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História Os Marotos (Livro 1) - Lamúrias de um destino desconhecido


Escrita por: Cherry_hp

Capítulo 76 - Lamúrias de um destino desconhecido


Fanfic / Fanfiction Os Marotos (Livro 1) - Lamúrias de um destino desconhecido

(P.O.V. Remus)

 

...

A semana já havia começado mal. As dores estavam ficando piores e eu tentei disfarçar ao máximo tudo que estava sentindo, mesmo sabendo que Six não ficaria nada feliz com essa omissão. Só que a dor piorou naquele dia... e ainda me restavam mais quatro dias para sofrer até a lua chegar em seu ápice, e mais outros dias depois até ela decrescer.

Meu corpo parecia estar queimando. Sentia minha respiração cada vez mais forte e anasalada. Toda dor passava por cada mínima parte de mim. As lágrimas me afundavam na solidão daquele quarto, onde nenhum dos meus amigos estava e, sinceramente, no estado que eu estava, realmente era melhor que nenhum deles estivesse aqui para me ver assim...

Foi então que eu ouvi a porta se abrir. Nem consegui me virar para ver quem era, mas foi o prazo da pessoa passar pela porta que o cheiro me foi reconhecível, o cheiro de Six.

Consegui ouvir cada um dos passos ecoando pelo quarto até ele se ajoelhar no chão e secar com seu polegar cada uma das lágrimas que caíam sem parar de meus olhos. Sua voz entonada de preocupação saiu de sua boca em um breve sussurro:

- O que tá acontecendo, lobinho? – Seus olhos acinzentados me observaram atentamente e pude ver a aflição que ele estava sentindo por minha causa.

- Não é n... nada demais, Six. N... não precisa se preocupar, e... eu...

- Eu já tô preocupado e eu sei que você tá escondendo isso de mim desde o começo da semana, ou pelo menos tentando esconder de mim.

- Como v...você...?

- Como eu sei disso? Simples, eu te conheço, querido. Dessa vez não vou levar como uma mentira, mas dá pra parar de ficar fingindo que tá tudo bem quando não tá? Isso me deixa ainda mais preocupado.

- E... eu... eu... er... não tô me sentindo b... bem... – Me encolhi ao sentir outra pontada na cabeça e, para melhorar ainda mais a minha existência, aquele maldito ruído estourou em meus ouvidos.

- Tá com dor – Sirius afirmou, passando a mão pelo meu cabelo. – Tem alguma coisa que eu possa fazer?

- Não tem n... nada que você possa fazer, Six. Já tô acostumado com isso.

- Vou pegar uma coisa, só um minutinho. – Sirius se levantou do chão e correu na direção de sua cama, puxando seu malão para perto e o abrindo, retirando de lá uma caixinha mediana.

Ele veio novamente em minha direção e se sentou do meu lado, pegando um travesseiro e o colocando em seu colo.

- Já que eu não posso te ajudar com a dor... ao menos vou tentar te ajudar a esquecê-la. Deita aqui – disse, dando batidinhas no travesseiro. – Como você não tá em condições de ler e eu sei que você quer terminar de ler Razão e Sensibilidade, vou ler pra você enquanto você come esses chocolates da caixinha. Vem logo, Rem.

- Six, n... não preci...

- Precisa sim, senhor! Já te deixei muito tempo sozinho por um dia só, pelo menos me deixa te recompensar cuidando de você.

- Eu não preciso de ninguém pra cuidar de mim, Sirius. – Dei um sorriso ao vê-lo fazer um biquinho magoado.

- Não vou desistir da proposta que te fiz, Remuxo. Então, faça-me o favor de se deitar aqui de uma vez, seu lobinho teimoso! – Por mais que eu tentasse fazer Sirius mudar de ideia, não conseguiria contradizê-lo e muito menos dizer “não” àqueles olhinhos de cachorro pidão, então, preferi me deitar e aceitar a proposta tentadora de Six.

- Onde foi que você arrumou esses chocolates? – perguntei assim que mordi o primeiro. – São deliciosos.

- Looooonga história.

- Eu quero saber!

- E o livro?

- Depois. Me conta a história primeiro!

- Tá bom. Tá bom. Só não briga comigo depois de ouvi-la...

- Vou pensar no seu caso, Sirius – interrompi, fazendo com que Six começasse a rir.

