1. Spirit Fanfics >
  2. Os Opostos Se Atraem (Romance Lésbico) >
  3. Amizade

História Os Opostos Se Atraem (Romance Lésbico) - Amizade


Escrita por: Nutlinha

Notas do Autor


Bom diiia meu povo e minha pova!!!

Gente eu não sabia que existia tema escuro no spirit ✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨ tô me sentindo uma criança com essa descoberta ✨✨✨

Enfim kkkk,
Voltei com mais um capítulo
Espero que curtam ele bastante
:3 foi escrito de coração pra vocês

Obrigada pelos comentários e coraçõeszinhos
(>^·^<)~❤

Vocês são demais, meus leitores!!!

Boa leitura 🍪💕

Capítulo 8 - Amizade




Ponto de Vista Victoria Beckham


"Olha só!! É uma menina!!". Algum homem gritava feito louco, atrapalhando completamente o meu sono. "Minha filha!!! Minha princesinha!!".


Eu estou tentando dormir! Será que ninguém respeita mais o sono alheio!?


Os braços que me envolviam enquanto eu dormia eram quentinhos e acolhedores, os quais transmitiam-me muita segurança.


Mas esse conforto não durou muito tempo. Logo outro par de mãos me puxaram para seu colo. "Meu bebê". Disse o homem com amor.


"Cuidado, amor! Não vá derrubá-la!!". Uma voz feminina, gentil. Mas não consegui reconhecer de quem era.


"Está bem!". Disse o homem um pouco sem jeito enquanto arrumava uma posição para me ter em seus braços com cuidado. "Ela é pesadinha!!". Sorriu, transbordando felicidade com o momento que lhe era muito especial. "Veja!!! Veja, querida!!! Ela está abrindo os olhinhos, vamos ver como eles são!!". O homem se emocionou, ficando eufórico.


Desisti de tentar dormir, toda essa algazarra acabou me acordando de vez. Foi um pouco difícil de manter os olhos abertos por causa da luz forte que tinha no ambiente. Mas com um pouco de esforço consegui ver o que estava acontecendo.


"Oi, pequena!!". A primeira pessoa que vi foi um homem com uma barba estranha que cobria todo o seu rosto. Mas apesar de sua aparência um pouco bizarra e seu rosto dimensionalmente grande e redondo, o homem sorria como se tivesse ganho na loteria, e seu sorriso aumentava ainda mais, conforme ele encarava os meus olhos.


De repente ele tirou sua atenção de mim para olhar algo além dele, tudo sem tirar o sorriso bobo do seu rosto. Por algum motivo, eu estava vidrada demais na barba estranha dele, ela era enorme e toda despenteada. Até tive vontade de puxar aquilo. "Ai!! Isso dói sua sapequinha!". Com cuidado, ele tirou minhas mãos daquele monte de pelos que faziam cócegas.


Olhei dentro dos seus olhos, os quais refletiam a minha imagem de bebê neles. Algo no homem me era muito familiar, principalmente seus traços. "Seu papai, bobão, está muito feliz em te ver!!". Disse ele com os olhos brilhando em alegria.


Papai...


"Você tem o nariz e os olhos da sua mãe!". Ele me ergueu no ar, aquilo me fez rir. Foi uma sensação muito gostosa. "Tão linda quanto você, querida!!". O homem me carregou até estármos perto da mulher, onde ele me colocou deitada junto com ela, antes de dar um beijo casto em seus lábios.


"Você é linda, meu cheirinho!". Disse a mulher com muita ternura enquanto me abraçava, trazendo-me de volta para seus braços acolhedores. Era estranho, mas eu não conseguia ver o rosto dela, estava tudo borrado, como se meus olhos não conseguissem focar nela, mesmo que eu me esforçasse para isso.


"Nós seremos uma família muito feliz, pequena Victoria!". Disse ela com um sorriso tão contagiante quanto o do homem.


"...".


"...".


De repente, todas as vozes e todas as pessoas a minha volta ficaram distantes. Tudo foi se misturando até que não restasse nada além de uma lembrança esquecida, tornando-se nada mais que um vazio.


Abri os olhos, confusa. Meu corpo dando suaves balançadas por causa da movimentação do táxi. "Um sonho?". Tentei entender o que tinha acabado de acontecer. Olhei para o lado e vi a Evilyn com a cabeça encostada na janela do carro, ela estava dormindo também.


