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História Os Opostos Se Atraem (Romance Lésbico) - A Faísca De Um Amor


Escrita por: Nutlinha

Notas do Autor


Oiiie!!!! Buenos Días, guapos!!!

Voltei com mais um capítulo, posso demorar de postar, mas nunca falho ksksksk

Desculpem a demora ;-; (P.S: não desistem da Fic por isso)

Estou muito feliz com os 65 coraçoeszinhos, vcs são demais gente 💕 Obrigada pelos views e pelos comentários, eu amo quando vcs me mimam hehe kkkkk

Agr é minha vez de mimar vcs com esse capítulo.
Espero que gostem.
Boa leitura 🌹
:3

Capítulo 12 - A Faísca De Um Amor



Ponto de Vista Angel Gray


“Você não me parece bem esta manhã, querida?”. Meu pai olhou para mim preocupado. Não ousei encarar seus olhos, mantive meu olhar fixo sobre a xícara de café como se eu pudesse mergulhar naquela piscina negra e fugir para bem longe dos meus pensamentos, os quais vinham me tirando o sono nesses últimos dias.


Já faz quase uma semana desde a última vez que estive com Victoria e desde então, estou evitando ter qualquer lembrança do que aconteceu naquela noite, assim como também tenho evitado as inúmeras mensagens insistentes de Victoria. O único lugar que consegue me distrair e trazer meu momento de paz é a escola, porque sei que este é o último lugar que verei aqueles cabelos azuis outras vez, e isso, de certa forma, me deixa aliviada.


Sei que não posso fugir dela para sempre, mas enquanto eu puder manter distância e evitá-la, eu o farei.


Pelo menos até conseguir chegar em um consenso com o meu coração, que não me diz nada coerente a não ser, bater cada vez mais rápido sempre que meus pensamentos se distraem nas lembranças da sensação calorosa e macia que eram os lábios de Victoria, doces e gentis, como nada que eu já havia provado antes.


Foi uma sensação nova, meu primeiro beijo roubado por Victoria, um vislumbre diferente que eu não odiei, e justamente por não desgostar do beijo de outra garota que me sinto tão culpada diante da presença de meu pai, que sempre, por toda a minha infância, conversou comigo sobre os perigos e os pecados do mundo terreno, estes que eu, mais do que qualquer pessoa, deveria evitar.


Dispersei meus pensamentos quando meu pai colocou de lado o jornal, apenas para me dar um pouco mais de atenção, exercendo o seu papel de pai cuidadoso. Ele era minucioso demais aos detalhes, logo de cara percebeu que alguma coisa estava acontecendo comigo. "Está ficando resfriada? Seria melhor ficar em casa hoje e descansar". Ele mediu minha temperatura com a mão.


Segurei sua mão gentilmente, tirando-a de minha testa. "Pai! Eu estou bem". Sorri, mas não foi um dos meus sorrisos mais entusiasmado.


"Você não me parece bem!". Disse sendo direto. É claro que ele não deixaria passar. Meu pai sempre se preocupa demais comigo. Nunca reclamei desse amor. Mas hoje, em especial, eu queria que ele fosse menos sensitivo.


Suspirei. Meu pai não me deixaria sair com um simples, 'não aconteceu nada'. "Eu… ". Pensei em algo para dizer. Mas como eu iria colocar em palavras todas essas emoções que estou sentindo, sem que deixasse ele zangado ou decepcionado comigo?


A agitação em meu peito estava me deixando eufórica, era como se eu estivesse entre dois caminhos, um deles desconhecido, me levando para uma floresta cheia de medos e inseguranças e o outro caminho, um penhasco, onde a queda me levaria para um abismo de conflitos e dor. Qualquer uma das escolhas que eu fizesse teriam consequências ruins.


Além disso, eu não posso simplesmente contar para o meu pai com todas as letras o que aconteceu entre mim e Victoria. Primeiro, porque eu saí de casa, outra vez, sem lhe avisar e segundo, porque Victoria também é uma garota.


Como pude me deixar levar dessa forma e desobedecer meu pai de tantas maneiras assim?


Eu me sentia confusa, arrependida de tudo. Mas ao mesmo tempo que eu sentia que tinha feito algo horrível, parecia que se eu continuasse fingindo que tudo do que aconteceu naquela noite não me importava, eu estaria fazendo algo tão ruim quanto desobedecer meu pai.


