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História Os Laços Que Nos Unem - A Nossa Cabeça


Escrita por: dfcrosas

Notas do Autor


Olha quem tá aqui!!!!!

Capítulo 43 - A Nossa Cabeça


Fanfic / Fanfiction Os Laços Que Nos Unem - A Nossa Cabeça

Stiles e Malia iniciaram a jornada de ida e volta carregando as caixas que o padre havia mencionado. Assim que começaram a subir o caminho até o prédio, Malia perguntou: "Por que o interesse em fantasmas?" 

Stiles tentou encolher os ombros e quase derrubou a caixa. "Só estava puxando assunto."

"Já te falei que mentir não é a maneira apropriada de evitar as verdades."

"Você tá me chamando de mentiroso?"

"Dos ruins."

"Aff, todo mundo pensa o pior de mim. Sabe, o Harris me acusou de querer apenas glória. A escola toda está focada nessas regras e nenhum deles percebe que a vida não funciona assim," ele reclamou. "Acho que essas coisas não nos preparam pra muita coisa."

Ele esperou que ela discutisse, mas Malia disse: "Também acho."

Stiles tropeçou e quase caiu por cima da caixa. "Mesmo?"

"É... A experiência de campo não devia ser aqui dentro."

Eles chegaram no prédio escolar e largaram as caixas na frente da recepção, mas não havia ninguém ali pra atende-los. Malia disse que ia procurar pela recepcionista e pediu que Stiles esperasse junto das caixas. 

Stiles ficou parado por quase um minuto inteiro antes de notar que estava sendo encarado por um meio-sangue. Ele estava perto e parado como uma estátua. Devia ser um ano mais novo que Stiles, mas era também muito mais alto. Seus cabelos eram uma nuvem de cachos. Seus olhos se arregalaram quando Stiles olhou pra ele. 

O meio-sangue ficou todo vermelho e pigarreou até encontrar a própria voz. Então ofereceu uma mão que Stiles apertou. "Stilinski," ele disse. "Quer dizer, esse é o seu nome. Não o meu. Eu só sei quem você é. Eu não sou você. Mas você sabe disso." Ele mordeu o lábio como se tentasse desesperadamente se impedir de falar mais.  

"É. Eu sei," Stiles concordou tentando manter o rosto sério. O Impostor revirou os olhos. 

"Todo mundo te conhece," o cara continuou. "Quer dizer, todo mundo sabe quem você é. Você é o que foi embora. E então voltou e matou aqueles Frios. Muito legal, mano. Você conseguiu suas marcas?"

"Duas."

Os olhos do meio-sangue se arregalaram ainda mais. "Uau."

"Qual o seu nome?"

"Lahey — Isaac," ele disse. "Quer dizer, só Isaac. Na verdade, você pode me chamar do que quiser."

Stiles não poderia chamá-lo de qualquer coisa nem se quisesse... Lahey era uma das famílias reais. Por mais que esse menino não agisse nem um pouco como se fosse da realeza.

"Tá," Stiles tentou esconder um sorriso. "Isaac tá bom."

O meio-sangue pareceu feliz. "Ouvi dizer que meio-sangues usaram magia pra lutar enquanto estavam com você. É verdade? Eu quero fazer isso. Preciso que alguém me ensine. Sou um Encantado, sabe?" ele ficou ainda mais vermelho. "Você acha que poderia lutar? Todo mundo diz que estou louco."

Stiles tentou lembrar alguma coisa sobre Encantados mas não conseguiu; o que não surpreendeu o Impostor. "Você devia falar com a Kira Yukimura."

O queixo de Isaac caiu. "Ela falaria comigo?" 

"Se você mencionar que quer lutar... definitivamente."

"Fantástico! Aliás, aquela era a Guardiã Tate?" ele mudou de assunto abruptamente.

"Sim."

"Ela é bonita. Ela é a sua mentora, né? Tipo assim, professora pessoal?"

Foi a vez de Stiles ficar vermelho. "Sim."

"Sabe, vocês nem agem como professora/estudante. Vocês parecem amigos. Vocês são amigos? Quer dizer, vocês se vêem socialmente?" 

"Não!" Stiles engoliu rápido demais e se engasgou. O Impostor riu. "É... Talvez. Às vezes."

Isaac abriu um sorrisão. "Eu sabia! Não posso nem imaginar isso — eu estaria perdendo a cabeça perto dela. Ela é tão legal. Eu nunca faria nada certo, só ficaria encarando. Mas você é legal também e você lida muito bem com a situação, tipo 'tá, tudo bem, estou com essa garota gostosa que pode me matar, mas tanto faz, não interessa.'"

Stiles teve que rir. "Você está me dando mais crédito do que mereço."

