História Other side. - Crazy.

Assim que o sinal soou eu me levantei e fui para fora da sala. Comecei a andar até fora do prédio e senti uma sensação estranha, era como se alguém estivesse me seguindo. Olhei para os lados e para trás e vi o garoto novo a alguns metros atrás de mim encostado em uma parede ouvindo musica. Dei de ombros e continuei andando, porem a sensação não passou. Voltei a olhar ao redor e nada. Respirei frustrado já imaginando estar louco e me sentei em um banco embaixo de uma arvore. Maldita sensação. Abri um livro e coloquei os fones. Minutos depois ergui meus olhos até o banco a frente e vi o loiro de sorriso esquisito sentado lendo um livro. Ele ergueu os olhos e os encontrou com os meus. Voltei a fitar o livro meio sem jeito e mordi o lábio inferior. Antes mesmo de dar um minuto eu voltei a erguer meu olhar para o banco a frente, mas o garoto não estava lá.

-Eu devo estar ficando louco. –Resmunguei voltando a olhar o livro.

-Talvez sim, talvez não. –Uma voz meio rouca soou atrás de mim.

Me virei assustado e não vi ninguém, desci meus olhos até atrás do banco e vi o loiro sentado no chão com o livro em mãos, um único fone no ouvido e usando as costas do banco como apoio. Ele olhou para cima e deu um sorriso quadrado se levantando quase em um pulo animado. Fitei o garoto dando a volta no banco e se sentando ao meu lado.

-Você é louco? –Perguntou inocentemente com uma cara de curioso.

-Eu não sou louco. –Respondi indignado. –Mas você parece ser.

-Talvez eu seja, mas quem se importa, todos nós somos. –Respondeu dando de ombros e abrindo novamente o livro.

Fitei ele por longos segundos até voltar a olhar meu livro. Passei meus olhos varias e varias vezes pelas mesmas palavras, mas parecia que nada se encaixava na minha mente, eu não conseguia me concentrar. Olhei o garoto silencioso ao meu lado e fechei o livro marcando a pagina com o polegar e me levantando em seguida. Comecei a andar até outro banco um pouco distante dali e me sentei. Assim que abri meu livro o garoto se sentou ao meu lado. Fiquei o encarando com estranheza e voltei a andar para outro lugar. Percebi os passos atrás de mim e me virei para fitar o garoto. Ele parou olhou para os lados confuso e deu alguns passos para trás se virando de costas em seguida. Bufei e continuei andando. Assim que eu me sentei olhei para frente procurando o garoto e nada. Dei um sorriso de canto a abri o livro. Assim que meus olhos passaram pela primeira palavra senti um peso a mais no banco de madeira. Olhei pelo os cantos dos olhos e vi o garoto com a mão na boca segurando uma risada e virei meu rosto para ele incrédulo.

-Você está me perseguido seu louco? –Perguntei tirando meus fones e o encarando.

-Não. –Respondeu sério sem tirar os olhos do livro.

-Então, pois bem, fiquei aqui e me deixe sentar sozinha em algum lugar. –Ele assentiu e eu me levantei.

Olhei um banco qualquer por ali e fui andando na direção do mesmo. Me sentei e abri o livro. Olhei ao redor e vi o garoto no mesmo lugar de antes. Respirei aliviado e dei um sorriso fechado. Comecei a ler, mas acabei me dispersando para olhar o garoto que já avia mudado de lugar. Estava em um banco ainda mais longe. Olhei-o desconfiado e voltei a ler. Minutos depois fechei o livro e olhei ao redor, nenhum sinal do loiro. Me encostei no banco, joguei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Soltei o ar pela boca e passei as mãos pelo meu rosto. Fiquei assim durante alguns segundos e voltei a abrir meus olhos. Assim que fiz isso o sinal soou para o fim do intervalo e eu vi o garoto loiro lendo tranquilo ao meu lado. Balancei a cabeça desacreditado e me levantei indo para sala. O garoto começou a me seguir.