Era um sentimento que de alguma forma se gravou no meu coração, e eu não conseguia afastar essa sensação de tristeza ao estar tão longe de Victoria.


O que devo fazer? O que eu deveria dizer para o meu pai?


As palavras de repente se transformaram em nó na minha garganta e a minha mente ficou em branco, eu estava em um dilema comigo mesma. Meu pai me olhava com expectativa em seus olhos, esperando até que eu dissesse algo.


Sua face serena e seus olhos compreensivos eram o que mais me amedrontavam. Eu tinha medo de que tudo isso se dissipasse, e que todo o seu amor e orgulho por mim se transformassem em nojo e decepção assim que a primeira palavra saísse da minha boca.


Naquele meio tempo, antes de tomar um pouco de fôlego para trazer ordem às minhas emoções, repeti cansadas vezes para mim mesma, 'Victoria é uma garota, beijar ela não significou nada'.


'Victoria é uma garota, aquele beijo não significou nada'.


Victoria é uma garota… seu beijo foi um erro. - As palavras começaram hesitar ao serem pensadas.


'Aquilofoi errado'. - Estava ficando cada vez mais difícil de me convencer.


'Isso é errado…'


Parecia que eu estava mentindo para mim mesma, tentando me enganar com palavras vazias.


Foi tudo um erro... - Senti um aperto doloroso em meu peito ao gritar tais palavras em minha mente.


Eu estava aflita. Mas, por que eu me sentia tão desesperada?


De repente, como se minha mente quisesse me acalmar, o nome 'Victoria' se repetiu nos meus pensamentos e logo, sua imagem foi moldada como uma bela pintura em exposição somente para mim.


Pai, se o que fiz foi errado, por que me sinto tão triste quando tento esquecê-la?


Por que sinto vontade de chorar quando tento odiá-la?


Por que meu coração se acelera toda vez que penso em seu sorriso?


Quando penso no jeito que seus olhos levemente se fecham quando ela sorri, revelando uma discreta covinha em sua bochecha. 


Quando me lembro da forma como Victoria me olhou naquela noite, me admirando ao longe com os seus castanhos hipnotizados sobre mim, enquanto eu a admirava sob a luz das estrelas.


Quando no meio da noite perco o sono por me recordar do calor que suas mãos tinham quando tocaram a minha nuca para me roubar um beijo.


Se pensar em tudo isso é tão nojento assim, por que não me sinto suja, tampouco, sinto como se tivesse cometendo algum pecado?


Eu não sei o que pensar. Me sinto tão perdida e confusa, é como se a minha vida inteira o meu pai estivesse mentindo para mim quando dizia que o não convencional era errado e o pior dos pecados, e que devemos sempre seguir a tradição de Nosso Senhor.


Eu nunca duvidei da sabedoria do meu pai, muito menos, questionei suas palavras.


Mas de repente surge todas essas questões em minha cabeça, que vem se formulando desde a primeira vez que senti-me atraída pelo jeito de Victoria.


Veja, eu, a filha de um pastor, gostando de outra garota?


Nunca me senti tão estranha dessa forma. Esses sentimentos conflituosos em relação a ela que só tendem a aumentar e criar inconvenientes pensamentos.


Por muito tempo eu venho tentando ignorar tudo, mas agora eu não consigo mais controlar o que penso ou o que sinto por Victoria. Tudo se mistura e se transforma numa enorme bola de neve de emoções e sentimentos.


Minha vida está virando de cabeça para baixo, e eu não sei o que fazer. No fundo me sinto insuficiente.


Uma inútil.


Meus olhos por um momento vacilaram e buscaram apoio, acabei me deparando com o retrato da minha mãe pendurado na parede ao lado de tantas outras fotografias. Ela estava sorridente como se dissesse que tudo iria ficar bem, e por um momento, mais do que nunca, eu desejei que ela estivesse ao meu lado de verdade com seu olhar sereno para me dizer essas palavras e me mimar em seus braços.


Mamãe com certeza teria algo sábio para me dizer, tenho certeza que se ela estivesse no meu lugar, ela saberia lidar com isso melhor do que ninguém.


