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História Ordinary Life - Welcome To The Black Parade


Escrita por: TheOnlyOne

Notas do Autor


Hai meu povo^^ Como estão vocês?

Sabem que dia é hoje? Sim, é MEU ANIVERSÁRIO UHULL!! Coincidentemente da Nina também, pois esse capítulo é do aniversário dela ♥♥♥ Parabéns para nós duas kkkkkk
Eu absolutamente amo postar fanfic em 17 de Abril e não pude fazer diferente. Tô cansada pois estava viajando e passei o dia todo em aeroportos, então não pude revisar tudo certinho e amanhã faço isso com carinho. Meu humor melhora consideravelmente no outono huehue
Coloquem a playlist pra tocar, vai ser bem louco huehue

Enfim, desejo uma ótima leitura a todos e nos encontramos nas notas finais!
Isa xx

Capítulo 38 - Welcome To The Black Parade


Fanfic / Fanfiction Ordinary Life - Welcome To The Black Parade

 

Tradução do título: Bem-vindo à Parada Negra

 

“My father took me into the city
To see a marching band.
He said, "Son when you grow up, 
will you be the saviour of the broken, the beaten and the damned?"

                         Welcome To The Black Parade, My Chemical Romance

 

 No escuro, tentava recapitular todos os melhores momentos dos últimos tempos. Minhas costas estavam apoiadas na base da cama e minhas pernas se espalhavam no lençol enquanto eu ria em silêncio das situações malucas que passei com 17 anos. Em menos de um minuto eu atingiria a maioridade e mal podia esperar por isso.

— Foi um ano bom — sussurrei para o vazio e pude sentir aquilo que Harry Hole, protagonista de um de meus livros favoritos, queria dizer quando afirmou que a escuridão tem gosto. É salgado e azedo, mas não chega a ser intragável. Mesmo que Hole pense que pareça mais morte e putrefação do que qualquer outra coisa, posso formular minha tese própria sobre isso. Ficar no escuro no meio da noite conversando sozinha mostrava que eu tinha tempo.

 Sorri quando o alarme do celular tocou e vi 00h00min no visor. Agora sou oficialmente uma adulta. A sensação de que estou agindo como uma estúpida veio a minha mente assim que fitei o celular. Todo ano eu espero dar meia noite para que eu finalmente vá dormir e eu não pude fazer diferente dessa vez. É como um ritual particular, e rituais não são quebrados. Acho que fico esperando que alguma coisa extraordinária aconteça, mas é sempre a mesma coisa: encaro o nada e o dia é como qualquer outro. Confesso que é decepcionante, mas dá pra superar.

 A tela tremeu e notei uma mensagem de Ashton me parabenizando com seu jeito idiota. Nos cinco minutos seguintes recebi textos de Calum, Luke e Michael e os respondi com um sorriso no rosto. Eles tinham o hábito de mandarem parabéns assim que o dia 31 de outubro começa e vou dizer que adoro isso neles. Mostra que eu sou importante. Aliás, Clifford escreveu isso em uma parte da mensagem, o que dá mais credibilidade à informação.

  Bloqueei a tela e obedeci a vontade de meu subconsciente de dormir. Meus olhos já pesavam e foi quase instantâneo adormecer quando deitei sobre meu travesseiro.

 Acordei ao chutar alguma coisa dura na cama. O sol estava alto do lado de fora e amaldiçoei o fato instantaneamente. Queria ao menos um dia frio e agradável, é pedir demais?

— Caralho — disse ao sentir meu dedinho arder de dor. Ergui-me da cama e fitei o quarto, encontrando uma caixa de papelão ao lado de meu pé esquerdo. Peguei-a ainda na cama e tirei o bilhete que estava pregado para lê-lo.

“Não preciso dizer o quão fodidamente difícil pra achar esse presente, mas não é todo dia que uma garota faz dezoito anos. Lembro de quando você disse que era uma das coisas que você mais queria no mundo. Feliz aniversário. N.”

 Sorri instantaneamente, ansiosa para saber o que tinha dentro da caixa. Cortei a fita adesiva com uma tesoura.

— Puta merda! — berrei assim avistei o disco extremamente raro que estava dentro da caixa. Não pode ser. Não acredito. Niall comprou The Rod Stewart Album em vinil pra mim, o único que nunca encontrei em lugar algum.

 Recordei-me de quando lhe disse que queria o álbum uma vez, há muitos meses atrás. É chocante que ele tenha se lembrado de um detalhe tão pequeno. Fiquei apenas ali, admirando o meu primeiro presente do dia quando duas batidas se sucederam na porta.

— Entre — falei.

 Niall apareceu de cabelo molhado e apenas de bermuda, porém carregava um sorriso tímido ao ver que eu estava estupefata com o presente que ele me deu. Quando dei por mim já havia caminhado até ele e o abraçado com força.

— Você realmente fez o que eu to pensando? — minha voz era quase infantil. O riso dele veio segundos depois.

— Feliz aniversário, Stanton — disse beijando o topo de minha cabeça. Agradeci baixinho, aproveitando o contato direto entre nossas peles. O cheiro de Niall é incrivelmente bom.

