Enquanto as meninas da escola aplaudiam e gritavam o nome de Park Jimin eu me mantinha quieta, procurando não me irritar com aquilo, ou pelo menos não me irritar mais. O moreno adorava ser o centro das atenções e aquilo me dava nos nervos, no fundo da alma. Tão imbecil, tsc.
— Acho que alguém está com ciúmes. — Disse o dito cujo, sorrindo abusado para mim. — Te incomoda ouvir elas gritando meu nome? Posso pedir para gritarem mais alto.
Eu fechei meus olhos com força desejando que a cor verde desaparecesse de minhas orbes e não denunciasse a minha fúria.
— Amo quando seus olhos ficam assim, sabia? É sexy. — Vejam, eu não o odiava por odiar, tinha meus motivos.
Respirei fundo e o olhei de lado, fuzilando-o com o olhar mergulhado na raiva.
— Park Jimin... Você tem muita sorte de eu não poder usar os meus poderes de alucinação, porque eu ia te fazer ver Jesus, desgraça.
— Poxa, ia ser tão mau assim comigo? — Formou um falso bico nos lábios, que ridículo.
— Mau? Eu ia ser pior que o capeta. Muito pior. — Cemicerrei os olhos, o encarando, ou melhor, fuzilando.
— Selvagem você. — debochou, rindo baixo. — Deixe de ameaças e aprecie o momento de estar ao meu lado. — Como se aquilo fosse grande coisa, puff.— Agora fazemos parte da mesma equipe, bruxinha. — Piscou um olho, abrindo aquela boca formando um sorriso largo. Eu deveria estar feliz com aquilo? Porque eu realmente não encontrei ponto positivo algum nisso.
Rolei os olhos novamente e fiz uma breve expressão de deboche.
— Como se você fosse alguém de importância pra mim.
— Usa e depois joga fora, insensível.
— Pelo amor de Deus! Nem me lembre desse passado obscuro! Éramos criança Jimin! Crianças não sabem o que fazem.
— Na hora de beijar meus lábios você não se esquecia, né? E ainda tem a capacidade de dizer que "crianças não sabem o que fazem". Você parecia saber muito bem!
Senhor, dei-me paciência.
— Cala a boca, quem me beijava era você e isso já faz oito anos! Oito anos, passado.
— Admita que quer beijar de novo. — sorriu — Se admitir, eu também admito.
— Jimin, vai se fuder.
O diretor fazia seu monólogo, mas eu não conseguia prestar atenção ou ao menos ouvir com aquele estrume do meu lado. As alunas ainda gritavam por Jimin e o mesmo não perdia a chance de retribuir com acenos e sorrisos. Parecia uma verdadeira celebridade. Futilidade é o nome disso.
— É tão bom ser famoso. — Sussurrou ele, rolei meus olhos em puro tédio. Olha, estava pensando seriamente em invocar o Satanás e pedir que levem esse garoto para o quinto dos infernos. — Elas sabem o que é bom. Você deveria ser assim também. — me fitou.
— Te corrigindo Jimin, eu sei o que é bom, elas que deveriam ser assim também.
— Assuma que me acha um gostoso de uma vez. — Sorriu convencido. Satanás, essa é sua deixa, já pode levá-lo.
Bufei, abaixei a cabeça e mais uma vez rolei meus olhos em puro estresse. Respirei fundo e desejei ter raio laser nos olhos, ou qualquer poder bem mortal. O diretor finalizou sua palestra e nos autorizou a descer da plataforma. Os alunos voltavam para os seus quartos e esvaziava o campo aos poucos. Eu não tardei em descer para fora de lá, deixando todos os outros para trás e soltando um suspiro de alívio. Caminhava apressada para qualquer lugar bem longe daquele convencido idiota, que atende por Park Jimin. Lisa vinha logo através de mim á passos apressados para conseguir me acompanhar. Ela sorria de forma sacana, sabia o que estava prestes a vir.
— Vamos aprontar, né? — perguntou sorrindo. — Diz que sim!
Parei meus passos para lhe encarar com uma expressão diabólica e ainda mais sacana. Um sorriso doentio se apossou dos meus lábios, era a confirmação, ainda que de uma forma indireta.
—Ah, Nós vamos sim!
A ruiva começou a pular, consequentemente chamando a atenção de alguns alunos que passavam por nós.
— O que vamos fazer? — Perguntou em um sussurro, tentando ser discreta.