Enquanto eu me perdia na imagem de minha mãe e tentava enfrentar a tempestade dentro de mim, flagrei o meu pai sorrindo como se tivesse visto algo curioso em mim. "Em momentos como este, você se parece muito com ela". Suas palavras suaves e cheias de saudade tomaram a minha atenção. "Sua mãe também costumava ficar inquieta quando tinha alguma coisa incomodando-a, e ela ficava horas e horas andando pela casa, em sua própria bolha, até finalmente conseguir resolver os seus problemas". Os olhos de papai brilharam. Era sempre assim, meu pai ficava maravilhado quando começava a falar de mamãe.


"Como a mamãe era?". Por alguns minutos consegui me acalmar. Meu coração ainda estava agitado, e o sentimento de desolação corria pelo meu corpo. Mas saber um pouco mais sobre minha mãe, talvez me ajudasse a entender o que estou passando.


"Ah!! Sua mãe era linda, sempre tinha um sorriso no rosto, não importava a situação ela nunca deixava de ser deslumbrante". Sorri com o tom apaixonado que ele tinha quando começou a falar dela. "Sua mãe foi a mulher mais inteligente que eu conheci. Na escola ela sempre era escolhida como presidente do conselho estudantil, não existia um só problema que ela não soubesse resolver. Suas notas sempre eram as melhores da turma também. Na maioria das vezes até melhores que as minhas. Era difícil competir com ela. E provavelmente foi a nossa pequena rivalidade que nos tornou dois amantes apaixonados". Ele sorriu cheio de nostalgia, provavelmente se lembrando de algum evento cômico que aconteceu entre os dois.


"Ela deve ter sido uma mulher incrível". Sorri admirada com como minha mãe era. Eu queria ser no mínimo um pouco parecida com ela. "Eu tenho muita saudade dela". Meu pai sorriu e então, afagou os meus cabelos.


"Eu também sinto saudade dela, querida". Suas palavras estavam cheias de afeto. "Vou lhe contar um segredo". Ele se inclinou na cadeira e fez um gesto com a mão me pedindo para chegar mais perto. "O que sua mãe fazia para tomar as decisões mais difíceis…". Ele fez uma pausa dramática para o suspense. "Era seguir o seu coração!!". Revelou. Minha reação após ouvir o segredo de minha mãe fez papai esboçar um sorriso divertido.


"Seguir meu coração?". Ele balançou a cabeça. Como isso deveria me ajudar? "Mas e se o meu coração não souber o que fazer?". As palavras de papai ainda não foram um dos melhores conselhos que eu já tinha recebido.


Como posso seguir meu coração, se nem mesmo ele sabe me dizer o que quer?


"Tenho certeza que você vai achar um jeito de lidar com isso. Afinal, você é mais parecida com ela do que você imagina". Sua mão buscou minha bochecha, onde meu pai enxugou uma lágrima que caiu sem que eu percebesse.


"Tenho medo de decepcionar o senhor ou a mamãe?". Não consegui evitar de chorar depois de ter deixado escapar um pouco da insegurança que me afligia.


"Ei, querida, você é a minha filha. Eu te amo. Nunca irei me decepcionar com você. Tenho certeza que te criei bem". Suas últimas palavras pesaram sobre os meus ombros como toneladas de areia.


As palavras 'me criar bem' tinham um significado bem maior do que meu pai imaginava.


Qualquer decisão que eu tomasse, teria um peso sobre a imagem do meu pai, e eu tenho que me assegurar de não envergonhar ele diante de todos, ainda mais sendo a sua única e prestigiada filha.


A filha do Pastor Johnson.


É um título do qual não posso fugir.


"Sim, o senhor criou". Sussurrei.



[···]



Estava à caminho da escola, andando pelo bairro e admirando as jeitosas casas com seus jardins bem cuidados, meu pai sempre dizia, 'um gramado verdinho acolhe uma família feliz'. Sempre me perguntei se isso era verdade, ou apenas uma boa desculpa para explicar o fato dele cuidar do nosso quintal todas as manhãs.


"Angel!!". Saí do meu devaneio quando ouvi uma voz conhecida me chamar. Então Kevin se aproximou de mim ofegante, mas sem tirar o sorriso gentil do rosto. "Posso te acompanhar?". Perguntou depois de recuperar o fôlego da pequena corrida.