— Vamos experimentar — disse feliz ao me desvencilhar e correr até a escrivaninha para pegar minha vitrola. Abri o disco com cuidado e o coloquei no aparelho de som, logo ouvindo as primeiras notas de Street Fighting Man soarem por todo o quarto. Cantarolei os primeiros versos com animação, vendo Niall murmurar que estava terminando o café. Apenas assenti antes dele sair.

 Tudo bem, talvez esse dia seja melhor que os outros.

[...]

 

— Eu não quero sair de casa hoje.

 Samantha bufou e sentou-se no sofá, furiosa com minha relutância. Eram duas da tarde e ela me obrigava a ir comprar roupas para a festa que aconteceria a noite na casa de Zayn. Eu, obviamente, estava fazendo de tudo para que ela desistisse da ideia. Não faço questão de comparecer a comemorações alheias no meu aniversário. Gosto de andar na rua com uma máscara de esqui (assim ninguém realmente vê meu rosto) e observar as poucas crianças que pedem doces nas casas da vizinhança. Acho as fantasias divertidas. As decorações das casas podem até não serem as mais criativas, porém costumo imaginar que são todas para mim. Afinal, querendo ou não, é o meu dia. E o Halloween também só acontece uma vez por ano.

 Ela conseguiu me vencer por cansaço alguns minutos depois. Samantha falou e falou sobre roupas que ela tinha que comprar e que eu deveria ir com ela, então finalmente cedi. Niall observava tudo do sofá vizinho, rindo de vez em quando.  

— Odeio vocês — resmunguei ao subir as escadas.

 O sol transpassava minha janela e atingia o chão do quarto. Era o dia mais quente de toda a primavera, o que me fez pensar no quanto a temperatura australiana é instável. Fiquei chateada ao ver que estava calor demais para que eu usasse um suéter sem passar mal, portanto peguei uma blusa preta e branca e a vesti, logo colocando a calça jeans. Calcei tênis e busquei uma bolsa, além de meu celular e um par de fones preto.

— Tem duas horas — disse desanimada para a ruiva, que pareceu bastante feliz com a informação.

— Espero no carro — falou ela com um sorriso luminoso. Acenou para Niall e saiu pela porta.

— Ela só quer ajudar, Nina. — Horan finalmente se pronunciou, levantando-se do sofá e indo até mim.

— Samantha é uma compulsiva em compras — bufei. — De qualquer modo, chego antes das seis. Pelo menos espero.

 Niall riu de olhos fechados e me trouxe mais para perto, dando-me um beijo rápido que me fez parar nas alturas. Aquilo estava se tornando algo bastante rotineiro para ele, beijar-me sem permissão. Não me importo, de qualquer maneira. Ele pode fazer isso a hora que quiser, quando quiser. Senti o gosto de chocolate em sua boca e sorri, lembrando que nós dois tínhamos acabado de devorar uma barra de meio amargo antes da chegada de Sam.

Anotei aquele momento na memória, junto com vários outros que só ele me proporcionou.

 A ida até o shopping foi tranquila. Fiquei o tempo todo observando as ruas enfeitadas e escutando Van Havinsway fofocar sobre quem compareceria a festa. Pelo que me parecia, Zayn e Liam tinham preparado uma extensa lista de convidados e isso me deixava profundamente assustada e incomodada.

— Os amigos Liam que vieram de Londres são mais velhos. Pelo que ouvi de Harry, o mais novo possui 22 anos ou algo assim. Não me recordo bem os nomes, mas posso prever que eles vão endeusar as festas australianas. Já vivi na Inglaterra e posso dizer que as festas de lá não são grande coisa — ela deu de ombros, olhando o batom fortemente marcado no retrovisor.

 — E onde você não morou, Sam? — disse em tom de brincadeira, causando risadas em nós duas.

 Felizmente Samantha levou a promessa de não demorar muito a sério. Ela comprou um short alto e uma sandália de salto preta, alegando que já tinha a blusa perfeita para usar com o conjunto. Sam, por mais que vista peças de acordo com sua faixa etária, sempre demonstra classe em suas roupas. Gosto disso. Queria ter a mesma coragem de usar peças elegantes que ela tem, porém já considero o passo de deixar de usar longos moletons por um dia bastante significativo. Mal me lembrei que estava sem mangas cobrindo meus braços.

 Samantha insistiu que eu comprasse alguma roupa para ir a festa mais tarde, porém recusei veemente. Sei que não tenho nenhuma que se encaixe na ocasião, mas acho que dou meu jeito. No fim do dia ela chegou com uma sacola azul e me estendeu.

– Seu presente – sorriu timidamente. Aleguei que ela não deveria ter comprado nada, mas ainda sim peguei a sacola. Lá dentro havia botas pretas de cano médio, que provavelmente bateriam um pouco abaixo da panturrilha.

– É linda – disse sinceramente. Não uso botas com freqüência, mas aquela era realmente muito bonita. – Obrigada.

– É para você usá-los hoje. Tenho certeza que vai humilhar aquelas putas que vão de salto alto – Samantha parecia uma anarquista falando, algo que me causou risadas. – Tudo que se precisa para uma boa festa é estilo próprio, querida. Isso eu sei que você tem de sobra.

Chegando em casa, assustei-me com os quatro corpos jogados no chão. Repito, no chão. Sendo que tinha um sofá bem ao lado deles.

