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História Osaka Boy - yuwin - Destino


Escrita por: woolari

Capítulo 11 - Destino


Os dias conseguintes foram trabalhosos para ambos. Yuta tinha cada vez mais dificuldade em realizar quaisquer tarefas, mesmo as mais simples e era doloroso para Sicheng ter que agir como se aquilo não o incomodasse. Como se estivesse tudo bem.

Já era noite quando havia começado a chover. O crepúsculo acontecera há algum tempo. Sicheng amava tudo na chuva. O cheiro que ela deixava quando molhava a terra. O som das gotas ao tocarem numa superfície. O frio que preenchia o ambiente. No geral, as pessoas associam chuva com filmes de terror e se sentem desconfortáveis principalmente quando ela ousadamente insiste em cair durante a noite. Mas não Sicheng. Ele se sentia exatamente o oposto e tinha uma noite de sono mais tranquila caso chovesse. Ele se sentia relaxado.

Yuta observava atentamente pela janela as gotas caindo lá fora e vez ou outra desenhava algo no vidro. Ele também amava a chuva, embora nunca tivesse de fato estado sob uma. Yuta não era à prova d'água. Isso não quer dizer que ele não pudesse entrar em contato, apenas não tolerava grandes volumes. 

– Eu quero ir lá fora. – Yuta diz sem virar-se.

– Você não pode. – as palavras de Sicheng saíram quase que automaticamente.

– Por favor, Winko...

Yuta conhecia os próprios limites. Ele sabia que aquilo resultaria em defeitos no seu sistema. Se ele continuasse por bastante tempo poderia até mesmo ser totalmente danificado. Ele entendia esses limites e jamais ousou ultrapassá-los. Por isso Sicheng soube o que aquele pedido significava. Ele engole em seco e sente a garganta arder.

– Você quer ir? – o garoto pergunta com uma voz um tanto rouca. 

Yuta assente. 

Sicheng aproxima-se do robô e estende sua mão.

– Tudo bem, vamos. – ele diz forçando um pequeno sorriso.

– Você é o melhor namorado do mundo.

Sicheng nega com a cabeça.

– Você sabe que está mentindo. Esse é você. – ele rapidamente se vira arrastando Yuta delicadamente até a porta. Se continuasse encarando o outro poderia facilmente desabar em lágrimas ali na sua frente.

Yuta nem sequer quis esperar o elevador. Ele ainda tinha energia o suficiente para descer vários lances de escada correndo, com o inigualável sorriso no rosto. Ele para apenas quando chegam no jardim. Sicheng espera silenciosamente para ver qual será a próxima atitude do companheiro. Yuta vagarosamente dá um passo à frente, para fora da cobertura, permitindo que delicadas gotículas toquem sua perna. Em seguida, mais um passo, também vagaroso. Depois, o  terceiro. A cada passo suas roupas ficavam um pouco mais molhadas. Após o quarto passo, ele corre desenfreadamente com os braços abertos, seguidos de uma estrondosa gargalhada. Quinze passos depois ele cai. Sicheng rapidamente se apressa correndo em sua direção, mas quando chegou próximo dele Yuta já estava de pé. 

– Eu estou bem, eu estou bem. Essa doeu. – ele diz sorrindo. 

Em seu estado normal, Yuta não era capaz de sentir nada físico. Entretanto, talvez porque estivesse cada vez mais fraco, estava se tornando mais sensível também. Isso era um ponto positivo, por um lado, pois ele podia sentir cada gota de chuva tocando sua pele. 

O robô toca o rosto de Sicheng e aproxima suas faces até que seus lábios se toquem. Ambos fecham os olhos e trocam um beijo lento, porém bastante apaixonado. Yuta podia sentir isso também. 

– Molhado. – o robô exclama após o beijo. 

Sicheng franze as sobrancelhas, mas logo cai na gargalhada. 

– Winko! – Yuta diz tocando o próprio rosto. – Veja! Eu também estou vazando. 

Sicheng assente sorrindo.

– Sim, você está. – Ele passa a mão no rosto de Yuta limpando suas "lágrimas".

– Acho que somos iguais agora. – Yuta comenta sorrindo.

Eles poderiam ficar muito mais tempo ali fora, se Sicheng não tivesse começado uma crise de espirros. 

Yuta leva o companheiro de volta para dentro abraçando-o, em uma tentativa não muito sucedida de esquentá-lo. Ao chegarem no quarto, o robô imediatamente abre o armário e pega um cobertor. Ele envolve Sicheng como se fosse um bebê que não soubesse cuidar de si próprio sem ajuda. 

– Não precisa disso tudo, eu estou bem.

– Você pode ficar doente. Espere aqui, certo? Irei fazer um chocolate quente.

Antes que Sicheng pudesse pará-lo, Yuta já havia sumido para a cozinha.

O garoto decide esperar. Ele se encolhe dentre as cobertas, o queixo apoiado nos joelhos. A situação parecia uma comum de seu cotidiano, mas ele sabia que não era. E tampouco seria uma situação especial. Era no mínimo tenebrosa e angustiante. Seu coração estava tão inquieto que nem mesmo a chuva conseguia acalmá-lo. Quando ele sente seu rosto subitamente ficar molhado, automaticamente o enxuga com o cobertor. Yuta voltaria em breve e não poderia vê-lo daquele jeito. Ele esteve atuando muito bem nos últimos dias. Deveria continuar assim.

Antes que ele percebesse, Yuta voltara com uma caneca em mãos. Ele havia se concentrado em deixar o chocolate em uma temperatura adequada, quente o suficiente para aquecer Sicheng, mas não tanto para evitar queimar seus lábios. Ele assopra um pouco o líquido antes de entregar ao outro.

– Obrigado. – Sicheng diz com uma voz suave.

Quando o conteúdo da caneca é esvaziado, Yuta muito delicadamente aconchega-se ao lado do outro. Ele estica o braço de modo que Sicheng pudesse descansar a cabeça em seu peito. Assim que repousa, Sicheng sente a garganta arder novamente. O zumbido do processador de Yuta estava mais fraco, quase sumindo. Ele fecha os olhos e faz um esforço enorme para não desabar em lágrimas no colo do robô.  

– Winko. – uma voz é ouvida acima de sua cabeça. – Sobre o fio vermelho... você ainda se lembra, certo?

Sicheng assente.

– Por favor, me prometa que não esquecerá. Nós definitivamente nos encontraremos de novo. 

Sicheng assente novamente. Ele gostaria de respondê-lo com palavras, mas sabia que sua atuação iria por água abaixo assim que abrisse a boca.

Yuta afaga seu cabelo e deposita um leve beijo em sua testa.

– Eu te amo.

– Eu também te amo... muito. – é tudo o que o garoto consegue dizer. Ele desliza para mais próximo do robô, apertando-o o mais forte que pode.

Sicheng não tinha arrependimentos. Ele aproveitara cada dia ao lado de Yuta como se fosse o último de sua vida. Ambos ensinaram um ao outro. Ambos compartilharam momentos um com o outro. Ambos amaram um ao outro. O fio vermelho era real. Não haveria outra explicação para sua história. Eles definitivamente estavam destinados a serem um do outro. Nessa vida... e nas próximas.

Sicheng tentou ficar acordado o máximo de tempo que pôde, mas ao contrário de Yuta, ele era humano, e estava cansado. O “coração” de Yuta batendo foi a última coisa de que ele ouviu antes de dormir. 



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