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História Os segredos que escondi de você - Fugitiva de camisola


Escrita por: AkiraSilv6

Capítulo 15 - Fugitiva de camisola


O mundo tinha parado de girar,o ar tinha fugido dos meus pulmões e eu conseguia sentir o gosto metálico de medo no fundo da minha garganta. Minhas pernas tremiam,não consegui mais manter o peso do meu corpo e desabei no chão gelado daquele lugar abandonado. O que tinha acabado de acontecer eu não podia compreender,a única coisa que sabia é que aquela coisa,aquele ser maligno,seja o que for sugou todas as minhas forças. Olhei para os lados,com medo do que os meus olhos poderiam focalizar,mas felizmente o único ser vivo naquele cômodo era eu. 
Convencida de que estava sozinha me levantei e comecei a sair daquele misterioso hall,o tempo que fiquei sentada com o orgulho ferido recuperando minha coragem e meu fôlego foram o suficientes para minhas pernas pararem de tremer e eu voltar a ter controle do meu corpo. 
Corri como se minha vida dependesse disso e me deparei com um corredor que eu não conhecia. Sabia que Bonnibel não tinha me mostrado todos os lugares da escola,mas fui em todos os andares e definitivamente esse não estava no tour. Eu não sabia como tinha chegado àquele lugar e a escadaria não se encontrava em lugar algum. Continuei correndo,mas parecia que não ia alcançar o fim,como naqueles pesadelos em que você corre por um corredor infinito. Finalmente,de longe eu pude enxergar o fraco brilho da lua que entrava pela fresta de uma janela suja empoeirada. Com as esperanças renovadas,cheguei perto da janela e virei a esquerda no corredor,me deparando com a escada que pareceu ter surgido do nada. Desci os degraus,pulando de dois em dois para acabar mais rápido,não me atrevendo a olhar pra traz em nenhuma circunstância. Porém,como o exemplo de pessoa abelhuda,me virei rapidamente e olhei para o lugar que tinha acabado de descer,focalizando um enorme número seis e me voltando pra frente de novo,sorrindo feliz por estar me afastando daquele ambiente sinistro,assustador.
Cheguei em meu quarto ofegante,mau acreditando que tinha vivido tudo aquilo em uma noite. Abri a porta lentamente,entrei e a fechei novamente. Bonnibel continuava a dormir,como se nada tivesse acontecido. Ainda na ponta dos pés fui até a minha cama e me deitei. Refleti por mais ou menos dez minutos sobre tudo,o menino loiro solitário no gramado,a presença demoníaca naquela sala misteriosa,e o famoso sexto andar... E enquanto pensava em tudo isso acabei caindo no sono.

-Marceline? Cara,acorda! -Alguém me sacudia. -Você vai se atrasar para o primeiro dia de aula! 
-Só mais cinco minutos,mãe... -Falei de olhos fechados,resmungando. 
-MARCELINE!! 
Me sentei na cama assustada,procurando onde era o incêndio e dei de cara com uma pessoa que eu jurava conhecer a poucos centímetros do meu rosto. 
-Finalmente acordou! -Ahh,era a Bonnibel. -Eu estou te sacudindo a cinco minutos e você parecia estar morta. E por que diabos tem folhas em seu cabelo,lama na sua camisola e poeira na sola dos seus pés? 
-Hã? -Perguntei ainda sonolenta. Ninguém merecia acordar e receber aquele bombardeio de perguntas.
-Cara,você ainda está dormindo. Enfim,não importa. Você tem meia hora para se arrumar,melhor correr. 
-MEIA HORA? -E foi aí que eu despertei,peguei o uniforme que tinha separado em cima da escrivaninha na noite anterior e me joguei no banheiro. Lavei meu cabelo tirando qualquer vestígio da noite passada,me livrei da lama e da poeira em meu corpo e em vinte minutos eu estava pronta. O uniforme caia bem como uma luva em meu corpo. Blusa social branca,colete preto por cima e meu cardigã preto. A calça eu improvisei e usei a minha mesmo,preta também. E pra dar um tchan coloquei meu vans verde pastel. Com dez minutos livres aproveitei pra me maquiar,tinha horríveis marcas o de olheiras roxas em baixo dos meus olhos,minha cara usual de cadáver,só que 5% pior. Maquiagem e cabelos prontos (meu coque tradicional,pois a preguiça não permite arrumar um cabelo tão comprido) e finalmente eu estava pronta para enfrentar o primeiro dia de aula. Bonnibel me esperava impaciente em sua cama. Eu a admirei naquele momento,mau me conhecendo mas ainda assim me acompanhando para o inferno do primeiro dia.
-Qual a sua primeira aula? -Ela me perguntou. -A minha é literatura...
-Putz,a minha é francês.
-Relaxa,a sala de francês fica em frente à sala de literatura. Não vou te abandonar. -Sorriu docemente. -Mas hey,quero te perguntar uma coisa...
Ahh não,ela sabe que eu sai do quarto,ela sabe que eu fui no sexto andar,ela vai me entregar... -Err...pode perguntar.
-Eu soube do seu encontro especial com a Caroço. -Uffa,era sobre isso. Respirei aliviada. -Não se preocupa,ela é mais palavras do que ações. Adora uma briga,não posso negar,mas na maioria das vezes ela só ameaça pra te deixar assustada.
-Ela não me assustou nem um pouco. -Sorri. 
-Bom,você não conhece mais ninguém além de mim e da Caroço,mas os desagradáveis não contam. No intervalo me encontra em frente ao refeitório que eu te faço uma análise completa dos alunos. 
-Você é como uma espiã...
-É o meu dever! -disse colocando a mão na testa,imitando um soldado. -É a regra básica de sobrevivência sabe? Saber quem é amigável e quem é perigoso. 
-Okay! 

