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História Our Castle - The Night of Kim Seokjin


Escrita por: paansy

Notas do Autor


eeeeeeeeeeeeê cheguei. Afasta todo mundo, arruma um lugar confortável pra sentar e vamos aproveitar esse comeback de vossa autora com 11k de oc pra vocês (som de palmas genéricas). Demorei, mas cheguei pra encher vocês de cheiro e beijos. E claro, desculpas, eu demorei, eu sei, só posso pedir perdão e dizer que eu não andei muito legal, MAS COMO NENHUM TEMPO NUBLADO DURA PARA SEMPRE, eu voltei. Muito obrigada pelos favoritos e os comentários, vocês estão me fazendo tão feliz, que nem sei. Obrigada de verdade.

Esse capítulo eu dedico carinhosamente para lina (@kyunamjoon), já que eu prometi no twitter que ia dedicar um capítulo em comemoração ao aniversário dela, mas eu acabei esquecendo. Aqui está, ó. E como eu te disse, be brave like seokjin, don't give up, 'cause we don't give up.♥~

Capítulo 47 - The Night of Kim Seokjin


Namjoon tinha chegado. Ele pôs os pés às exatas seis e dez da manhã e tirou os sapatos no corredor do prédio pra não acabar fazendo muito barulho ao entrar em casa. A porta fora aberta devagar e as botas foram deixadas no canto antes que ele pudesse retirar o casaco e deixar no armário logo ali ao lado. Respirou fundo.

Estava exausto, completamente cansado fisicamente e mentalmente. Aquela havia sido a primeira missão do grupo especial e ele agora entendia o porquê o, antes sargento e agora tenente, pegava tão pesado nos treinos físicos. Ele tinha uma razão... e pelo menos isso Namjoon não podia reclamar, seu corpo não doía pelo esforço.

Jaebum também estava ali e entrou por segundo, tentando fazer menos barulho possível. Ele iria para casa, mas não podia voltar pra lá se seu marido não estivesse! Assim como Youngjae não sabia dormir sem o soldado, ele também não sabia dormir sem o esposo.

Era recíproco.

— Pegue seu baixinho e saia sem fazer barulho. — O mais alto sussurrou enquanto andava devagar pela sala.

O Im assentiu e logo abriu um sorriso cansado ao ver quem queria. O mais novo estava deitado no chão, em um colchão com Hoseok e Jimin o usando como travesseiro, um deitado em seu peito e o outro em seu braço, com certeza ganharia uma bela dor na clavícula. Sorriu maior imaginando que ali poderia ser os filhos deles.

E bem, se tem uma coisa que Im Jaebum achava mais bonito que a carinha de sono e o cabelo bagunçado do marido, era ele com cara de sono, cabelo bagunçado e com um bebê deles.

— Jae-ya? — Chamou baixinho quando se aproximou e agachou perto do marido. — Acorda, temos que ir. — Continuou, tocando uma das bochechas macias do rapaz.

O soldado de cabelo castanho foi direto pra cozinha tentar achar algo pra comer. Sua última refeição havia sido uma pasta proteica e energética no quartel, e seu estômago já reclamava de fome, fome da comida do namorado.

— Que horas são? — A voz rouca de Youngjae preencheu o ambiente e o mais velho sorriu doce. — Você chegou, finalmente. — Murmurou abrindo os olhos e encontrando o rosto de quem tanto queria ver.

O de cabelo preto ajudou o professor a colocar as crianças direito no colchão sem que acordassem com a movimentação. E também, em posições mais confortáveis. Ajudou o marido a levantar e o tirou daquele amontoado de colchão, o abraçando ao seu corpo e inalando o cheirinho gostoso que vinha do cabelo do mais baixo. Namjoon voltou para a sala depois de não achar o que queria e abriu um sorriso com a cena do melhor amigo agarrado ao corpo mole e sonolento do Choi que não sabia se agarrava as mãos na farda do mais alto ou se dormia em pé.

— Bom dia, Jae. — Desejou amigável e o mais novo grunhiu em resposta, mas foi abafado pelo peitoral do soldado moreno que estava o abraçando. — Leve ele logo, Jaebum, ou então vai cair de sono.

— Estou indo, hyung. — Respondeu soltando um pouco o acastanhado que suspirou e bocejou. — Não esqueça de ir pro quartel às sete! Se você atrasar, a penalidade vai aumentar pra nós dois e eu não tô afim de compactuar com seus erros mais uma vez, irresponsável.

