História Os Herdeiros - Não Adianta Fugir

Havíamos encalhado na areia movediça. Matthew fazia de tudo, mas o carro não saia do lugar.

- Agente vai ter que sair daqui andando... é o único jeito! - ele disse.

- Tudo bem, vamos. Pegue as mochilas com as comidas e utensílios - eu disse, enquanto me soltava do cinto de segurança. Pegamos as mochilas, as jogamos para longe e tentamos sair do carro sem cair na areia movediça. Matthew conseguiu pular pra fora, mas eu não, acabei caindo dentro da areia movediça.

- Matthew, me ajuda. Estou afundando! - gritei me debatendo. A areia movediça estava afundando o carro e me levando junto. Eu não tinha força suficiente para sair dela. A cada vez que eu me mexia, mais ela me puxava para dentro dela. Matthew veio ate a mim e me puxou com toda a sua força possível. Demorou um pouco, mas ele conseguiu me tirar de lá.

- Esta tudo bem com você? - ele perguntou preocupado.

- Tirando o fato de eu quase ser engolida pela areia movediça, ta sim! - disse irônica.

- É qu...- ele foi interrompido por um barulho: “Glump”

- Matthew o carro! - gritei ao ver o carro ser totalmente engolido pela areia movediça.

- Ah, meu Deus! - Matthew disse colocando a mão na cabeça.

- Vem vamos - disse o puxando.

- Meu carro... - ele disse se lamentando.

- Esquece isso. Vamos sair logo daqui! - disse não dando importância.

Estava somente eu e Matthew, sozinhos no meio do nada, naquela escuridão da madrugada, no frio. Só era possível ouvir as nossas respirações e os grilos cantando. Não estávamos mais agüentando andar. Minhas pernas estavam praticamente mortas, Matthew não parava de reclamar de cansaço e sono. Então decidimos parar para descansar um pouco.

Arrumamos um canto para deitarmos e tirarmos um cochilo. Como não tinha nada de confortável para deitarmos em cima, Matthew tirou sua camisa e estendeu no chão. Não adiantou praticamente nada, mas pelo menos deu para usar como “travesseiro”, um travesseiro horrível por sinal!

Ele deitou sua cabeça na camisa, se ajeitou e pediu para que eu deitasse em seus braços, para me sentir confortável. Eu não rejeitei seu pedido, então logo me deitei. Ficamos observando, por alguns minutos, as estrelas que brilhavam tanto no céu. Matthew se apagou, logo se entregando ao sono.

E eu fiquei reparado cada detalhe de seu rosto; os olhos pequenos, com cílios tamanho médio e bem escuros; a boca pequena, rosada e delineada; a pele macia e sensível; os fios de cabelos meio louros. Tudo tão perfeito, uma beleza de modo incomparável.

Desde o primeiro dia que eu vi Matthew, eu senti algo estremecer dentro de mim, um sentimento inexplicável e a cada dia que se passava, todo esse sentimento aumentava e se tornava mais intenso... Eu sempre manti em segredo esse meu sentimento. Talvez por medo do que ele pensasse e do modo que ele poderia reagir ao saber disso.

Meus pais sempre diziam que um dia eu e Matthew iríamos namorar. Eu fingia que nem ligava e que não sentia na por ele, mas mesmo assim meus pais continuavam dizendo isso. Mas nunca acreditei isso acontecesse: eu e Matthew Lee Espinosa juntos. Afinal somos melhores amigos. Ele é praticamente meu irmão mais velho, e tem vezes que eu ate o considero como um segundo pai, apesar dele ter 20 anos e eu 18.

Fiquei aproveitando cada instante em que estava descansando em seus braços. Não é todo dia que eu tenho essa chance. Alguns minutos se passaram e eu cai no sono, me desligando completamente de meus pensamentos relacionados à Matthew. Pensamentos que eu sei que infelizmente nunca irão se realizar...

A luz do pôr do Sol acabou me despertando. Abri os olhos lentamente, levantei, me sentei e me espreguicei. Olhei para o lado e Matthew ainda dormia e babava por sinal! Peguei a mochila que eu e Matthew havíamos pegado antes de sair da casa, e comecei a fuçá-la, em busca de uma fruta, para tirar um pouco da minha fome.

Encontro um bilhete dentro da mochila. Nele estava escrito: “Não adianta fugir, você não ira escapar de mim!” A única coisa que passou pela minha cabeça, foi que poderia ser aqueles vultos que haviam colocado fogo em minha cabana e na casa de Matthew, mas não fazia sentido. Como eles poderiam colocar este bilhete dentro da nossa mochila? De repente escuto passos indo em direção contraria à nós. Os vultos estavam aqui. 

Não adianta fugir, Você não ira escapar de mim! Quanto mais você corre, mais você esta perto do fim.