História Os Opostos Se Atraem - NALU - O acidente

Lucy on:

Depois de todo esse tempo, esse medo é incontrolável, não sai de mim, a angústia,  a sensação de sentir a garganta arder, queimar... 

--Lucy?

Me viro assustada vendo Erza me olhar preocupada.

--oi Erza...

-- Vi você sair correndo da piscina, Natsu fez algo que não gostou ? Porque se ele fizer uma vírgula eu ..

--ele me tratou muito bem na piscina Erza, eu só... (suspiro) não consigo superar, a sensação da água,  minha garganta automaticamente se fecha e me da um desespero, lembro como se fosse a 10 minutos atrás..

--Você está falndo do acidente? 

--Sim.

Digo triste.

--uma hora você vai conseguir, não pode forçar, logo seu coração fica em paz..

-- mas faz tanto tempo...

--sim, mas as vezes não pro lado 1emocional .

Erza chega perto de mim e me da um beijo na testa enquanto me abraça, meu corpo ainda treme, conforme algumas alunas vão entrando, me separo da Erza e vou terminar de me trocar pra ir embora, Erza é enrolada no banho, digo tchau e saiu vendo que quase não havia mais ninguém na piscina, aquele quadrado com água parecia triplicar o tamanho quando nao havia pessoas, sinto aquele arrepio novamente percorrer desde o meu pé até minha cabeça,  me viro rápido pra sair dali e sinto um pequeno baque em meu rosto me tirando um baixo gemido dolorido, quando recobro a noção vejo que bati meu rosto em algo levemente duro e ao mesmo tempo macio, e apesar do tecido fino era quente, e como era quente.

--natsu? Que susto.

Suspiro aliviada

--Você ta bem? 

--h-hai.. Digo envergonhada lembrando o quanto agarrei ele na piscina.

--encontrei isso caído em baixo do banco onde suas coisas estavam, achei que seria seu..

Natsu me mostra em sua mão uma correntinha dourada, com o símbolo de uma cruz pequena e delicada.

-- e é.. Digo pegando a pulseira e abaixando pra colocar no tornozelo, sim, era um tornozeleira da minha mãe que eu guardei no dia da sua morte.

-- Obrigada. 

Digo sorrindo de lado.

Começamos a caminha em direção a nossas casas, não vi Levy depois que sai do vestiário,  nem Gajeel,  tomara que conversem tranquilamente.

--yo Luce... posso perguntar algo? Sua voz era baixa e continha traços indecisos, como se estivesse com receio de falar comigo.

--sim sim,  depois te ter me aturado na piscina, responder seria o mínimo que posso fazer.. 

Chegamos na porta da minha casa e ficamos de frente um pro outro. Natsu me encarava a maior parte do tempo até chegarmos aqui. 

-- o que foi?!.. Pergunto curiosa

-- porque aquele medo? Você já se afogou ? 

Sua voz era grave e seus olhos penetravam o meu..

Aqueles olhos....

-- é uma longa história.

Desvio o olhar. 

-- Que bom porque eu tô atoa hoje o dia todo sabe. Ele cruza os braços me encarando esperando uma resposta digna. 

Oo deus o que eu fiz pra merecer..

-- Com esse olhar determinado assim,  não vou conseguir me livrar de você né?!

--never...

--Bom então...

Começo a caminhar ate a porta de casa e Natsu me acompanha a alguns passos atrás. Entramos e fui direto pro meu quarto,  como sempre nao suporto ficar com a roupa da escola por causa do calor, devido ao acidente que sofri com meus pais, a temperatura gelada que fiquei exposta, a quantidade de água que ingeri, os médicos confirmaram que algo mudou na genética das minhas células, e depois disso todas elas se reproduziram diferentes, felizmente isso não atrapalha minha saúde, e apesar da minha temperatura ser muito mais baixa que o normal das pessoas eu sou muito calorenta, entao pego um shortinho preto e uma blusinha branca fininha, vou até o banheiro e troco de roupa,  minha regata era um pouco transparente mas não me importei muito com isso afinal hoje fiquei de biquíni agarrando a criatura de cabelos rosas.  Sai do banheiro e Natsu havia tirado o tênis e estava deitado na minha cama mexendo no celular. 

