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História Opposite Souls (EM REVISÃO) - Scolding my desires.


Escrita por: badsizzlwr

Notas do Autor


[reescrito]

Capítulo 8 - Scolding my desires.


— Não vão responder? — Romano perguntou, jogando o lençol no chão.

Ryan e eu nos olhamos, nos ajeitando na cama.

Justin's Point of View

Chegando em casa, coloquei o carro na garagem, me perdendo em uma longa linha de raciocínio sobre os envolvimentos daquela garota nos meus negócios. Com a minha cabeça afundada em meus braços no volante do carro, soltei um longo suspiro, imaginando um jeito de tirar mais informações sobre ela e entender de onde essa menina surgiu.

Literalmente, ela não tinha um aspecto de criminosa. Nem na fala, nem no seu jeito. Ela aparentava ser apenas uma virgem atraente que sabia de menos. Mas uma cara de anjo não pode me enganar.

Presumo que ela não me dará tantos problemas quanto eu pensei.

Depois de um banho tomar, desci as escadas e identifiquei Christian e Chaz em minha sala, jogando alguma bobeira deles. Ambos me notaram, mas apenas Chris caminhou até mim.

— Você deveria pegar leve com o Ryan. — Chris falou, como se aquilo fosse resolver alguma coisa. — Deve ter notado a semelhança da garota com a Leona.

— É, Justin! Ryan não é insensível. Ele parece ter gostado da garota. Deixa ele levar ela. Qual é o problema nisso? — Chaz argumentou junto, olhando fixamente para o jogo.

Além de não a conhecermos o suficiente? Nada.

— Resolvo isso amanhã. — exausto, eu falei, sem vontade alguma de continuar com aquele assunto repetitivo.

— O que aconteceu agora? — Pattie surgiu atrás de mim.

— Onde você estava? — perguntei, notando que ela estava ausente durante um bom tempo.

Ela liberou a passagem da porta, revelando Jazmyn e Jaxon. Eu até me esqueci que os pirralhos viriam para Atlanta.

— Seu pai veio junto. Ele ficará uns dias e depois voltará para Los Angeles.

— Já disse que ele não precisa trazer eles todo final de mês. Uma semana a cada ano está ótimo! — murmurei irritado, desejando secretamente que todos eles morassem bem longe de mim.

— Dessa vez eles demoraram para te visitar, Justin. O que custa se importar com eles?

— Patricia, eu espero que eles se atrasem mais vezes, em um tempo mais longo. Não tenho tempo para brincar com essas crianças e ser o melhor irmão. — emburrei meu semblante, fungando impaciente.

— Mude de expressão e vá receber seus irmãos. Eles sentem saudades suas, mesmo que você não. Finja ser o irmão perfeito mais uma vez. — ela me obrigou, empurrando-me para perto de Jazzy.

Eu detesto esses bastardos!

Construí um pequeno sorriso no canto de meus lábios, prevendo quando eu poderia parar de fingir.

— Como você está, princesa? — perguntei a Jazzy, admirando sua pessoa. Ela estava maior. Cresceu e não sabe quando parar.

— Justin! — ela me abraçou, dizendo que estava bem. Se eu deixasse, ela não me largaria tão cedo, mas se havia uma coisa que não me agradava – além da visita de meu pai com meus irmãos –, essa coisa era abraço longo.

— Jaxon, não vai me dar um abraço? Estou sem nada, olhe. — estiquei as mãos, mostrando que estavam vazias.

— Também não precisa forçar. Ele ainda está receoso. — Pattie murmurou, trazendo as malas dos dois para a sala.

— Se apresse, Beadles! Segura o bastardo. — entreguei Jaxon para ele antes que Pattie acabasse me interrompendo. — Eu ainda estou pegando leve, bastardo.

— Eu vou contar, eu juro que vou! — Jax choramingou, tentando se livrar das fitas adesivas de minha mão. — Eu prometo que não falo mais nada. Justin, me solta!

— Eu nem te coloquei na sacada, considere isso como um alívio, o seu alívio. — passei a fita por ele enquanto Chris segurava seus braços. — Nada de me dedurar para eles. Não quero ter mais problemas com você pelas coisas que eu estou usando. Sempre que ver, ignore. Entendeu?

— Me solta, me solta! — ele gritou, tomado por lágrimas de desespero.

Sem perceber, eu estava rindo da situação dele, que até me dava pena. Se tem uma coisa que ele tem medo, é de altura. Não importa se é um muro baixo, ele continua com medo. E isso estava dando certo.

— Chega de sentimentalismo. Suplique em pensamentos para que eles cheguem cedo. — sussurrei, finalizando com a fita. — Na próxima será a sacada, torça para que algo esteja te segurando. — lhe notifiquei, voltando para a piscina.


— Foi o Justin! — Jaxon falou, apontando para mim, em meio aos gritos histéricos.

Seus braços estavam com linhas vermelhas grossas por conta da remoção do plástico de sua pele.

— Justin, qual é o seu problema? Ele poderia ter se machucado! Olha como você o deixou...

— Qual foi o nosso combinado Jaxon? Conte a ela. Não foi um mal-entendido? — ele negou com a cabeça, correndo para me estapear. — Já terminou? Olha, fiquei até roxo.

Ele soluçou, se distanciando.

— Sai de perto de mim! — foi para o quarto dele, passando a mão pelos braços vermelhos.

— Pelo menos ele sabe fazer acordos. Por isso ainda está vivo! — me livrei da lembrança curta, observando o medo de Jaxon de minha pessoa.

Pattie colocou as malas de Jazzy perto de mim, me olhando como se fosse pedir algo.

— Ajude a Jazzy a levar as malas dela para o quarto.

