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História Os Mestres da Guerra - CARLA --- Surfando nas ondas espaciais


Escrita por: CapivaraDoBem

Capítulo 24 - CARLA --- Surfando nas ondas espaciais


Eles mal tiveram tempo de ver o que tinha acontecido. Ao apenas trazer aquela pedra estranha, que Cristopher segurava, para perto do motor, houve uma ligação entre os dois objetos, e o motor ligou. Uma fração de segundo depois, todo o Reino do Caos estava se despedaçando, e os pedaços sendo arremessados em várias direções, a centenas de vezes a velocidade da luz. Em vez de tudo ser puxado em direção ao motor, os destroços (isso incluía-os também) foram empurrados para longe do motor, como se ele emitisse uma gravidade negativa (o que era basicamente isso que fazia).

A sensação de viajar em velocidades absurdas é estranha. Não é possível se concentrar no trajeto, se você vê algo que parece ser grande (falando do Universo, quando algo é grande, é porque é muito grande) e distante, num piscar de olhos (talvez menos) esse objeto já passou. Não dá para diferenciar as cores nem distâncias, tudo é branco ou preto.

Carla não sentiu enjoo. Na verdade, estava tão rápida que não conseguia se sentir direito. Só conseguia pensar no que tinha feito, repassar mentalmente o que havia acontecido. Se tivesse sido ágil, e desacelerasse o tempo em volta do motor, para que os outros pudessem reagir, nada disso teria acontecido. Agora, ela foi ejetada por aí, e provavelmente vai viajar para sempre, em direção ao nada.

Mas ela escuta uma voz ao longe. Muito ao longe.

 

ONIPRESENÇA, ATIVAR!

 

Carla abre um sorrisinho. De repente, o Universo inteiro parece obter consciência, como um infinito ser que toma conhecimento da sua extensão. Ela se sente observada. Observada não, por que isso pressupõe olhos, e a entidade simplesmente sabia que ela estava presente.

 

– Meu poder é infinito! Estou em todos os lugares, não posso ser parado, e minha velocidade é infinita! – A voz se materializa, em todos os lugares. – Quem sou eu?

 

– A zueira?

 

– Também! Mas se você não morreu ainda, é por que está sendo salva por mim. Sabe o que vai acontecer agora, né?

 

– Aham.

 

ONIPOTÊNCIA, ATIVAR!

 

Tudo congela em pleno ar (ou vácuo, vocês entenderam!). Ela tenta se mexer, mas não consegue. Carla sabe qual é essa sensação. O tempo congelou para ela. Mas, possivelmente, não só para ela. O ser onipotente que fez isso deve ter feito em escala universal. Afinal, a única entidade literalmente onipresente, onipotente e onisciente que existe é o papai de Cristopher. Então, o Universo inteiro deve ter congelado.

E, de fato, Caos foi voltando no tempo em todo o Universo. Carla sentiu-se arrastada, forçada a voltar para uma dimensão que, de outra forma, jamais teria conseguido voltar. Sim, o tempo é uma dimensão. Cada segundo que se passa altera o Universo em uma forma 3D. E então se perde. Mas não para Caos, já que ele é onipresente, pode manipular as dimensões existentes, talvez até criar outras.

 

Como é a sensação de voltar no tempo, conscientemente? Bem, ela não sabia descrever muito bem. Era uma sensação parecida com um puxão, mas não vinha de cima, de baixo, trás, frente, esquerda nem direita. Vinha de algum outro lugar. Ela não poderia evitar. Mas, como um ser de apenas três dimensões, ela só conseguiria vivenciar um segundo por vez. Caos provavelmente consegue ver o passado, presente e futuro do mesmo jeito que uma pessoa comum vê uma caixa comum.

 

– Sim, consigo fazer tudo isso que você pensou. E, se eu não sou capaz de fazer algo, eu crio uma dimensão em que eu possa fazê-lo. – Caos se manifesta, na sua mente. – Estou acima de tudo e de todos. E isso torna o Universo ainda mais divertido. Agora, volte ao seu devido lugar...

 

O puxão ficou mais forte, mas Carla não sentiu-se pressionada, machucada. Ela simplesmente voltava, sem dor, sem nada. E voltava na mesma velocidade com que foi. Dentre cinco minutos, tinha novamente pousado no Reino do Caos. Via os pedaços fragmentados reunindo-se, o motor, que foi despedaçado, consertando-se sozinho. Tudo se refazendo sozinho.

