A garrafa alta e de tom verde musgo pousou brutalmente na mesa da sala de jantar, o líquido dentro dela se debatendo contra as paredes de vidro, sons baixos de mar sendo provocados, tudo pelo grande entusiasmo de Venti, orgulhosos pela sua recém-compra na Taberna.
- Veja, (S/N)! Este é um vinho antigo, um dos melhores e mais bem guardados de Diluc! - Explicou o rapaz, apontando alegremente para o rótulo estampado no recipiente, iniciando uma apresentação chique exclusivamente para o item - Tem um sabor forte de maçã, então já sabemos que é bom. A ideia de acabar com essa garrafa inteira em uma noite parece interessante, sim?
Você riu em simpatia, dando um de seus melhores sorrisos para seu namorado eufórico. Levantou-se do sofá em frente a lareira e caminhou lentamente para seu amante, o livro intrigante do qual estava lendo antes de sua aparição foi deixado de lado.
Seus lábios se alargaram em um sorriso maior quando o viu disparar sua adorável marca-registrada, um famoso "Ehe!" que deixava o seu coração aconchegado em paixão amorosa.
- Claro, podemos sim. Realmente é uma ideia grandiosa. - Respondeu, tendo seu mindinho enrolado ao dele, mais uma das travessuras de seu Arconte - Mas a conta que um dia teremos que pagar por esses vinhos ainda vai me matar do coração.
Ele riu de seu trocadilho que remetiam somente verdades, porém, algo dentro de si mesmo o puniu fervorosamente, pensamentos rudes o xingando por achar graça em um tema mórbido e áspero. Esse reflexo não surtiu certo sentido, Venti se pegou confuso em sua própria implicância mental, não sabendo como reagir à sua diversão e desdém. Um complexo bipolar bagunçando seus pobres raciocínios.
Quando se deu conta, duas taças bonitas estavam espalhadas pela mesa, cada uma em suas respectivas direções, cintilando com a colisão da iluminação da lâmpada em seu material. Chocolates de gostos sortidos foram colocados em uma bandeja de prata, tentadores até o último ponto.
Você forçava cada músculo de seus braços para colocar pressão no sacarolha, veias saltando de sua mão quando seu objetivo era abrir a garrafa e remover a teimosia de sua tampa dura. Nessa oportunidade perfeita, o azulado ergue seu dedo indicador ao céus, a bebida se remexendo com tamanha pressão e fazendo a rolha flutuar para fora, junto a ferramenta fincada violentamente nela.
- Que Arconte exibido. - (S/N) zombou, suas palmas posicionadas em ambos os lados de sua cintura, sobrancelhas franzidas em dúvida, um olhar desafiador e um sorriso meigo. O coração do mais velho saltou em seu peito e lhe foi direcionado uma piscadela.
*Timc...Timc...*
As taças colidiram em sintonia melodiosa, o líquido vermelho escuro brilhando lindamente no copo de cristal puro e bem polido assim que foi servido, sorrisos idênticos sendo trocados em intimidade e juras do mesmo sentimento.
Você se deliciou com um gole, seus lábios tomando um novo tingimento quente. O Bardo admirou a boa vista lhe proporcionada, tendo apreço pela sua expressão fina de olhos fechados, os cabelos (cor) armados e arrumados e os dedos roçando e desenhando no recipiente.
Barbatos já viveu por muito tempo, muito mais do que meros séculos, e ele poderia jurar que nunca encontrou um ser mais perfeito ou esculpido do que você.
Ele vê interesse nos visitantes que dizem que os Arcontes tem sorte por terem existências tão prolongadas e poderes inimagináveis, mas Venti não se sente completamente privilegiado por isso, mas sim por ter alguém como você para chamar de companhia.
- Você está gostando do livro? - O moreno perguntou, tendo seus olhos curiosos direcionados para as inúmeras páginas unidas por uma chique capa de couro e desenhos profundos. A protagonista do conto usava uma capa beje e roupas simples, um visual quase tão parecido quanto o seu, e isso foi o suficiente para o rapaz se interessar pelo conteúdo - Sobre o que é?
Seus olhos vibraram com estrelas nas pupilas, orgulhosa por poder compartilhar sua sabedoria literária e fofocar sobre suas opiniões particulares sobre o começo, enredo e, futuramente, o fim.
- É sobre uma humilde dama que foi amaldiçoada quando criança. Ela deve carregar o carma de ver todas as pessoas que ama morrendo por causa dela. Seu objetivo é buscar uma maneira de acabar com seus malefícios males e... - Começou, sem tomar um único momento para respirar fundo e recuperar o ar perdido, as bochechas e o nariz corados pela animação incontrolável. (S/N) só cessou suas palavras sofisticadas quando escutou uma fungada baixa e tristonha, da qual poderia queimar a felicidade de qualquer um que a escutasse com atenção - Venti! O que houve?! Está se sentindo mal por causa do vinho?
Venti fungou e engasgou, as lágrimas transparentes caindo sutilmente de suas pálpebras e se deslocando para a ponta de seu queixo, uma dor tremenda tomando conta de seu ser por ver seu amado em um estado choroso, uma expressão tão sofrida que te deu vontade de guarda-lo em seus braços para que nunca mais se machuque com a crueldade existente no mundo.
- Eu não estou bêbado, não bebi um único gole! Só não quero que você me deixe tão cedo!