Observei o lado de fora através do vidro, o táxi ainda estava passando pelo centro movimentado da cidade. De começo fiquei confusa, me perguntando onde estávamos, mas agora que acordei direito, consigo me lembrar com mais clareza que, estamos voltando do hospital para minha casa.


"Já acordou?". Evy chamou a minha atenção, ela estava se espreguiçando toda manhosa ao meu lado. Balancei a cabeça, dando-lhe uma resposta. "Está sentindo alguma dor?". Perguntou preocupada.


"Um pouco, mas nada que não seja suportável". Tranquilizei-a.


"Então, por que você está com essa ruga bem aqui?". Ela colocou seu indicador no meio da minha testa, fazendo minha ruga de expressão se desmanchar.


"Eu tive um sonho esquisito!". A loira me ouvia com atenção, esperando eu continuar. "Acho que foi no dia em que eu nasci, foi estranho. Parecia que eu estava lá de verdade, o Richard estava todo diferente e feliz, foi a primeira vez que eu o vi sem uma garrafa de cerveja na mão e tomado banho". Falei pensativa, tentando me lembrar de cada detalhe.


"Uma lembrança, talvez?". Evy perguntou.


"Eu não sei, nunca tinha sonhado com algo assim!". Deixei de lado o fato de ter visto o Richard agindo como um pai de verdade pela primeira vez, pois me lembrei que também havia uma outra pessoa no sonho. "Tinha uma mulher também, ela parecia ser a minha mãe, mas eu não conseguia ver o rosto dela. Quando eu estava com ela, tive a sensação de que ela estava me segurando de verdade. Pude até sentir o calor do abraço dela. Mas era esquisito, eu conseguia ouvir sua voz, mas não podia ver seu rosto...". Expliquei ao mesmo tempo em que tentava entender que significado poderia ter tido o sonho.


"Estranho! Mas você sabe que aparência tem a sua mãe, não sabe? Digo porque, até uma foto dela você tem!". Tentei ignorar o desconforto em meu peito quando Evy mencionou sobre a foto, fazendo-me lembrar que Richard havia a destruído.


"Esse não é o problema!". Eu já estava ficando confusa com os meus próprios sentimentos.


"Não estou entendendo!?". Evy tentava entender o que se passava na minha cabeça. A loira sabia que conversar sobre 'família' comigo, era um tópico complicado. Por isso ela sempre foi muito paciente. "Qual seria o problema então?".


Eu não sabia por onde começar, ou o que explicar para ela.


"Eu não sei nada sobre a minha mãe". Tentei começar pelo maior ponto de interrogação que me atormentava por anos.


"Mas você tem uma lembrança com ela, a foto!". Evilyn voltou nesse ponto, insistindo.


"Esse é o problema!!". A loira ficou ainda mais confusa. Então, eu continuei. "Sempre que eu tento imaginar a minha mãe em algum pensamento, ou lembrança, eu nunca consigo ver como ela é de verdade. Mesmo que eu tenha olhado milhares de vezes àquela foto e decorado cada traço, eu nunca consigo 'vê-la'. Não importa o quanto eu tente me lembrar do seu rosto, parece que tudo que sei sobre ela é uma mentira, como se ela não existisse mais". Eu gesticulava, tentando fazer com que as minhas palavras fizessem sentido.


Evilyn não soube o que me dizer e eu não a culpava por isso. Nem mesmo eu saberia o que dizer se estivesse no lugar dela.


Richard nunca foi de conversar comigo sobre a minha mãe, nem mesmo em seus melhores dias, ele sempre mudava de assunto e no final, saía para beber com os seus amigos de bar, isso quando não discutíamos.


Mãe…


Sua existência para mim era a mesma que a do papai noel. Richard sempre menciona como se ela existisse, mas no final eu não tinha nenhuma prova da sua verdadeira existência.


Não sei nem se ela está viva ainda.


Eu não sabia nada sobre os meus avós maternos, se eles existiam, ou se estão vivos. Eu não sabia se ela tinha irmãos, ou até mesmo algum amigo. Eu não tinha nenhuma pista sobre ela, ou de como encontrá-la. Nem mesmo o seu primeiro nome eu sabia.


E sempre ficava pior quando eu tentava descobrir alguma coisa, Richard não pegava leve com as ameaças.


Tudo o que eu tinha era uma fotografia velha que achei escondida em uma das gavetas no quarto dele, mas que agora ela estava rasgada.


"Você não imagina o quanto isso me perturba, parece que vou pirar quando penso em toda a minha história. Nada se encaixa, Richard nunca me diz algo coerente, tudo que sei é que minha mãe, possivelmente, me abandonou. Mas por quê? Ela não me amava mais, ela não era feliz?".