-- virou festa agora ? Digo colocando as mãos na cintura. 

Ele coloca o celular ao seu lado e me olha, rapidamente de cima a baixo..

-- eai? Vai contar ou nao? 

--é complicado... solto um suspiro cansada.

-- entao pra começar,  desembucha e fala logo. 

Bom,  pelo jeito Natsu vai ficar sabendo do meu pesadelo diário..

Caminho até a cômoda e abro a gaveta, tirando um jornal velho e surrado do fundo da mesma, caminho até o outro lado da cama e me jogo ao lado do rosado que acompanhou todo meus movimentos com os olhos.  Entrego o jornal pra ele que começa a ler..

Lucy off

Autora on

Natsu começa ler o título e a matéria que estava na primeira página. 

" Criança sobrevive a acidente de carro"

" Duas pessoas morrem afogadas após perder o controle do carro e cair em represa"

"Criança é única sobrevivente após família cair em represa e ter o carro submerso"

--oque é isso Lucy? Natsu olha com preocupação..

-- isso é o motivo do meu medo.. 

--O acidente que você me falou?

-- sim...

--.... como ? ...Natsu queria saber mais sobre o passado da loira mas não sabia como falar disso, era um assunto delicado.

-- lembro que aquele mês do ano era inverno e nevava muito, estávamos indo pra casa depois que passei o dia todo brincando na casa da Erza,  que na época não morava na mesma cidade que eu, nossas mães sempre foram muito amigas e inclusive nós... meus pais foram me buscar no começo da noite, se nao me engano era umas 18:30, despedi de todos e seguimos viajem para casa.... já havia se passado umas duas horas e faltava apenas mais uma pra chegar na nossa cidade... lembro que passamos sobre uma ponte alta e era tão lindo olhar a lua refletindo sobre a represa que havia abaixo de nós, a luz refletia os pequenos grãos brancos que pareciam fazer uma camada sobre a água que parecia estar com a superfície congelada, coloquei minhas mãos no vidro e falei pra minha mãe olhar também,  ela olhou e sorriu, dizendo que era lindo...

.......

Foi coisa de segundos quando uma luz forte estava quase de encontro com a gente,  por impulso meu pai virou o volante rápido e brusco na intenção de desviar do carro que vinha na nossa faixa em alta velocidade.. O carro dançou na pista, os pneus nao aguentavam a freada brusca e continuaram deslizando sobre o gelo fazendo zigue e zague, meu pai tentava retomar o controle e nisso minha mãe se segurava no sinto de segurança dela, lembro que bati a lateral da minha cabeça no vidro e gritei, assustada.

..... Natsu prestava atenção na história da garota, os dois estavam deitados de frente um pro outro..

-- acabou estourando um pneu e foi o suficiente pro nosso carro girar e capotar na metade da pista indo em direção a ponte, um dos vidros de tras ja havia quebrado quando o carro bateu na lateral do muro da ponte,  e foi quando eu senti meu corpo flutuar, vi os cabelos longos da minha mãe dançarem sobre o teto do carro, foi só então que percebi que estávamos caindo, havíamos atravessado a ponte e quase como em câmera lenta vi o semblante assustado do meu pai enquanto segurava o volante.  Então senti o baque forte, meu corpo todo doeu e estava molhado, e frio, muito frio.. O carro quebrou a superfície congelada da água e quando abri os olhos a água estava na altura do meus ombros e enchia tão rápido,  quase não deu pra prender a respiração, meus pais tentavam soltar o sinto desesperadamente, mas aparentemente estava emperrado com a pressão da água. 

.... (suspiro)

--em questão de segundos o carro estava afundando e era tão rápido,  a visão era falha, e meus pulmões começavam a questionar a falta de ar.. meus pais se debatiam e forçavam o sinto mas era inútil, os cabelos da minha mãe "clareavam"em volta dela e seus olhos eram carregados de medos, meu pai olhava pra mim e tentava gritar, mas a única coisa que saia era bolhas de ar.. aos poucos ele parou de se mexer e seus braços flutuavam quase encostando no teto.. minha mãe o chacoalhava e lembro que minha garganta queimava a cada tentativa de milagrosamente respirar ar e nao água, não sentia direito meus dedos e meus sentidos estavam atordoados pela água estar completamente gelada..