Revirei os olhos, resolvendo fazer esse favor e me ausentar antes que pedissem algo mais. Favor de família é sempre o mesmo.

No escritório, longe de qualquer desentendimento ou sentimentalismo familiar, eu discuti com os garotos sobre a viagem e o carregamento de Henry. Tudo se resolveu da melhor maneira, pois Ivan não estava perto para me contrariar ou me encher com suas preocupações. Ryan seria avisado no dia seguinte, sendo sempre o atraso nos meus negócios. E piorou depois que a sósia apareceu.

Depois de livrar muitos pesos de meus ombros, e descontar minha frustração em um saco de areia pendurado no teto de uma academia, eu me joguei derrotado na cama. A maioria de meus planos estavam sendo processados em minha mente. A madrugada e a insônia, sempre que misturadas, se tornaram a minha fonte preciosa de raciocínios profundos, para buscar por qualquer falha em qualquer trabalho. Além de trazer o meu cansaço.


— Jaxon, sai desse quarto, despacho! — atirei o primeiro objeto que eu toquei em Jaxon, logo que percebi sua presença invadindo meu quarto.

— Mas a mamãe mandou eu te acordar. — ele falou baixinho, com o medo estampado em sua cara.

— Já me acordou. Agora vaza! — ele deixou o quarto, atacando meus nervos mais cedo do que eu esperava.

Estava apostando que era frescura de Patricia, e que era apenas para mostrar meu lado inexistente para as crianças.

Meu mau humor estava abaixo do normal. E despertar às custas de outro foi o cúmulo. Sim, eu teria o dia inteiro para colocar os pensamentos em ordem e dar as boas-vindas para minhas novas notas de dólares. E só de pensar na primeira coisa que eu preciso resolver, eu já fico cansado.

— Até que enfim resolveu levantar. — Pattie falou com um sorriso no rosto, assim que eu desci do quarto.

— Qual o motivo da família toda reunida?

— Não podemos mas tomar café todos reunidos?

— Por que não?! Me sinto maravilhado por acordar cedo apenas para olhar vocês com um sorriso estampado no rosto. Mas, por que não fazer isso um outro dia? Quem sabe, nunca? Huh? — Jeremy me repreendeu, e as crianças pararam de comer em instantes.

— Pare de reclamar, Justin. Tenha modos com sua mãe! — brigou, dando razão para o café em família.

— Se fizerem isso mais alguma vez, não me chamem. Chega de família reunida. Vocês estão mais quebrados que eu. — deixei a sala de jantar, tirando minhas chaves do bolso da calça.

Saí de casa e acelerei o máximo para chegar na casa de Ryan o quanto antes e ter um tempo apenas para mim. Pensar nos outros te desgasta. Pensar na solução de todos os seus problemas te desgasta. E eu estou bem fodido ultimamente.

A casa estava silenciosa – provavelmente Ryan ainda estava dormindo. Caminhei para o quarto dele, indo descobrir por mim mesmo se havia alguém na casa ou não. Acordaria por bem ou por mal.

Abri a porta e me deparei com uma cena que não me agradou nem por um segundo. Ryan estava abraçado com a garota, dormindo totalmente grudados, pareciam um casal de idiotas.

Eles se levantaram da cama quando me ouviram gritar, querendo entender o que rolou ontem para isso acontecer, depois que eu fui embora.

— Não sabe bater? — Ryan me perguntou, tentando esconder o corpo da garota, que eu tinha deixado de fora quando puxei o lençol.

Ela estava com o mesmo estilo de antes: camisa e calcinha. E as roupas que ele comprou para ela? Não servem? Que porra!

— O que está fazendo aqui?

— Tinha assuntos para resolver com você, mas vejo que cheguei na hora errada. — continuei com meus olhos na garota, indeciso com suas expressões. Ora irritada, ora tímida. Caía bem nela, apesar de seu jeito me intrigar.

— Me espera na sala, eu apareço lá. — avisou.

Dei um último olhar para a menina, saindo de vez do quarto, revirando a imagem dos dois em minha cabeça enquanto eu o esperava. Estava prestes a ir embora, aguardar não é o meu forte, mas ele resolveu dar as caras.

— Você poderia ser mais calmo quando ela estiver presente. Ela ainda não superou o que você fez com as pessoas que cuidavam dela. — pediu, descendo a escada. — Não é uma das suas, Bieber.

— Como é? Ryan, por favor... Você nem sabe se ela sente o mesmo por você e já vai defender a santinha de qualquer coisa? — ele me olhou com raiva.

— O que você quer? — Ryan mudou de assunto, parando em minha frente.

— Vim avisar você de umas decisões. O carregamento do Henry chega semana que vem, você e os meninos roubaram ele, obviamente. — expliquei andando pela sala.

— Como?

— Ivan irá esclarecer o plano, essa parte é com ele. Enquanto isso, estamos resolvendo tudo para a viagem à Los Angeles. Se tudo der certo, vai ser um dia depois que pegarmos o carregamento. Chris e Chaz vão primeiro e nós logo depois, caso alguém esteja seguindo a gente, iremos despistar. — expliquei as decisões, e ele assentiu a tudo que foi dito.

— Espera! Um dia depois? — ele perguntou, gesticulando com a mão. — E... ela vai ir junto? — o seu semblante agora era sério.

— Se quer proteger a garota, por que não manda ela para a cidade dela? Em Los Angeles ela estaria em um perigo extremo. Estaríamos procurando pelo Trevor enquanto ela estaria sozinha. Sua insistência nisso não tem sentido!

— Ela não estará sozinha. Liberaram ou não? — questionou de novo.