— Eu ainda não sei, mas eu quero muito ver a imagem de fodão do Jimin ir pro ralo. — Minha cara devia ser a mais vingativa do mundo.
Lisa parecia pensar. Seu dedo indicador batia vagarosamente no queixo enquanto contorcia seus lábios e murmurava coisas desconexas. Eu franzi o cenho ao tentar imaginar o que se passava pela sua mente mirabolante.
— Já sei! — exclamou alto, levantando seu indicador e sorrindo largamente.
— O que? Fala logo!— dei uns pulinhos de exitação.
— Eu vou colocar uma câmera no quarto dos meninos, uma câmera escondida. — Sussurrou cautelosa, verificando se alguém nos ouvia. — Então vamos atrás da menina que faz as bombas de gazes, sabe? E pedir que faça uma bomba de fedor potente. — Riu feito uma louca. — A bomba vai explodir e a câmera vai filmar as mais lindas reações de todos que estiverem no quarto. Eu retiro a câmera e assim lançamos para toda a escola o vídeo. Não é perfeito? — Perguntou animada.
— É perfeito! — Sorri, logo fechando a cara ao lembrar de uma grande ameaça para o nosso grande plano. — Só temos um problema. — disse séria, contorcendo a boca em pura frustração.
— Qual? — Perguntou curiosa.
— O Jungkook, se ele olhar no nosso olho vai saber de tudo. — formei um bico chateado nos lábios.
— Eu me escondo fácil dele, é só ativar a invisibilidade. — deu de ombros.
— Aigoo, tô vendo que eu vou ter que ser ninja.
— Relaxa amiga, anda de cabeça baixa e se esconda nesses vasos de planta caso reconheça a voz. — disse, apontando para um vaso atrás de nós.
— Certo. — Acenti, concordando.— Agora, o que vamos fazer primeiro? — Perguntei.
Lisa começou a arrancar suas peças de roupa, assim, do nada. Eu olhei assustada para os lados me certificando que só havia nós no corredor. A empurrei para um canto mais reservado vendo uns jovens vindo na nossa direção distraídos em seus celulares.
— Para com essa mania de tirar a roupa assim, sua doida!
— Ninguém ver meu corpo mesmo.
— Vai que a sua invisibilidade falha ou algo assim ? Todos vão te ver nua.
Seu corpo ficou totalmente invisível e somente as suas roupas ficaram no ar. A mesma me entregou as peças e eu as abracei, não me dando ao trabalho de dobrá-las.
— Aish... isso nunca deixa de ser constrangedor. — Murmurei, olhando para baixo. Lisa não fez nada além rir do meu comentário.
— Eu vou colocar o celular no quarto dos meninos agora, com a câmera já ligada.— Disse a invisível.
— Eu vou dar cobertura.
— Certo, vamos então.
Comecei a caminhar somente sentindo a presença de minha amiga ao meu lado. Evitava olhar para frente, no caso de encontrar Jungkook.
— A gente tem que aproveitar, porque eu acho que eles estão no pátio agora. — Falei, olhando para o lado como se fosse possível enchergá-la.
O corredor dos quartos masculinos estava silencioso, o que só colaborava nas minhas suspeitas. Caminhamos na ponta dos pés até a porta do dormitório de Jimin e todos os outros da equipe. Lisa bateu na porta e eu corri, me escondendo atrás de uma parede, com apenas um pedaço da cabeça para conseguir acompanhar o desfecho da missão. A porta se abriu e pela mesma apontou Namjoon, confuso não por ter encontrado ninguém ficou olhando para os lados procurando pelo autor da batida. Sorri e mordi os lábios nervosa.
Já havia se passado uns cinco minutos e eu ainda estava na espreita à espera de Lisa. Ela estava demorando e aquilo me preocupava. Resolvi que deveria fazer alguma coisa, mas o quê eu podia fazer? Eu não tenho permissão para usar meus poderes. E acredito que alucinação não seria o poder mais útil no momento.
— Aish... que merda! — murmurei inquieta.
— O que é uma merda?
Eu pulei assustada e segurei um grito agudo, ouvindo aquela voz quase no meu cangote. Susto da porra!
— Esta aí a quanto tempo? — Perguntei, ouvindo a risada sapeca da ruiva.
— Uns cinco minutos. — Respondeu rindo.
— É sério, Lisa? Você me fez de trouxa esse tempo todo?
