chaeyoung enquanto ele servia a mesa.

O silêncio não o incomodava, mas ele gostaria que Jimin conversasse.

— Sabe, eu gosto de sair assim quando essas coisas acontecem — falou, vendo Jimin olhar rapidamente para ele e sorriu. — Eles nunca me dão ouvidos, nenhum dos dois, a minha opinião não vale de nada, então então eu deixo pra lá.

Jimin assentiu, olhando para as mãos enlaçadas em seu colo.

— Sinto muito. Não posso fazer muita coisa.

O ômega engoliu o bolo em sua garganta, pois não se tratava apenas de uma frase referente à discussão ou à forma que tratavam Taehyung, mas de tudo, num geral.

Só naquele curto espaço de tempo, Jimin já havia sentido vontade de sair da mansão, de voltar a fazer seus bicos e dobrar sua jornada para conseguir manter sua sobrevivência, mas por outro lado, descartar a chance que estava tendo, era burrice. Ele tinha que separar o lado profissional do pessoal e isso ele já tinha entendido.

— Eu é que tenho que me desculpar — Taehyung falou. — Eu não queria que você visse aquele circo dos horrores.

— Nós podemos não falar sobre isso? — o ômega pediu com educação. — Era o meu trabalho, Taehyung. Eu não tenho nada a ver com os convidados da senhora Min… ou de Yoongi.

— Ok, me perdoe.

Jimin olhou para ele, repreendendo, e o mais jovem riu.

— Você não deveria sair para dirigir com a cabeça cheia.

— Ajuda a dispersar pensamentos ruins, eu foco no trânsito, na estrada. É bom, principalmente com boa companhia.

Jimin sorriu, mas pensou que talvez aquela não tivesse sido uma boa ideia. Não queria dar falsas esperanças ao Min.

— Eu não deveria ter vindo… Se a sua mãe for atrás de mim e eu não estiver no anexo, vai ter mais um motivo para me colocar no olho da rua.

— Ela não pode fazer isso agora à noite. Mesmo que você fosse demitido, só sairia pela manhã. Está no contrato, você não leu?

O ômega negou com a cabeça.

— Eu só li o valor do salário e a parte que dizia que eu podia morar naquela casa.

Taehyung riu, fazendo Jimin o acompanhar também.

— Chegamos.

Jimin olhou para a janela e viu que estavam na ponte sobre o rio Han. Ele já tinha passado por ali muitas vezes, mas não tinha tempo de parar para apreciar a paisagem. Taehyung estacionou com o pisca-alerta ligado, no acostamento, já que o trânsito estava parado naquele horário, e disse para Jimin ter cuidado ao sair.

Taehyung o chamou para mais perto do pára corpo e o castanho se aproximou com cuidado.

— Você também vem aqui quando quer pensar? — perguntou ao alfa, vendo Taehyung acenar positivamente. — Você tem tendências perigosas quando refletir sobre alguma coisa — ele completou.

— Na verdade, eu busco calma. Qualquer coisa longe de casa é sinônimo de calma para mim.

— Hm… acho que eu não sei o que isso quer dizer, exatamente.

— Como assim? Nunca teve um momento onde tudo o que queria era um pouco de calma?

Jimin deu de ombros, apoiando-se no suporte de metal e olhando para o rio escuro abaixo de si.

— Já sim, mas eu normalmente tenho que achar minha calma bem rápido e não posso escolher o lugar.

Taehyung fez careta e riu.

— Estou me sentindo bem privilegiado agora.

— São realidades diferentes, apenas. Você não tem culpa se nasceu rico.

— Ah, isso não me tranquilizou em nada — disse e olhou para Jimin, o ômega finalmente sorria, parecendo estar mais calmo.

— Mas aqui é bem bonito. Realmente, traz calma.

O alfa mordeu o lábio, satisfeito, e ficaram em silêncio por longos minutos. Conseguiam ouvir o vento soprando ao redor deles e por algum tempo, conseguiram se desligar do momento ruim que presenciaram anteriormente, mas Taehyung estava agitado.

Ver Jimin sendo colocado para baixo, fazia seu lobo se irritar, tentado a protegê-lo, mas ainda lembrava do cheiro de seu irmão impregnado no ômega.

— Você realmente gosta dele, não é? — disse baixo, mas fazendo com que Jimin olhasse para ele. — Não tem problema dizer, não vou julgar você, Jimin. Eu sei que já se conheciam antes de você ir trabalhar na mansão.