"Oi, Kevin. Claro, estava mesmo precisando de uma boa companhia". Kevin se animou com a minha resposta e então, começamos a caminhar lado a lado para o colégio.


"Nem me lembro quando foi a última vez que andamos juntos assim". Olhei para ele apenas para ver o ar nostálgico em seu rosto. Na mesma hora Kevin também teve a mesma ideia de me olhar. Então, ele sorriu quando nossos olhares se encontraram. "Aliás, você está muito linda essa manhã". Corei com o seu elogio. Kevin sempre foi muito gentil comigo, e eu nunca soube como lidar com o seu jeito sorrateiramente atrevido.


"Obrigada!". Ficamos um bom tempo andando em silêncio, mas não era desconfortável. Isso porque eu conheço o Kevin desde que éramos apenas duas crianças levadas. A amizade de nossos pais influenciou bastante para que nos tornássemos amigos também, embora não conversássemos mais tanto como antigamente.


Agora que estamos tão perto um do outro, posso finalmente notar a sua diferença para quando éramos pequenos, seus traços mudaram bastante, ele não era mais uma criança, e isso era evidente. A única coisa que não mudou todo esse tempo foi o seu penteado, Kevin sempre ajeitou os seus fios loiros para o lado, devido ao redemoinho que ele tem no lado direito de sua cabeça, o qual ele sempre odiou por deixar o seu cabelo bagunçado.


Ri de algumas lembranças da infância. Kevin me olhou com curiosidade como se estivesse me perguntando o que eu achava tanta graça. Mas ele apenas sorriu também.


"Você tem andado um pouco sumida das reuniões!!". Kevin começou puxando assunto. As reuniões das quais ele se referia, são as reuniões de famílias que os seus pais, o Sr. e a Sra. Watersson, preparam todos os domingos para reunir os amigos mais íntimos, e como de costumes, meu pai e eu sempre somos convidados a participar. É como se fosse uma tradição entre as nossas famílias, e o fato de eu ter faltado tanto, é porque elas são sempre chatas demais. Toda vez é a mesma coisa, temos que ficar ouvindo as incansáveis gabações da Sra. Watersson sobre algo novo que ela ganhou do marido bem sucedido. Fico desanimada só de pensar. Por isso prefiro ficar em casa lendo algum livro, ou até mesmo estudando.


Mas eu não podia simplesmente falar para o Kevin que sua família é tão chata quanto uma tarde inteira assistindo documentários de pesca no Discovery Channel.


"Eu estive um pouco ocupada nesses últimos finais de semana, uma verdadeira loucura". Falei como uma desculpa para não magoá-lo, mas Kevin pareceu se chatear mesmo assim, pois ele se calou.


Por um longo período do trajeto, Kevin ficou inquieto enquanto caminhava ao meu lado. Então notei que existia alguma coisa que o incomodava.


"Por causa da Beckham?". Quase tropecei em meus próprios pés quando Kevin mencionou Victoria de supetão.


Analisei sua expressão e não havia nenhum traço de que ele estava brincando comigo.


"O que Victoria teria a ver com isso?". Tentei não demonstrar o meu desconforto ao ouvir ele mencionar o nome de Victoria para mim.


Kevin me encarava como se quisesse falar alguma coisa, mas estava relutante, ponderando se deveria me dizer ou não.


Com um suspiro, Kevin tomou coragem. "Eu vejo como você olha para ela, Angel". Meu coração quase parou de bater.


"Eu não sei do que você está falando". Minha mente estava em branco. Por que ele estava falando essas coisas para mim?


"Eu tenho te observado por todo esse tempo e você nunca olhou para ninguém como você olha para ela". Kevin analisava as minhas reações como um gato que observa atentamente a sua presa, esperando encontrar alguma coisa. "Nem mesmo para mim". Suas últimas palavras saíram quase que inaudíveis, como se ele estivesse falando mais para si mesmo.


"Você está imaginando coisas, Kevin. Não tem nada demais acontecendo entre nós duas". Meu coração batia tão forte em meu peito que eu suspeitava que Kevin também estivesse ouvindo.