— Se ela for, ela vai ter que acompanhar Chris fingindo ser algo dele. Irmã, namorada, amiga, o que ele escolher. — avisei, e ele cerrou os olhos.

— Ela não pode ir acompanhada comigo? — ele perguntou.

Eu neguei, pensando aonde eu errei quando fui explicar para essa besta que IRÍAMOS DESPISTAR AQUELES QUE NÓS SEGUISSEM, desconfiando que o burro iria ignorar isso e insistir em ir com a garota, lado a lado.

— Com os dois ela estará mais segura e não dará muito na cara. Não é o que você quer?

— Você não deve estar gostando disso, não é? — bufei, impaciente, querendo saber: em que quesito aquela pergunta iria mudar?

— É o único jeito. — dei de ombros.

— E o carregamento... — fomos interrompidos pela garota descendo a escada, agora, vestida por completo.

Estranhei quando a vi de jeans, escondendo suas pernas atraentes. Eu preferia como estava antes.

— Ahn, vou apenas ali... na... cozinha. — ela me encarou como antes, dessa vez, fugindo do meu olhar.

— Está bem.

— Daremos continuidade amanhã. — falei, notando que conversar com ela estando perto não daria. — Lily. — acenei para ela enquanto não havia entrado na cozinha, não obtendo uma resposta, apenas o balanço de sua cabeça.

Ela pode usar a boca para outras coisas, eu entendo.

Tessie's Point of View

Depois que o Romano saiu da casa de Ryan, ele me chamou para ter uma conversa séria. Confesso que estava nervosa, não sabia o motivo da conversa ou qual o motivo em me chamar tão seriamente.

Ele pediu para que eu me sentasse no sofá, transmitindo uma sensação serena depois de me olhar por uns breves segundos.

— Daqui a uma semana, é possível que nós viajaremos. — ele disse, direto e calmo, sorrindo para mim.

— Como? — me assustei com a notícia que ele havia dado.

Eu não queria viajar.

— É, eu sei. É um pouco precipitado. Você nem se instalou direito aqui e já vai para outro lugar de uma hora para outra... Mas, é preciso. — ele riu para descontrair, porém não adiantou. — Daqui há alguns dias não vamos estar seguros como agora, e faremos uma viagem para Los Angeles. Ficaremos alguns dias e voltaremos. — se enrolou para explicar, pausando a cada nova palavra que saia de sua boca. — Só tenho que resolver um pequeno problema lá com Romano, e estaremos de volta num estalar de dedos.

— Eu quero deixar claro que prefiro ficar.

— Não se preocupe, vamos ficar bem. Escute, Lily. Se ficar aqui, qualquer um que saiba de você virá te buscar. Pela sua segurança, você precisa me acompanhar. — ele falou e me abraçou. — Vai lá para cima se trocar, vou levar você ao shopping. Não pode viajar com apenas aquilo de peças por meses. — ele disse animado, pegando na minha mão. — Por mais que a viagem não esteja completamente confirmada, você precisa de mais roupas.

Em uma hora é alguns dias e na outra é meses. Isso não poderia ser pior.

Depois de me trocar, Ryan me levou ao shopping, e ele quis comprar quase a loja inteira.

— Ei, Ry?! Calma, não precisa de tudo isso. — reclamei, me cansando de tanta sacola nos meus braços. — Você não precisa me dar tudo isso. Eu peço para me trazerem uma mala com minhas próprias roupas.

— Ry?

— Não pode?

— Sem problemas. — ele disse, me deixando aliviada.

— Mas, é sério, chega! Não aguento mais comprar roupas.

— Agora os sapatos. — uma das vendedoras falou e nos levou para outro cômodo da loja. Mentalmente, eu estava revirando meus olhos.

Estava sendo exaustivo aceitar que Ryan me colocasse naquela situação sem eu poder contrariar. Ele deixou que eu ficasse na casa dele, okay. Mas não quer dizer que ele precisa me dar tudo o que estiver faltando ou o que ele quiser. O jeito que ele me tratava era diferente.

— Pelo amor de Deus, chega!

— Para de ser dramática. Nunca vi uma mulher odiar tanto compras. — ele comentou, pegando o resto das sacolas.

— Não odeio, mas isso... — apontei para as sacolas. — É exagero.

— Tá, está bem! Vamos embora. — ele se rendeu, e eu agradeci pegando tudo o que eu havia deixado no chão, para descansar os braços.

Voltamos para casa em silêncio no carro. O movimento do automóvel me levou para o caminho do sono, aquele que foi interrompido mais cedo. Acabei dormindo no meio do caminho, com a cabeça encostada na janela.

— Você vai pagar por todos. — um homem no qual seu rosto estava irreconhecível falou. — Vai pagar por tudo e todos. Não importa quem seja, eu vou atrás de você, estando viva — ele deu uma pausa falando muito próximo do meu ouvido, me arrepiando. — Ou morta.

— Acorda! Hey, Lily? Você está bem? — perguntou, assim que meus olhos se abriram normalmente. — Está tudo bem?

Eu ainda estava no carro, sonolenta, não fazendo ideia do que havia acontecido. Eu se quer sabia com quem havia sonhado. Coisa estranha!

— Estou! Eu... Estou. — falei, me embaralhando quando comecei a pensar no sonho.

— Vamos entrar. — ele avisou, puxando gentilmente meu braço para sair do seu carro. Concordei com a cabeça, seguindo até a entrada de sua casa.

— Tem certeza de que está bem? — ele perguntou novamente, preocupado.

— Estou sim, só estou cansada. — evitei falar do assunto, não tendo o que comentar sobre aquele sonho esquisito.