– O calor está afetando a mente de alguém – cantarolei ao fechar a porta e chamando a atenção de Calum, que, a meu ver, era o único vivo ali.

– Bem provável, porque estamos aqui a mais de uma hora mofando e nada de você chegar – disse ele antes de me envolver em um abraço. Bagunçou meus cabelos e sorriu. – Parabéns margarida.

– Obrigada – respondi antes de repetir o procedimento com os outros três, que ainda tiraram uma com minha cara, chamando-me de bruxa por ter nascido no Halloween. Revirei os olhos.

– Nos temos algo pra você – Luke cutucou meu ombro e me fez virar. Michael estava segurando uma longa caixa verde escura que tinha vários adesivos da Barbie colados. Ah, essa é uma característica nos presentes que os meninos me dão. As caixas sempre são infantis e refletem o estado mental deles.

– Isso me parece interessante – sorri ao receber a caixa. Tirei o laço que a envolvia e em seguida a tampa. Arregalei os olhos e um sorriso gigantesco brotou em meus lábios. – Meu deus!

 Uma bela luneta dourada, esse era o meu presente. Ela tinha o comprimento de uma palma quando fechada e características de modelos antigos. Possuía três fases de abrir, sendo que a primeira (aquela que está mais próxima da lente convergente) era revestida por couro preto. Não era uma das maiores, mas sempre fora a que eu sonhei ter. A borda da lente era dourada como a base.

– Já mencionei o quanto vocês são os melhores? – disse com convicção e um sorriso bobo.

– Você só aumenta nosso ego – Ashton riu e me abraçou de lado. – Quantas horas são?

Olhei rapidamente no relógio. Cinco horas.

– Vamos tocar, então temos que estar na casa de Malik as oito pra arrumar o equipamento e passar o som.

– Vão ensaiar agora? – Luke assentiu. – Posso ir com vocês?

 Michael e os garotos ergueram os polegares e sorri, em seguida subindo até o quarto para colocar meu presente na cômoda. Mamãe havia me dado um Box de literatura alemã mais cedo e os coloquei em minha estante de livros improvisada, que por acaso já estava lotada demais. Espero que não quebre com o peso extra.

 O repertório que os meninos haviam escolhido tinha minhas músicas preferidas deles. Cantei todas, já que sei a letra de olhos fechados. Ajudei a escrever muitas delas. Olhei para as cicatrizes de meus dedos e suspirei pesadamente. Ali, vendo os meninos juntos fazendo o que amavam, senti falta de antes como nunca.

 Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza teria feito escolhas diferentes.

 Voltei para casa apenas depois das sete e meu estômago roncava de fome. Matt Healy, vocalista do The 1975, cantava que precisava fugir e que seu cabelo cheirava a chocolate em meus fones, o que não ajudava muito, então foi só botar os pés na cozinha que corri até a geladeira para comer alguma coisa.

– A comida não vai fugir – Lauren riu de meu desespero ao tirar os ingredientes para um sanduíche rápido. – Vai me ajudar com os doces esse ano?

 Mamãe tem esperanças que, agora que sou uma pessoa com mais de 25% de vida social, eu a ajude a dar doces para as crianças que aparecem na porta. Comecei a cortar o pão e neguei com a cabeça.

– Eu bem que queria, mas Niall me arrumou uma festa hoje.

– De Halloween? – os olhos dela brilharam e apenas assenti. – E vai com que fantasia?

– Estava pensando em ir de mim mesma, o que acha? – perguntei em um tom divertido e Lauren revirou os olhos.

– Não tem nada melhor não, filha? – ela disse e a encarei boquiaberta. – Brincadeira – riu de minha cara de indignação. – Acho ótimo só o fato de estar indo. Quero que se divirta, mas tome cuidado lá, tudo bem?

– Ok – finalizei o assunto no mesmo momento que terminei o sanduíche. Enquanto comia, mamãe e eu começamos a conversar sobre coisas aleatórias. Ela me contou sobre seu trabalho e eu sobre a escola. Mamãe já sabia que eu iria para Frankfurt e tentava não demonstrar tristeza, mas eu sei que ela , se pudesse, mudaria minha mente para ficar. Só que Lauren sabe que devo ir. Que eu preciso sair daqui.

 Um barulho estranho no andar de cima fez com que nós duas parássemos o que estávamos fazendo. Lauren comprimiu os lábios e na mesma hora soube que ela estava escondendo alguma coisa.

– Niall está aqui? – franzi a testa. Pra mim ele estava ajudando Zayn na arrumação.

– Então... – ele coçou a cabeça e bufou. – Vamos lá encima, sei que você não vai sossegar até que descubra.

 Subimos as escadas juntas, Lauren entrando primeiro que eu. Estávamos na porta de seu quarto e, quando olhei para dentro, vi Niall montando algo bastante grande e metálico.

– Que diabos... – parei no meio do caminho. A caixa de papel longa que estava na base da cama respondeu a pergunta que eu nem tinha feito.

Meu deus. Niall está construindo um telescópio.

– Feliz aniversário, Nina – mamãe me abraçou pelos ombros e beijou minha testa. – Uma astrônoma precisa de seu principal instrumento de trabalho, certo?

 Não respondo. Estou paralisada.