"Eu nunca vi você tão interessada em uma pessoa, além dos seus estudos, Angel. Eu posso ser ingênuo, mas não sou cego". Cerrei minha mandíbula, o atrevimento de suas palavras estavam me deixando irritada.


Ou talvez eu só estivesse na defensiva por medo dele dizer algo que eu não quisesse ouvir.


"E aonde você quer chegar com isso?". Ficamos um de frente para outro, era evidente para qualquer um que passasse por nós a tensão que nos pairava, e algumas pessoas ao nosso redor já tinham notado o clima estranho.


"Que você devia pensar um pouco mais no seu pai e parar de andar com ela". Kevin engoliu a seco, mas seu tom de voz firme demonstrava que ele estava dizendo tudo àquilo para o meu bem, pelo menos era no que ele acreditava. "A Beckham não é uma boa companhia para você-...".


"Eu não vou ficar aqui para ouvir isso". Cortei-o antes que ele dissesse mais alguma baboseira.


"As pessoas comentam, Angel…". Kevin começou a me seguir quando deixei ele falando sozinho.


"Chega, Kevin!!". Nada do que eu dizia tirava ele do meu encalço.


"Você sabe o que todos dizem dela. O fato dela gostar de garot-...".


"Eu disse basta, Kevin!!!". Acabei perdendo a paciência com a insistência dele. "Você não tem o direito de se meter na minha vida, eu não te dei essa liberdade". Algumas lágrimas minhas começaram a cair sem que eu conseguisse conte-las. Eu estava sentindo muito ódio dele e principalmente das palavras que ele dizia, por elas conseguirem fazer eu sentir nojo e raiva de mim mesma.


"Angel...". Kevin se aproximou. Seu olhar dizia que ele estava preocupado, mas que não se arrependia de ter dito as coisas que disse.


"Não!! Fica longe de mim". Ele tentou tocar o meu braço, mas eu o afastei.


"Angel…".


"Vai embora, Kevin". Ele me encarou relutante, mas finalmente se rendeu e fez o que eu pedi, Kevin me deixou sozinha a poucos metros de distância do portão do Colégio Liberty.


Alguns alunos que estavam por perto nos olhavam e cochichavam entre si, e mesmo com vergonha deles estarem me vendo, eu não conseguia controlar o meu choro.


Todos os medos e as frustrações estavam de volta junto com as palavras árduas de Kevin, machucando o meu coração.


"O que está acontecendo ali?".


"Tem uma garota chorando".


"Uma garota...? Sai da frente, porra, deixa eu passar!!!". Victoria empurrou o ombro de um garoto, surgindo em meio a aglomeração de bisbilhoteiros que assistiram toda a cena minha com Kevin. Assim que Victoria me viu chorando, ela se estressou com aqueles que estavam fazendo cochichos alheios. "O que cês tão fazendo aqui parados, não têm mais o que fazer não? Vão embora cuidar das suas vidas!!!". Victoria forçou todo mundo a se dispersar, sem medo de alguém achar ruim.


Antes que eu pudesse perceber, Victoria já estava à minha frente. "Angel, o que aconteceu?". Sua voz preocupada invadiu os meus ouvidos, impedindo-me de desabar ali mesmo, era o efeito calmante que o meu corpo precisava para se tranquilizar.


"Vick...". Não consegui dizer nada com as lágrimas caindo sem parar.


Percebendo o meu estado de calamidade, Victoria envolveu-me com seus braços gentis num abraço caloroso, então ela me puxou para mais perto de seu corpo.


"Calma, pequena, eu tô aqui!!". Minhas mãos agarraram sua camiseta, permitindo-me sentir o cheiro do seu perfume misturado ao aroma de menta do cigarro que ela havia fumado a poucos minutos.


Como era possível, a razão da minha perturbação também ser o motivo da minha calmaria?


"Vem comigo". Victoria me guiou para um lugar mais calmo e longe de tantos olhares. Era o mesmo lugar que ela sempre vinha para fugir das aulas, o prédio desativado na parte interditada do colégio.


Assim que ficamos a sós, Victoria achou melhor me deixar um pouco sozinha para eu poder me acalmar melhor. Mas ela não ficou mais do que dois metros de distância longe de mim, e eu agradeci mentalmente por ela não ter ido embora.


