1. Spirit Fanfics >
  2. Os Rapazes do Motel Oasis >
  3. Wanted Dead or Alive

História Os Rapazes do Motel Oasis - Wanted Dead or Alive


Escrita por: baekhyuns

Notas do Autor


olá. ♡

muito muito bem vindos à ORDMO! esta fic vai ser pequenina e é meio que uma slice of life, bem calminha, ficam avisadinhos desde já. vou associar várias das minhas bandas e músicas favoritas especialmente nos anos 70 a 90 com os capítulos e deixarei os links das músicas nas notas finais para quem estiver curioso (e porque elas são lindas e merecem ser escutadas)

a música de hoje é "Bon Jovi - Wanted Dead or Alive", link nas notas finais. boa leitura!

a capa maravilhosa foi feita pela @/aeryixing no twitter, muito obrigada ♡

Capítulo 1 - Wanted Dead or Alive


​Bon Jovi - Wanted Dead or Alive

Inverno de 1991

Baekhyun estava exausto. Com a cabeça encostada no vidro do ônibus, que dava alguns solavancos pelo mau estado na estrada, olhava o céu estrelado. Apesar das complicações que o assombrariam a partir daquela noite, depois da decisão que havia tomado para a própria vida, sentia-se estranhamente leve. Estava longe de casa, longe dos pais, e viveria às suas próprias custas. Abandonara o seu lar a meio da noite, poucas horas depois dos pais terem adormecido no cómodo ao lado, deixando um simples bilhete em cima da mesa da cozinha com as palavras "Vou embora, por favor não me procurem" rabiscadas. Tinha 18 anos feitos há poucos dias e todas as suas poupanças guardadas numa latinha dos Bon Jovi estavam a ser usadas agora. Uns trocos para uma passagem de ônibus e poderia passar algumas noites num motel a algumas cidades de distância até, de fato, decidir o que fazer.

Não fugira para ser rebelde ou se impor aos progenitores. Baekhyun estava realmente exausto, não apenas da viagem que já durava horas, mas da sua vida naquela pequena vila. A situação financeira nunca havia sido muito favorável para a sua família, e a sua vida escolar não o satisfazia. Tinha notas baixas e, enquanto todos à sua volta pareciam ter um futuro decidido, Baekhyun apenas sonhava em viajar pelo mundo e aprender coisas novas, conhecer novas sensações, preencher aquele vazio dentro de si que, por alguma razão, estava lá.

Sentiu as palmas das mãos suadas. O ônibus abrandava e deduziu estar a chegar ao ponto onde deveria descer. Tinha conhecimento de um motel a alguns metros de distância e tencionava passar ali uns dias até organizar os seus planos futuros. Quando desceu as escadas, colocou a sua mochila às costas. Ao ver o ônibus se afastar dele, deixando-o sozinho e apenas iluminado pelos candeeiros de rua, encheu os pulmões de ar, vendo-se abraçado pela noite fria. Não se sentia assustado, pelo menos naquele momento. Agarrou as alças da mochila e caminhou pela calçada, apreciando com atenção os edifícios em mau estado que enfeitavam as ruas vazias daquele subúrbio.

Depois de poucos minutos de caminhada parou abaixo de um letreiro luminoso. "Motel Oasis", com a luz do "A" desligada. Os seus pés pareceram ganhar vida, a boca ficava seca a cada passo que dava e as mãos agora mais suadas que antes. Escondeu-as nos bolsos da jaqueta de couro depois de abrir a porta de entrada, vendo-se na receção pouco iluminada do motel. Aproximou-se do balcão de madeira, não vendo ninguém do outro lado. A parede à sua frente era preenchida por um mapa enorme, esticado num quadro de cortiça com algumas cruzes a marcar vários países, e ao lado alguns post-its amarelos com letras tão pequenas que Baekhyun não conseguia ler. Mordeu o lábio interior, passando o olhar pelo lugar. Não era muito grande e a luz no teto falhava algumas vezes. As paredes de madeira escura não ajudavam na iluminação — faziam parecer tudo ainda mais escuro. De repente, uma porta do outro lado do balcão abriu. Baekhyun fitou o senhor que se aproximou do balcão com um sorriso simpático, abrindo calmamente uma pasta azul pousada ali.

— Boa noite, jovem. Procura um quarto?

Baekhyun assentiu com a cabeça, tendo o olhar curioso do homem sobre si. Provavelmente questionava-se porque um adolescente como ele estaria ali sozinho a meio da noite, num subúrbio pouco frequentado há vários anos e num motel com aquele aspeto.

— E tenciona ficar quantas noites?

— Não tenho a certeza. — Baekhyun comprimiu os lábios, inclinando um pouco a cabeça para o lado. A sua voz, apesar de calma e baixa, parecia alta naquele cómodo que fazia eco. — Posso pagar três noites agora e se precisar fazer um novo check-in?

— Claro. Tenho a certeza de que terás quartos disponíveis se precisares. — O senhor mostrou-lhe um sorriso, pedindo-lhe então os dados precisos para que lhe pudesse ser entregue uma chave. Baekhyun retirou a mochila das costas, juntando em cima do balcão a quantia pedida por aquelas noites, e então guardou a chave do quarto 5 no bolso. O senhor informou-o do pequeno bar situado no fundo do corredor onde poderia pedir as suas refeições e disponibilizou-se para lhe mostrar onde ficava o seu quarto, retornando para a receção de seguida.