....

Natsu observa uma lágrima silenciosa cair enquanto Lucy parecia estar contando isso pra ele de dentro do carro, seus olhos estavam opacos e era nitido que sua mente estava longe, ele conseguia sentir o desespero dela.. 

.....

--senti meu corpo começar a ficar leve e forcei a vista  na direção da minha mãe,  seus cabelos dançavam ao seu redor, e sua boca estava um pouco roxa, seu rosto pairava sobre mim, vi ela dizendo algo que foi impossível tentar adivinhar, ela segura minha mão gélida, aos poucos seus dedos não estão mais entrelaçados nos meus.. e seus olhos agora nao tinham mais aquele brilho... 

....

-- eu não conseguia me mover, a visão foi escurecendo, e minha cabeça parecia que ia explodir, eu sentia muito medo e o frio fazia meu corpo todo doer, nao havia mais espaço no meu pulmão que nao estivesse preenchido por água, mas o pior naquele momento depois de ver meus pais inconscientes e sem ar era a escuridão chegando, a dor era tão grande na minha garganta que parecia que haviam cortado a mesma com uma navalha afiada.. aos poucos me rendi a escuridão e ao frio, entao perdi a consciência, apenas sentia la no fundo, meu corpo cada vez mais dormente, não tinha mais comando nenhum sobre mim.. 

Natsu não tinha muito o que falar apenas ouvia com atenção tudo que a loira dizia..

--quando abri os olhos, eu estava no hospital, o médico disse que era um milagre eu não estar morta, fiquei 20 minutos inconsciente debaixo da água antes que um dos motoristas que parou o carro quando viu o acidente conseguir mergulhar e me puxar pelo vidro que estava quebrado, fiquei na uti em coma por 2 meses,  acharam que eu não iria acordar mais, infelizmente meus pais ja haviam sido enterrados e não pude ter uma "despedida", a única coisa que sobrou foi a pulseira que você me devolveu, era da minha mãe e na autópsia do corpo dela um dos médicos resolveu guardar para mim caso eu sobrevivesse, por esse motivo algo mudou no meu corpo pra sempre, minha temperatura não é das melhores ..

Natsu pegou na mão da Lucy pra "confirmar" realmente esse fato, sua temperatura ocilava entre 27°e 29°C.. (lembrando que a temperatura normal do ser humano varia de 35.5°/ 36°C) .

Lucy nao conseguia conter algumas lagrimas que escorriam de seu rosto, foi um baque de lembranças e sentimentos tudo de uma vez..

--Desculpa... Nao queria que se sentisse mal por me contar, não sabia que tinha acontecido dessa forma..

--nao me sinto mal por falar, mas sim por lembrar de tudo, o sentimento da perda, do medo de quase ter morrido, o medo da água depois disso, a minha baixa temperatura que nunca sobe, meu corpo nunca se aquece, acho que inclui meu coração também..  ninguém consegue ter uma relação boa comigo por muito tempo, exceto a Erza que conheço desde antes disso acontecer ..

--nao acho que o problema seja no seu coração loira... as vezes apenas nao era o momento..

-- pode ser,  mas ir dormir todo dia sentindo meu corpo frio não é legal.  Lucy sorri de lado tentando disfarçar as lágrimas.. 

Natsu passa seu braço em volta da loira e a puxa pra dentro do seu abraço, Lucy encosta seu rosto no pescoço do rosado e seus corpo bem junto ao dele se sente em paz, Natsu deixa os braços envolta da mesma, segurando-a firme contra seu corpo..

Lucy se surpreende com o quanto aquele garoto era quente, nunca havia sentido seu corpo se aquecer daquele jeito, era bom o choque de temperatura entre eles..

-- -t-tão quente..  

Natsu sorri satisfeito com o comentário da loira.

-- minha temperatura serve pra alguma coisa afinal.

Lucy estava completamente em êxtase, e nem percebeu que deixava o sono vir lentamente, retribuiu o abraço ao rosado que apoiou a cabeça na testa dela e sem demora a imensidão escura dominava ali, o sono conseguiu vencer aquela batalha entre eles e agora o que se via era dois jovens totalmente diferentes, mas com o mesmo sentimento...

Paz.