Eu queria pelo menos sentir a presença dela perto de mim nesse momento de caos.



***



Alguns bons minutos se passaram. Victoria batia o seu pé, impaciente, no chão enquanto ela remoia os seus próprios pensamentos. Victoria estava tão nervosa quanto eu, mas não se atreveu a dizer uma única palavra desde o momento que chegamos. Acho que ela estava esperando eu dar a primeira palavra para poder dizer alguma coisa.


Eu reparava em cada gesto que ela fazia, a toda hora Victoria tirava o seu isqueiro do bolso, eu sabia que ela estava louca para acender um cigarro, ela sempre fazia isso quando se sentia incomodada, mas ela também sabia que eu odiava vê-la fumando, pois isso só alimentava ainda mais o seu vício.


"Por que você veio?". Perguntei curiosa para saber o que ela estava fazendo no colégio, já que ela nunca mais apareceu para assistir às aulas.


Mas Victoria ignorou a minha pergunta, ela, então, tirou a cartela de cigarro do bolso. Mas antes de acender, ela olhou pensativa para o cigarro em sua mão, e logo o colocou de volta no bolso. Só então, eu tive a atenção dos seus olhos para mim.


"Eu não tive escolha, já que cê não atendia nenhuma das minhas ligações". Victoria me encarou com tanta intensidade que era possível mergulhar nos seus olhos, como se eu estivesse entrando no mar aberto.


"Eu não tinha nada para dizer". Desviei o meu olhar, evitando sustentá-los.


Victoria estava tentando decifrar os meus pensamentos mais profundos, por pouco tive a sensação de que ela quase conseguiu.


"Mas, eu tenho". Victoria pareceu cansada de tanto esperar na defensiva. "Tenho muita coisa que quero te dizer". Ela se aproximou, ficando cara a cara comigo, encurralando-me, assim me impedindo de evitá-la.


"Nós não temos nada para conversar, Victoria". Acabei prendendo o ar em meus pulmões. Victoria estava perto demais, era difícil conseguir pensar em algo coerente quando o meu cérebro não parava de gritar para eu me afastar dela, o mais rápido possível.


Assim que ela percebeu as minhas intenções, Victoria segurou o meu pulso, forçando-me a ficar no lugar.


"Por que cê quer tanto fugir de mim?". Victoria desviou os seus castanhos para olhar onde sua mão estava segurando, então seus dedos afrouxaram o aperto do meu pulso apenas para acariciar a minha pele.


"E-Eu não estou fugindo". Minha voz vacilou. Fechei os olhos me praguejando por corresponder tão vergonhosamente ao seu toque.


Victoria me encarou com mais fervor do que antes. "Está sim, eu sei disso. Mas por que? Cê tá com medo de admitir que gostou daquele beijo?".


Ri, debochando de suas palavras.


"Você se acha muito irresistível não é mesmo? Eu não tenho medo de nada, até mesmo porque eu odiei aquele beijo". Tentei ser venenosa com as minhas palavras, mas Victoria não se abalou, nem ao menos se ofendeu. 


"Você está mentindo!". Suas palavras foram duras, seu timbre mais firme e autoritário. "Eu vejo em seus olhos que você está fugindo de mim. Eu sinto em seu corpo que você gostou daquele beijo, e que você deseja outro tanto quanto eu". As palavras de Victoria eram tão libidinosas quanto o sussurro de um demônio em meu ouvido, quase me fazendo delirar.


"Me solta, Victoria". Pedi. Mas a minha pele se arrepiando cada vez mais com os seus toques um tanto ousados, denunciou que eu não queria que ela se afastasse.


"Você me deixou louca nesses últimos dias, Angel. Sua voz não saia da minha cabeça, eu não conseguia parar de pensar nos seus olhos. Na sua pele...". Os dedos dela se arrastaram pela minha pele, traçando uma linha imaginária com as suas unhas. "Na sua boca…". Victoria pousou um de seus dedos sobre meus lábios, fazendo-me fechar os olhos involuntariamente, e apenas sentir o seu toque macio.


"Vick…". Minha voz saiu como uma súplica para que ela parasse de me torturar.