Porra! Isso dói.


Agarrei minha camiseta, sentindo meu coração bater angustiado, era doloroso pensar que talvez, tudo que o Richard sempre disse a respeito de eu ser a culpada de tudo, seja verdade. "Eu sinto um vazio tão grande em meu peito, muitas vezes parece que estou sozinha no mundo".


Evy ouviu tudo que eu tinha para dizer, mas no fim, seu olhar de pena estava estampado em seus olhos. Eu já devia estar acostumada com essa sensação, pois 'isso' era a única coisa que eu fazia as pessoas sentirem de mim.


Minhas amizades. Meu namoro com a Alexia.


Tudo que eu já recebi das pessoas, eu sinto que foi por pena. Parece que para todo canto que eu vou as pessoas estão me julgando. É sufocante ver todos aqueles olhares maldosos na minha direção.


Por uma fração de segundos, senti ódio de mim mesma por ser tão medíocre desse jeito. "Richard estava certo quando disse que eu sou desprezível". Mal terminei de falar e Evy sentou a mão no meu ombro, socando-me com raiva. "Ai!!! Por que me bateu?".


"Se você dizer essas palavras outra vez, quem vai te mandar para o hospital serei eu!!". Ela soltava fogo pelas ventas. Seus olhos tentando prender as lágrimas. Eu havia conseguido magoá-la.


Parabéns, Victoria! 


Senti-me uma idiota por dizer aquilo em voz alta. Ainda mais perto da Evy, que é a única família com quem posso contar de verdade.


"Desculpa!". Puxei a loira para um abraço, Evy não recusou se aconchegar em meus braços, seus sentimentos pareciam tão abalados quanto os meus.


Eu devia pensar melhor antes de sair falando merda. Deve ter sido uma barra para ela me ver machucada daquele jeito. Por isso, resolvi ser menos egoísta e pensar um pouco mais na Evy também, em como ela estava se sentindo.


"Prometo nunca mais deixar as palavras do velho mexerem comigo de novo". Abracei o seu corpo para que ela não saísse de perto de mim.


Evy agarrou a minha camiseta, aceitando minhas desculpas. "Você é uma idiota!!". Xingou-me, arrancando um meio sorriso meu.


'Idiota', estou ouvindo com bastante frequência essa palavra, últimamente.


Principalmente dela...


Sem que eu me desse conta, as palavras da loira me levaram até a Angel, fazendo-me viajar em algumas boas lembranças.


Era estranho admitir, mas estou com um pouco de saudade de irritar àquela caipira. Saudade, até, de estar com ela.


Sorri quando me lembrei da forma como ela junta suas sobrancelhas quando está zangada comigo, ela fica tão linda. Mesmo com vontade de rir da expressão que ela faz, eu nunca deixo de notar o quanto seus traços delicados deixam ela fofa.


Quando encaro seus olhos sinto como se eles chamassem pelo meu nome, convidando-me para um mergulho naquele oceano azul cheio de mistério e sempre gentis.


E hoje não foi diferente quando a vi naquele hospital.


Ela estava tão perto de mim, bem ao alcance das minhas mãos. Pude até acariciar seus cabelos quando ela adormeceu. Ainda consigo sentir perfeitamente o cheiro de chocolate que vinham deles, misturado com um toque floral que vinha do seu perfume.


Fiquei revivendo àquela cena por vários minutos. Eu fiquei tão feliz quando acordei e senti sua mão segurando a minha, seu toque quente me dizendo em silêncio que ela estava alí comigo, na hora senti meu coração bater tão forte como se ele pudesse explodir a qualquer momento de alegria.


Eu só queria segurá-la outra vez, poder sentir mais uma vez sua pele mácia. Será que é errado pedir por outra oportunidade como àquela?


"Eu sei em quem você está pensando". Disse Evy em brincadeira, tirando-me do mundo da lua. 


A loira ainda estava abraçada ao meu corpo.


Como ela poderia saber que eu estava sorrindo, se ela sequer me olhou?!


"Até parece". A loira achava que me conhecia como a palma da sua mão.


"Só existe uma certa garota de olhos azuis que te deixa com esse sorriso trouxa no rosto". Sua pequena menção fez meu coração errar uma batida.


Senti-me como uma criança sendo pega no flagra, aprontando. "Sabia que eu posso ouvir seu coração? E ele não mente, ao contrário de você". Com seu ouvido encaixado em meu peito, Evy não pensou duas vezes antes de me críticar.