 Lembrei-me do meu pai quase instantaneamente. Pude sentir o cheio da clareira que costumávamos frequentar no sul de Frankfurt quando eu era apenas uma criança e observávamos as estrelas e constelações. Ele me disse que compraria um telescópio para que eu pudesse vê-las sozinha quando ele estivesse longe.

 Phillip nunca cumpriu sua promessa, mas era o único que sabia de minha paixão por estrelas.

— Eu nem sei o que dizer — disse depois de algum tempo. Uma forte dor no peito me incomodou e soube que era a vontade de chorar. Nenhuma lágrima desceu.

 Abracei mamãe e disse inúmeros “obrigada” antes de soltá-la. Ela gargalhou e disse que tinha orgulho de mim, que sabia que eu teria sorte no futuro.

— Pode brincar um pouco, mas fique atenta ao horário — Lauren avisou e sorriu ternamente antes de sair do quarto. Só então olhei para Niall, que apontou para o telescópio recém-montado.

— É todo seu — disse.

 Apressei meus passos até onde o instrumento foi construído, porém Niall ficou confuso ao ver que eu ignorei o presente. Parei na frente dele e o puxei pela camisa, logo colando meus lábios nos seus. Apesar de bastante surpreso, Horan logo voltou ao seu estado normal e respondeu com vigor, puxando-me pela cintura. Ali, implícito no beijo, coloquei toda a felicidade e gratidão que o momento me permitiu doar, mostrando que ele era uma das únicas coisas que realmente importavam para mim. Que eu havia sacrificado muito por ele.

 Ele aprofundou seu toque e pude me sentir em casa. Niall tocou meu pescoço e fez um leve carinho ali, me levando as alturas. Enrosquei minhas mãos em seu cabelo mais que depressa, bagunçando os fios que estavam ao meu alcance. Eu estava desesperada com a sensação maravilhosa que meu corpo estava me desfrutando. Sentia-me envergonhada, porém confiante. Era estranhamente confortável estar nos braços de Niall e, só então, percebi que era ali que eu desejava ficar.

 Ele era diferente. Não partiria meu coração com tanta facilidade.

 Quando nos separamos pude ouvir um breve protesto dele, que por algum motivo me ver rir.

— Obrigada — disse por fim.

— Pelo que? — ele perguntou ao passar o polegar sobre meu rosto. Sorri brevemente por sua inocência. Se ele ao menos desconfiasse.

— Por tudo, absolutamente tudo.

[...]

 

 Samantha já havia jogado metade de meu guarda-roupa no chão quando deu o ultimato:

— Você só tem suéteres?

 Assenti, confirmando o óbvio. As poucas blusas de manga que possuo devem estar ruins demais para que Sam as considere como opção.

— Ok, nós estamos com um grande problema aqui — disse ela ao jogar um moletom azul no chão. — Eu adoro essas roupas Nina, sério, mas não acha que usar isso na Austrália pode ser meio doentio?

— Não sinto tanto calor, acho que me acostumei — era quase uma verdade completa. Só me sinto incomodada quando estou na rua e o sol bate diretamente sobre mim.

— Não temos tempo de comprar nada, então será melhor improvisar — Sam sorriu diabolicamente e voltou seus olhares para as gavetas abertas. Senti um pouco de medo, porém decidi não replicar. Samantha fala muito quando a contradizem.

 Por fim ela conseguiu montar uma roupa que eu achei legal, além de combinar comigo. Sam encontrou uma camiseta que Luke havia me dado séculos atrás e que eu nunca tinha usado, colocando um cardigã longo sobre ele. Pegou as botas que ela tinha me dado mais cedo e um shorts jeans.

— De onde surgiu isso? Eu não uso shorts — fiz uma careta com a ideia.

— Mas tudo tem uma primeira vez — replicou ela.

Embirrei mais alguns minutos, mas finalmente cedi. Peguei meu celular, fones prateados — minha marca de originalidade — e fui fazer minha maquiagem básica. Somente rímel, lápis e pó. Me permiti passar um gloss mais escuro para dar cor aos lábios e fui até o espelho maior para ver o resultado.

— Gostei. Gostei de verdade — sorri, mesmo que estivesse desconfortável com o short. Samantha parecia muito satisfeita consigo mesma.  

 Descemos as escadas e Niall sorriu ao nos ver, dizendo que estávamos lindas. Enrubesci, afinal não é todo dia que alguém fala que estou bonita. Niall parece bastante sincero com isso, mesmo que esteja vestido de vampiro.

 Horan e eu íamos no carro dele e Sam iria com Harry. Já eram dez e meia e as ruas estavam com um movimento mediano. Apoiei-me na porta e respirei fundo, vendo o vidro embaçar quando o faço. Havia abóboras e vampiros falsos nas fachadas das casas e várias crianças fantasiadas corriam pelos passeios. Os gramados iluminados por luzes ou velas brilhavam sobre meus olhos com intensidade, fazendo com que eu sorrisse um pouco. Nunca busquei doces em meu aniversário. Acho que isso é uma coisa que eu deveria ter feito quando mais nova.

 Parei de observar quando o barulho estrondoso de música eletrônica atingiu meus ouvidos. Ugh, esse bate estaca sem letra, pensei sozinha e comprimi os lábios. Niall pareceu bem mais animado ao entrarmos na rua de Zayn.

