História Oppa, saranghaeyo... II - Coelhinha e Appa.

Estava olhando para o teto mal iluminado pelo pequeno abajur em cima do criado mudo. Apertava fortemente o coelhinho.

A porta estava fechada mas mesmo assim pude ouvir os passos de Jimin descendo as escadas e se deitando ao sofá.

Estava totalmente desperta. Era difícil conseguir dormir depois de tantos acontecimentos em apenas um dia.

Acordo sem memória em uma ilha com um garoto. Sou beijada e beijo ele que tanto odeio. Sou abandonada em Seoul sozinha para de novo voltar aqui. E quando volto, sou atacada pelo paquerador Jin que agora é um "bom amigo".

Eram tantas as coisas para questionar e pensar que poderia ficar acordada a noite inteira.

Levantei o coelho de pelúcia para espantar os pensamentos.

— E aí coelhinho, como vou dormir agora ? Ah, falando nisso, você não tem um nome ! Vamos pensar ... Já sei ! Você é fofinho como um marshmallow então esse é seu nome !

O apertei novamente.

— Meu Marshmallow ...

Beijei seu focinho.

— Aish, nunca vou conseguir dormir.

Murmurei para mim mesma. Me sentei na cama para pensar em algum jeito de ficar com sono.

Será que um leite quente resolveria ?

Me levantei e abri uma fresta da porta. Sorri ao ver que a luz da sala estava acesa. Jimin ainda estava acordado ?

— Vamos Marshmallow, só temos que correr pelo corredor que chegaremos em um lugar iluminado.

Apertei o coelhinho e saí correndo, quase tropeçando ao descer as escadas e finalmente chegando à sala.

Olhei para o sofá e avistei o garoto dormindo tranquilamente enquanto a luz no teto o iluminava. Havia deixado a tv ligada também.

Andei tranquilamente para a cozinha, pegando uma xícara no balcão e enchendo com o leite que havia achado na geladeira. Coloquei no micro-ondas e esperei esquentar, me debruçando no balcão e assistindo a um programa qualquer que passava na televisão gigante.

Quase derrubei a xícara ao ouvir passos se aproximando e descendo as escadas. Me abaixo cuidando para não me queimar com o leite quente em minhas mãos.

Quem era será ?

Bom, quem quer que seja, não conseguirá me ver aqui atrás do balcão. Seguro firme Marshmallow com uma mão e com a outra a xícara.

— Yah Jimin, seu folgado ! Durma depois de desligar as coisas ! Assim não consigo dormir ...

O ser falava enquanto descia o último degrau. Essa voz era familiar. Espiei por cima do balcão e lá estava Hoseok, cobrindo o garoto que odeio com um cobertor.

Me abaixei rapidamente, antes que ele pudesse perceber a minha presença. Tomava um gole de leite enquanto ouvia os passos de Hoseok voltando para a escada.

Porém, ele desliga a luz e a escuridão me cerca repentinamente, fazendo o desespero tomar conta de mim. Com isso, derramo leite em minha mão, queimando o local e derrubando a xícara. O que fez um pequeno estrondo ecoar pela sala. O som não foi tão alto pois estava bem próxima do chão, mas foi o suficiente para Hoseok ouvir e ligar a luz novamente.

— Aish ...

Resmunguei com os olhos cheios de lágrimas. O medo e a dor estavam misturados. Abaixo os olhos para a xícara no chão e me pergunto como ela não havia quebrado.

— Quem está aí ?

Vejo o garoto se debruçando sob o balcão com uma expressão de curioso que logo mudou para assustado. Ele vem correndo até mim, olhando para a vermelhidão de minha mão onde o leite havia derramado.

— Você está bem ?! Quando você voltou ? Aigoo, que confusão ! O Jimin demorou tanto que pensei que você não voltaria mais !

Ele parecia desesperado.

— M-miane, eu derrubei leite no chão ...

Falava baixo enquanto secava as lágrimas que derramavam pelo meu rosto.

— Aigoo, não chore ! Deixe que eu limpo ! E o mais importante agora é isso !

Segurou a minha mão com cuidado, examinando o machucado.

— Você queimou um pouco, mas nada grave.

Ele diz, me levando até a pia e molhando o local com água fria.

— Espera aqui que eu volto rapidinho.

Me coloca sentada no sofá e vai correndo em direção à escada.

Logo ele volta com um paninho e vai para a cozinha. Pega no congelador alguns gelos, envolvendo com o tecido claro e amarrando, fazendo assim uma bolsa de gelo. Leva até mim colocando delicadamente no machucado.

— Eu quero que segure isso enquanto vou limpar a cozinha, tudo bem ?