O mais alto arqueou o cenho e franziu as sobrancelhas. Quem aquela criança pensava que era? Pff...

— Eu sou mais velho, olha a língua. — Deu um tapa na cabeça do amigo que resmungou e o socou no ombro. — Anda, dá o fora da minha casa.

Jaebum riu baixinho e olhou para o Choi que tinha os olhos meio abertos e meio fechados, sem saber direito o que estava acontecendo. Segurou firmemente na cintura do rapaz e olhou para o mais velho.

— Sete horas! — Reforçou em um tom sério e o soldado revirou os olhos. — Descanse, hyung, você trabalhou duro hoje.

— Fizemos um bom trabalho. — Assentiu e o moreno suspirou antes de assentir também. — Bom dia pra você também, Jaebumie, bom descanso.

O mais baixo apenas assentiu e curvou a cabeça rapidinho antes de sair carregando Youngjae parcialmente adormecido, levando consigo a pequena mochila jeans que o Choi tinha levado com algumas coisas. Namjoon olhou melhor para a sala e acabou sorrindo. Lalisa estava no outro colchão com Jungkook e Yoongi apagados enrolados no cobertor enquanto a mulher estava espremida entre os dois e mal se mexia. Seokjin estava no sofá, estava de um jeito meio torto e seu braço direito pendia pra fora do móvel de enquanto o esquerdo segurava Taehyung firmemente sob seu peitoral, onde o bebê ressonava tão tranquilo que mal parecia que respirava, pelo movimento tão sutil de subir e descer, de seu pequeno corpinho.

Franziu o cenho confuso ao aproximar-se um pouco mais. O cabelo, agora tão negro que quase reluzia alguns fios azulados, estava bagunçado sob os olhos fechados do cozinheiro e espalhados pela almofada que usava de travesseiro. Não sabia o que tinha acontecido, mas sabia que tinha acontecido algo.

Por que Seokjin faria aquilo tão de repente? Não entendia! Podia ser um gesto pequeno, mas eram nesses pequenos gestos que o Kim mais novo notava os problemas. Agachou perto do rosto do namorado e levou a mão direita para o pescoço do homem, tocando devagar a pele macia, escorregando os dígitos pelo local até achar a fina correntinha de ouro branco. Sorriu.

Subiu os dedos pela lateral do pescoço do moreno, tocando carinhosamente ao passo que tinha os olhos bem fixos no rosto adormecido do namorado, os lábios grossos entreabertos enquanto ressonava leve e o rosto um pouquinho inchado de sono. A pele estava macia demais e brilhosa demais, ele tinha feito algo. Ah, tinha.

— Hm. — Grunhiu em aprovação com os carinhos que recebia no rosto, sorrindo sutil, agindo como se estivesse em um sonho bom. — Namjoon? — Sussurrou devagarzinho ainda sem abrir os olhos.

O acastanhado abriu um sorriso maior e aproximou os lábios, deixando um selar devagar e recebendo uma risadinha preguiçosa contra sua boca.

— Namjoon! — Ele mesmo se respondeu antes de abrir os olhos e encarar o rosto do namorado, vendo quem tanto quis ver por toda noite. Piscou os olhos devagar e suspirou. — Você está cansado...

— Eu estou com saudades. — Murmurou rouco ainda com os rostos próximos, movendo devagar o nariz contra o do mais velho, dando um beijinho de esquimó no mais baixo. — Fiquei pensando em vocês o tempo todo.

— O tempo todo? — Perguntou manhoso levando a mão disponível para o cabelo curto do soldado que grunhiu em confirmação. — Também sentimos saudades de você. Muita saudade...

— Me dá um beijo, hyung. — Murmurou quase manhoso para o moreno que abriu um sorriso sonolento antes de assentir e deixar alguns selares carinhosos pelo canto da boca e queixo do acastanhado.

Namjoon segurou com mais firmeza o rosto do mais velho e entreabriu os lábios, deixando o cozinheiro iniciar o beijo pedido, respeitando a saudade e a sonolência de Seokjin, transformando aquele toque em preguiçoso e lento até demais, onde passavam mais tempo pressionando os lábios e sorrindo um pro outro, do que tocando as línguas. Quando por fim se afastaram, Seokjin abriu os olhos com mais energia e passou alguns segundos prestando atenção na feição do soldado. Ele realmente estava exausto...