— Ry, desliga isso. — me afastei do fogão em que Ryan estava cozinhando, tossindo por conta da fumaça.

— Está queimando! — ele se assustou, pegando a panela e jogando-a na pia, deixando a água esfriar o estrogonofe que ele tentou fazer. — Pelo menos eu tentei.

— Tentou incendiar a casa. — falei, sentindo algo estranho dentro de mim após lembrar de um incêndio próprio. — Eu avisei para desligar aquela hora, mas você quis ser o garoto inteligente.

— Então porque não fez você mesma? — dei a língua, me emburrando.

— Porque eu não sei cozinhar. Mas qualquer um saberia que estava no ponto. — expliquei lavando meu rosto e desligando o resto da comida que estavam no fogão, antes que ele queimasse o resto. — E agora, vamos comer o quê? — perguntei, sentindo meu estômago vazio implorar por comida.

— Já sei! — ele saiu da cozinha, pegou o telefone e ligou para alguém.

— E aí, Pattie?! — ele começou a conversa. — Eu estou bem. Então, eu estou interrompendo algo? — ele perguntou com uma voz inocente.

Ri para mim mesma, diminuindo a zona que ele fez na coxinha.

— O quê? E não me chamaram? Também considero vocês... muito! — ele falou num tom irônico, me fazendo rir. — Ah, eu não estava com meu celular, mas eu chego aí em alguns minutos. — Vou levar uma garota, tem problema? — ele indagou, me jogando um beijo no ar.

Fiquei confusa, tentando entender o que ele estava tramando.

— Beleza, já chego aí. Tchau! — ele encerrou a chamada. — Estamos salvos! — ele suspirou com a mão no peito, dizendo aliviado.

— Quem era?

— A mãe de Romano. Eles estão dando um jantar como de costume, quando os irmãos dele chegam, e era para estarmos lá há um bom tempo.

Eu vou ter que ir mesmo na casa desse garoto atrevido? Depois de receber um convite dele? Eu não acredito!

— Vem, vamos logo antes que ela termine tudo.

Assenti e cada um de nós foi se arrumar. Eu estava atrapalhada, e consegui piorar isso sabendo que estaria conhecendo pessoas novas, especificamente, a família do Romano. Eu fiquei perdida, ainda mais sabendo que chegaria ao lado de Ryan.

— Lily, está pronta? — ele bateu na porta, chamando por mim.

Dei uma última olhada no espelho, me perguntando mentalmente o motivo de eu estar tão preocupada com a minha aparência. Era apenas um jantar, correto?

Dentro da bolsa que estava sobre a cômoda, eu coloquei a camisa que ele havia deixado aqui quando deixou que eu o ajudasse com o seu rosto cortado.

Por que eu estou nervosa?

— Oi. — ofegante, eu sussurrei, abrindo a porta para observar Ryan.

Ele vestia uma camisa branca, acompanhada de seu jeans novo, comprado junto com o meu vestido que eu usava. Ele me olhou dos pés à cabeça, tentando dizer algo – que, certamente, iria me constranger.

— Não diz nada... — o impedi quando seus olhos se encontraram com os meus, e sua boca estava pronta para soltar uma palavra. Eu já estava envergonhada o suficiente, e sem ter motivos bons para isso.

Fomos até a garagem e ele pegou uma Ferrari branca abrindo a porta para eu entrar. Um cavalheiro!

Chegamos na esperada casa de Romano – pelo menos era o que parecia –, e Ryan cumprimentou os mesmos meninos que estavam naquele lugar abandonado. Além deles, tinham vários homens rondando aquela casa imensa, que me deixou sem palavras. Ele pode ser um sem noção, mas pelo menos tem bom gosto para as coisas – algumas delas.

— Quem são esses homens? — grudada ao braço de Ryan, com medo deles, eu perguntei.

Eu os associei àqueles que invadiam a casa de Claire, sempre que a encontravam no seu novo lugar.

— Seguranças. Todos estão protegendo o Romano e a família dele. — respondeu, sem precisar disfarçar.

Ryan me levou até um garoto que eu, automaticamente, lembrei de onde conhecia seu rosto, e nos apresentou.

— Lily, este é o Charles... — outro garoto apareceu na mesma hora. — E este é o Christian. — ele me informou, me apresentando para os dois garotos da casa abandonada.

— Oi! — falei envergonhada, apertando o braço de Ryan por me sentir desconfortável.

O que se chamava por Christian me abraçou, dando leves tapas em minhas costas como cumprimento.

— Você é a garota dos problemas, certo? Pode me chamar de Chris. — ele disse, sutilmente.

Garota dos problemas?

— Me chame por Chaz, Lily. — o outro estendeu a mão, bebendo. — Você nasceu no Texas ou na Georgia mesmo? — me perguntou, se aproximando mais de mim.

— Ahn... Hmm. Eu nasci no Texas, Chad. — respondi.

— Chaz. — ele me corrigiu, sem se mostrar tão irritado com o meu erro. — Eu desconfiei. — murmurou, caminhando para longe de Ryan e eu.

— Ele é meio nerd, não se importe muito com as perguntas dele. Se quiser, nem precisa responder. — Christian comentou, bebendo o que parecia ser o mesmo que o Chaz bebia. Apostava em álcool.

— Vem, vamos conhecer a famosa Pattie! Não estranhe se ela for meio... grudenta. — ele riu de sua própria definição, e eu concordei, sorrindo.

— Quem é esta menina? — uma mulher linda que estava na cozinha organizando tudo veio à nosso encontro. Primeiro, ela abraçou o Ryan.

— Patricia, essa é a...

— Lily? Eu soube! Olá, querida! — ela disse, chagando perto de mim.