Vendo-se sozinho, Baekhyun trancou a porta e pousou a mochila em cima da cama. Olhou em volta. As paredes, outrora brancas, tinham várias falhas de tinta. A cama era pequena, tinha um sofá encostado à janela e uma mesa de madeira com algumas revistas. Um banheiro minúsculo e uma porta de acesso direto à rua. Sentou-se na ponta da cama, abrindo a mochila e retirando um mapa do seu interior. Igual ao mapa que vira na receção, o seu também tinha vários países rodeados a marcador vermelho — os países que Baekhyun sempre quisera visitar. A lista aumentava ao longo dos anos, à medida que ia ouvindo falar deles. Viajar pelo mundo e ser livre. Parecia tão fascinante e, ainda assim, impossível. Um sorriso singelo cresceu-lhe nos lábios e pousou o mapa aberto em cima da mesa de madeira. Trocou de roupa e deitou-se debaixo dos lençóis, enterrando a cabeça na almofada dura e adormecendo com a expectativa de que os próximos dias lhe trariam alguma resposta, mesmo ele não sabendo ao certo pelo que procurava.

 

 

(...)

 

Os raios de sol entravam por entre as cortinas, batendo diretamente no rosto de pele dourada de Baekhyun, que se remexeu preguiçosamente. Esfregou os olhos para espantar o sono e então abriu-os, olhando em volta e familiarizando-se com o local. Revirou-se para se deitar de barriga para cima, prendendo o olhar no teto já negro do quarto. Sentiu o coração falhar uma batida ao pensar que, àquela hora, os seus pais já teriam visto o seu bilhete e provavelmente estariam desesperados com o desaparecimento do seu único filho. Sabiam que a vida de Baekhyun não era a que ele almejava. Sempre fora mais criativo do que as outras crianças e não havia quaisquer barreiras para a sua imaginação. Sonhava alto e não tinha medo de cair. Era uma criança tão especial que não merecia viver naquele buraco de vila com uma rotina tão enfadonha, e eles culpavam-se por não lhe poderem dar uma vida melhor. Baekhyun sabia que os pais o amavam e ele amava-os de volta, mas ainda assim sentira cada palavra que escrevera naquele pequeno pedaço de papel — ele realmente não queria ser encontrado e esperava que os pais atendessem ao seu pedido e não o procurassem. Apesar daquela decisão tomada no calor do momento, ele era responsável. Se tencionasse voltar, voltaria pelo próprio pé.

Foi ao banheiro para tomar um banho rápido e então trocou de roupa. Tinha fome, mas não sabia que horas eram e receava que o bar tivesse um horário certo para servir o café da manhã. Se fosse o caso, não conhecia lugar algum nas redondezas onde pudesse comprar uma refeição. Vestiu a sua jaqueta de couro favorita e abandonou o quarto, atravessando o corredor pouco iluminado que fazia eco a cada passo dado. Enquanto caminhava, questionava-se se haveriam mais hospedes. O lugar era tão silencioso e isolado que pensou que talvez estivesse ali sozinho. Não entendia sequer como aquele negócio poderia estar de pé com tais condições e naquele lugar tão escondido.

Entrou no bar e abriu um pequeno sorriso. Ao contrário do que pensava, algumas pessoas descansavam em frente às mesas de madeira redondas espalhadas pelo local. Uma jukebox repousava no canto do bar, perto de uma janela, e Baekhyun sentiu um ligeiro entusiasmo por nunca ter visto uma daquelas antes. Aproximou-se lentamente e observou com atenção, querendo perceber como funcionava. Quando ia esticar o braço para pressionar um dos botões viu uma pessoa parar do seu lado. Elevou o rosto lentamente, dando de caras com um rapaz um pouco mais alto do que ele. O seu rosto era marcado por linhas fortes, queixo afiado e traços que chamaram a atenção de Baekhyun com um simples olhar. O cabelo negro com uma mexa que lhe caía sob os olhos dava-lhe um ar extremamente sensual, tanto que deixou mesmo Baekhyun sem jeito. Envergava umas calças claras um pouco largas e uma jaqueta de couro fechada até ao cimo que escondia a sua peça de roupa superior. A sua expressão dura, quase inexpressiva, fez Baekhyun dar um passo ao lado, não querendo meter-se em qualquer tipo de problema.

— Peço desculpa — proferiu educadamente. O rapaz olhou-o com atenção, pousando uma mão no cimo da jukebox e inclinando-se ligeiramente na direção de Baekhyun.

— Vais mudar a música? — questionou calmamente, ainda com o olhar preso no dele. O seu timbre de voz causou arrepios na pele de Baekhyun, que desviou o olhar.

— Não. É a primeira vez que vejo uma destas e fiquei curioso.

O rapaz gargalhou, chamando a atenção de Baekhyun que, um pouco intimidado pela figura à sua frente, escondeu as mãos nos bolsos da jaqueta.

— É bem fácil. Chega aqui.

