O hiato de 10 anos de Kai.
Dez anos antes:
Jongin acabara de chegar à capital da Dinamarca, Copenhagen. O país costeiro, parecia uma página de livro que tinha ganhado vida!? Tudo ali era exuberante! Tess teria amado cada segundo, cada pedacinho daquele lugar.
Foi com uma dor de cabeça e um incômodo no estômago — que revirava sem parar —, que ele percebeu, que não tirava a srta Moraes de sua mente, nem por um instante. Seria difícil. Nem toda a beleza, daquele país misterioso, poderia distraí-lo de sua aflição — ou da saudade que queimava em suas veias.
"Como, até alguns meses atrás, fiquei sem me apegar a ninguém... e do nada, Tess se tornou o ar que eu respiro? O que eu vou fazer?" — "Espero que respirar, não seja algo assim tão importante" — pensou num misto de piada, e tristeza — "Ou talvez eu deva aprender a respirar embaixo d'água."
Diferente de Tess, Kai conseguiu se jogar nos estudos! Fora que estudar na Dinamarca, é uma aventura por si só!? E nem entra no mérito da questão, os passeios incríveis — e a oportunidade de conhecer o velho continente inteiro. Kai não era idiota — já que estava lá — sem a menor maneira ou chance de voltar, decidiu que aquela seria uma experiência enriquecedora.
Fez amigos, evidente. E era assediado pelas garotas, aonde quer que fosse!? Mas seu coração não voltou a se abrir tão facilmente. Ele terminou o colegial sem maiores dificuldades e sem se comprometer com ninguém. A vontade que sentia, a cada cinco minutos, era pegar o primeiro voo para Incheon, e usar as férias, antes da universidade, para ver Tess. Era uma agonia!?
Mas ele resistiu. E durante o ano sabático que tirou merecidamente — sem estudos, horários ou o que quer que fosse! — Viajou uma segunda vez por toda a Europa. E nessa viagem conheceu Krystal Jung, uma garota mais ou menos da mesma idade dele, por quem ele finalmente se apaixonou. Quer dizer... alguém, que por algum motivo, conseguiu defendê-lo da falta absurda que sentia de Tess Moraes e da Coreia do Sul.
Talvez fosse pelo fato de Krystal também ser coreana — e estar fora da Ásia — assim como ele.
Ou talvez, o que ele não admitia de jeito nenhum — ele estivesse mais solitário do que poderia suportar — Kai se encantou por Krystal. E por isso mesmo, não se deu conta, de como ela se infiltrou na vida dele, tomando todos os espaços. Como um vírus.
Ela era possessiva, e extremamente ciumenta — uma coisa ridícula — contudo, ele sempre perdoava e cansava de dizer o quanto a amava, e que não havia motivo para dúvidas, ele era só dela.
Kai começou a namorar Krystal — cinco anos depois de mudar-se da Coreia para a Escandinávia. Eles namoraram 3 anos — e ela praticamente, deu um ultimato, ou eles ficavam noivos ou terminavam. Kai não saberia dizer, o que deu nele, para pular de cabeça nessa proposta louca. Mas ele a pediu em noivado e depois em casamento, na festa de noivado.
Isso agora era história passado recente — porém, não deixava de ser bizarro.
As coisas não melhoraram — as crises de ciúme, e vexames sortidos — era como se Kai estivesse anestesiado. Um belo dia, ao concluir mais cedo, um projeto, voltou para o apartamento que dividia com Krystal — e a encontrou na cama, muito à vontade, com um colega de faculdade dele, numa cena que só poderia ser descrita como pós sexo; Ela estava sentada de costas para ele — Kai, recém chegado — inteiramente nua, com os cabelos em desalinho, rindo atabalhoada e fumando um cigarro de maconha.
E a bizarrice continua:
Kai poderia ter ficado decepcionado.
Triste.
Infeliz.
Deprimido.
Mas tudo o que ele sentiu foi alívio.
Seria o fim daquele confinamento, que tinha se tornado sua vida, ao lado daquela mulher. Krystal não teve nem o que dizer. E ela de fato não disse. Ou melhor, isso foi o que ela disse:
— Não daria certo, Kai. Nós nos acomodamos e eu preciso de aventura. Você é parado demais!?
Ele pensou:
— Ela é mesmo psicopata. Me perseguia que nem um cão farejador... enquanto dormia com a ala esquerda da Marsden University inteira. Piranha.
Facilitou muito o trabalho que ele teria de terminar tudo com ela.
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