Ela me abraçou em seguida, me dando uma impressão melhor da que o Ryan me contou.

— Prazer, Pattie! — murmurei, encarando seus belos olhos azuis.

— Bem-vinda querida, fique a vontade! — ela abriu um sorriso encantador no rosto.

Ryan me levou para conhecer outra pessoa, conseguindo chamar a atenção de uma garotinha, que hesitou se aproximar por um tempo.

— Jeremy, essa é a Lily. — nos apresentou, e ele parecia ter decisões rígidas, como Romano. Minha cabeça chegou a conclusão que poderia ser o pai dele.

— Quem é ela? — a garotinha perguntou, se aproximando, enfim. Ela apontou para mim, subindo no colo de Ryan.

— Jazmyn, essa é a Lily! Uma amiga minha. — Ryan a respondeu, estendendo a mão dela para me cumprimentar. — Lily essa é a Jazzy irmã de Justin e minha futura mulher!

— Sonha, gafanhoto. — Romano apareceu perto da menina, bebendo algo que eu não consegui identificar. Ele a colocou no chão, separando os dois.

Ela chamou o Ryan para falar algo no ouvido dele. Confesso que estava curiosa. Ryan concordou e se levantou, me olhando fixamente. Eu não estava entendendo, mais uma vez.

— Esse é o Jaxon. Irmão desse cara aí. — ele falou, apontando para Romano.

O garoto pegou em minha mão, me puxando para um canto. Olhei para Ryan de relance e ele estava rindo.

Jaxon pediu para que eu me abaixasse, começando a cochichar algo para mim.

— Quer ser a minha garota?

Ele amarrou uma fita azul no meu dedo, sorrindo para mim. Ri com o que ele disse, deixando que fizesse o que já estava terminando.

— HA! Querendo roubar ela de mim? Cresça, Jax! — Ryan apareceu perto de nós, dando um susto no menino.

— Você já tem a Jazzy. — o menino se emburrou, finalizando o nó que havia feito.

— Esse é o meu garoto. — Romano reapareceu atrás de nós, pegando o Jaxon no colo.

O menino pareceu querer se livrar do mesmo, mas acabou aceitando o colo do irmão quando o mesmo disse algo para a criança.

— Tem que parar de conviver com ele, Jaxon. Ele vai alterar tudo em você.

Romano se aproximou de mim quando todos deram suas atenções às crianças. Ele me entregou um copo, colocando o que parecia ser whisky dentro, me incentivando a tomar – ou desafiando, não consegui decidir.

— Sabia que mais cedo ou mais tarde aceitaria meu convite. — ele virou metade do copo em um único gole, sem me olhar.

Abri minha bolsa, tirando a camisa dele de dentro. Estendi a mesma à frente dele, recebendo seu olhar provocativo.

— Pensei que gostaria de ficar com ela. — ele murmurou, ousado. Comprimi os lábios, sentindo que os mesmos estavam secos.

— Por que pensou isso?

— Ficaria bem em você, como qualquer outra minha. — fechei os olhos, me concentrando para não rir.

Dei o primeiro gole, tentando mostrar que foi fácil engolir sua bebida, o que não foi. Aquilo desceu queimando a minha garganta. Estava puro.

Romano, eu vim como convidada de um convidado. — ele riu do jeito que eu falei. — E não por que você me convidou. — conclui, me perguntando se ele havia entendido o que eu quis dizer.

Ele me olhou por cima do ombro, bebendo uma outra vez.

— Eu pedi para que Pattie te convidasse. — murmurou com sua voz rouca.

— Agradeço pelo seu gesto, Romano.

— Me chame de Justin a partir de agora, sunshine. Romano apenas quando minha família estiver longe.

— Obrigada, Justin. — agradeço, preferindo seu doce nome.

— Isso, Lily. — concordou, se servindo mais whisky.

— Muito prazer... Justin! — estendi a mão, e ele a pegou.

— Se você fizer certo, pode ser que sim.

Ele me olhou por mais alguns segundos, parecendo me queimar com o castanho claro de seus olhos. Seus dedos estavam inquietos segurando o copo, batendo algumas vezes contra o cristal do mesmo. Respirei fundo, e soltei o ar pela boca, sem tirar meus olhos de cada parte do corpo dele. Estava curiosa para conhecer cada tatuagem de seu corpo, e, caso haja, saber seus significados.

Deus! Esse garoto sabe como lançar um olhar significativo para alguém, embora seja um olhar simples para os espectadores de plantão.

Ele tomou o último gole, e passou seu dedo dentro do copo, lambendo o resto que havia molhado seu dedo. Sem perceber quando, meu coração se acelerou. Minha língua umedeceu meus lábios, mas eu não me permiti mordê-los. Não depois do que o atrevido fez.

— Está pronto! — Ryan segurou em minha mão, sem eu perceber, e me guiou à cozinha, com um sorriso esbelto no rosto.

Sentei-me no lado de Ryan, e tentei interagir com eles durante o jantar. Todos pareciam se dar bem juntos, exceto um. Sempre que o assunto se resultava em algo relacionado a Romano, ele fazia questão de encerrá-lo. Ele mirava seu olhar indecifrável em mim, como se quisesse descobrir os meus segredos mais secretos.

Ele não parecia estar confortável quando eu estava por perto. Seu olhar denunciava que algo ele queria. Mas, o quê? Outra vez que o assunto o citou, ele o mudou. O que me pareceu que eu não saberia nada sobre ele, além de seu nome e sua identificação fora de casa.

O jantar terminou, e todos foram para a sala. Antes de ir também, eu dei uma ajudinha a Pattie com a bagunça do jantar, limpando o que ela me autorizou. Quando terminamos, ela me acompanhou até a sala. Os risos e vaias cessaram logo que aparecemos, e eu estranhei o silêncio de todos.