Baekhyun voltou então a aproximar-se lentamente, parando do lado do estranho não tão mais velho do que ele. Explicou-lhe a funcionalidade de todos os botões à sua frente, mostrando-lhe o catálogo de músicas disponíveis, e falou-lhe da ordem de entrada que precisava respeitar. Baekhyun pousou então a mão nos botões e, fascinado, colocou a tocar como música ambiente uma música da sua banda favorita, Bon Jovi – Wanted Dead or Alive. A banda formara-se quando Baekhyun tinha exatamente 10 anos e desde então apaixonou-se. Era o tipo de música que escutava em casa — os pais eram fãs daquele estilo musical — e entusiasmou-se tanto por poder estar presente no ano da criação de uma banda tão boa que juntou moedas durante meses para poder comprar o seu primeiro álbum.

— Adoro Bon Jovi. — O estranho ao seu lado anunciou, mostrando um sorriso ladino a Baekhyun. — Oh Sehun. E tu?

— Byun Baekhyun — murmurou nervoso. Mordiscou o lábio inferior ao apertar a mão de Sehun, dono de uma expressão tão séria e beleza tão surreal que o deixava ligeiramente fora de si.

— Que fazes aqui sozinho? Procuras alguma coisa?

Baekhyun sabia que Sehun não se referia ao bar, e sim ao motel. Queria saber porque Baekhyun estava ali sozinho, naquele pedaço sujo de periferia, mas essa resposta era algo que ele preferia guardar para si mesmo. Não sabia que reação esperar se dissesse ao estranho à sua frente que fugira de casa sem qualquer plano, apenas uns trocos no bolso. Para além de o poder achar louco, tinha medo que chamasse a polícia ou avisasse o dono do motel. Limpou a garganta, optando então por desviar o assunto.

— Neste momento só procuro tomar o café da manhã...

Sehun abriu um sorriso de troça.

— O horário do café da manhã terminou há 30 minutos.

Era o que mais temia. Pareceu-lhe ouvir o estômago roncar, como se tentasse debater o que Sehun acabara de proferir. Baekhyun tossiu, querendo abafar o barulho da sua fome, mas o sorriso de Sehun apenas aumentou com a situação. Aproximou-se do balcão, onde uma senhora de ar simpático permanecia desde que Baekhyun entrara no bar, trocou algumas palavras com ela e então voltou para junto dele.

— Espero que uma sandes de atum seja o suficiente por agora.

Os lábios de Baekhyun formaram um pequeno sorriso de agradecimento e então acompanhou Sehun enquanto ele se dirigia a uma mesa livre. Sentaram-se frente a frente e Baekhyun viu-se com o olhar curioso preso nele. Perguntava-se se estaria ali sozinho, a razão de estar ali ou quais os seus planos. Se talvez, assim como ele, ele se sentisse perdido e estivesse ali de passagem para colocar as ideias no lugar, organizar o seu próprio plano e então seguir viagem. Molhou o lábio inferior, um pouco nervoso. Queria perguntar mais sobre ele, mas era parado pela timidez que o atacara desde que cruzara olhares com Sehun.

Uma sandes de atum foi colocada à sua frente e Baekhyun agradeceu educadamente à senhora simpática que o atendeu. Trincou, deliciando-se com a sua primeira refeição depois de várias horas sem colocar uma migalha no estômago. Sehun observava-o com o rosto pousado na palma da mão.

— Que idade tens? — perguntou lentamente, como se não quisesse interromper a refeição do outro. Baekhyun engoliu a comida antes de responder.

— Fiz 18 há uns dias. E tu?

— 21. Estás aqui sozinho?

Baekhyun sabia que era suspeito e arrependeu-se da sua resposta de imediato. Remexeu-se no banco e encheu a boca de comida, para que tivesse mais tempo para pensar numa resposta. Sehun olhava-o de forma curiosa. Era óbvio que Baekhyun não tencionava revelar muito sobre si mesmo e, mesmo sem se aperceber, o seu mistério despertara a curiosidade de Sehun.

O bar tornou-se barulhento em poucos segundos e Baekhyun virou o rosto para a porta, querendo ver quem o salvara de responder à pergunta feita. Dois rapazes com roupas parecidas às de Sehun e sorrisos trocistas nos lábios aproximavam-se da mesa onde estava sentado, cumprimentando algumas pessoas pelo caminho. Sentaram-se sem sequer pedirem permissão e Baekhyun olhou, confuso, para cada um deles, ouvindo então a voz de Sehun.

— São o Minseok e o Jongin. Estão aqui comigo.

— Byun Baekhyun. — Tentou sorrir para ambos, que o deixavam extremamente nervoso pelos olhares indiscretos sobre si.

— Bem-vindo. Estás de passagem? — Minseok questionou ao pentear os fios de cabelo com os dedos. Sehun olhou-o curioso, mostrando-se interessado na resposta. Baekhyun assentiu. — Bebes? Fumas? Não sei... já roubaste alguma coisa? Já te envolveste em alguma briga?

— Não, nenhuma. — Foi a resposta de Baekhyun, que recebeu um suspiro profundo como resposta.

— Ele não serve de muito, Sehun.

Um nó formou-se no cérebro de Baekhyun em segundos. Teve a certeza de que aquela situação e aquelas pessoas não eram o que ele procurava com a sua fuga, sequer se identificava com eles. Olhou para os três rapazes à sua frente em extrema confusão, receoso para saber onde aquela conversa o levaria. Os dois amigos de Sehun barafustaram por alguns segundos, voltando-se para Baekhyun de seguida.