 

TOMEM MAIS CUIDADO, CRIANÇAS… A voz de Caos bradou pelo Universo. Caos então materializa-se ao lado deles:

 

– Vocês causaram uma anomalia gravitacional extremamente grande em mim. Essa tecnologia é muito perigosa. Deem um jeito nisso ou terei que proibir manipulação de gravidade.

 

– Sim, mestre. – Primus aceita a bronca.

 

 

Caos vai embora. Assim que ele sai, olhares de desaprovação repousam sobre Cristopher. Basicamente, foi ele que ligou o motor, mesmo sem querer. Esses olhares de desaprovação somem instantaneamente, assim que ele empunha seu machado. Depois, todos caem na gargalhada.

 

– Primus, acabe logo com isso. Cansei de construir naves. Quero pilotá-la logo… – Cristopher pede.

 

– Ansioso, pequeno? – Primus debocha da cara dele, e debocha mais ainda ao chamá-lo de pequeno. – Muito bem… Leo. Pode fazer aquilo.

 

Leo assente, e estala os dedos. As peças da nave voam sozinhas para o lugar em questão de segundos. Dentro de pouco tempo, a nave fica pronta.

 

– Ótimo. Vamos ver como essa belezinha funciona… – Trevor surge de alguma sobra, e diz, enquanto embarca.

 

Carla é a última a embarcar. Última dos membros da Tropa, claro. Finis embarca junto a eles, e Carla não sabe o motivo. Quando pergunta, ela simplesmente responde “vocês precisam de uma deusa do meu calibre para essa missão”. Lá fora, Primus prepara o lançamento. Com um sinal de polegar para cima, Cristopher, o piloto nato, e Finis, que senta ao seu lado, e é o co-pilota, empurram o manche para cima, devagar. Na sala das máquinas, uma faísca é liberada, e o motor ganha vida, dessa vez sem destruir nada.

O visor principal lentamente vai mudando. Quando saiu do Reino do Caos, a velocidade mostrada pelo display era de 0,003c. Dois minutos se passam, e agora a velocidade mostrada está em 0,999c. Os traços geométricos, do lado de fora, sofrem uma leve distorção.

 

 

– Preparem-se pessoal, e segurem firme, romperemos a velocidade da luz. – Cristopher avisa.

 

– Por que temos que nos preocupar com romper a velocidade da luz se essa nave faz milhões de vezes ela? – Carla fica intrigada

 

– A primeira é mais difícil. Exige muito mais energia. Depois, podemos acelerar sem limites.

 

Carla entende. Se segura bem firme, e a nave dá um tranco. Um tranco, não. O tranco. A onda de choque produzida desintegrou o planeta mais próximo. O visor agora mostra 1,001c.

 

– Passamos da velocidade da luz! – Trevor comemora. Todos fazem o mesmo. – Mas isso só foi possível por que o nosso motor não funciona em apenas três dimensões. Ele tem uma dimensão extra, que consegue romper essa barreira. Então não quebramos a sua relatividade, seu Einstein.

 

– Ok, temos uma nave que se move muito rápido. Agora, o que fazer? – Carla pergunta.

 

– Bem, vamos…. Procurar coisas legais. – Cristopher responde. – Finis, ative o radar.

 

– O radar mais potente que você já viu, ativando… – Finis diz.

 

 

 

 

 

Com efeito, um mapa interestelar, que mostra as galáxias mais próximas, surge no painel principal. Luzes multicoloridas piscam por todo o mapa. Mas os pilotos se interessaram mais por um ponto bege no mapa. Pelo jeito, é um Templo da Ascensão. Finis faz um movimento de pinça com os dedos, e o painel dá um zoom na região. Planetas próximos estão colapsando. Isso é óbvio.

 

– Está sendo usado. – A afirmação de Cristopher faz a temperatura da nave diminuir em vinte e cinco graus.

 

– Podemos aproveitar? – Percy pergunta.

 

A Deusa da Destruição traça uma rota. Na velocidade atual, o computador calcula um tempo absurdo para chegarem lá. Cerca de dois bilhões de anos.

 

– É impossível. – Annabeth encerra. – Esse ritual, do jeito violento que é, vai acabar em algumas semanas, no máximo do máximo.

 

– Adoro quando as pessoas dizem “É impossível”. – Cristopher diz, confiante. – Vocês ainda não viram o poder dessa belezinha. Segurem-se.

 

Cristopher se senta em sua cadeira de piloto, e, com a ajuda de Finis, ativa uma série de botões e alavancas. Um zumbido ensurdecedor vem da sala do motor. A nave acumula energia, e um estalo acontece.