-Por que comigo?! –Choraminguei baixo.

Entrei na sala e me sentei na minha carteira baixando a cabeça em seguida. Minutos depois ouvi o barulho da cadeira a frente ser arrastada e um peso se depositado contra minha carteira. Ergui meus olhos e só vi os cabelos loiros á frente. Mostrei a língua para ele e voltei a deitar minha cabeça. Garoto esquisito, fica por ai seguindo os outros e acha normal. Talvez isso seja normal para ele, mas só para ele!

Senti uma mão na minha cabeça e a levantei assustado. A professora estava ao lado da minha carteira falando sobre alguma coisa que eu me perdi tentando entender. Olhei para o garoto a minha frente e ele me olhava com uma sobrancelha arqueada. Respirei fundo e voltei a olhar para professora.

-Certo senhor Jeon? –Perguntou me encarando e eu assenti.

-Certo professora. –Eu respondi e ela deu um sorriso indo em seguida lá para frente. –Oque ela falou? –Perguntei puxando a camisa do loiro. Ele começou a rir soprado.

-Trabalhos em dubla. –Falou e eu o olhei espantado.

-Como? –Perguntei incrédulo. –Professora, eu não concordo! –Gritei levantando a mão. Ela começou a rir.

-Você já concordou, agora faça sua dupla antes que eu te dê uma advertência.

-Aish! –Resmunguei irritado e olhei para frente. –O que?! –Perguntei olhando o sorriso do garoto a minha frente.

Ele puxou minha carteira e eu a segurei com força no lugar negando com a cabeça. Ele revirou os olhos e puxou sua carteira para trás e se sentou colado ao meu lado. Semicerrei meus olhos e encarei a falta de espaço entre nós. A professora passou entregando uma folha com varias perguntas e parou com um sorriso em frente a nossa mesa.

-Fico feliz que já tenha feito um amigo Kim Taehyung. –A professora disse animada e olhou para mim. –Finalmente você fez um amigo Jeon Jeongguk. –O garoto ao meu lado me olhou sorrindo.

-Ah! Então é esse seu nome. –Falou estendendo a mão na minha direção. –É um prazer Jeon Jeongguk, meu nome é Kim Taehyung, seu novo amigo. –Revirei os olhos e baixei a mão dele.

-Já sei seu nome. –Falei sem paciência. –E não somos amigos, você apenas se sentou aqui, eu nem mesmo te chamei. –Falei revirando os olhos e a professora me olhou irritada.

-Não seja tão mal educado Jeon! –Falou brava e eu encarei o garoto.

-Me desculpe Kim Taehyung. –Falei sem ânimo.

-Claro. –Ele falou fitando a mesa meio sem graça.

-Agora seja uma boa pessoa, e faça amizade com Taehyung. –Assenti e ela saiu de perto.

-Não serei seu amigo, posso fazer esse trabalho, mas... –Acabei sendo cortado pelo garoto.

-Mas você não quer amigos, eu já entendi. –Falou sem paciência e pegou o caderno. Me senti culpado, sei que como é complicado fazer uma nova amizade quando se chega na escola. –Não se sinta culpado por ser assim, não precisa ter dó de mim por ainda não ter feito amigos, eu vou conseguir. –Disse e eu arregalei os olhos espantado pelo fato dele parecer ter lido minha mente. –Agora faça a lição. –Disse apontando o caderno.

-Você lê mentes ou eu estou ficando completamente louco? –Perguntei o fitando e ele sorriu de canto.

-Você apenas não sabe disfarçar sua decepção, é perceptível quando você se sente culpado. –Falou olhando meus olhos e começou a rir. –E “completamente louco?” –Perguntou fazendo aspas com os dedos. – Isso quer dizer que em partes você já é? –Revirei os olhos e não evitei um sorriso de canto.

-Talvez eu seja, mas quem se importa, todos nós somos.