— Me desculpe, mas acho que não quero falar sobre minha vida pessoal.

— Eu não quis ser invasivo — Taehyung respondeu, num tom calmo. Ele estava se machucando ainda mais. — É só que eu não entendo. Yoongi manteria você em segredo, e por um momento, você aceitou.

Jimin sacudiu a cabeça, mas ele deu um passo em sua direção.

— Por que não eu? Eu também gosto de você, não estou noivo, e tenho calma para conquistá-lo aos poucos.

O ômega piscou, desviando sua atenção e depois voltando-se para Taehyung novamente.

— Taehyung…

— Não quero incomodar você, mas é verdade, é o que eu sinto. — Taehyung se aproximou mais, ficando a um passo de Jimin. — Minha irritação é você ter amado Yoongi primeiro, mas eu entendo que não foi uma escolha sua. Porém, você decidiu se afastar dele, e eu respeito o seu tempo, admiro sua decisão e força de vontade. Eu posso continuar ao seu lado, com calma, até que entenda que meus sentimentos são dedicados a você. Se eu continuar me dedicando e mostrando a você como merece ser tratado de verdade, talvez você acabe se apaixonando por mim também.

Jimin estava chocado demais, pois a possibilidade que os dois dos Min estivessem apaixonados por ele era fora de qualquer normalidade. No entanto, Jimin não achava justo fazer aquilo. Porque Taehyung se dedicaria tanto a ele e o ômega não tinha como retribuir.

— Tae, eu não…

Taehyung negou com a cabeça, segurando o rosto de Jimin e fechando seus olhos, negando-se a encarar os de Jimin transpareciam.

— Eu não me importo se você ainda não sente nada, mas eu sei que gosta da minha companhia. Não precisa se sentir mal. Se você permitir que eu tente, apenas aceite meu beijo, e eu saberei esperar.

O alfa respirou fundo, com seu coração batendo tão alto, mas não se importava se Jimin conseguisse ouvir. Ele gostaria, na verdade, que o ômega entendesse claramente o que fazia com ele.

Taehyung sentiu seu cheiro e se aproximou, olhando para os lábios cheios e entreabertos de Jimin. Ansioso, mas se controlando para não assustá-lo, fez com seus lábios tocassem os dele tão suavemente que mal sentiu o calor que vinha deles. Jimin, então, abaixou seu rosto, não deixando que Taehyung o beijasse.

Seu coração doía por machucá-lo, mas não podia fazer com ele algo que não queria que fizessem consigo. Ainda que ele fosse bom e estivesse disposto a amá-lo mesmo sem ser correspondido, seu coração era de Yoongi e enquanto o pertencesse, não podia dar falsas esperanças para outro.

Jimin segurou as mãos dele, afastando-as de seu rosto.

Não precisava mais do que aquilo, Taehyung compreendia. O Min mais novo abraçou Jimin, mantendo-o dentro do seu abraço, soltou o ar pesadamente e manteve seus olhos fechados.

— Me desculpe — pediu Jimin, mas Taehyung afagou suas costas com a mão, negando.

— Está tudo bem. Não se preocupe.

Seu coração estava quebrado, mas não era culpa de Jimin. Assim como ele não escolheu se apaixonar pela pessoa que amava seu irmão, Jimin não podia escolher por quem se apaixonava.

Eles voltaram para o carro minutos depois e Jimin não conseguia deixar de se sentir culpado. Taehyung percebeu seu incômodo e ligou o rádio, deixando que uma música animada tocasse.

— Jiminie, não fique preocupado com o que eu falei. Não vou desrespeitar você, nem ficar insistindo.

O ômega olhou para ele e ver o sorriso que Taehyung sustentava era ainda pior.

— Me sinto culpado por ter confundido você. Eu pensei que finalmente tinha um amigo…

— Não se sinta assim — Taehyung tratou de dizer. — Não quis fazer você se sentir mal. Eu sou seu amigo e continuarei sendo. Vamos fingir que isso nunca aconteceu, tudo bem? Eu sei lidar com meus sentimentos, aprendi muito cedo.

Jimin até queria que tudo continuasse normal, mas não conseguia imaginar como seria agora que Taehyung havia se confessado para ele.

— Vamos, Jimin, por favor… se você se afastar de mim, vou me sentir mal.

O ômega suspirou, cobrindo o rosto com as mãos.

— Como vou conseguir agir normalmente com você sabendo que te magoei?

