História Orações Suicidas - IM A FOOL

1 ano depois

Jordan´s POV

E ao fim de 15 anos tendo um coração gelado, isto foi o que eu ganhei em ter finalmente ajudado alguém. Finalmente a minha vida começou a fazer sentido, tudo porque eu achava que aquela pessoa precisava tanto de mim como eu precisava dela. Foi ela que me livrou de me drogar com pílulas inúteis. Foi ela que me fez sorrir sem querer. Foi ela que amoleceu o meu coração mais duro que uma pedra. Foi ela que me deu vontade de acordar no dia seguinte. Foi ela que me fez chorar a primeira lágrima. Foi ela. Foi ela que me fez renascer, mas também foi ela que me abandonou quando voltei a morrer. Agora estou aqui, neste sitio imundo de frieza, com o meu coração amolecido por aquela pessoa que lhe deu vida, e logo a seguir a tirou de volta. Sinto que caí numa armadilha assim que nasci. E quando pensei me ter livrado dela, ela logo veio por trás e me apanhou despercebido sem ter tempo de reagir. Agora estou preso entre estas grades tão rígidas como o meu coração era antes daquela pessoa. Agora, o meu coração não é mais nada nada menos que um pedaço do mundo jogado fora. Como uma chiclete que antes de ser aberta era dura e fria, e depois de ser mastigada foi deitada para o lixo, sem a mais pequena chance de voltar á forma que era antes. É assim que eu me sinto. Todos os dias choro um oceano inteiro, e tenho dó, não só por mim, mas também pelos desgraçados que vejo á minha volta. Todos com um olhar vazio, com um futuro apagado, e um destino definido. Uns  esperando ansiosamente pela morte, e outros torcendo para que ela não chegue antes de terem a sua oportunidade de se verem livres deste sitio. E depois aqui estou eu. Querendo viver, mas impedido. Querendo morrer, mas esperando.

- 34! Desce á terra! Toma tens aí o teu almoço. Bom apetite. – o guarda carrancudo abriu a porta de metal pesada, e atirou me com um tabuleiro de pão duro, um copo de água, e uma taça de sopa viscosa.

Sim, agora esse é o meu nome. Trinta e quatro. Depois de que matei Jake, Maria e Luke denunciaram me e vim aqui parar. Uma prisão a que chamam de hospício infantil, é onde eu estou preso. Tudo começou duas semanas depois de Isabella ter saído do hospital. Eu a observava da janela do meu quarto, e vi Jake a dirigir se lá de novo.  Nesse dia, eu não podia deixar que ele a magoa se mais. Não de novo. Antes que Jake chegasse á porta da casa da Isabella, cheguei perto dele e dei lhe 3 facadas nas costas. Não pensei quem estivesse lá para me ver matar Jake a sangue frio, na verdade não pensei em nada senão em Isabella. Poucos minutos depois, a vizinhança já tinha chamado a policia, e nem Maria nem Luke fizeram o mínimo de esforço para tentar perceber o porquê de eu ter cometido tal crime. Apenas testemunharam contra mim, e assinaram uma data de papeis para se livrarem de um “adolescente psicopata” segundo as suas palavras. Nunca mais os vi desde então. Nem Isabella. Quando fui a julgamento, falei de tudo o que sabia sobre Jake lhe ter feito mal, mas ela negou tudo. Eu não tinha provas para suportar nada do que eu dizia, por isso todos me acharam maluco. E foi por isso que vim aqui parar, a um quarto almofadado em todas as paredes, sem lençóis no colchão estreito, e sem janelas. Tudo para me impedir de me suicidar ou fugir. Apenas uma porta com um pequeno quadradinho de vidro me dá visão para parte do corredor deserto. Só saio deste quarto para as horas de almoço e jantar, e algumas vezes para fazer o trabalho que é distribuído por todos os adolescentes sem futuro. Eu tive uma pena de quase 20 anos, e foi logo me dito que a pena ainda poderia aumentar se o meu estado mental não melhorar. Caramba, agora é que percebi que estou despejado. Sem família, amigos, ou pessoas que queiram o meu bem. Agora sou apenas um pedaço de carne no mundo.

- Que coisa mais nojenta... – comento para mim mesmo, quase vomitando com o sabor da sopa.

Desisto de tentar me alimentar com aquele batido de vegetais podres, e começo a “rasgar” o pão seco e duro sem a intenção de o comer. De repente, vejo uma tira que me parece ser de papel a aparecer dentro do pão, e logo a tiro de lá. “I´m coming for you. Ass: PLEH” (Eu estou indo por você). O meu coração salta uma batida. A minha respiração torna se pesada. O meu estomago contrai se. Tudo para, até alguém interromper o meu momento de choque.

- 34! Espero que não tenhas fome o resto do dia, o teu tempo já acabou. – uma guarda abre de novo a porta de metal para levar o meu tabuleiro de comida ainda cheio, enquanto eu guardo rapidamente a tirinha de papel debaixo do colchão atrás de mim.

Espero a guarda sair, e deito me no chão almofadado de barriga para cima, voltando de novo a ler a mensagem que aparecera dentro do meu pão. Mas espera... eu conheço aquela assinatura... “PLEH”, foi o alter-ego que Isabella usou para me enviar todas aquelas mensagens enquanto eu ainda vivia com Maria e Luke. Só pode ter sido ela... Mas como? E porquê? Depois de um ano inteiro sem me dizer uma palavra, uma visita, um telefonema, nada, porque é que ela me enviaria uma mensagem destas, ainda por cima dentro de um pão? E o que é que ela quer dizer com “I´m coming for you”? Será que ela virá visitar me?

Neste momento, para além de me sentir um caco atirado para uma lixeira, também tenho um ponto de interrogação a pairar no meu cérebro. Se realmente for Isabella, eu não sei o que esperar. Será que ela virá para me acusar e me julgar de ter morto Jake? Ou para me agradecer? Ou para simplesmente olhar nos meus olhos e dizer que teve saudades minhas? Quanto mais perguntas faço a mim mesmo, mais as respostas parecem fugir de mim. Eu e Isabella nunca fomos amigos, nem muito próximos, mas eu sempre sentia que tinha algo que me ligava a ela. E eu sei que ela também sentia isso.

“I´M JUST ONE MORE PERSON IN THE WORLD. BUT ALL I WANTED, WAS TO BE THE WORLD OF A PERSON.”