— Eu vou esquentar algo pra você comer... vai tomando banho enquanto isso. — Pediu e o acastanhado negou, mudando o foco de seu olhar assim que viu Taehyung se mexer manhosamente sob o peitoral do pai.

— Eu esquento, pode voltar a dormir, amor. — Murmurou e levou a mão que antes tocava o rosto do namorado, para a criança, acariciando suas costas para que voltasse a dormir. — Está muito cedo ainda e mais tarde você tem um evento importante.

— E por isso eu deveria ignorar meu namorado? — Perguntou e o soldado riu fraco antes de receber um selar demorado em sua boca. — Me ajuda aqui, leve o Tae para o berço que eu vou levantar e esquentar a comida, anda.

O mais alto viu que não tinha escolha, quando o de cabelo preto foi se sentando e segurando Taehyung como um embrulho delicado. O cozinheiro entregou o filho para o namorado que hesitou por um momento, por ainda estar fardado e provavelmente sujo, mas não teve muita escolha, pegando logo o bebê em seu colo e lhe dando um beijo carinhoso no cabelo antes de dar espaço para o mais velho levantar e se espreguiçar.

Riu baixinho ao notar que o homem estava usando um short preto largo e grande juntamente da camisa branca que Jungkook e Jimin tinham customizado com tinta. Coçou os olhos preguiçosamente e bocejou, parecendo ainda tentar se situar. Namjoon achava aquilo a cena mais bonita que poderia observar...

Imaginou acordar todos os dias e ver aquilo, poder viver aquilo todos os dias... sorriu sozinho sem ao menos sair do lugar, guardando Taehyung em seus braços, sentindo as pequenas e gordinhas mãos agarradas a sua farda. Seokjin olhou para o mais alto enquanto passava a mão no cabelo e acabou rindo baixinho.

— Bobo. — Murmurou antes de ficar um pouquinho na ponta do pé a fim de tocar o rosto do acastanhado com os lábios, deixando um beijo na bochecha do mais novo antes de sair em direção à cozinha.

O Kim mais alto parecer acordar, porque riu sozinho e finalmente andou, saindo da sala e indo diretamente para o quarto das crianças, levando o bebê para o berço para que dormisse mais confortável. Se inclinou e deixou o corpo adormecido da criança encontrar o colchão, mas as mãozinhas ainda estavam presas com força em sua farda.

— Acho que você também sentiu minha falta, hm?! — Perguntou baixinho para o menino que não reagiu. Sorriu e tocou carinhosamente as mãos pequenas presas em sua roupa. — Eu sei que terá vezes que eu passarei mais tempo fora do que com vocês, mas eu prometo sempre voltar a tempo de ver vocês crescendo cada dia mais. — Abaixou um pouco o rosto e deixou um beijo na mão direita do bebê. — Eu prometo estar aqui para proteger você, seus irmãos e seu pai. Pode me soltar que eu não vou à lugar nenhum! — E com um timbre suave, calmo, terminou e moveu seus dedos nas mãozinhas pequenas, tirando-as de seu casaco da farda.

Ajeitou Taehyung sob o colchão e o cobriu com a manta amarela cheia de ursinhos. Deixou um último carinho no cabelo escuro do menor antes de sair a fim de tomar um banho e finalmente comer.

Sua rotina poderia até ser pesada e difícil às vezes, mas só de chegar em casa e ser recebido com sua família, a comida do namorado, tudo valia à pena! Tudo valeria à pena se ele pudesse ter seus garotos consigo após uma noite cansativa.

*

— E então foi por isso que eu quis pintar meu cabelo. — Explicou após um breve discurso sobre amadurecimento perante a sociedade julgadora, suas decisões. Namjoon comia toda a refeição que o namorado havia preparado com tanto amor e ouvia tudo quieto. — A assistente social virá semana que vem e eu quero estar pronto para enfrentá-la.

— Eles não dizem a data, né? — Perguntou de boca cheia e o moreno negou, apoiando o rosto na mão e o cotovelo na mesa, mostrando frustração em seu rosto bonito. — Fique tranquilo, amor, vai dar tudo certo.

— Eu espero que sim. Aera me ligou ontem de noite e me perguntou se aceitaríamos sair com ela no domingo. — Anunciou cansado e o soldado parou seus hashis no ar, com a comida, enquanto encarava o mais velho, estudando sua feição. — Eu disse que conversaria com você e se você não trabalhasse, iríamos.