A loira tinha um sorriso sapeca em seu rosto, agindo como se tivesse descoberto meu grande segredo proibido.


"Tcs! Nada a ver isso aí. Eu só estava pensando que tenho que agradecer ela pela ajuda e por ter ficado no hospital comigo". Inventei uma boa desculpa, mas, esta, pareceu ser mais para mim do que para outra pessoa.


"Ou isso seria apenas uma desculpa para poder vê-la?". Me alfinetou com seus pensamentos inconvenientes.


Será que o taxista me denunciaria à polícia se eu jogasse a loira para fora do carro em alta velocidade?


Resolvi ignorar o que Evilyn dizia.


O caminho até a minha casa foi cheio de lembranças e pensamentos, com alguns deles sempre me levando até a Angel, mesmo eu me esforçando para evitar pensar nela.


Contudo, apesar dos pensamentos alegres, nada aliviava a tensão que eu sentia em meus ombros cada vez que o taxista se aproximava mais do bairro onde eu morava. Só eu sabia o quanto estava sendo difícil voltar para casa, depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, e ainda ter que manter à calma.


Na real, eu estava torcendo para que o Richard estivesse caindo de bêbado em alguma esquina bem longe de casa quando chegássemos.


Evy percebeu que eu estava preocupada com o que poderia estar me esperando, então, a loira segurou a minha mão para me passar segurança.


"Ei, eu não vou sair do seu lado!". Deu-me um sorriso confortante.


Agradeci ao universo por ter enviado essa deusa de presente para mim.


Dei um beijo em sua bochecha como agradecimento. "Você é a melhor, Evy!".



x [···] x



Alguns Dias Depois - Casa dos Mitchell's


"Vick, atende a porta pra mim, por favor!!!". Eu estava jogando vídeo game com o James, irmãozinho da Evilyn, quando esta pediu que eu abrisse a porta para a pessoa que estava apertando a campainha.


Que droga! Justo agora?


"Eu tô no meio da partida!!!". Retruquei sem tirar os olhos da televisão. O pirralho estava quase me humilhando no jogo, eu não podia deixar isso barato.


"Victoria Beckham!!". Evy apareceu no topo da escada, brava e recém saída do banho, apenas de toalha, tirando toda a minha conscentração do jogo para suas pernas.


"GANHEI!!!!". O guri gritou do meu lado quando a ranqueada terminou e o time dele venceu. "Ráh!!! Agora você vai ter que me levar no zoológico".


"Merda! Viu o que você fez?". Reclamei com a loira. E ela pouco se importou com o fato de eu ter perdido a aposta para o irmão.


"Vai. Atender. A. Porta!!". Dizendo tudo de forma pausada, Evy ordenou que eu fosse ver quem era na porta. Dito isso, ela voltou com os seus cabelos molhados para o quarto.


"Vii itindir i pirti". Reclamei, fazendo uma imitação dela. James sorriu cumplice comigo. "Vai jogando aí, garoto". Entreguei o controle para ele e caminhei até a porta.


Dias atrás, quando voltávamos do hospital, fomos até a minha casa. Por sorte, Richard não estava lá. Mas a loira não quis arriscar e insistiu para que eu viesse passar alguns dias aqui na casa dos pais dela, Evy não queria, de jeito nenhum, me deixar sozinha com meu pai.


Os Sr. e Sra. Mitchell não acharam ruim quando Evy pediu a eles para eu ficar, contudo, eu não quero abusar da hospitalidade deles. Assim que as coisas se acalmarem um pouco, eu voltarei para casa.


Evy ficou feliz por eu ter concordado. Mas quem adorou mesmo a ideia foi o James, o guri faltou soltar fogos de artifício quando me viu chegar com uma mochila de roupas. Ele adorava quando eu os visitava, pois assim, ele sempre tinha uma parceira de vídeo game para jogar com ele. No dizer do garoto, sua irmã era muito ruim com jogos que requerem o mínimo de habilidade.


Nem preciso dizer o quanto Evy ficou enciumada com a nossa nova parceria. Ela só não reclamava mesmo, porque sabia que no final minha atenção era toda dela.


A campainha tocou mais uma vez.


"Se for tupperware, vou logo dizendo que não vou querer". Falei enquanto abria a porta.


"Não vai querer nem um abraço?". Perguntou com certo humor.


Essa voz! Ela não se parecia com a de um vendedor.


Abrindo a porta completamente tive a visão dela.