— Chegamos em uma boa hora — falou e senti que iria surtar. Só até Niall estacionar contei 30 pessoas fantasiadas indo em direção a festa.

— Não sei se é uma boa ideia — hesitei por um momento. Aquela sensação ruim no estômago ainda estava presente e sabia que não significava boa coisa. Se acalme, tudo que eu não preciso é vomitar agora, pedi a mim mesma.

 Niall olhou para mim com descrença.

— É seu aniversário de 18 anos, Nina, é óbvio que consegue — tentou me animar, porém ainda fiquei intacta no meu lugar balançando a cabeça. Ele bufou. — Você estava de boa quanto a isso.

— É que... — tentei pensar em algum argumento, mas não encontrei nenhum. — Merda Niall, esse lugar me incomoda e essas pessoas também. Eu só queria ficar em casa e...

— Sem desculpas — ele saiu do carro e foi até minha porta, abrindo-a. — Você não tem nada a perder, não é?

 Suspirei e aceitei a mão dele, descendo do carro e arrumando meu cardigã. Minhas mãos ainda se encontravam trêmulas, mas Niall logo tratou de me ajudar segurando minha mão. Atravessamos a rua e finalmente estava na frente da casa de Zayn: era extremamente grande e estava bastante enfeitada com teias de aranha artificiais e esqueletos falsos. Vários holofotes iluminavam a entrada e pude ter o vislumbre de copos e pessoas largados pela grama. Tive um pouco de dificuldade de ler o letreiro que indicava o nome da festa.

Black Parade? — perguntei assim que fez sentido para mim e Niall assentiu. — É um nome legal.

  Levei um choque de realidade assim que entrei na casa. Aquilo era bem diferente das festas de Styles e de todas que eu já ouvi falar um dia. Senti cheiro de álcool, sexo e drogas, algo que revirou meu estômago e causou com que eu apertasse a mão de Niall com força. Nunca quis embora de algum lugar tão rápido quanto daquela festa.

 Ele, por outro lado, não percebeu meu incômodo e me arrastou até o bar improvisado que havia na cozinha. Luke estava lá e conversava com uma garota morena, mas ela logo saiu com nossa chegada.

— E aí cara — Hemmings disse para Niall ao entregá-lo uma cerveja. Logo sorriu para mim — A aniversariante veio mesmo.

— Eu disse que viria — mostrei língua e Niall avisou que iria procurar Payne. Assenti e logo éramos apenas Luke e eu. — De que está fantasiado?

— De nada, sabe o quanto abomino essas babaquices — fez uma careta e deu um gole de seu copo. — Você está uma mistura de  Ashton, Calum, Michael e eu. Devo me preocupar?

Revirei os olhos.

— Não. Onde estão os outros? — ele disse que estavam na área externa. — Vamos lá então.

 Logo percebi que foi uma má ideia, pois se lá fora já tinha muita gente, ali deviam estar umas cem pessoas parcialmente bêbadas e chapadas. Senti suor em minhas mãos e tudo tendeu a piorar quando Zayn, vestido de policial, chegou com um sorriso pretensioso até mim.

— Fico feliz que tenha vindo — sussurrou com os lábios perto de meu ouvido e pude sentir o cheiro de vodka em seu hálito.

— Obrigada — respondi sem graça e comecei a puxar Luke para o lado.

 De longe pude ver um palco improvisado, onde os garotos provavelmente iriam tocar. Calum estava ligando o baixo na caixa quando me viu e acenou, em seguida chamando Luke para ir até ele.

— Espera um minuto? — perguntou e dei um sorriso torto ao vê-lo ir. Acho que estou sozinha de vez, pensei já me desesperando.

— Olha quem saiu do esconderijo — uma voz feminina me fez virar e encontrei Wendy olhando para mim. — Sinceramente, depois que percebi que você é uma anti-social que só fica presa dentro de casa, pensei que nunca mais precisaria te ver por perto. Acho que me enganei, infelizmente.

 Encarei-a boquiaberta, notando que era a primeira vez que ela conversava comigo longe dos garotos. Quis cuspir que aquela roupa de Barbie tinha a deixado com cara de prostituta em crise, mas não o fiz. Wendy sabia bem como humilhar alguém e me senti impotente por deixar que ela me caluniasse. Ashton deve sentir o gosto de limão quando beija essa garota, só pode ser.

 — Deixe-me em paz — foi tudo que disse. Meus olhos começavam a tremeluzir com todas as luzes coloridas que piscavam em sincronia.

— Você é patética como sua amiga ruiva — ela debochou antes de sair e trombar em meu ombro, ato que quase me mandou para o chão.

 Respirei fundo, vendo que a noite seria mais longa que eu pensava.

 Andei um pouco ao redor e logo encontrei Samantha sentada em uma cadeira ao lado de Harry. Ela segurava um copo rosa neon e o bebericava de vez em quando.

— Graças a deus — sussurrei ao chegar perto dela. — Niall simplesmente me largou e sumiu.

— Um ótimo garoto — Sam murmurou e me ofereceu o copo. — Quer um pouco?

 Pude ver pela cor que era algo misturado, o que creio ser um péssimo sinal.

— Obrigada, mas não...

— Enfia isso na boca logo — Niall surgiu ao meu lado e pulei da cadeira com o susto.