— Queres... divertir-te um pouco?

Hesitou. Algo dentro dele dizia-lhe que aquela pergunta era mais perigosa do que parecia, e meditou durante alguns momentos antes de responder. Nunca tinha tocado em bebidas alcoólicas ou tabaco em toda a sua vida e, ao contrário de muitos adolescentes, não tinha qualquer curiosidade em experimentar. Os pais ensinaram-no desde novo que qualquer um poderia ser legal e saudável ao mesmo tempo — não havia qualquer necessidade de fazer tais coisas para se incluir num grupo. Baekhyun sabia disso e concordava totalmente. Também nunca precisara roubar ou se envolver em brigas físicas, tentava mesmo distanciar-se delas. Ao se lembrar dos pais e da educação recebida, negou calmamente com a cabeça.

— Não me parece boa ideia.

— Não vamos fazer nada fora da lei, Baekhyun. — Foi a vez de Jongin proferir, mostrando-lhe um sorriso um pouco zombador que fez Baekhyun engolir em seco.

— Estão a assustá-lo. — Sehun repreendeu os dois amigos, que riram em uníssono ao ver a expressão, de fato, um pouco assustada de Baekhyun. Este, confuso e tão desconfortável que começava a sentir as mãos suadas, olhou em volta, evitando qualquer contacto visual com os rapazes mais velhos.

— Estamos a brincar com ele. — Jongin corrigiu, pousando a mão no ombro de Baekhyun. — Vem, vamos mostrar-te as redondezas.

Baekhyun olhou discretamente para Sehun, que lhe assentiu com a cabeça, dando-lhe a garantia de que estava tudo bem. Não conhecia as redondezas, mas do pouco que tinha visto na noite anterior tinha a certeza de que não havia nada para conhecer — era um lugar sujo e isolado, com algumas lojas abandonadas e outras tão pouco frequentadas que se consideravam igualmente abandonadas. Perguntava-se há quanto tempo aqueles três rapazes estariam ali e por que razão falavam com ele. Mesmo desconfiado levantou-se do banco de madeira, recebendo sorrisos dos dois amigos de Sehun. Quando passaram pela receção, prestes a abandonar o motel, a voz do rececionista travou-os.

— Onde vão?

Sehun virou-se, sorrindo.

— Mostrar as redondezas ao Baekhyun.

— Voltem a horas de almoçar.

Sehun voltou a sorrir e colocou o braço à volta do pescoço de Baekhyun, levando-o consigo para fora do motel. Baekhyun sentiu o coração palpitar com o ato sem aviso prévio de Sehun (que cheirava tão bem que era impossível não notar tão de perto). Acompanhou os passos lentos dos três rapazes, olhando discretamente para o rapaz ao seu lado. Perguntou-se, mais uma vez, há quanto tempo estariam ali e que tipo de relação tinha Sehun com o simpático rececionista. Sehun olhou-o de volta, ainda com o braço à volta do seu pescoço, e abriu o sorriso ladino habitual.

— O que estás a pensar?

Os amigos de Sehun barafustavam a alguns metros de distância, pontapeando latas de refrigerante no chão e rindo; nada estavam interessados na sua conversa com Sehun.

— Conheces o rececionista? — decidiu questionar, recebendo um aceno como resposta.

— É meu tio.

Baekhyun olhou-o curioso, mas não teve tempo de responder pois Sehun logo continuou.

— Saí de casa muito cedo, com a tua idade. Pedi ao meu tio para ficar aqui por uns dias, mas aqui estou eu há já 3 anos.

Por algum motivo, aquela pequena confidência com Sehun deixou-o mais à vontade, mas, ainda assim, não queria falar sobre si mesmo. Sempre fora assim desde novo. Era simpático e educado, mas muito fechado nele mesmo. Quando estava triste disfarçava tão bem que ninguém acreditava, mesmo quando ele tentava desabafar com alguém — o que era realmente raro, pois na maior parte do tempo não confiava nem nele mesmo. Apesar daquilo não ser nem um terço da história de Sehun, mostrou-lhe um pequeno sorriso.

Pararam de caminhar quando chegaram a um local escuro e de odor horrendo. O chão era sujo e os edifícios abandonados faziam Baekhyun sentir-se ligeiramente abafado. Alternou o olhar entre Sehun, Minseok e Jongin, esperando que o elucidassem sobre o que estavam ali a fazer. Quando Baekhyun viu Minseok encostar-se à parede manchada de negro, apoiar o pé e retirar um maço de tabaco do bolso, sentiu o boca ficar seca. Jongin — que parecia tão simpático ao entrar no bar mas agora Baekhyun achava-o tudo menos isso — aproximou-se dele e pousou a mão no seu ombro, afastando a de Sehun.

— Não há muito que ver, mas há que fazer.

Baekhyun observou-o com atenção enquanto se aproximava de Minseok. Sehun permaneceu ao seu lado enquanto os dois amigos enrolavam um baseado perfeito com algo tirado do bolso das calças de Minseok, olhando uma vez ou outra em volta como se esperassem uma visita inesperada, e então Minseok foi o primeiro a colocá-lo entre os lábios. Acendeu e tragou, deixando a cabeça cair para trás. Baekhyun sabia o que era aquilo e o que fazia, sabia ser quase considerado hábito por jovens da sua idade e já se questionara como seria, mas nunca o tinha feito ou sequer visto alguém fazê-lo à sua frente. O baseado rodou por entre os três, e então Jongin estendeu-o a Baekhyun, que ficou a olhá-lo hesitante.