— Você não me magoou — Taehyung disse, forçando um sorriso. — Essas coisas acontecem, ok? Eu até já esqueci.

Jimin olhou para ele, cansado.

— Eu vou pedir demissão. Não deveria ter aceitado esse emprego e ainda mais ter insistido nele.

Não deveria ter se entregado para Yoongi também, Jimin pensou. Desde que aceitou a carona do alfa, sua vida tinha virado do avesso. Talvez tivesse sido melhor ele continuar do jeito que estava, assim não incomodava ninguém e nem causaria problemas.

— Você sabe que é melhor continuar.

— Não, Taehyung. Sua mãe me odeia.

— Eu posso proteger você.

Jimin soprou uma risada.

— Pode? Como vai fazer isso?

Taehyung deu de ombros, sorrindo.

— Eu posso pedir. Posso pedir até para o Yoongi.

O ômega sorriu para ele e concordou.

— Obrigado por ser um bom amigo, Tae.

Taehyung continuou olhando para a frente, engolindo o choro e aceitando que ele não passaria daquilo.

[...]

Yoongi foi ao anexo mais uma vez, esperando encontrar Jimin e conseguir contar o que havia feito. Depois de encarar sua mãe, ele ainda precisava dizer o que havia decidido ao ômega.

Não obteve resposta e chegou a acreditar que Jimin tinha ido embora, mas Jihye informou a ele que os pertences de Jimin ainda estavam no anexo. Portanto, ele esperou.

Algum tempo depois, o carro de Taehyung passou pelo portão e Yoongi apenas observou o alfa descer do veículo, mas então, Taehyung foi até a porta do passageiro e ajudou Jimin a sair. O alfa se levantou, decidindo se ia até eles ou não, mas decidiu por seguir até lá, caminhando calmamente.

O irmão o viu e Jimin também, no momento em que caminhavam em direção ao anexo. Yoongi continuou lá, no entanto, pois não acreditava que Jimin faria algo com Taehyung naquele momento. Ele viu o quanto Jimin estava triste e também conhecia o motivo.

Taehyung parou a metros dele e Jimin tentou se manter calmo, mas só de olhar para Yoongi, seu coração acelerava.

— Onde estavam? — Yoongi perguntou imediatamente.

— Não é da sua conta — Taehyung retrucou no mesmo instante.

Yoongi não desviou sua atenção de Jimin, esperando a resposta dele e não a de Taehyung.

— Eu vou entrar — Jimin falou, olhando para Taehyung e sorrindo. — Boa noite — completou, para os dois.

Yoongi tentou segurá-lo quando passou ao seu lado, mas Jimin desviou.

— Boa noite, senhor.

Os dois irmãos esperaram até que ele estivesse dentro do anexo para voltarem à mansão. Taehyung foi primeiro e Yoongi o seguiu.

— Taehyung, espera.

— Não tenho nada para conversar com você. Vou pro meu quarto.

Taehyung passou pela porta da entrada, mas Yoongi o deteve.

— Eu só quero saber como ele está.

— Como você acha? Depois de tudo o que aconteceu. 

Yoongi suspirou, passando a mão pelo rosto e pelo cabelo.

— Jimin saiu com você, mas nem quis falar comigo.

— É claro, eu não me deitei com ele estando prometido para casar.

— Estou cansado do seu sarcasmo. Eu sei que quer ficar com Jimin, mas você pode falar a verdade ao menos uma vez? Sem brincadeiras, sem tentar ser superior a mim?

Taehyung bufou.

— Você quer que eu aja como seu irmão? Ah… devia ter feito isso por mim. Talvez assim eu pensasse em ajudar de alguma forma.

O mais novo deu as costas e continuou andando.

— Fique longe de Jimin, hyung. É o melhor que pode fazer por ele.

Yoongi estava sem alternativas. Brigado com a mãe e com Jimin. Teria que enfrentar as consequências de romper com Chaeyoung, lidar com as questões da empresa, mas o que mais o preocupava era que o ômega pudesse ignorá-lo por muito tempo.

Taehyung não iria ajudá-lo, mas Yoongi também não achava que ficaria em seu caminho, pelo menos não por enquanto. O irmão mais novo tinha muitos defeitos, mas Taehyung era uma pessoa sensível. Ele respeitaria o tempo de Jimin.

Yoongi voltou para seu quarto, mas não conseguiu dormir. Da janela, ele conseguia ver o anexo e desejava que Jimin não decidisse ir embora, então ficou vigiando, durante a noite inteira.