— Amor... — Murmurou após suspirar longamente, vendo o olhar exausto do cozinheiro sob si. — Tem certeza que você gostaria de ir? Eu acho que... é muito recente, sabe?!

Seokjin sorriu forçado e respirou fundo. Era bom sentir que Namjoon se preocupava, sentir que ele estava junto de si naquela situação por mais que fosse mais exclusivamente do Kim mais velho. Se antes o moreno sentiu alguma dúvida perante o relacionamento deles, agora não sentia nada além de amor e certeza, certeza que não queria ninguém mais, não queria mais nada que não fosse Kim Namjoon, seus filhos e sua vida. Nada mais.

— Ela é mãe do Jimin, Joonie, eu não posso fazer muita coisa. Se ela quer se aproximar dele, então ela pode! Se ele a quiser na vida dele, então terá! — Disse devagar, sob a constante vigilância dos olhos atentos de Namjoon. — Eu não quero e não vou privar meu filho de conhecer e conviver com a mãe, é cruel.

O acastanhado assentiu e largou seus hashis ao lado de sua tigela para levar a mão para frente, agarrando a mão do mais baixo, entrelaçando os dedos e acariciando as costas da mão pálida com seu polegar. Admirava Seokjin, admirava toda a maturidade que ele tinha, toda a força que ele estava colocando naquela situação que o soldado sabia estar o rasgando por dentro. Sabia o quanto quebrava o coração do moreno, ter Park Aera perto o ameaçando, ter sua mãe o humilhando constantemente. Sabia que ele estava se esforçando para manter-se de pé mesmo com tudo aquilo.

Por isso e por muito mais coisas, Kim Namjoon amava Kim Seokjin e sua força. Lembrou da primeira vez que viu o homem defendendo Jimin e Jungkook na diretoria do colégio, lembrou de compará-lo a um leão defendendo seu filhote; agora ele podia ver de perto que mesmo sendo um leão, ele também se machucava e que o ranger de dentes era só pra esconder a vontade de chorar. Namjoon via isso, via tudo isso.

— Eu estou com você. — Disse sincero, sério, encarando os olhos do namorado que assentiu. — Estou falando sério, hyung! Estou com você nisso e no que você quiser que eu esteja. Você é o homem mais forte que eu conheço na minha vida, e olha que sou um soldado. — Brincou só pra tirar um sorriso dos bonitos lábios vermelhinhos do moreno. Conseguiu. — Somos sete, você mesmo disse, somos sete e ficaremos em sete, não importa o que aconteça!

— Obrigado por estar comigo, Namjoon. Obrigado. — Agradeceu baixinho e o mais alto abriu um sorriso grande, mostrando as covinhas charmosas que o cozinheiro tanto amava. — Ou melhor, devo agradecer Jungkook por ter sujado o pijama? — Relembrou e o soldado riu abertamente.

Aquela nostalgia gostosa preenchendo os corações...

— E eu devo agradecer a máquina de sabão por ter emperrado? — Fingiu pensar e o cozinheiro riu um pouco mais lembrando do drama que sofreu com aquela máquina. — Falando nela, eu consertei quarta-feira. Senhor Kang me pediu. Você já foi testar pra ver se melhorou ou continua com o mesmo defeito?

O mais velho negou e continuou retribuindo os carinhos que recebia em sua mão, aproveitando aquele momento que eram apenas os dois. Os dois conversando sobre nada, sobre tudo... o mais importante era estarem juntos.

— Se der o mesmo problema eu te aviso. Aquilo já está velho, o sindico fica enrolando pra comprar uma nova e sobra pra gente tentar dar um jeito. — Resmungou e Namjoon voltou a pegar o hashi com a mão livre. — Ou melhor, sobra para meu namorado, o homem das forças especiais coreanas, que cuida de bombas enormes, consertar a máquina de sabão do prédio.

— Decadente, não? — Fingiu decepção e o mais velho riu novamente, satisfeito vendo o soldado voltando a comer. — Por isso que ninguém me respeita... — Continuou aquela brincadeira, querendo ouvir mais da risada do namorado.

Seokjin recebeu um pouco de ramém na boca e aceitou, mesmo sem tanta fome por estar cedo demais. O Kim mais novo passou o olhar demoradamente no mais velho que ainda ria baixinho enquanto mastigava e acabou rindo sozinho.