— Queres?

— Não tens de fumar, Baekhyun. — Ouviu a voz de Sehun ao seu lado, que nada tinha a ver com o tom de voz intimidante do seu amigo. Baekhyun olhou o baseado à sua frente e de seguida os dois rapazes. Baekhyun não era tolo, muito pelo contrário. Não era o mais inteligente na escola, mas não deixava que isso o definisse. Aprendia cheio de vontade diversos outros assuntos que considerava mais importantes do que aqueles que os professores ensinavam, e estava bem consciente das coisas que o mundo colocaria à sua frente ao longo dos anos. Aquela era uma delas.

Segurou o baseado e tragou. Tossiu um pouco e tragou outra vez. Deu então a Minseok, retomando o círculo. Quando voltou a chegar a sua vez, tragou mais duas vezes, e não aceitou mais depois. Já sentia a cabeça leve e acreditou estar a sentir os sintomas tão rápido por nunca ter fumado algo assim, afinal, os outros pareciam bem. Deu passos lentos até conseguir encostar-se à parede, lado a lado com Minseok. Os três rapazes conversavam sobre assuntos seus, claramente divertidos, as pálpebras que começavam a pesar e os olhos ligeiramente avermelhados. Baekhyun não via nenhum deles com os mesmos sintomas de indisposição que ele sentia. O sabor ainda lhe estava na boca e não pensou que teria tal reação a quatro simples tragos no baseado. Fechou os olhos com força, pensando que talvez quando os abrisse o coração acalmasse, mas quando sentiu um revirar no estômago afastou-se da parede atrás de si.

— Vou voltar — proferiu calmamente, tendo toda a atenção sobre si.

— Já? — Jongin perguntou ao se aproximar, mas Sehun colocou-se à sua frente.

— Eu vou levá-lo de volta.

— Não, está tudo bem.

Afastou-se enquanto falava, e quando já se encontrava fora do campo de visão dos mais velhos apressou o passo, sentindo a sandes de atum subir-lhe até à boca. Percorreu as ruas sujas numa corrida desengonçada até voltar ao motel, onde o tio de Sehun lhe perguntou porque voltara sozinho. Respondeu que ainda estava cansado da viagem e por isso voltara mais cedo, e não esperou uma resposta antes de correr pelo corredor, fechando-se no seu quarto. Enfiou-se no banheiro e vomitou na privada, apoiando o rosto na palma da mão enquanto era totalmente possuído pelo sentimento de frustração. Arrependeu-se de imediato, não só de ter tocado sequer no baseado mas também de ter conversado com o bonito estranho no bar, e questionou-se quem eram aqueles rapazes e porque pareciam achar engraçado mexer com ele. Nunca se considerara fraco ou um alvo fácil, apesar de educado e simpático (o que costumava ser bastante confundido com fraqueza), e por isso aquela situação deixou-o ligeiramente irritado, como se tivesse sido completamente subestimado por três estranhos que pensavam que poderíamos se divertir às suas custas.

Limpou o rosto e lavou os dentes, voltando para o quarto. Sentou-se em frente à mesinha de madeira onde o seu mapa repousava aberto e esticou-se para encontrar o seu pequeno caderno na mochila, onde escrevera alguns tópicos de sonhos e planos do que poderia fazer dali em diante na sua vida. Aquela manhã tinha sido um desastre e não podia culpar mais ninguém senão ele mesmo, mas não se voltaria a auto sabotar. Fora um pequeno deslize. Sairia daquele cômodo escuro apenas para comer as refeições a que tinha direito e engendraria o seu plano de fuga rapidamente. Nada de distrações.

 

(...)

 

Baekhyun despertou com algumas batidas na porta do quarto. Inclinado sobre a pequena mesa de madeira, adormecera com a caneta entre os dedos. Estava mais cansado do que imaginava e a noite anterior passada no colchão duro não o tinha satisfeito, mas era agora mais do que evidente que preferia o colchão rígido, pois dormir em frente à mesinha havia resultado numa desagradável dor de costas. Piscou os olhos algumas vezes, voltando a ouvir batidas leves na porta de madeira atrás de si. Esfregou os olhos, tentando acostumar-se à claridade da luz do quarto. Não sabia que horas eram nem por quanto tempo tinha dormido, mas o céu negro lá fora dizia-lhe que já seriam para lá das 20h. 

Levantou-se do chão e esticou os braços no cimo da cabeça para se alongar. Depois abriu apenas uma fresta da porta, espreitando para o lado de fora. O coração pareceu bater mais rápido ao ver Sehun encostado à porta da frente. Escondia as mãos atrás das costas e tinha a habitual expressão fria no rosto, que elevou assim que ouviu a porta do quarto de Baekhyun abrir. Desencostou-se para se aproximar e quando viu Baekhyun fechar a porta de fininho colocou o pé na fresta ainda aberta. Ouviu um suspiro cansado, mas mesmo assim pousou a mão na porta para a empurrar calmamente, abrindo-a. Baekhyun não queria falar com ele. Na verdade, não queria falar com ninguém, mas não teve escolha quando Sehun deu um passo em frente, entrando no seu quarto e fechando a porta atrás de si.