"Alexia?". Não consegui esboçar nenhuma reação quando vi a morena parada na minha frente.


"Eu mesma!". Disse ela com um sorriso tímido no rosto.


Ficamos as duas num silêncio tenebroso, uma encarando os olhos da outra. Eu não sabia o que sentir exatamente, mas eu não estava pulando de alegria com sua visita.


Quando Alexia viu que eu não iria falar mais nada, ela tentou quebrar o gelo me dando um abraço, mas eu me afastei. "Não está feliz em me ver?". Perguntou depois de ver meu jeito rude.


"Como sabia que eu estava aqui?". Perguntei indiferente. Alexia nunca se deu bem com a Evy, por isso, eu sabia muito bem que ela não estava aqui para pedir açúcar à loira.


"Fred me contou". Explicou. Ela parecia um pouco envergonhada por estar aqui, em outra ocasião, eu acharia fofa essa atitude dela.


"Hum". Cruzei os braços e escorei-me no batente da porta. "O que cê quer?". Fui direto ao ponto.


"Você está machucada!?". Alexia evitou a minha pergunta. "O que aconteceu?". Ela tentou tocar o meu rosto, mas eu desviei.


Sei que pareço estar sendo dura demais com ela. Mas desde o dia em que nós terminamos, Alexia não atendia mais nenhuma ligação minha e muito menos respondia as minhas mensagens. Assim como fez questão de avisar ao porteiro para proibir a minha entrada em sua casa. Ficando mais do que claro que, ela não queria ter mais nenhum tipo de contato comigo.


E agora, despois de cortar todos os vínculos, ela vem até aqui querendo pagar de boa moça e amiga? É óbvio que eu estou com raiva.


"Por que você está aqui?". Eu não via razão nenhuma para ela ter vindo.


"Eu só vim te ver!!". Alexia alterou o tom de sua voz, como se eu estivesse sendo injusta com ela, sem motivo algum. "Por quê? Não posso?". Sentiu-se ofendida.


"Era só isso?". Perguntei com uma pitada de sarcásmo. "Bom, agora que você já viu, pode ir embora". Fui fechando a porta, mas Alexia colocou a mão, impedindo-me de fechar em sua cara.


"Vai mesmo me tratar assim?". Alexia estava indignada com o meu jeito.


"Tô sendo até educada". Acabei pensando em voz alta, deixando-a ainda mais irritada.


"Você devia mostrar mais consideração, eu sou sua n-...".


"Cê é minha o que, Alexia?". A cortei antes que ela falasse alguma merda.


Até agora eu estava sendo bastante paciente com ela, mas isso estava começando a mudar.


"Nossa conversa termina aqui! Não temos mais nada para falar uma com a outra". Me aproximei dela. Alexia contraiu o seu corpo ficando em alerta. "Então, pega o teu cachorrinho alí e vaza!!". Fiz referência ao seu motorista particular que estava esperando para ir embora.


"Você pode pelo menos me ouvir, caramba!?!". Ela bateu de frente comigo, pedindo-me por uma chance de se explicar.


Bufei enquanto passava a mão no cabelo, ponderando o que eu deveria fazer. De qualquer forma, Alexia não iria sair do meu pé até conseguir o que queria. 


Então, a contragosto, decidi ouvir o que ela tinha para dizer. "Estou te ouvindo". Dei carta branca para ela, torcendo para não me arrepender da minha escolha.


"Vick, eu ainda te am-...". Não consegui terminar de ouvir toda a frase, pois comecei a rir do cinismo dela.


"Ah!! Por favor, Alexia". Eu não conseguia acreditar no que os meus próprios ouvidos estavam escutando. Parecia até uma daquelas pegadinhas com câmeras escondidas. "Sério isso?".


Se isso não for hipocrisia, vou começar a achar que ela é doida.


"Eu sei que erramos...". Quando Alexia viu que eu não tinha acreditado nela, ela continuou a falar, tentando me convencer de que era verdade o que ela sentia.


"Para com isso, Alexia". Eu não queria ouvir mais nada do que ela tinha para dizer.


"Vick, nós nascemos uma para outra…". Alexia ignorou o meu pedido. Ela tentava a todo custo se aproximar, insistindo em me fazer entender.


"Para, Alexia!". Eu estava me esforçando para manter a calma. Mas, Alexia fingir não me ouvir, estava me irritando bastante.


"Se pelo menos você me der uma chance de mostrar que…". Ela agarrou a minha camiseta, me forçando a olhar em seus olhos.


Mas que porra!!!