"Nah! Ah, outra coisa, é verdade que você e a Lydia Martin estão—"

"Não," Stiles interrompeu, sem nem querer saber dos rumores que se espalhavam pela Academia. "O que quer que você tenha ouvido, não é verdade."

"Tá bem," Isaac concordou de primeira. "Mas, afinal, você pode me ensinar a socar alguém?" 

"Por que você ia querer saber—"

"Bem, eu cheguei a conclusão de que vou lutar algum dia. Com magia, sabe? Mas acho que valeria à pena aprender do outro jeito também."

Stiles hesitou. "Não acho que eu seja a pessoa certa pra isso."

"Mas eu pedi pra todos os meus professores e eles disseram não!" Isaac reclamou. "Por favor, pode me ajudar a sobreviver nessa vida."

"Na verdade, socos não ajudariam."

Isaac parou pra pensar em outros argumentos. "Hmmm, talvez não. Mas pode me ajudar a lidar com aquele louco que está solto pela Academia."

Stiles encarou. Tinha a estranha impressão de ter entrado em Crazytown. "Quê?"

"Você não notou? Os meio-sangues estão aparecendo cheios de hematomas e machucados. Todos os dias tem alguém novo com um nariz quebrado," disse Isaac. 

"Você sabe quem está por trás disso? Ou por quê?"

Isaac balançou a cabeça. "Ninguém revela nada. É tipo Clube da Luta, sabe? Um dos meus colegas estava todo quebrado ontem — e tinha umas manchas no corpo. Queimaduras, eu acho. Mas ele também estava num ótimo humor. O que é esquisito — eu sempre achei que quem apanhava ficava triste, sabe?"

Em algum lugar, no fundo da mente de Stiles, o Impostor se mexeu de maneira violenta. Parecia, de repente, interessado na vida dos outros. Como se quanto mais desgraças ao redor, mais feliz ele ficasse. 

"Então, você me ensina?" insistiu Isaac, erguendo um punho. "É só fazer isso, certo? Dedão por cima dos outros dedos e um movimento rápido e certeiro?"

Felizmente, Malia voltou com dois outros homens que pegaram as caixas e levaram pra uma sala nos fundos. 

"Esse é o Isaac," Stiles apresentou. "Ele sabe quem você é."

Malia sorriu e apertou a mão dele. Isaac ficou tão vermelho que Stiles achou que ele fosse explodir. "Uau," ele repetia a cada cinco segundos. Então ele foi chamado por outros meio-sangues e teve que ir. 

"Ele sabe quem eu sou também," Stiles contou pra ela, enquanto eles saiam daquele prédio. "Foi uma coisa meio fã e ídolo. Assustador, sério."

"Isso te surpreende?" ela perguntou. "Que alunos mais novos queiram ser como você?"

"Hmmm, se me considero um bom exemplo? Não."

"Bem, eu considero."

Stiles lhe lançou uma olhadinha de lado. "Se você acha que eu sou tão fantástico, por que não me ajuda com o julgamento do Gerard?"

Malia grunhiu, "Stiles..."

O Impostor fez beicinho. Será que ela não entende como isso é importante pra ti?

"Por que você não entende como isso é importante pra mim?" Stiles disse. 

"Não, eu entendo muito bem," ela resmungou. 

"Sabe, se ele for solto, vai voltar pra aqueles planos malignos dele."

"Não há chances dele ser inocentado, Stiles. Todos esses rumores são apenas isso: rumores. Você precisa entender—"

"Você precisa nos deixar ir!"

"Stiles—"

"Ou pelo menos, deixe o Scott ir."

Malia parou de andar e olhou pra ele. "Eu também acho que ele deveria estar lá," ela disse, séria. "Mas não há nada que eu possa fazer. Você fica me pressionando como se eu pudesse controlar tudo, mas não posso. Não tenho autoridade nenhuma pra isso."

Mmmmm, você acha que ela tentou mesmo, Stiles? Que fez tudo que podia?

"Você tentou?" Stiles perguntou. "Tem que haver alguma coisa que você possa fazer. Qualquer coisa."

Malia ficou um momento em silêncio e então disse: "Tudo que eu tenho é uma posição alta numa Academia onde eles podem ficar de olho em mim o tempo todo."

Aquilo fez Stiles parar. Ele não havia pensado daquela maneira. Nunca percebeu que o emprego dela aqui era pra que ela pudesse ser controlada.

Mas ainda assim é um emprego bom, o outro resmungou.

Ou talvez fosse outra punição por ter sido pega com Matt Dahler. Talvez eles não confiassem nela tanto assim, Stiles discutiu.

Ainda não.

"É apenas mais um teste," ela confirmou. "Estou sendo coordenada. Meu primeiro trabalho sério vai ser o Scott. E eu só consegui porque teria que esperar ele se formar."