- Eu e o James...

- Vish, já começou bem...

- Ei! Vai comer seus chocolates e me deixa contar a história em paz!

- Tá, continua.

- Eu e o James estávamos andando por Hogwarts durante a madrugada. Uma daquelas expedições que a gente geralmente faz pra conhecer o castelo... sabe? – Assenti. – E, por acaso, nós achamos uma passagem secreta no terceiro andar... Sabe aquela estátua da bruxa velha que tem lá? Então, ela abre uma passagem pra loja Dedos de Mel em Hogsmeade!

- Quando vocês acharam isso? E como descobriram a forma certa de abrir a passagem?

- Há duas semanas... e só tem três dias que conseguimos desvendar a palavra secreta.

- Qual é a palavra?

- "Dissendium"... Aí é só tocar a parte detrás da estátua com a varinha e falar.

- Vocês simplesmente descobriram isso do nada?

- Não duvide de nossas qualidades de bons marotos, Remuxo!

- Pera... Você tá me dizendo que roubou esses chocolates, Six?

- Não! Eu não roubei nada! Sim, eu peguei do estoque, mas deixei os galeões lá!

- Acho bom mesmo não ter roubado nada.

- Posso ser um inconsequente, querido, mas ainda assim tenho meus princípios!

- Acharam mais alguma coisa que eu não esteja sabendo durante as expedições?

- Bom, tem alguns atalhos pela extensão de Hogwarts, que eu acho que quase ninguém sabe da existência. Eu e o Jay estávamos pensando em escrevê-los em algum lugar, mas nada além disso, por enquanto pelo menos...

- Tipo um mapa?

- É uma ótima ideia, Remus John Lupin. Um mapa! Como não pensamos nisso antes?!

- Talvez seja porque não falaram comigo e com o Piet antes.

- Tá. Vamos deixar essa conversa pra depois então. Posso ler agora?

- Pode sim.

- Você parou no capítulo 27 e agora é o 28?

- Sim.

- "Nada ocorreu nos três ou quatro dias seguintes que fizesse Elinor se arrepender de escrever para sua mãe, pois Willoughby não veio, tampouco escreveu um bilhete. No final deste período, elas deveriam acompanhar lady Middleton a uma festa, a qual a senhora Jennings não pôde ir por conta da indisposição da filha mais nova; e para esta festa, Marianne [...]".

- Por que parou? – perguntei depois de Six parar a leitura e ficar alguns minutos sem falar nada.

- Marianne com i? Isso não faz sentido, fica muito mais bonito com y!

- Você parou de ler por causa de uma letra diferente em um nome, Sirius?

- Sim!

- Eu mereço!

- Tá bom. Tá bom. Já vou continuar... fica quieto e come os seus chocolates.

- Só lê, Six! – falei, rindo junto com ele pelo motivo bobo da interrupção.

- "[...] Marianne, totalmente desanimada, descuidada de sua aparência e parecendo igualmente indiferente se fosse ou ficasse, junto à lareira na sala de estar depois do chá até o momento da chegada de Lady Middleton, sem levantar uma única vez da poltrona, nem alterar sua atitude, finalmente lhes disseram que lady Middleton esperava por elas na porta, ficou espantada como se tivesse esquecido de que esperavam alguém"...

Fechei meus olhos e aproveitei cada uma das palavras descritas no livro que saíam de sua boca. O ruído ainda tintilava em meus ouvidos, bem mais calmo que antes. A dor ainda estava presente, mas...

Levantei-me de seu colo, fazendo com que ele parasse a leitura e me olhasse confuso. No mais puro impulso, me aproximei mais dele e o abracei.

- Por que o abraço repentino? – sussurrou rente ao meu ouvido.

- Só queria uma forma de agradecer sem ter que falar nada, pra você não brigar comigo por estar te agradecendo, entendeu?

- É, eu entendi. Quer que eu continue lendo, lobinho?

- Quero sim – respondi, me aninhando aos braços de Six e repousando minha cabeça em seu peito.

Sirius deu um breve risinho e começou a fazer cafuné em meus cabelos enquanto voltava a ler. Ali, deitado no peito dele, pude ouvir o som de seu coração se mesclando com sua voz, e o ruído se juntando aos outros sons. Pela primeira vez, em semanas, aquele ruído não me foi um incomodo.

 

...continua no próximo capítulo...



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