— Então, vamos para a piscina? — Romano quebrou o silêncio na sala, e todos concordaram em ir.

Continuei no mesmo lugar, notando que Ryan havia sido arrastado pelos outros.

— Não vem, Lily? — me chamou, e eu neguei. — Ah, não faça desfeita! Vamos! — ele disse me puxando para o lado minimamente frio de fora da casa.

Parecia que minha decisão era ignorada por ele, propositalmente.

Estavam todos dentro da piscina, menos eu. Além de eu não ter sido informada de que o convite de nadar aconteceria para trazer uma roupa descente, estava esfriando. Os garotos eram loucos por estarem lá dentro.

Ryan estava brincando com os meninos e me chamou para entrar, mas eu recusei seu pedido.

Deitei na espreguiçadeira perto da piscina e tirei os saltos que estavam me matando. Fiquei um bom tempo despreocupada, pensando – a maior parte do tempo – na minha vida. O que ela teria virado? O que e com quem eu estava vivendo?

Me senti mal, repentinamente, e me levantei, voltando para dentro da casa. Eu queria ter todas as respostas para todas as minhas perguntas, mas eu não podia ter, e isso me irritava internamente.

Caminhei em direção à casa, querendo me enfiar dentro de um quarto para surtar dentro do mesmo, mas Romano me barrou na entrada, pegando me no colo. A intenção dele era visível, e eu estava prestes a cair na piscina contra a minha vontade.

Ele se divertiu com o meu desespero, mas não parou. Prendi o fôlego quando fui arremessada para dentro da água, complicando a mim mesma quando tentei voltar para cima com o meu desespero.

Respirei fundo assim que ele me puxou para cima, gargalhando da minha situação.

— Você é maluco? — perguntei indignada, o empurrando para longe.

— Pelo menos trocou de expressão. — ele rebateu, se afastando. — Encontrei outro estilo que combina com você. — ele disse, um pouco longe, olhando para o lado.

Avistei Ryan vir até mim, gargalhando também.

— Espero que não fique brava. — ele disse. Já sei de quem foi a ideia.

— Seu babaca! — murmurei, limpando a água do rosto.

— Agora que já está molhada... faça alguma coisa além de olhar. — ele sorriu jogando água em meu rosto, e eu revidei.

Ryan se afastou, juntando-se a Christian, me deixando livre para sair da água. Mas ele tinha razão... Estou molhada, completamente molhada. Por que não? A única coisa ruim que pode acontecer é eu pegar uma gripe, oras!

Senti alguém me segurar por baixo da água, perto de minhas pernas, e notei que era Romano, pelas tatuagens na maior parte do seu corpo.

— Você me assustou, Romano.

Ele sorriu sem motivos, passando o dedo ágil em meu queixo.

— É Justin, Lily. — ele me alertou, e eu dei de ombros. Eu teria de me acostumar. — Olha, eu sei que te ofendi para um puta caralho, mas quero me desculpar. Eu não te conheço direito.

— Não se preocupe com isso, está tudo bem. — tentei passar por ele quando vi que o mesmo mergulhou, mas, de forma inesperada, suas mãos agarraram minhas pernas e eu fui colocada em seus ombros.

— Briga de galo! — Charles, quem nos notou primeiramente, gritou, anunciando o que estava prestes a acontecer.

Ryan subiu nos ombros de Christian, e tentou dar um riso maldoso, como os de cinema.

— Desculpe, mas eu reino aqui!

— Veremos... — retruquei antes de começarem, e em seguida, eles iniciaram a brincadeira.

Ryan estava pegando leve comigo, e isso me irritou. Eu tinha ganhado, mas não por minha competência. Mesmo sendo apenas uma brincadeira, eu queria ganhar.

— De novo! — avisei, e Justin não hesitou em me colocar em seus ombros. Ele mexeu sua cabeça de um lado para o outro, e isso me fez sentir algo novo entre minhas pernas. Ignorei a sensação, me preparando.

Justin estava jogando sujo. Ele me afundava toda hora, quando eu estava prestes a virar o jogo. Sua mão apertou minha coxa com força quando eu quase cai para o lado. Ele não estava vendo, mas meus olhos estavam em suas mãos quando o jogo terminou.

— Quase me matou e nem conseguiu me fazer vencer. — dei bronca no Justin, tentando sair de seus ombros, mas ele me segurava forte ali em cima.

— Pula, Ryan! — ouvi Chaz gritar novamente, e prontamente, Ryan se pôr de pé nos ombros do Chris, dando um salto de costas na piscina.

Justin ficou comigo em seus ombros alisando a minha perna. Aquelas mãos apalpando minha pele me dava um frio na barriga. Eu não estava gostando, mas dessa vez ele me soltou. Saí da piscina e senti o frio se chocar contra minha pele úmida. Conseguia imaginar a minha boca ficando roxa.

— Já está bem tarde. — avisei para Ryan quando ele saiu da piscina, e o mesmo concordou comigo. — Não é melhor irmos embora?

— Vamos dormir aqui hoje. Tem quarto de sobra nesta casa. — ele falou, e eu me vi desconfortável.

— E roupas? — perguntei, mostrando meu estado, tentando argumentar contra. — A ideia de me jogar na piscina com roupa e tudo foi sua.

— Queria ir nua? — ele gargalhou de sua hipótese, e eu gargalhei em falso. — Pergunta para a Pattie e vê se ela tem alguma roupa que te sirva. — me entregando uma toalha, ele disse. Concordei com a cabeça.