Se passar a noite inteira ouvindo tiros e gritos de ordem fosse o preço para ter logo de manhã o som da risada do homem que tanto amava; então ele aceitava.

— Falando nisso. — O de cabelo preto começou após engolir. — Como foi a tal missão? Você não contou.

— Foi 8/10, conseguiram fugir. Era um lugar muito grande e por conta da urgência, não conseguimos estudar muito a planta do local. — Conversou normalmente, mesmo sabendo que o mais baixo poderia não entender muito bem, mas sempre assentiria e daria sua total atenção e interesse. — Apreendemos algumas coisas e prendemos algumas pessoas. O exército já mandou uma patrulha pra lá e vão montar base aos arredores, para se algo acontecer...

— Você é lindo. — O cozinheiro murmurou e o soldado franziu as sobrancelhas sem entender. — Você falando assim... fica lindo. Mais lindo do que o normal.

 Ou não tanta atenção assim...

— Entendeu alguma coisa do que eu disse, hyung? — Perguntou irônico e o moreno negou rindo. — Fala sério... esse hyung... tô falando com as paredes.

— Ya. — Disse um pouco mais alto, fingindo-se de ofendido. — Eu estou ouvindo tudo o que você está falando.

— Ah, é?! — Franziu o cenho e o cozinheiro assentiu sem pestanejar. — E o que eu disse?

— Disse: Seokjin hyung é o amor da minha vida e eu quero muito beijar ele. — Murmurou e o soldado gargalhou antes de levantar e ir até o namorado, o puxando da cadeira para conseguir ter os corpos próximos o suficiente para que pudessem trocar alguns selares. Sem soltar as mãos. — Isso. Era isso que você tava falando. — Sorriu entre os selares, ouvindo o mais alto rir fraquinho e morder seu lábio inferior devagarzinho.

— Claro que era. — Respondeu largando a mão do namorado só pra conseguir rodear a cintura larga, a abraçando contra seu corpo. — E isso também era o que eu pensava a todo momento enquanto estava trabalhando. — Confidenciou de olhos fechados, a testa colada na do mais baixo que sorriu.

Seokjin estava de olhos abertos só pra ver de pertinho o rosto de Namjoon, admirar os pequenos detalhes da pele morena que tanto amava. Era um contraste bonito quando estavam juntos; um muito branco e o outro com a pele quase dourada.

Era uma mistura bonita. Tudo neles parecia entrar em sintonia, até os defeitos.

— Ah, é?! — Perguntou baixinho, envolvendo a nuca do outro com os braços, não afastando os rostos por um segundo. Namjoon assentiu e ganhou um selar demorado. — Depois do evento de hoje, a gente podia sair... só eu e você. Eu peço pra Lalisa e o Bambam ficarem com as crianças. — Ofereceu beijando o queixo do mais alto que suspirou.

Logo naquele dia? Logo quando ele precisaria cumprir castigo no quartel? Isso era tão injusto...

— Hoje não dá, Jin hyung. — Murmurou fraco e o cozinheiro se afastou um pouco para encarar o acastanhado. — Eu e o Jaebum precisamos cumprir um... castigo dado pelo sargento.

— Castigo? — Franziu a testa confuso e o soldado assentiu. — O que vocês dois fizeram? — E veio aquele tom... o tom que Seokjin usava para repreender as crianças.

O mais novo se afastou um pouco e coçou a nuca, rindo fraco. Como explicar...? Bom, era fato que não explicaria realmente o que tinha acontecido, mas ainda assim teria que dar uma explicação.

— Eu... — Pensou, pensou e nada veio. O jeito era apelar para o lado mais fraco. — Foi culpa do Jaebum. Ele queria sair pra ver jogo de basquete, final da NBA e eu fui junto.

O moreno franziu as sobrancelhas em uma expressão confusa e descrente. Várias coisas passavam por sua mente naquele momento e uma delas era: como o exército sul coreano admitia aquele tipo de gente? Sinceramente... eram duas crianças.

— Então quer dizer que vocês vão ficar presos no quartel hoje por causa do jogo de basquete? — Perguntou desconfiado e Namjoon abriu um sorriso grande, feliz por estar funcionando. — E o que eu devo fazer? As crianças... você não pensou nas crianças?

O acastanhado fechou o sorriso devagar e suspirou, sem soltar o corpo do mais velho que havia soltado do namorado só pra cruzar os braços sob o peitoral em uma pose bem intimidadora.