— Puta que pariu, foi só falar no diabo — resmunguei.

— Você está fazendo 18 anos Nina, tem que pelo menos experimentar algo — ele me ignorou e apontou para o copo. — Não é obrigada a beber se não gostar.

 Franzi as sobrancelhas e mordi o lábio, ponderando sobre a ideia. Sempre tive curiosidade em saber o gosto de vodka, mas nunca coragem suficiente para experimentar. Peguei o copo e coloquei na boca, virando o conteúdo devagar. O líquido invadiu minha garganta e desceu causando queimação, o que me fez tossir. Samantha bateu em minhas costas e riu um pouco.

— No início é assim, mas você logo se acostuma — afirmou. O gosto não era ruim, apenas amargo. O som de música eletrônica parou repentinamente e as luzes focaram no rosto pálido de Michael.

— E aí galera, somos a 5 Seconds of Summer e viemos trazer um pouco de música decente pra esse lugar — seu tom agitado causou gritos de animação em todas as partes. O show deles é realmente muito amado em Sydney. — Vamos lá! Um, dois, três, quatro!

 O som das guitarras penetrou em minhas veias e sorri instantaneamente com os primeiros acordes de Try Hard. Samantha gritou ao meu lado, contagiada pelo som deles.

— Vamos lá pra frente! — berrou ela para que sua voz ficasse mais alta que a música.

Assenti silenciosamente e a segui, entrando no meio das pessoas para que alcançasse o palco. Samantha ainda conseguia ser mais rápida que eu mesmo que com saltos e isso me impressionava, pois sei que nunca terei coordenação motora para caminhar um desses.

 Foram quarenta e cinco minutos de punk rock e pura confusão. Eu fiquei mais contida, porém aceitei mais três ou quatro copos de vodka que Sam arrumou e estava ligeiramente animada. Remeti-me a cantar todas as músicas e tentar não ser pisoteada, o que deu bastante certo.

— Como fomos? — perguntou um Ashton completamente suado e grudento que chegava no bar, seguido pelos outros três que ainda recebiam felicitações pela apresentação.

— Incríveis — Samantha riu e ergueu o polegar. — Parabéns pela gravadora, vocês tem realmente talento.

— Obrigada ruivinha — piscou Luke. Ele tirou o braço de Niall do meu pescoço e colocou o dele próprio. Niall revirou os olhos ao ver Hemmings mexer em meu cabelo. — Você cheira desespero, por acaso bebeu álcool?

— Talvez — disse com a voz um pouco alterada e apertei o polegar contra o indicador. — Mas foi só um pouquinho.

— Imagino — riu pelo nariz. — Como você já tem sua companhia, vou procurar as minhas.

 O louro deu um beijo em minha bochecha e saiu, sem perceber que eu notei o plural em sua frase.

 Samantha apontou com animação para uma rodinha de pessoas fantasiadas no chão, cada qual com um copo de tequila na frente. Harry estava lá.

Eu Nunca! — bateu palminhas alegres. — Vamos jogar também?

— Não, não — balancei as mãos rapidamente. Os sinais de álcool faziam minha cabeça girar levemente e ainda eram pouco mais de meia noite, mais daquela bebida ia acabar me matando. — Estou bem aqui. Pode ir, vou procurar Niall.

 Sam me olhou com descrença, porém apenas deu de ombros e seguiu até as pessoas aglomeradas para se sentar ao lado do namorado. Ele sorriu para ela e pegou-lhe a mão antes de dar decorrência ao jogo. Levantei do banco em que estava e dei uma olhada ao redor procurando por Niall e o encontrei do outro lado da entrada, conversando com Payne e alguns garotos que me pareciam mais velhos, mas não consegui ver seus rostos por estarem virados para mim. Horan me viu e deu um sorriso largo, acenando para que eu fosse até ele.

 “Vou andar por aí”, sibilei rapidamente e não esperei resposta, apenas fui andando.

  Não sei quantas pessoas esbarraram em mim no meio do caminho — ou eu esbarrei nelas, que seja —, só sei que foram muitas. Virei um corredor na casa de Zayn e vi uma escada que não tardei em subir, apesar de ter cambaleado em alguns degraus. Minha sorte foi que Niall me seguiu e segurou minha cintura quando eu tropecei, não deixando que eu caísse de bunda no chão.

— Acho que alguém é fraca pra beber — ele brincou me reerguendo, um sorriso infantil dançava em seus lábios rosados.

— Cala a boca, duende irlandês albino — resmunguei mentalmente, mas Niall gargalhou muito alto e percebi que falei em bom tom. Merda.

 O corredor tinha seis portas e era bastante extenso, além de largo e arejado. Havia pessoas apoiadas nas paredes e um casal de lésbicas se beijava loucamente em um canto, bem ao lado de uma pintura barroca. Andamos mais alguns metros e paramos bem na frente de uma porta ao lado de um espelho vitoriano vermelho, o único ponto em destaque naquele cômodo alvo.  

— Esse deve ser o único quarto vago aqui — sussurrou ele com um sorriso de canto ao tirar uma chave do bolso e colocar na fechadura, girando-a até que a porta fosse aberta.