Limpou toda a bagunça em um instante, deixando a cozinha brilhando. Ele volta com uma caixa de curativos.

— Anyo ! Não precisa ...

Recusei. Mas mesmo assim ele segurou minha mão e olhou para mim sorrindo, logo em seguida enfaixando o machucado.

— K-komawo ...

Agradeci sem jeito. Não estava acostumada em receber tanto cuidado.

— Vejo que gostou do meu presente.

Ele olha para o coelhinho em meus braços que não havia soltado em nenhum momento. Já tinha me apegado a Marshmallow.

— O nome dele é Marshmallow. Eu adorei ele.

O apertei sorrindo. Ele devolveu o sorriso.

— Pequena, o que estava fazendo aqui tomando um leite quente nessas horas da madrugada ? 

Ele me perguntou curioso, se sentando na beira do sofá onde eu estava.

— É que eu não conseguia dormir ...

Fiz uma cara de triste, exibindo um pequeno biquinho.

— Posso te fazer companhia se quiser. Depois da surpresa agradável de te ver, acabei perdendo o sono também.

Ele sorriu, me abraçando timidamente de lado.

— Jinja ? Eba !

Correspondi ao abraço, enlaçando meus braços ao redor de seu corpo grande e me afundando em seu peito.

Ele me confortava mais que ninguém.

O garoto se assustou no início, mas logo retribuiu o abraço apertado.

— Onde você está dormindo ?

— No quarto desse idiota aqui.

Apontava para Jimin que dormia no outro sofá à sono solto.

— Então vamos lá, você fica deitada na cama até pegar no sono.

— Você pode contar uma historinha para mim ?

O olhei animada. Me sentia uma criança perto dele. Parecia que ele seria capaz de me proteger de qualquer perigo.

— Claro que sim !

— Eba !

O agarrei de lado, subindo as escadas.

                                      *                                                   *                                                  *
 

— Aqui estamos.

Ele diz, puxando a cadeira da mesa de Jimin para perto da cama onde eu me ajeitava dentro do cobertor, sentando e me encostando no travesseiro.

— Você quer que eu conte agora a historinha ?

— Ne !

Respondia animada, abraçando Marshmallow.

— Tudo bem então.

"Era uma vez, uma menina chamada Cinderela. Ela vivia usando um capuz vermelho e ... "

— Ei ! Quem usa o capuz vermelho é a Chapeuzinho vermelho ! A Cinderela é de outra história !

Eu dizia enquanto fingia estar brava.

— Ah, miane pequena, é que eu não sou bom em histórias ...

Ele realmente lamentava enquanto colocava a mão na nuca.

— Tudo bem, podemos conversar.

Sorri para ele, mostrando que não estava zangada com aquilo. Somente o fato de ele tentar já me fazia feliz.

— Sobre o que vamos conversar então ?

Ele se endireitou na cadeira empolgado.

— Huum ... Que tal falarmos sobre como comprou o Marshmallow ?

Apontei para o coelhinho em meu colo.

— Ótimo ! Então ...

Ele contava detalhadamente quando de repente a luz do abajur se desligou sozinha.

O desespero caiu sobre mim e dei um pequeno grito que foi abafado pela minha mão. Procurei o garoto apalpando ao redor com minhas mãos, quase entrando em pânico.

— H-Hoseok ?

Sinto uma mão quente envolver a minha.

— Calma, eu estou aqui pequena.

Soltei um suspiro de alívio. Ouço o garoto tentar ligar o abajur sem sucesso.

— Acho que a lâmpada queimou.

— E-eu to com medo ...

Choramingava. Percebi que ele havia sentindo minha mão tremer, pois logo enlaçou nossos dedos e segurou firmemente.

— Calma, eu estou aqui.

— E-eu não sei se vou conseguir dormir.

Pequenas lágrimas já se formavam em meus olhos.

— Está tudo bem, ne ?

Ele acariciava a minha mão que segurava a sua. Ouço ele se levantar da cadeira e sentar ao meu lado na cama, me abraçando delicadamente e me fazendo inspirar seu perfume.

— Se quiser, fico assim até você dormir.

Em resposta, fui mais para o lado, dando espaço para ele entrar dentro do cobertor junto comigo. Ele se ajeitou e colocou seu braço ao redor de mim, me envolvendo e deixando minha cabeça descansar em seu peito.

— Komawo.

Sussurrava enquanto sentia a segurança que ele me transmitia.

— Agora durma coelhinha.

— Ne, appa.

Demos risadas enquanto gradativamente fechávamos os olhos, sentindo enfim, o sono chegar.