— O que estás aqui a fazer? — Baekhyun não tardou a perguntar. Sehun caminhou lentamente até à mesa de madeira onde o mapa de Baekhyun estava pousado, lançando-lhe um olhar curioso antes de responder. Baekhyun aproximou-se, fechando o seu caderno rapidamente.

— Não apareceste no bar para almoçar nem para jantar. — Sehun murmurou, voltando então a sua atenção para o rapaz agora apoiado nos seus joelhos enquanto colocava o caderno e a caneta ao lado da mesa. — A partir das 23h já não servem jantar, então trouxe algo para o caso de estares com fome.

Baekhyun elevou calmamente o rosto, vendo Sehun segurar um saco de plástico entre os dedos. Ainda sentia o estômago revirar numa indisposição extremamente desagradável, mas a intenção de Sehun tocou-o e então decidiu não dizer nada. Sentaram-se frente a frente e o saco foi deixado em cima da mesa depois de Baekhyun retirar o seu mapa e o colocar no chão. Sehun observou-o com atenção enquanto este analisava o interior do saco. Deu a Sehun um olhar desconfiado, enfiando a mão no saco para retirar o seu jantar.

— Obrigado… — proferiu, vendo os cantos dos lábios de Sehun curvarem-se ligeiramente num pequeno sorriso. — Foi por isso que viste aqui?

— Na verdade, também vim pedir desculpa. — Apoiou o rosto na palma da mão, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Baekhyun, que picava a comida com o seu garfo, elevou o olhar. — O Jongin é estúpido.

— Tu também. — Baekhyun respondeu num murmúrio, sendo apanhado de surpresa pela gargalhada de Sehun. Baekhyun não estava chateado com ele, e sim irritado com a situação em que se havia colocado mais cedo. Sabia que o rapaz à sua frente não o tinha obrigado a fazer o que quer que fosse e que a culpa era pura e simplesmente dele mesmo, mas sentia a necessidade de expressar a raiva de alguma forma e, inesperadamente, gostou da reação de Sehun à sua provocação.

— Talvez eu seja um pouco — respondeu ainda com um pequeno sorriso, pousando o olhar no mapa esticado no chão. — Posso?

Baekhyun alterou o olhar entre Sehun e o mapa. O sorriso já não lhe ocupava os lábios e agora uma aura ligeiramente misteriosa sondava-o. Baekhyun odiou o nó de confusão que se criou dentro dele. Estava habituado a se deixar levar pelo pressentimento. Conseguia compreender as pessoas apenas com um olhar e era bom a ler expressões. Porém, olhar para Sehun era como olhar para uma tela cheia de pinceladas desordenadas. Bonito, porém, confuso. O sentimento de não conseguir decifrá-lo apenas com um olhar maçava Baekhyun profundamente. Não queria apenas apreciar Sehun, queria entendê-lo.

Assentiu levemente com a cabeça, vendo Sehun puxar o mapa para si e pousá-lo no colo. Olhou atentamente com uma expressão séria que, por algum motivo, deixou Baekhyun nervoso. Mastigou o jantar devagar, esperando uma reação do rapaz à sua frente.

— São… os países que quero visitar.

— Temos destinos parecidos. Viste o mapa na receção? É meu.

Baekhyun sentiu o seu interior transbordar de curiosidade. Lembrou-se do mapa que ocupava a parede atrás do balcão rodeado de post-its que vira na noite em que chegara e quis saber quais os planos de Sehun, mas a timidez, mais uma vez, travou-o de questionar.

— Ainda não consegui concretizar nenhuma delas. — Sehun continuou. — Como já te disse, saí de casa com a tua idade. Não é como se tivesse uma fortuna para viajar. Mas de qualquer forma, porque fugiste?

Baekhyun sentiu o coração bombardear com a pergunta repentina. Esfregou as mãos um pouco suadas nas pernas, passando a língua pelos lábios. Sehun prendia o olhar em Baekhyun enquanto esperava a sua resposta. Fora direto ao ponto. Estava tão intrigado acerca dele que podia estourar. Via-se a ele mesmo em Baekhyun — as ações, os gostos e até mesmo a timidez que precisou ultrapassar quando se viu obrigado a trabalhar na receção do motel do tio. Não conhecia o rapaz de 18 anos que aparecera ali a meio da noite e, sem saber ao certo a razão, queria desesperadamente conhecer. Vendo Baekhyun tão calado, voltou a falar.

— Não é como se enganasses alguém… — murmurou num tom de troça, vendo Baekhyun desviar o olhar constrangido. — Passei pelo mesmo que tu. Leio nas entrelinhas.

Fitaram-se por longos segundos que pareceram horas para Baekhyun, que sentia um peso enorme no peito ao pensar na vida que deixara para trás. Os colegas, os amigos e especialmente os pais. Preocupava-o que os pais não tivessem seguido com o seu pedido tão honesto de não o procurar e tinha medo de que a polícia já estivesse envolvida na situação. Tinha saudades dos progenitores, porém, esse sentimento não parecia forte o suficiente para que ele voltasse ao lugar que o fazia sentir um nada.