"Eu já disse para você parar! Que droga, Alexia! Vai embora, por favor!". Segurei suas mãos, obrigando a me soltar.


Minha cabeça estava começando a latejar com a voz dela martelando em meu cérebro com suas palavras vazias.


"Eu ainda te amo, Vick". Praticamente gritou, desesperada.


"Cala a boca!!!". Meus punhos se fecharam com vontade de socar a primeira coisa que estivesse ao meu alcance.


Um nó se formou na minha garganta quando controlei os meus impulsos. Ouvir aquelas palavras foram a gota d' água pra mim, ainda mais, depois de tudo que aconteceu.


"Vai embora, Alexia". Minha respiração estava ofegante. Eu estava me segurando para não explodir com ela.


Alexia ficou surpresa com a minha reação. Mas, mesmo assim, ela não se deu por vencida. A morena nunca foi de desistir fácil, infelizmente, ela não sabia quando deixar de ser chata.


"Você conheceu alguém?". Perguntou de repente e agora quem estava surpresa era eu.


"Quê? Cê pirou de vez, por acaso?". Perguntei, mas Alexia sequer se comoveu com as minhas palavras.


"Você está gostando de alguém". Dessa vez ela afirmou.


"Lexy, não pira". Ela olhou nos meus olhos procurando vestígios que confirmassem a sua loucura.


"É alguém da escola?". A morena insistiu, quase me deixando louca também com a sua teimosia. "Não, não deve ser. Só pode ser alguma vadia que você conheceu por aí. Ou então…". Ela conversava praticamente sozinha, ignorando por completo a minha presença.


De repente, Alexia ficou pensativa.


"É alguém que você tem visto com bastante frequência, não é?". A maneira como Alexia pensava, estava começando a me preocupar. "Será que poderia ser a Evilyn?". Revirei os olhos, ela como sempre vendo coisas onde não existem. "Não me diga que é àquela caipira sem sal?". A morena chegou a sua conclusão final.


Quase engasguei. "Quê?". Meu coração estava batendo tão rápido que eu mal conseguia pensar em algo para lhe dizer. "De onde cê tirou isso. Tá louca?".


Alexia me olhava de uma forma estranha, eu não fazia a mínima ideia do que estava se passando na cabeça dela.


Seu olhos negros assumiram uma postura decidida, deixando-me com receio do que ela seria capaz de fazer. "Não interessa com quantas garotas você fica, Victoria. No final, você vai voltar pra mim. Porque você é minha!". Alexia estava irritada e praticamente apontava o dedo na minha cara.


De tudo que ela dizia, eu só conseguia ouvir merdas sem sentido.


Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, Alexia caminhou até o seu chofer, este que abriu a porta para ela, mas antes de entrar, ela olhou dentro dos meus olhos. "Eu vou descobrir quem é a piranha que você está afim, e no final, você vai perceber que quem merece ficar com você sou eu". Deu o seu aviso.


Fechei a porta antes de ver o carro dela partir, eu estava com uma baita dor de cabeça. Tudo que eu queria era poder voltar no tempo e impedir a Victoria do passado de abrir a porta para àquela maluca.


Soltei um longo suspiro cansado. No fim, só acabei ficando com um péssimo pressentimento dessa visita.


Alexia só podia ter perdido um parafuso.


Sentei-me no sofá e passei a mão jogando meu cabelo para trás. Meu dia que estava sendo tão bom, agora foi completamente arruinado.


Que droga!


Alexia não tinha esse direito.


"Alguém importante?". Assustei quando ouvi a voz da Evilyn. Eu estava parecendo um gato assombrado, me assustando com qualquer coisinha.


Então a loira desceu as escadas, dessa vez usando roupas descentes.


Olhei para o James pedindo um voto de silêncio absoluto para ele. O garoto entendeu e virou-se para o vídeo game, fingindo não saber de nada.


"Não. Só outro vendedor chato. Sabe como eles são, não vão embora até que a gente se irrite com eles". Evy levantou os ombros, demonstrando desinteresse.


A loira deu a volta no sofá e deitou-se com a cabeça na minha perna. Seus olhos verdes buscaram logo os meus, procurando por alguma coisa, mas eu não fazia a mínima ideia do que ela queria.


"Vocês vão ficar o dia todo nesse joguinho chato?". Perguntou entendiada, ela estava cansada de só me ver com o controle do vídeo game na mão. "Que coisa mais sem graça. Só tem morte, sangue e barulheira nisso".


"Tem ideia melhor?". Perguntei abrindo vagas para sugestões.