 Entramos e identifiquei um típico quarto de garoto: posters de bandas, cama bagunçada, sapatos e roupas espalhadas e aquele cheiro expressivo de colônia masculina. Sentei-me no chão e respirei fundo aquele aroma conhecido. Não precisava de muito para descobrir que estávamos no quarto de Zayn.

— Curtindo seu aniversário? — a voz rouca soou e sorri, tentando mascarar que eu me sentia mais desconfortável que o comum. Assim que a apresentação dos meninos acabou, notei que tudo que eu queria era estar em casa.

— Sim.

Niall gargalhou.

— Não minta pra mim, sei que está achando um porre — falou sentando-se ao meu lado e deitando a cabeça em meu colo. Minhas bochechas ruborizaram e decidi ficar calada.

 A janela estava aberta e pude observar o céu do primeiro dia de novembro.

— Com quem estava conversando? — perguntei a Niall enquanto mexia em seu cabelo macio. A sensação dos fios tocando a pele de minhas mãos era maravilhosa.

— Liam me apresentou aos amigos dele de Brighton. Acho que são cinco ao todo — fechou os olhos — mas não sei o nome deles.

— Porra, minha cabeça tá tombando.

— Amanhã será pior — resmunguei uma má resposta a ele, que se sentou e beijou meus lábios rapidamente. — Estou tentando te ajudar.

— Imagina se não estivesse — sussurrei tão baixo que ele não pode ouvir. Niall se ergueu e me ofereceu a mão. — Pode ir, quero ficar sozinha um pouco.

 Niall estranhou meu pedido, mas apenas deu de ombros e saiu pela porta alegando que estaria me esperando no andar debaixo. Olhei para a janela aberta e suspirei com o belo céu azul marinho, inundando a noite com majestade. As estrelas eram poucas, porém brilhavam com sua luz própria. Amanhã poderei observá-las de perto com meus presentes.

 Lembrei de meu pai e meu coração se apertou no peito. Senti falta de seus cabelos belos e lisos e dos olhos cheios de vida, sempre concentrados em me fazer rir. Nunca fui o visitar no cemitério onde foi enterrado, nem mesmo compareci ao enterro. Isso doía mais do que eu posso suportar; sofrer com a falta de meu pai e saber que não pude dizer adeus por puro egoísmo. Mas não há muita coisa a se fazer agora. Sou inútil demais pra mudar o que já aconteceu, creio que ele me entenderia.

 Olhei o relógio em meu celular e arregalei os olhos quando notei que eram uma e meia da manhã.

— Ficar sozinha é tão bom que nem vi o tempo passar.

Ajeitei meu chapéu e me ergui do chão, pronta para dar o fora do quarto de Zayn antes que algum casal resolvesse que transar ali seria uma boa ideia. O efeito do álcool havia amenizado e minha cabeça já não girava mais, então foi mais fácil não trombar nas pessoas enquanto descia as escadas. A festa tinha aumentado consideravelmente no número de pessoas e a música pop fazia meu coração bater na mesma melodia. Estava terminando meu trajeto quando sinto meu braço ser puxado para trás. Colidi com um corpo que logo percebi ser de Michael.

— Onde você estava? Te procurei por esse caralho de lugar inteiro, Nina — ele parecia desesperado e irritado ao mesmo tempo, porém demonstrava alívio ao me ver.

Franzi as sobrancelhas.

— Estava descansando um pouco dessa agitação toda. Minha zona de conforto está bem longe daqui e você sabe.

— Temos que ir embora agora — falou tão depressa que mal pude entender.

— Por quê?

 Mike abriu a boca algumas vezes, porém parecia indeciso no que dizer. Por fim parou e ergueu a cabeça.

— Estou cansado disso aqui, só quero ir embora. Te deixo em casa.

 Quase ri na cara dele já que aquela desculpa foi a pior que ouvi em toda minha vida. Michael era terrível em mentir e sei mais do que ninguém que seus olhos tremem um pouco quando ele tenta fazer isso, algo que ele não percebe. Apesare tudo, decidi fingir que caí na dele, afinal queria ir embora também e Niall não me levaria agora.

— Tudo bem, vamos logo.

 Clifford parecia extremamente aliviado por eu ter aceitado, e eu estava grata por me livrar daquela confusão de pessoas e do cheiro de drogas.

— Ótimo — falou — vou avisar os caras. Não saia daqui em hipótese alguma, ok?

 Assenti calmamente, mesmo que estranhasse as atitudes de Mike. O vi entrar na cozinha e sumir, logo Samantha chegou perto de mim com sinais de embriaguez.

— Olá princesa dos portais místicos do meu coração — ela disse com a língua enrolada. Meu corpo todo tremeu e logo comecei a rir.

— Oi Sam.

— Cadê seu cavalheiro dourado?

 Arregalei os olhos e meti a mão na testa. Puta que pariu, esqueci de Niall! Ele avisou que estaria me esperando assim que eu descesse!

 Mesmo que estivesse desrespeitando o que Mike pediu que eu fizesse, andei rapidamente até chegar a copa. As decorações de Halloween já estavam meio desfeitas ou estragadas, porém continuava tudo no mesmo lugar. Apertei meus olhos e pude ver Niall com um copo de cerveja do lado oposto ao meu conversando com dois caras. Pretendia dizer a ele que estava indo embora com Michael, mas alguma coisa me parou.