— Estava farto, só isso — revelou baixo. Não desabafava há tanto tempo que as palavras pareciam doer quando passavam pela garganta, rasgando-o por dentro. Molhou os lábios, enchendo os pulmões de ar. Parecia pensar no que dizer, mas ao mesmo tempo o medo de se revelar estava tão entranhado no seu peito que deixou as palavras morrerem antes de as proferir.  — Não há muito a revelar… nem sobre mim nem sobre a minha história. Não sou tão interessante. Só queria liberdade.

Sehun inclinou-se para trás, apoiando as mãos no chão.

— Com que dinheiro? Quer dizer, se vieste para um sítio como este não deves ter muito.

— Talvez eu queira apenas esconder-me por um tempo.

— E é esse o caso? Estás no Motel Oasis apenas para te esconderes por um tempo?

Em parte, sim. Queria esconder-se naquela periferia escura e esquecer que existia até, de fato, existir. Mas Baekhyun sabia que as moedas que guardava consigo não eram suficientes para sobreviver e que em mundo algum se sustentaria por mais de 4 meses. Estava mais do que ciente de que precisava decidir o que fazer quanto a isso e que era uma ponta solta em todo o seu plano, e sentir que Sehun o ridicularizava por isso enervava-o.

— Eu sei que preciso arranjar um trabalho. Sei que o meu plano é uma merda e que não vou viajar pelo mundo como sonhei. Não precisas falar comigo como se eu tivesse compreensão lenta. — Deixou-se levar pela raiva, pousando o garfo com brusquidão em cima da mesa de madeira à sua frente. Sehun não se mexeu. Olhava com tanta atenção para Baekhyun que nem pestanejava.

— É realmente isso que queres para ti?

— Claro que não. — Baekhyun respondeu com prontidão, quase não deixando Sehun terminar a frase. — Mas também não quero voltar.

Sehun passou o olhar pelo quarto lentamente. Tinha uma resposta na ponta da língua mas, não tendo tanta proximidade com Baekhyun, optou por guardá-la para si; talvez quando voltassem a falar sobre aquilo ele a exprimisse. Compreendia tão bem o lado de Baekhyun que se sentiu com 18 anos de novo, parado em frente àquele motel com o seu tio perguntando-lhe o que estava ali a fazer sozinho. A nostalgia acalmou o seu interior e voltou o olhar para Baekhyun.

— Queres sair?

A mudança súbita de assunto intrigou Baekhyun, que levava o garfo à boca mais uma vez.

— Sair?

— A porta que dá para o exterior. Já a usaste?

Baekhyun negou. O inverno gélido não era do seu agrado e apenas no corredor do motel já sentia o corpo arrepiar de frio. Nunca fora admirador daquele tempo. Gostava do verão, quando podia vestir os seus shorts pelos joelhos e as t-shirts das suas bandas favoritas. No inverno, especialmente naquele, as escolhas de roupa dentro da sua mochila eram limitadas e a jaqueta de cabedal que trouxera vestida não era o suficiente para o manter quente mesmo por cima das roupas de lã.

Elevou o olhar ao ver Sehun levantar-se. Abriu a porta, deixando o ar frio entrar.

— Vem cá.

Baekhyun levantou-se e aproximou-se, espreitando para o exterior. Sehun, mesmo com a pouca roupa que envergava, parecia confortável naquele frio que arrepiava Baekhyun até aos ossos. Saiu e chamou-o com a mão, que o seguiu calmamente enquanto se aninhava no casaco o mais que podia. Já no exterior viu-se nas traseiras do motel, onde havia acesso às várias portas secundárias dos quartos. Apenas a luz do interior os iluminava, assim como a lua escondida atrás de algumas nuvens acima deles. Aquele pequeno espaço guardava uma mesa de plástico escura com duas cadeiras, para onde Sehun se encaminhou e se sentou. Retirou o maço de tabaco do bolso das calças e o isqueiro. Baekhyun olhava-o discretamente enquanto ele colocava um cigarro entre os lábios, franzindo um pouco as sobrancelhas ao acendê-lo. Expeliu o fumo e retribuiu o olhar de Baekhyun.

— Não te vou perguntar se queres, sei que não fumas.

Baekhyun sorriu um pouco por ter as suas palavras lembradas e arrependeu-se de ter sido frio com Sehun minutos atrás. Apesar da aparência que o intimidava, fora o único ali que o ouvira e o respeitara. Baekhyun aproximou-se e sentou-se ao seu lado, cruzando as pernas em cima da cadeira. Nunca fora adepto de tabaco e detestava o cheiro. Perguntava-se como Sehun ficava tão bonito com o cigarro entre os lábios e o fumo que lhe saía pelas narinas.

— Quero experimentar.

Sehun olhou-o com a testa vincada.

— Estamos sozinhos, Baekhyun. Não sei se aceitaste o baseado de Minseok para provares alguma coisa, mas comigo não precisas de fazer isso.

— Eu não aceitei o baseado para provar nada! — queixou-se ligeiramente ofendido. Depois olhou as mãos pousadas no colo. — É que… gosto que oiças o que eu digo. Por isso quero fumar aqui contigo. Só uma vez.