Evy juntou suas sombrancelhas pensando em alguma coisa. Tanto eu quanto James olhávamos para ela com expectativas.


"Não!!". Respondeu depois de uma eternidade.


"Então, vamos sim". Sorri e fiz um toquinho com o James antes de pegar o controle para mergulharmos em outro jogo.


"Quando éramos criança, você me dava mais atenção". Evy cruzou os braços emburrada, fazendo-me rir do bico que ela fez.



***


"Ai-ai!".


Evy fazia questão de mostrar o seu tédio para todos nós. James revirou os olhos, já cansado do drama da irmã.


"Uhhh".


Ela batia a mão de propósito no meu controle, fazendo eu morrer algumas vezes no jogo.


"...". Evy afundou o rosto na almofada, reclamando.


"CHEGA!!!". Larguei o controle no sofá quando ela bufou pela quinquagésima vez seguida na minha orelha.


"O que aconteceu?". Se fez de desentendida quando me viu em pé.


Cerrei os olhos para o cinismo dela. Não existia loira mais cara de pau que esta.


"É atenção que você quer, então vamos!!". Arrastei a loira porta à fora.


"Onde vamos?". Perguntou fingindo desinteresse, mas ela não conseguia conter o brilho e o sorriso de entusiasmo em seu rosto.


Eu estava me sentindo como um dono levando seu cachorrinho para passear.


"Qualquer lugar que não seja perto de um vídeo game". Falei arrancando uma risada dela.


Mas eu não estava brincando, se a loira desse outro suspiro daquele, eu teria coragem de tacá-la da sacada, sem ficar com remorço depois.


Fiz um sinal para ela esperar quando alcançamos o meu carro, Evy ficou sem entender nada, o que me fez rir do jeito dela. "Madame!". Fiz uma leve reverência, indicando que agora ela poderia entrar.


Evilyn entrou na brincadeira. "Obrigada, Senhorita!!". Apoiou-se de forma gentil e suave em minha mão antes de entrar no carro, sendo uma verdadeira condessa.


Rimos da nossa palhaçada e assim, eu segui sem rumo pela cidade, isso no início, porque logo depois, Evilyn começou reclamar de fome e me obrigou a parar em alguma lanchonete para comer.


"Angel é uma pessoa legal. Você deveria dar uma chance e conhecer ela melhor". Não sei como terminamos nesse assunto, sendo que segundos atrás ela estava me pedindo ajuda com tatuagens.


"Você não acha que está defendendo ela demais?". Estranhei o fato da loira ser tão a favor da Angel, levando em consideração que uma sequer sabia o nome da outra algumas semanas atrás.


Evy deu de ombros, pouco se importando com o que poderia estar parecendo.


"De qualquer forma, só estou dizendo que ela é mil vezes melhor que a Alexia". Pegou mais um pouco de fritas e não hesitou em devorá-las. Só quero ver depois quem vai ter que aguentar ela reclamando das calças apertadas.


"E por que você acha isso, Srta. Mtchell?". Brinquei, apoiando os cotovelos na mesa e juntando a ponta dos dedos em um ar intimidador. Evy acabou tacando uma batata em mim.


"Credo! Você parece a Bruxa da Foucher". Fez um sinal de cruz com a mão, arrancando uma risada minha.


"Eu tô falando sério, idiota". Tentei voltar ao foco do assunto.


"Hm, então, você está interessada?". Ela começou a rir, e logo entendi aonde ela queria chegar com aquela conversa.


"Esquece!". Revirei os olhos. Não dava para ter uma conversa séria com ela.


"Para de ser marrenta!". Ofendeu-me.


Como vingança roubei o resto das fritas dela. "HEY!!! Você vai comprar outra porção". Pegou o troco que eu guardei na capinha do celular e pediu para o garçon trazer outra bandeja de salgados.


"Intimidade é foda!!". Reclamei e ganhei uma mostrada de língua da loira.


"Quem mostra língua pede beijo". Balancei as sobrancelhas com malícia, dando-lhe a xavecada mais barata que existia.


Evy fez cara de nojo, acertando em cheio o meu ego.


"Beijo seu? Nem morta. Fiquei sabendo da Milena que você beija mal pra caramba". Ela desenterrou o passado para jogar na minha cara.


Milena, resumidamente, foi a minha primeira paixonite. Ela simplesmente era a garota mais bonita do fundamental. E quando juntamos o crush, festa e bebidas, num lugar só, nada de bom pode sair.