Me enxuguei e perguntei para a mãe de Justin se ela tinha algum pijama do meu tamanho. E como previsto, ela não tinha, mas por sorte ela tinha uma roupa que poderia servir em mim. Agradeci e fui de encontro ao Ryan para saber onde eu iria dormir.

Ele me mostrou o quarto e eu ficaria com a Jazzy, já que depois seriam muitos quartos para ser arrumados. Além da menina ter gostado de algum jeito de mim, sendo outro motivo para eu dormir com ela.

Tomei um banho e coloquei a roupa que a Pattie me emprestou. Eu sou um pouco mais alta que ela, então o pijama ficou meio curto, mas eu ficaria no quarto e não vi problema.


Não conseguia dormir, estava muito agitada. O sono sumiu. Meus olhos petrificaram abertos, assistindo a lua da janela, admirando sua luminosidade no anoitecer. Se você apreciar durante longos minutos, você irá se apaixonar. É tão extraordinária quanto o pôr do sol.

Mudei a direção dos meus olhos da lua para a porta, caminhando em direção à grande sala desta casa. Sem perceber, o sorriso que se formou quando fiquei assistindo a paisagem do céu vívido continuou em meu rosto. Só se desmanchou quando eu, ligeiramente, notei a presença de mais um ser com insônia na no cômodo.

Me aproximei do sofá e vi Romano assistindo, jogado no sofá. Seus olhos pareciam não prestar atenção em uma parte se quer do que passava na TV.

Ele virou a cabeça, agora me observando. Demorei uns seis segundos exatos para perceber que seus olhos áureos estavam parados em mim. Seus olhos falavam por si só, ele nem precisava dizer que esperava que eu não estivesse ali, ou algo desse gênero.

Me reorganizei, dando volta no sofá em que ele estava para chegar ao outro mais próximo.

— O que está fazendo acordada? — ele me perguntou com a voz rouca, e seus olhos seguindo meus passos.

— Sem sono uma outra vez. Estava observando a lua da janela, aí resolvi descer e...

— Não precisa justificar, pelo menos não isso. — ele retomou sua atenção para o filme.

Puxei a barra da camisola emprestada de Pattie para baixo, me sentindo desajeitada enquanto Justin testemunhava minha briga com a roupa. Foquei mais minha visão na sua, seguindo cautelosamente seus olhos, incomodada para onde ele olhava. Ele riu, ergueu a cabeça, me encarou por questão de segundos e me ignorou.

Depois do outro dia, ele ainda não aprendeu?

— Quer comer alguma coisa? — ele me perguntou, e eu neguei. — Eu vou fazer um sanduíche pra gente.

Minha palavra literalmente não tinha poder naquela casa.

Uma coisa notável nele era que, após colocar os pés longe daquele lugar abandonado, ele não era uma pessoa completamente rude, ignorante e amarga com todos. Ele mudava, mesmo sendo a mesma pessoa por dentro. Acho que, assim como a lua, Romano também tinha suas fases.

Instantaneamente, notei uma mão se movendo na frente do meu rosto. Me entregou o único prato em mãos, que continha o sanduíche e sentou-se ao meu lado.

— Dormindo de olhos abertos?

— Apenas pensando. — comentei, dando uma mordida no sanduíche, sem encará-lo.

— Em que? — de canto, pude sentir seu olhar em mim.

Eu não me senti confortável em falar sobre meus pensamentos, até porque era ele que estava neles.

— Minha mãe biológica. — dei uma desculpa, mas, com urgência, comecei a pensar realmente nisso. — Queria saber quem é ela e o porquê de ter me abandonado sem deixar um aviso ou coisa do tipo... — senti um nó em minha garganta, e livrei minhas mãos do alimento.

— Clarice nunca te falou dessa mulher ou deixou alguma pista sobre isso? — mais uma vez, perguntou, sendo a causa da bagunça de meus pensamentos na hora de pensar em um nome.

— Não. — decepcionada, eu respondi. — As únicas pessoas que eu poderia ver era o Ivan... Ah, e poucos de meus amigos. — comentei, sorrindo ao lembrar deles. Eu era, praticamente uma presidiária. — E, no dia que ela contaria, aqueles homens invadiram a nossa casa.

Ele arqueou a sobrancelha, comprimindo seus lábios. Me concentrei em reparar neles, logo que se abriram. Sua boca relaxou, suavemente. Umedecidos, eles se abriram, lentamente. Uma vontade estranha, mas aceitável, de beijá-la tomou conta de meus pensamentos. Era quase inevitável querer decifrar seus pensamentos.

— Já pensou em tentar procurá-la em outros lugares que você acha que ela pode estar? Tipo, sua cidade natal? — neguei com a cabeça, percebendo que não era uma má ideia, mas eu não tinha condições de viajar logo agora, ainda mais depois que Ivan me notificou para que eu ficasse em Atlanta.

— Viajar para Dallas nessa altura? Não tem como. — sorri sem vontade, voltando a mastigar o sanduíche.

— Dallas... — ele mudou sua expressão, concordando com algo. — Tem razão.

Justin tocou em minha mão, e eu apenas observei sua atitude do começo ao fim, sentindo meu coração disparar.

— Uma garota como você, estando na minha área, não deveria viajar. — ele me fitou, e meu coração parecia que iria explodir sempre que seu corpo chegava mais perto, deixando seu rosto quase colado no meu. — Não quando está muito perto de mim, o suficiente para...

Minha mão caiu para trás, apoiando-se no tecido de veludo liso do móvel, me impedindo de derrubar meu corpo diretamente no braço do sofá. Sentia que a sensibilidade do meu corpo havia sido reduzida logo que sua mão tocou meu rosto, o puxando para mais perto. Paralisada, eu continuei assim pelo que parecia ser anos. Desprovida de força, ele me encaixou entre suas pernas, puxando minha coxa direita para cima, entrelaçando-a em sua cintura.