Sehun deixou o olhar pousar em Baekhyun mais uma vez naquela noite fria. O ambiente era cinzento e sombrio, e a claridade que vinha do interior do motel era escassa. O rosto de Baekhyun foi iluminado pela luz alaranjada do cigarro assim que Sehun tragou. Inclinou-se para cima de Baekhyun e ele, ao contrário do que fizera na primeira vez que se viram, não se afastou. O olhar atraente de Sehun sobre si arrepiavam-no de cima a baixo como uma corrente elétrica. Sentiu o peito apertar quando Sehun segurou a sua nuca com uma mão e aproximou os lábios de ambos, parando apenas a milímetros de distância. O polegar de Sehun acariciou o seu rosto e pousou nos seus lábios de seguida, pedindo silenciosamente a Baekhyun que os separasse. Assim o fez, timidamente, tentando controlar a respiração irregular que lhe causava estar tão próximo dele. Acontecera tão rápido que não conseguia digerir. Sentiu os seus lábios serem tocados, ainda que quase nada, pela primeira vez na sua vida, quando Sehun passou a fumaça diretamente para a sua boca. O peito de Baekhyun subia e descia descompassadamente. Soltou a fumaça na sua boca devagar e Sehun olhou-o nos olhos. Tê-lo tão próximo, com as pontas do cabelo que lhe tocavam na testa e lábios a raspar nos seus, faziam-no questionar se aquele momento seria real. Não teve tempo de reagir. Na verdade, não tinha forças para fazer o que quer que fosse tal era o choque em que o seu corpo se encontrava. Retribuiu o olhar de Sehun, perguntando-se no que ele estaria a pensar, mas este afastou-se lentamente e abriu o pequeno sorriso trocista que começava a ser habitual para Baekhyun.

— Então? — A pergunta soou provocadora. Sehun sabia o que tinha feito, apesar de não entender ao certo o que o motivara para tal. Não era do tipo de se mostrar ou fazer as coisas sem pensar e, no entanto, não parava de o fazer desde que conhecera Baekhyun, não tendo passado sequer 24 horas desde que o vira pela primeira vez. Baekhyun desviou o olhar do de Sehun, envergonhado com toda a situação.

— Não era bem nisto que estava a pensar — murmurou ao ver Sehun voltar a tragar do cigarro.

— Gostaste?

— Sim... — O coração que palpitava de euforia e as mãos suadas, apesar do frio que sentia no resto do corpo, não o permitiam pensar direito. Sehun soltou um riso anasalado pela resposta sem jeito de Baekhyun e então deixaram que o silêncio se instalasse entre eles. Apoiou o cotovelo na mesa e assim segurou o rosto na palma da mão, terminando calmamente o seu cigarro. Baekhyun afundava-se na cadeira assim como no seu casaco, que pouco ou nada o aquecia. O ar frio entrava por cada buraquinho e Sehun percebeu. Arrastou a cadeira para perto de Baekhyun, chamando a sua atenção.

— Estás com frio?

Baekhyun negou com a cabeça, não querendo atrapalhar Sehun, que escondeu o sorriso que ameaçou crescer-lhe nos lábios com a mentira esfarrapada do mais novo. Deu um último trago no cigarro antes de se levantar e colocar o braço à volta do pescoço de Baekhyun para que ele fizesse o mesmo.

— Mas eu estou. — Mentiu. — Vamos para dentro.

Baekhyun agradeceu mentalmente pela mentira de Sehun, seguindo-o esperançoso até ao interior do seu quarto de motel. Não que fosse mais quente lá dentro, mas assim que Sehun fechou a porta a falta de corrente de ar fez toda a diferença para Baekhyun, que se sentou na ponta da cama sentindo-se mais aconchegado. Balançou as pernas, vendo Sehun caminhar até à porta.

— Já vais?

Sehun virou o rosto na sua direção, já com a mão na maçaneta.

— Sim. Descansa.

Baekhyun não deu conta do bico que se formara nos seus lábios. Não ia dormir. Não estava nem um pouco cansado depois da tarde passada completamente adormecido no chão do quarto, mas também não queria maçar Sehun. Assentiu.

— Está bem. Boa noite.

— Boa noite, Baekhyun. — Retribuiu e então abandonou o quarto, fechando a porta atrás de si.

Baekhyun deixou-se cair para trás na cama, esticando os braços. Olhou o teto, revivendo o momento de minutos atrás com Sehun. Arrepiou-se ao sentir os seus lábios serem tocados pelos dele mais uma vez. Mesmo com o toque quase nulo, relembrar fazia o seu coração bater mais rápido. Não estava habituado a nada daquilo — as batidas descompassadas do coração, as mãos suadas ou a falta de palavras. Apesar de tudo, sempre fora um rapaz independente e muito seguro de si, e perceber que Sehun o fazia baixar a guarda deixava-o extremamente confuso.

Sentia-se diferente, mas ainda não sabia ao certo o que isso significava.


Notas Finais


escutem "Wanted Dead or Alive" porque é maravilhosa mesmo: https://www.youtube.com/watch?v=SRvCvsRp5ho&feature=emb_title

não escrevo long fics há aproximadamente um ano e portanto tenham calma e paciência com a velha. estou um pouquinho hesitante, mas!! fé que tudo dá certo.

vou já avisar que não sou a melhor a atualizar as minhas histórias (choro, briga, raiva), deus me ajude

muito obrigada por lerem e espero que tenham gostado. até ao próximo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...