 

THAAAA

 

A velocidade é extremamente alta. A sensação é de pânico. Nunca, em toda sua vida, nada a teria preparado para aquele momento. Sentiu que seu corpo estava se desfazendo. Humanos não foram feitos para viajar tão rápido!

Mas, não. Ela não era uma simples humana. Era uma semideusa. Não gostava que lhe chamassem de semititã, e felizmente todos aboliram esse termo. Mais ainda que uma semideusa, ela era filha de um dos mais poderosos titãs, o que lhe concedia poder sobrenatural sobre o tempo. Também era uma exímia lutadora, usando a foice.

Então, não. Não morreria de “excesso de velocidade”. Não seria digna. Concentrou-se nesse pensamento, e o pânico passou. Sentiu-se novamente no controle de seu corpo.

O visor de velocidade não para de subir. Mil c, mil e duzentos, dois mil, cinco mil, dez mil, vinte e cinco mil, e subindo exponencialmente. Em um minuto eles atingiram a velocidade de absurdos dois milhões de c. Isso significa dois milhões de vezes mais rápido que a luz. Mesmo assim, eles levariam milhares de anos até chegar ao destino.

 

– Carla. Estamos próximos da velocidade máxima. Mas, mesmo assim, não temos tempo o suficiente. Sabe o que fazer, não é? – A Deusa da Destruição, Finis, clama por ela.

 

– Sim, senhora.

 

O espaço ao redor vai se distorcendo. Carla lembra-se do seu papel, e isola o motor em uma bolha temporal, fazendo-o passar cerca de cem vezes mais lentamente. Assim, a velocidade deles vai ser multiplicada em mais de dez mil vezes, o que é muita coisa.

O visor que mostrava, antes, dois bilhões de anos como previsão de chegada, agora mostra apenas dois meses. Uma redução bem drástica, não?

– Não é suficiente. – Cristopher diz.

 

– Eu estava certa, viu? – Annabeth se orgulha de ter razão, mesmo que isso signifique que não haverá tempo suficiente para nada. – Precisamos aumentar nossa velocidade em mais dez vezes, aproximadamente.

 

De repente, um alarme vermelho começa a piscar. Uma voz robótica anuncia repetidamente. “Perigo: Colisão iminente.” “Perigo: Colisão iminente.” A nave começa a sacudir bruscamente.

 

– O que está acontecendo?! – Carla grita, desesperada.

 

– Estamos sendo atingidos por ondas gravitacionais muito violentas! – Cristopher responde, também gritando. – O motor deve estar influenciando alguma fonte gravitacional muito forte, e muito próxima.

 

– Mas estamos a dois milhões de vezes a velocidade da luz! As ondas gravitacionais não deveriam nos alcançar! – Annabeth retruca.

 

– A não ser que estamos indo contra elas… – Os olhos de Cristopher ficam negros, como o objeto celeste que está na iminência deles.

 

“Alerta: A nave entrou em um horizonte de eventos. O raio dele é de cem milhões de anos-luz. O choque é inevitável.” A voz robótica do sistema os anuncia o que seria o fim de todos.

 

– Não queria ter que fazer isso com você, meu caro. – Finis fala com o buraco negro à frente deles, como se ele fosse sua maior criação.

 

 

Finis levanta-se, e fica completamente ereta. Os incalculáveis quilômetros por segundo que a nave fazia não pareciam fazer efeito sobre ela. Ela nem se desequilibrava. Ela começou a assumir uma postura de luta, mas era um tanto quanto diferente. Um colar, grosso, com seis joias coloridas, aparece em seu pescoço. Uma túnica simples aparece em seu corpo, mas o interessante é que ela não tinha nenhuma cor. Não era negro, mas Carla não sabia dizer qual era a cor dele. Um cinto dourado, com uma fivela negra. As duas mãos para trás.

Depois que assume essa postura, os olhos de Finis perdem o azul natural, que passa para um místico roxo. O buraco negro assomava à frente deles, gigante, indomável, imparável, determinando a sua morte. O aspecto dela começa a tremular.

Carla sabia o que significava. Finis era a Deusa da Destruição, em companhia de Primus, eles representavam o Universo e são os discípulos de Caos. O poder deles era maior do que qualquer outro deus, qualquer outra entidade. Toda a realidade tremia com o poder liberado por Finis.

Ela estende uma mão em direção ao buraco negro, exatamente como Cristopher, quando ele desintegrou Atlas da existência, eternamente. Aquilo foi magnífico de se ver. Um círculo mágico roxo se estende de seu pulso, com gravuras antigas, que rodopiavam e zumbiam com energia.

 

– Rynkai.



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