— Temer meu contato. — seus lábios roçaram com sensualidade nos meus, e o que eu menos sentia era temor. — Por que eu não vou parar. — aquilo soou agressivamente, mas seu tom foi voluptuoso.

Sua boca me deu pequenos beijos, apenas para provocar meus desejos – que se tornaram confusos desde então. Suavemente, eu senti bem os lábios dele, gostando da sensação de ter sua boca na minha. Momentaneamente, a ponta de sua língua tocou a minha, e sua mão parou no lado de minha cabeça. Ele apertou minha coxa, subindo e descendo suas mãos ousadas pela minha pele.

O sentimento de que aquilo era errado passou pela minha cabeça, mas, rapidamente fora substituído por prazer e em como eu poderia querer mais.

Toda a musculatura da nossa boca trabalhavam juntas. Eu tinha a impressão de que ele estava tentando pular o nível das carícias. Embora eu pensasse em parar, eu não conseguia me movimentar para longe. E, quanto mais eu me entregava, mais gostoso ficava.

Justin chupou meus lábios, apertando minha cintura contra a dele, a escorando mais contra seu corpo. Meus dedos percorreram pela sua nuca, até o seu braço tatuado, onde eu imaginava cada desenho dele de olhos fechados.

Ele parou o beijo e me olhou. Eu estava viajando, com certeza não consegui prestar atenção do jeito que eu pensei em seus olhos, os quais ficam escondidos por baixo de seus óculos escuros a maior parte do tempo.

Meu dedo contornou sua orelha, seu maxilar, e seguiu em direção ao seu cabelo. Ele fechou os olhos, com os lábios entre seus dentes, e murmurou um palavrão que vivia saindo de sua boca, a qualquer momento. Levei os fios de seus cabelos dourados para trás, e sua boca estava perto da minha uma outra vez.

Ele, então, pressionou mais os lábios nos meus. De calmo, o beijo passou para um ritmo mais forte. Fechei os meus olhos e me entreguei para a sensação misteriosa do momento. Parecia uma viagem tocar nele. E, realmente, parecia não ter como parar.

Seu corpo beijava o meu corpo. Meu peito beijava o peito dele. O seu beijo deveria ter o tempo da eternidade, sem precisar de pausas para respirar, de tão bom que era ter os meus lábios se deliciando com os dele.

Ele me levou para outro mundo. Suas mãos passearam pelo meu corpo, explorando tudo o que ele conseguia. Meu corpo vibrou, e eu estava de volta na realidade outra vez, logo que o som de algo me tirou do céu calmo que eu estava.

Sem perceber, Romano estava em cima de mim sem sua camisa. A tatuagem da cabeça de um tigre em seu braço me fez pensar na ira de Ivan caso ele soubesse – além de me lembrar do perigo que era ficar tão próxima dele. Olhei para todos os cantos daquele cômodo e não avistei ninguém, mas isso não me fez querer continuar. Eu poderia até ter pensado, mas eu não estava beijando um anjo. Eu estava beijando o proibido.

Em um único pensamento, um simples e trágico pensamento, me voltou na memória aa imagem desolada de Joey morto naquela caixa, eletrocutado, frente à Claire, com um buraco no meio da testa.

Empurrei o garoto para trás, permitindo que minha mão lhe desse um tapa forte, e me surpreendesse com o que havia feito. 

— Por que fez isso? — ele perguntou com o cenho franzido, em uma entonação contralto, misteriosa.

— Justin, eu não posso! — sussurrei, tirando ele de cima de mim com dificuldades, pois o mesmo não se importou em se mover.

Deixei ele sozinho na sala, subindo para o quarto de Jazzy com cuidado, para não acordá-la. Me encostei na porta, pensando no que eu havia feito segundos atrás.

Por que eu o beijei? Por que os lábios dele tinham que ser tão convidativos? Por que algo nos interrompeu? Por que eu estou me torturando com perguntas?

Senti as mãos quentes de Jazmyn segurarem meu rosto, e a encarei ajoelhada no chão, me encarando confusa.

— Você está chorando? — ela perguntou sonolenta, com a mão em meu rosto. Neguei com a cabeça, segurando a mão dela. — Por que está triste?

— Eu não estou triste, princesa. — seus olhos grudaram nos meus, parecendo não acreditar.

Assim como o irmão, ela parecia ser exigente em todos os aspectos.

— Minha mãe sempre me diz que a melhor forma de se sentir melhor é contar para alguém sobre o que sente. — ela me informou, confortando-me com sua serenidade.

— Eu estou bem, Jazzy. Venha comigo. — reafirmei, pegando sua mão e a levando de volta para a cama. — Não acha que já deveria estar dormindo? — encerrei aquele assunto, pois não queria pensar mais uma vez no garoto que tirou meus pés do chão. Nem que fosse um pensamento curto.

Avistei o tom cintilante uma última vez da lua, concedendo-me a suspirar após tocar meus lábios, os quais foram beijados intensa e prazerosamente por alguém. Antes de dormir levemente – o que eu suspeito que possa acontecer –, deixei um sorriso estonteante se apossar de meus lábios.

Seu beijo parecia uma poesia escrita intimamente. Parecia que eu havia visitado a cidade dos anjos e me perdido por lá. Sentia que eu estava mais viva que nunca. Que minha alma brilhava excessivamente, quase mais que o brilho do luar, ou o brilho do sol.

De todos os meus beijos, o dele era o que eu mais queria relembrar.



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