— É que é muito legal poder ficar observando as pessoas.
— Sempre soube que era louca. — zombei. — Agora veste a sua roupa que a gente vai atrás da garota do gás.
— Eu vou ter que ficar pelada de novo mesmo, então, nem vou vestir.
— Do meu lado assim você não anda!
— Como se você conseguisse ver meu corpo nu, não é linda? — Rebateu e mesmo não enchergando-a, tinha plena certeza que estava com a sua costumeira pose de indignada.
— Veste essas roupas. Em nome do santo protetor das causas difíceis — Estendi a mão para a minha direita.
— Eu 'tô aqui, ______— guiou meu braço em sua direção, pegando as roupas e vestindo, mesmo que hora ou outra eu ouvisse o seu bufar.
Sorri contente e lhe fitei, vendo-a voltar a ser visível.
— Agora vamos? — perguntei.
— Vamos — respondeu.
Caminhamos para o corredor principal e subimos o lance de escadas. O segundo andar era dos dormitórios femininos. O quarto da garota era ao lado do nosso e assim nos aproximamos e batemos devagar sobre a porta.
A garota abriu a estrutura de madeira e nos olhou espantada, com o cenho franzido. Era de se esperar, afinal não é todo dia que duas loucas batem na sua porta com sorrisos nada normais.
— Precisamos da sua ajuda. — dissemos eu e Lisa em uníssono.
— Para o quê? — perguntou aturdida.— Bom... primeiro, entrem.
Adentramos em seu quarto, vendo que ela aparentemente estava sozinha.
— Nós gostaríamos de uma bomba de fedor, das piores. — Disse Lisa, quase atropelando as próprias palavras pela euforia com que fora dizendo.
— Se você puder fazer esse grande favor, claro. — Acrescentei, vendo a garota afirmar com a cabeça e sorrir.
— Certo, qual gás?
— O mais tóxico, porém que não mate. Pode ser até um que faça desmaiar.
A garota acentiu e caminhou para perto da janela de seu quarto, nos avisando que era para evitar que o cheiro se concentrasse ali, no ambiente. Seus olhos se fecharam e ela fazia movimentos com a mão formando uma nuvem de gás que crescia a cada novo movimento.
Eu encarei Lisa e voltei minha atenção para a esfera que girava na mão da menina. Era bem interessante ver toda a formação e a sua concentração para criar aquilo. A mesma abriu os seus olhos alguns segundos depois e nos encarou sorrindo. A esfera de gás flutuava sobre a sua mão.
— Tome, coloque no lugar que deseja e conte até dez. Ela vai estourar e se propagar no ar. — Passou para as minhas mãos a pequena bola de gás.
—Certo, obrigada mesmo. — Me curvei e sorri.
— Não há de quê. — riu, abrindo a porta de seu quarto para nós.
Eu e Lisa nos retiramos e começamos a correr. A esferinha soltava um pequeno odor e eu tive que prender a respiração para não vomitar hora ou outra. Descemos a escada correndo e voltamos para o corredor dos quartos masculinos. Olhamos para os lados mais uma vez e não havia ninguém por perto.
— Será que estão todos lá ou só o Namjoon? — perguntou Lisa, ofegante pela corrida recente. Ela ao menos podia respirar.
— Acho que só o Namjoon, porque eu 'tô vendo o Jimin se aproximar. — Arregalei os olhos, vendo o garoto se aproximar enquanto conversava com o Jeon. — VAI LOGO LISA!!!
A ruiva retirou sua roupa novamente, completamente afobada logo pegando a esfera e tornando-se invisível.
— Nossa, isso fede a defunto. — Reclamou. Sua voz estava fanha, ela devia ter tampado as vias nazais.
— Vai logo caralho!
A Manoban começou a caminhar em direção ao quarto e por alguma ajuda divina a porta estava aberta. Ouvi o rangido da mesma, como se o vento a abrisse e constatei que era a minha amiga.
Me escondi atrás da mesma parede de antes e vi Jimin e todos os seus amigos rumarem para o seu quarto no meio de risadas. Sorri vitoriosa enquanto lambia os lábios, e olhava os idiotas entrarem no quarto.
— Corre que lá vem estouro! — Lisa sussurrou próxima á mim.
Comecei a correr e a contar mentalmente, esperando pelo CABUM, PÁ, POF, POW ou qualquer outro som que fosse se propagar.
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