Piscadelas confusas foram distribuídas de sua parte, erguendo suas mãos para alcançar as de seu amante e as acariciar com os polegares trêmulos. Antes que pudesse perguntar sobre o que ele estava falando, abrindo sua boca e não saindo um único som, você foi interrompida por sua voz chateada, instável ao ponto de nem parecer que Venti era um bardo como um passatempo:
- Seu c-corpo humano é tão frágil quanto a *snif* pena de uma pluma. Q-Qualquer coisa estúpida pode nos afastar, assim como a garota *snif* em seu livro! - Apertando suas palmas com suas manuais confusas em desilusão, olhos aqua perdendo seus tão comoventes brilhos de empolgação e liberdade, os pobres cilhos estavam caídos com as bolotas de água cruéis - (S/N), eu sou um Arconte e, infelizmente, o tempo vai acabar nos separando...
- Venti, se acalme. Eu...
- Eu não consigo, não consigo! Como posso relaxar sabendo que meu único e mais perfeito amor sumirá diante dos meus olhos?! Eu não quero te perder! - Gaguejos incoerentes escapando de sua garganta rouca, suas próprias lembranças e sabedorias o maltratando e partindo seu coração em cacos de vidro - Por favor, não me deixe te perder!
Angústia, medo e tristeza. Tudo se acumulando momentaneamente em seu peito após concluir que seu corpo simplista não poderia resistir a situações de caos tenso. Até o ato de agressão mais medíocre para ele poderia destinar o seu maldito fim, e o que ele poderiam fazer depois disso?
Nada.
Absolutamente nada.
Te perder significaria sua perdição também, ele nunca poderia se esquecer de você, da sua musa mortal e delicada como a neve. O morno Sol acabaria contigo em instantes impensáveis, e ele, como o vento, não poderia fazer nada, só assistir.
Mas ele pode te proteger! Mas e se ele não puder?
Mas ele pode cuidar de você! Mas e se ele falhar miserávelmente?
Barbatos piscaria e você sumiria, se tornando cinzas negras, flutuando em sua memória chateada. Se reerguer seria impossível, a culpa se instalaria em sua mente assim como esse diálogo interno, talvez tão intensamente quanto as suas saudades.
Viver para sempre foi um luxo, ele pôde ver coisas incríveis crescerem e evoluírem, degustando de cada uma delas com atenção. Mas, agora, parecia mais uma praga imunda. O moreno passaria anos ao seu lado, mas não seria possível negar seu envelhecimento e que você estaria com o pé na cova.
O que seriam anos, pareceriam segundos. O temor de não aproveitar tudo o quanto antes o assombraria, mas, mesmo tendo feito, ainda teria o pressentimento de que nada foi suficiente.
Por tudo isso, o Arconte repetia sem parar: "Eu te amo. Eu te amo. Fique.".
Você suspirou em cansaço, apertando mais firmemente as palmas desajeitadas e fechando seu olhos para idealizar cada palavra e escolher a melhor frase para tal, esperando acalmar a morbidez inacreditável de seu amante chorão e soluçando. Você tinham certeza, depois daquele feito, demoraria um certo tempo para Venti recuperar sua voz angelical e cantar suas canções novamente.
- Escute, Venti. O tempo é uma máquina imprecisa, as coisas acontecem sem um planejamento prévio ou qualquer aviso preliminar, e isso pode acabar ferindo os corações mais fracos e sensíveis. Mas nós dois somos fortes, sim? - (S/N) perguntou, um sorriso bondoso estampado em seus lábios para construir segurança alheia. Ainda com olhos marejados, Venti concordou com a cabeça em armagura pura e fungou mais uma vez, tentando secar a bochecha em seu ombro coberto por seu manto verde - Isso mesmo, sim. Então, pense comigo, se só pensarmos nas coisas pessimistas e cruéis que o mundo tem a nos oferecer, não teremos visão para a alegria inebriente que pode adornar nossas vidas. Vamos rir e nos sentir amados nesse presente e no futuro, vamos focar nisso. Está tudo bem ficar triste com os ocorridos, mas, por favor, não deixe isso te dominar. E eu também te amo, muito mesmo. Eu ficarei contigo o quanto puder.
Suas palavras queridas retiraram grande parte do peso brutal instalado nas costas do Bardo, um certo alívio incompreensível se instalando, acelerado de adrenalina. Talvez suas juras de amor e cuidados tenham o assegurado de que você iria estar ao lado dele até o último minuto, e que muitas jornadas juntos iriam chegar em breve.
Mordendo o lábio e fungando uma última vez, o Arconte respirou fundo e deu seu sorriso habitual, aquele cheio de esperança que motivava até a alma mais depressiva de Teyvat. Os olhos aqua estavam vermelhos ao seu redor, consequência de seu choro impertinentes, que insistiam em cair e bater na superfície dura da mesa.
Mas, de determinado modo, não eram mais lágrimas de promessas e "E se" quebradas, mas sim lágrimas de emoção, renovando suas antigas forças para continuar a lutar por um caminho melhor com você.
Seus olhares se cruzaram pelo o que parecia um século, apreciando suas faces extasiadas e coradas pelo grande drama anterior. Riram em um uníssono perfeito, apertando as mãos como um juramento silencioso e secreto. Você puxou suas manuais enroladas nas suas para perto dos lábios, depositando um beijo longo e amável nas montanhas dos ossos dos dedos, em seguida, sendo puxada por Venti para fazer a mesma ação, tirando proveito para esfregar a ponta de seu nariz arrebitado na pele feminina e recitar discretos planos, mesmo que você pudesse sentir seus lábios roçando-te enquanto ele sussurrava:
"Eu farei qualquer coisa para que você esteja ao meu lado para sempre. Meu dever como Arconte é cuidar de meus seguidores e reino, mas meu dever como amante é estar ao seu lado, e eu não aceito um fim para isso. Farei de tudo para que o nosso amor seja imortal."
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