Stiles olhou pro chão e, tentando bloquear o Impostor, se desculpou. 

"Eu tentei conseguir que vocês fosse," ela disse. "Não funcionou."

"Mas e se—" Stiles se interrompeu. Houve um momento de silêncio no qual ele lutava contra o Impostor. Stiles perdeu a luta. "E se ele disse alguma coisa sobre nós? Ele sabe."

"Ele não sabe de nada," ela disse. "E, além do mais, Gerard tem problemas maiores do que nós."

"Se ele se sentir num beco sem saída, vai procurar outras soluções. Pode ser que conte, só pra se vingar."

Malia hesitou. "Então lidaremos com o que acontecer," ela decidiu. "Mas se Gerard resolver contar, ele vai fazer com você estando lá ou não." Stiles não disse nada, tentando impedir as palavras que lutavam pra escapar dos seus lábios. "Stiles, não vai fazer diferença."

"Vai fazer toda a diferença!" ele exclamou, exasperado. E o Impostor completou: "E você não parece entender."

"O quê, você acha que eu quero ver o Gerard solto?" 

Finalmente — finalmente — alguma emoção dela, não é?

"Mas já te disse, fiz tudo que podia ter feito. E diferente de você, não tenho o luxo de ter um ataque quando as coisas não acontecem do meu jeito." 

Ahhhhh, agora sim. Viu, Stiles? Viu o que ela pensa de você? 

"Por que você veio hoje?" ele perguntou, enquanto o Impostor dava pulinhos de alegria. "O que você está fazendo aqui?"

"Você sabe o quê." 

"Eu não acredito," o Impostor decidiu por ele. "Você quer nos espionar, não é? Descobrir o que acontece aqui dentro da nossa cabeça. Ter certeza de que não vamos causar mais problemas!"

Malia o encarou, dessa vez de boca aberta. Havia uma linha de preocupação na testa dela. "A nossa cabeça?" ela sussurrou como se temesse as palavras. 

Stiles engoliu em seco. Havia mesmo dito aquilo? Ele franziu o cenho. Balançou a cabeça. Tentou se situar. Então lhe deu as costas e saiu andando. Não olhou pra trás. Não tinha como. 

Será que tinha dito aquilo mesmo? Teria usado aquelas palavras? Em voz alta? Sem nem notar? Nossa cabeça... Aquilo já era demais. Aquilo passava dos limites.

Estaria o Impostor agora tão forte que nem a presença da Malia era suficiente para controlá-lo?

 

No dia seguinte, Stiles continuou guardando Kira como se nada tivesse acontecido. Não tinha dormido a noite inteira, com medo de perder o controle de novo. Se não mantivesse absoluto controle o Impostor podia tomar tudo pra ele. Stiles não correria o risco. 

Tentando se distrair um pouco, Stiles contou pra Kira sobre Isaac Lahey e o que o meio-sangue havia dito. 

"É esquisito," ela admitiu, "mas até meio-sangues brigam."

"Talvez. Mas me soa familiar..."

"Muitos meio-sangues andam irritados e querendo aprender a lutar. Sei lá, Stiles. As pessoas parecem gostar de conversar usando os punhos."

"Alguns mais que outros."

Ela deu de ombros. "Não seria a coisa mais esquisita que já aconteceu por aqui."

Com aquilo Stiles tinha que concordar. Sentindo cheio de bacon, ele mudou de direção. "Vamos seguir a comida?" 

Kira aceitou. Eles mal haviam passado pelas portas quando Scott veio correndo na direção deles; Boyd o seguindo de perto. Ele parecia muito feliz, mas o sentimentos se movendo pelo laço não eram de alegria.

"Já estão sabendo?" ele perguntou, meio sem ar.

"O quê?"

"Ah, vocês precisam se apressar!" disse Scott. "Vá fazer as malas, Kira. Estamos indo pro julgamento do Gerard. Agora!"

"O quê?" Kira e Stiles exclamaram ao mesmo tempo, os dois chocados, impressionados e empolgados. 

Eles correram até o quarto dela pra pegar algumas coisas básicas. 

Não vá, o Impostor avisou Stiles. Me escute. Não entre naquele avião!

Stiles sorriu, pela primeira vez se sentindo inteiramente em controle da própria cabeça. Não havia nada que o Impostor pudesse fazer pra impedi-lo de ir. Nisso ele não teria voto. A opinião dele não fazia peso nenhum. 

Stiles era o dono daquela cabeça. 

Era só dele. 

O Impostor se encolheu em uma bolhinha insignificante e escondeu-se no escuro. 

Era só dele.

De Stiles. 

A cabeça era dele. 

E de mais ninguém.



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