"Você sabe que aquele dia eu não estava bem". Tentei me defender.


"Uhum, sei". Evy olhava suas unhas fazendo pouco caso.


"É sério, e também eu ficava muito nervosa perto da Milena, você sabe que ela foi a minha primeira de primeira mesmo".


O que mais se poderia esperar de uma pivete de quatorze anos?


"Claro, com certeza!!". Disse ela com desdém.


Ok.


Evilyn já estava começando a me irritar com esse jeito de patricinha esnóbe que ela sabia interpretar perfeitamente.


Cruzei os braços, tentando conter o ódio que eu já estava sentindo dela. Evy nem fazia questão de disfarçar que ela estava adorando tudo isso, o que me deixava ainda mais puta.


Que garota chata.


"Eu nem sabia o que era um beijo naquela época, imagina beijar". Foi o argumento final que achei para defender a minha reputação.


"Como ainda não sabe!!". Evy piscou seus olhos diabólicos na minha direção.


"Já chega!!!!". Senti a veia do meu pescoço saltar.


Eu fiquei tão irritada com pirraça da loira que acabei agindo por impulso. Levantei-me, afastando a cadeira bruscamente, ao ponto dela cair no chão. Evy arregalou seus olhos em surpresa e ficou totalmente sem ação quando eu a puxei pela gola de sua blusa e selei nossos lábios em um beijo fervoroso.


A loira estava em choque quando pedi passagem com a língua, ela hesitou um pouco, mas logo acabou cedendo e nossas línguas se encontraram uma com a outra, fazendo a loira suspirar entre o beijo. Suas mãos foram parar em meu cabelo, enquanto que a minha puxava o seu corpo para mais perto do meu. A essa altura Evy já estava deixando rolar, e assim como eu, apenas curtia o beijo, ignorando completamente todas as pessoas a nossa volta.


Quando o ar se fez necessário, eu resolvi finalizar o momento, então, encerrei o nosso beijo com uma mordida no lábio inferior dela.


Suas mãos saíram do meu cabelo e foram parar em meu ombro, onde ela parecia indecisa entre me empurrar, ou me bater. Pude ver que ela ainda estava desacreditada do que acabou de acontecer. Seu olhar me fez pensar que eu havia feito a maior besteira da minha vida.


Mas logo seus verdes estavam de volta para a Evy normal.


"A próxima vez que você me assustar desse jeito, eu vou quebrar a sua cara, Victoria Beckham!!!". Ela gritou comigo, mas eu não sabia dizer se ela estava realmente brava.


Acabei recebendo um tapa. "Ai!!".


"Eu achei que você ia socar a minha cara. Precisava ser tão bruta assim? Minhas roupas não são qualquer tecidinho do 1,99 pra você pegar de qualquer jeito não". Começou a me dar cansáveis sermões e lições de moda.


Achei melhor pagar a conta para írmos embora antes que as minhas orelhas criassem calo de tanto ouvir ela reclamar.


"Você por acaso é um velho?". Evy dava infinitos socos no meu braço.


"Tá legal! Desculpa. Não faço mais. Já pode parar de me bater agora". Já estávamos de volta na casa dela.


A loira passou o caminho inteiro reclamando da minha atitude, dizendo o quanto eu era sem noção. Até achei que iria acabar toda roxa com tantos tapas que fui recebendo dela.


De vez em quando eu olhava para ela, só para ter certeza de que ela já estava mais calma, e via seu rosto ficar completamente vermelho toda vez que ela se lembrava do beijo.


Evy saiu do carro.


"Você vai dormir no sofá hoje, sua tarada!!!". Seu rosto ainda estava vermelho, agora eu não sabia se ela estava com raiva ou envergonhada.


Evy marchou até a porta, quase afundando o chão, e quando ela bateu a porta, eu tive certeza de que eu estava encrencada.



Ponto de Vista Evilyn Mitchell


Encostei-me na porta do meu quarto assim que a tranquei, sentindo o rítimo do meu coração tão acelerado que estava prestes a fugir pela minha garganta.


"Victoria, sua idiota". Murmurei com a mão em meu peito.


Acalmando os meus sentimentos.



Notas Finais


Esse foi o capítulo de hoje!
No próximo eu prometo que vai ter interação da Angel com a Vick

A Evilyn é minha terceira personagem preferida
:3

O que vocês acharam desse beijo delas?

Comentem o que estão achando hehe
<(^·^<)(>^·^)>

Até a próxima!!!
Beijoos da Nutlinha 💕


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...