Chegando no andar em que as salas de aula ficavam,eu e Bonnibel paramos e ficamos encostadas numa parede menos movimentada. O lugar era uma zona mas ainda assim era muito animado. 
-Você vai gostar daqui,não se preocupe. -E o sinal tocou. -Daqui a duas aulas me encontre em frente ao refeitório,não esqueça. Sua sala é aquela -E apontou. -Até depois!
-Até!
Ela entrou em sua sala,me deixando pra traz com a mínima vontade de entrar para a minha,mas o que eu poderia fazer além de seguir o fluxo de pessoas? Entrei na sala em que ela havia me indicado,todos os lugares já estavam ocupados menos os do fundo,perfeito. Enquanto eu passava pelas fileiras todos me olhavam de esguelha. Como eles eram ruins em disfarçar. Eu fingia não perceber mas aproveitava também para dar uma analisada em todo mundo. Cheguei nas últimas carteiras e me sentei,entediada,olhando para o céu pelas grades da janela,lembrando da sensação de olhar aquele mesmo céu na noite anterior. Suspirei. 
-Bom dia turma! -Eu ouvi alguém falando lá na frente,a professora tinha chegado. 
Poucas pessoas responderam o seu "bom dia",a maioria ou cochilava ou conversava com o colega da frente ou do lado,alheios ao mundo exterior. 
-Silêncio por favor,vou começar a chamada. -Ela tinha voz de poucos amigos,ou talvez só estivesse com sono como a maioria de nós. 
Enquanto ela começou a fazer uma lenta e longa chamada eu aproveitei para começar meus devaneios,com certeza eu era uma das últimas a ser chamada mesmo...
Então o sexto andar realmente existe,pensei. Mas não se sabe como chegar lá,ele simplesmente aparece. Eu jurava ter ido para o quinto andar mas de alguma forma eu me enganei. Por mais que eu odeie admitir,essa escola está se mostrando mais interessante do que eu imaginava,sorri internamente. 
-Elaine? -A professora ainda estava na letra E (revirei os olhos),olhei para a porta. E nesse exato momento a porta se abre e entra na sala uma pessoa que eu sabia que conhecia. Ele Sorriu docemente para a professora,como a pessoa mais confiante do mundo e entrou na sala como se nada tivesse acontecido. Todos o olhavam e era como se ele já estivesse acostumado com aquele tipo de atenção. Virou para onde a professora estava e falou: 
-Nem preciso dar uma desculpa,estou certo? 
-Não Sr.Mertens,já sabemos que você acabou dormindo demais e blá,blá,blá... É incrível como você resolve dormir demais apenas nas minhas aulas. 
-Eu também não entendo professora! -Respondeu irônico com um sorriso galanteador. -De qualquer forma,presente! 
Então esse era o garoto que sentou ao meu lado no gramado. Ele parecia completamente diferente agora,talvez até um pouco arrogante. Enquanto ele andava pela sala procurando um lugar desocupado eu evitei fazer contato visual. A única carteira sobrando ficava a minha direita,três lugares na frente do meu. Ainda bem! 
Demorou mais uns cinco minutos mas meu nome enfim foi chamado. 
-Marceline? -E a professora começou a me procurar pela sala. Levantei a mão. 
-Presente... 
-Ahh,então você é a ALUNA NOVA! -E falou aquilo como se fosse um insulto. Agora todos me olhavam,inclusive o menino loiro que pareceu me reconhecer também.
-Érr... Sou eu! -Sorri falsamente. 
-Seja bem vinda. -E continuou a chamada,mas ainda assim algumas pessoas me encaravam. Definitivamente eles não sabiam ser sutis. 
Quando a professora terminou de fazer a chamada parecia que enfim todos tinham perdido a curiosidade sobre mim. Foram pegando seus cadernos e nesse momento o garoto loiro se virou para pegar seus cadernos em sua bolça que estava no chão. Ele levantou o olhar e me encarou demoradamente,como se estudasse meu rosto para ter certeza se eu era a mesma garota de ontem. Sorriu e falou,mas de sua boca não saiu nem um som. Eu tive que prestar atenção em seus lábios para fazer uma leitura labial rápida. Ele disse: "Então era você,a fugitiva da camisola!" (Sorriu e voltou o olhar para o quadro negro) 
Corei,mas tive vontade de rir. E eu nem sabia o nome dele... (Suspiro)


Notas Finais


Quando a musa da inspiração vem me visitar eu aproveito e vou postando um capítulo por dia. Espero que gostem amoras ☺️


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