 Analisei os dois garotos; Liam Payne parecia concentrado no que Horan dizia, não fazendo jus à fantasia terrivelmente infantil de Batman que mais parecia o meu bolo de aniversário. Porém não foi ele que me chamou a atenção. Ao lado dele havia outro garoto, um pouco mais baixo e de costas. Sua jaqueta jeans surrada tinha mangas mais curtas que seus braços e deixava o início de várias tatuagens à mostra. O jeans preto e rasgado dava um ar descontraído e o modo que o cigarro estava preso nos dedos mostrava habilidades de um fumante nato. Vans nos pés e cabelos castanhos bagunçados lembravam-me os estudantes de Melbourne, apenas preocupados com a dose de whisky que tomariam depois da aula.

— Deve ser um dos amigos britânicos de Liam — sussurrei ao me aproximar mais.

 Quando ele se virou de lado, parei abruptamente e encarei o rosto angelical daquele garoto. Face pálida e barba por fazer, do exato modo que eu pensava que ele estaria quando mais velho. Minhas pernas vacilaram e cai de joelhos no chão. Um buraco negro havia me engolido aos poucos e senti que vomitaria toda a bebida que havia ingerido. Meu coração acelerou com uma rapidez que não pensava ser possível. Lembrei-me da foto que Niall havia encontrado e cerrei os punhos. Ele parecia tão inocente e inofensivo na fotografia quanto agora, porém um único pensamento me decorria.

Aquele vagabundo ainda está vivo.

 Todo o ódio que estava dentro de mim afetou todas minhas células, levando-me a um frenesi desesperado. Minha visão ficou turva rapidamente, mas tive sucesso em me reerguer e arrancar com violência uma garrafa de vidro da mão de uma pessoa que passava. Olhei para ele novamente e ignorei as reclamações da garota sem sua bebida, apenas avançando até onde Niall estava. Minha respiração ofegante, lábios úmidos, olhos ardendo: tudo me incentivava a continuar. Ergui a garrafa e caminhei mais rápido.

Ashton me alcançou na última hora. Olhou para mim com confusão, mas se assustou com meu estado.

— Me larga agora — ordenei com a voz terrivelmente calma.

— Por que você está segurando isso?

 Puxei meu braço e virei para frente cambaleando. Mal pude notar quando taquei a garrafa do lugar que estava e atingi em cheio a parede, assustando todos ao redor. A música parou e todos olharam onde os cacos despedaçados haviam caído.

 E então ele olhou para mim. Seus olhos me estudaram dos pés à cabeça e um sorriso presunçoso apareceu em seus lábios. Estremeci e senti os braços de Calum, que chegou de repente, me segurarem. Meu amigo olhou para frente e rosnou.

— Filho da mãe.

 Niall me olhava aterrorizado e todo o ódio que estava em mim se esvaiu. Aqueles olhares me diminuíram e me senti um monstro, uma aberração. Eram tantos julgamentos silenciosos que as vozes em minha cabeça não cessavam. Um medo horrendo atacou meus músculos e desfaleci nos braços de Calum. 

 Aquele que costumava atormentar meu sono a noite deu uma breve risada e jogou o cigarro aceso no chão, o apagando com a sola do tênis.

— Você costumava ter uma mira melhor, Nina. Estou decepcionado.

Sua voz opaca e entediada penetrou meus ouvidos e soube que ela me acompanharia em todos os locais, inclusive em meus pesadelos. Luke saiu de uma das laterais e acertou um soco no rosto dele, que cambaleou para trás e tocou o maxilar.

— Como tem a cara de pau de voltar aqui sabendo que ela viria? — gritou ele.

— Não sabia, Hemmings — seus olhos terrivelmente azuis voltaram a me fitar e ele deu um sorriso maldoso. — Mas só torna as coisas mais interessantes.

 Foi a única coisa que escutei antes de enxergar pontos pratas que foram me cegando aos poucos, como se estivessem me dopando.

— Ele está de volta, Calum — murmurei debilmente para meu amigo, que me olhava com desespero. — Louis Tomlinson está aqui.

Meu coração foi batendo mais lentamente e logo fui totalmente tomada pela escuridão.

 


Notas Finais


Nina Roupa: http://www.polyvore.com/tricks/set?id=106735376
Sam Festa: http://www.polyvore.com/down/set?id=120359853
Nina Festa: http://www.polyvore.com/band/set?id=145222612

Playlist: https://open.spotify.com/user/isatheonlyone/playlist/21Y0AnYkbvVoeinc0nNJuX

Olha esse vídeo de Niana que a Manda fez, estou apaixonada: https://youtu.be/Ew8orhKpOZc

É aquele ditado né: quem é vivo sempre aparece.
Primeiro: não me odeiem por favor. Segundo: não pensem que a fanfic acabou. Estamos em uma parte crucial da história e preciso da reação de vocês mais do que nunca! Espero que gostem do que acontecerá daqui pra frente :) Mil desculpas pela demora e até logo, vou curtir o restinho que me resta do meu aniversário fazendo trabalho¬¬¬

Mil beijos e obrigada por tudo. É um presente ter vocês em minha vida, por isso faço questão de dizer quanto os amo.
Beijos meus e até o próximo capítulo!

Isa xx


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