Victoria prensou o meu corpo contra a mureta que cercava o prédio abandonado onde estávamos escondidas. "Eu sonhei todas as noites pensando no gosto do seu beijo". Engoli a seco quando ela sussurrou tão próxima da minha boca, com seu hálito quente batendo contra o meu rosto e arrepiando-me pelo desejo em saborear outra vez o seu beijo.


Como se pudesse ler os meus pensamentos, Victoria não conseguiu mais se segurar, então, ela selou os nossos lábios num beijo voraz, cheio de luxúria e desejos reprimidos. Era como se ambas esperássemos por esse momento a séculos.


Victoria me conduzia com maestria, sua mão passando pela minha nuca e segurando alguns fios meus de cabelo, fazendo-me suspirar com sua pegada firme em minha cintura.


Era um beijo totalmente diferente do primeiro, mas tão bom quanto. Victoria estava insaciável, mas eu não estava odiando, pelo contrário a sua excitação acabou acendendo uma chama dentro de mim e que percorria por todo o meu corpo, aquecendo-me com o desejo de tê-la.


A língua habilidosa de Victoria invadiu a minha boca e eu não hesitei para conceder passagem a ela. Os lábios de Victoria era tão suaves, me faziam ter vontade de mordê-los para sentir ainda mais a sua maciez. Então, num ato ousado, eu saciei o meu desejo e prendi o seu lábio entre os meus dentes, arrancando um gemido arrastado de Victoria.


A minha ousadia serviu de combustível para o apetite dela. Com um impulso, Victoria me ergueu, colocando-me sentada sobre a mureta, suas mãos percorreram o meu corpo, procurando a barra do meu vestido, e assim que a encontrou, os dedos de Victoria começaram a percorrer pela minha pele desnuda, alcançando a minha coxa, onde ela acabou fincando suas unhas, fazendo-me suspirar com a sensação prazerosa. Sua mão estava tão quente quanto o formigamento que eu sentia entre minhas pernas.


Meu coração estava acelerado, era uma sensação tão forte que eu jamais havia vivenciado antes. Mas apesar de Victoria estar me fazendo sentir tão bem, a insegurança de uma primeira viagem me alertou de todas as formas, pedindo-me que eu juntasse todas as minhas forças para me recompor.


Tudo estava acontecendo rápido demais, nós devíamos ir mais devagar. Eu nem mesmo tinha certeza se era isso que eu queria.


"Vick…". Segurei sua mão antes que ela alcançasse os meus seios por cima do sutiã. "Espera! Por favor". Sussurrei entre nossos lábios.


Victoria quebrou o beijo com muita relutância, voltando a si assim que nossas bocas se separaram.


Suas pupilas estavam dilatadas e cheias de luxúria, e pelo suspiro de prazer que Victoria soltou assim que me encarou, eu cheguei a conclusão de que eu não estava tão diferente dela.


Nossas respirações ofegantes e irregulares se misturavam, tornando-se uma só, assim como as batidas descompassadas dos nossos corações.


Minha mente estava tão agitada que eu não conseguia pensar em nada além da garota a minha frente, e pelo sorriso bobo em seu rosto, eu deduzi que o mesmo acontecia com ela.


Victoria me ajudou a descer da mureta e sendo toda atenciosa e cuidadosa comigo, ela gentilmente arrumou o meu vestido, sem mais segundas intenções.


Seu olhar envergonhado me pedia desculpas por ter ultrapassado os limites do beijo. Meu coração reagiu com seu jeito carinhoso. Essa era a primeira vez que eu via esse lado amoroso de Victoria, e confesso que achei muito encantador.


Victoria, então, juntou as nossas testas assim que ficamos nos encarando em silêncio, apenas curtindo o momento mágico entre nós, era como se todos os meus problemas tivessem desaparecidos naquele mesmo instante, e fechando os olhos ela sussurrou somente para mim.


"Eu não vou desistir de você, Angel".




Notas Finais


Uau!! Que beijo em 👀

O que vocês acharam dessa declaração da Victoria no final?
Será que ela vai finalmente conseguir entrar no coraçãozinho da Angel?

Hehe

Espero que vcs tenham gostado de ler tanto quanto eu gostei de escrever
:3

Vejo vocês na próxima 💕

Beijoos 🌹🍪


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