— Nas crianças eu pensei, só não pensei que o sargento fosse nos castigar. — Murmurou e viu o mais baixo apertar mais o olhar em sua direção. — Lalisa e Bambam não podem aliviar essa pra gente? Você sabe, não dá mais pra confiar na ahjumma.

— É, eu sei. — Suspirou. Colocar Sunghee dentro de sua casa era o mesmo de colocar sua mãe. — Vamos esperar a Lisa acordar e vemos com ela.

— Perfeito. — E o sorriso com covinhas voltou a abrir, mas fechou quando viu o Kim mais velho o encarar bravo.

— Tudo por causa de basquete, Namjoon? Francamente... onde a cabeça desse dongsaeng está? — Murmurou se desvencilhando dos braços do mais alto, andando para fora da cozinha.

O soldado riu com sua própria mentira e negou coçando a nuca. Não gostava de mentir e não achava aquilo certo. Esperava um dia contar toda a verdade para o namorado sem sofrer riscos de Seokjin o estapear ou ficar profundamente magoado por se meter em seus problemas. Então, por hora, era melhor ele acreditar que ele e Jaebum eram imaturos o suficiente ao ponto de se prejudicar no trabalho por uma futilidade.

O que ele não sabia era que Seokjin também era inteligente, inteligente e observador ao ponto de conhecer cada pedacinho do soldado! Ele sabia que aquela história não fazia sentido, até porque nunca conheceu ninguém tão aplicado no trabalho como Namjoon era, ele não burlaria seu dia de serviço se não fosse algo sério ou algo relacionado às crianças. O cozinheiro sabia que o mais novo estava escondendo algo, mas preferiu se abster, porque sabia que o Kim mais alto contaria, uma hora ou outra, era questão de tempo.

E daquela forma, respeitando o limite um do outro, eles construíam um relacionamento cada vez mais maduro e firme.

— Hyung, não vá deitar agora. — Chamou depois de um tempo, evitando gritar e acordar as crianças. — Eu quero que deite comigo, me espere!

E apressadamente, ignorando o resto de comida e sua parcial fome, saiu em passos apressados atrás do namorado. Entristecia seu coração não poder aproveitar a proposta do mais velho, então teria que dar um jeito de fazer aquela proposta acontecer.

Mas quem disse que eles precisavam sair e esperar até a noite para ficarem sozinhos?

*

— Onde vai e que horas volta? — Namjoon encostou-se no batente da porta do quarto e viu Yoongi vestir sua melhor camisa e verificar o cabelo antes de olhar para o pai.

— Vou no karaokê com Jinyoung. — Murmurou como quem não quer nada e voltou a arrumar o cabelo.

Jungkook entrou no quarto feito um furacão, usando unicamente o casaco da farda do pai por cima da cueca do Mario que havia ganhado do padrasto poucos dias atrás.

Seokjin e aquele Mario dele... Namjoon ainda achava que seria trocado por uma pelúcia em tamanho natural do Mario!

— Ele vai sair com Jennie Kim, pai, ouvi ele falando no telefone. — Denunciou com entusiasmo na voz, fazendo um gesto de arminha com os dedos e apontando para o irmão mais velho que o encarava com uma expressão nada boa. — Renda-se, fracote ou eu atiro.

— Eu vou te dar um soco que vai cair todos os seus dentes moles e os duros também. — Ameaçou avançar em cima do garoto que rapidamente correu para as pernas do pai, o agarrando como se fosse possível se esconder ali. — Pai, eu vou bater nele.

— Vai nada, parem com isso. — Brigou com ambos e suspirou. Queria conversar com o filho mais velho sobre sentimentos e a atual relação adolescente dele com a garota, mas sabia que Yoongi preferia sua individualidade naquele assunto. — Tente voltar antes de eu e Jin hyung sairmos, pode ser? Bambam e Lalisa devem chegar antes também, pra ficar com vocês.

— Apenas Hoseok vai na aula de dança hoje? — Perguntou e o soldado maneou com a cabeça. — Se ele quiser, eu levo. A mãe de Jinyoung sempre faz o caminho por aqui.

— Se a mãe de Jinyoung levar e trazer vocês, então tudo bem. — Murmurou contragosto. Não era de seu feitio confiar muito seus filhos nas mãos das pessoas, mas era questão de necessidade. — Você quer ir na aula de taekwondo, Jeonggukie?

— Meu hyung pode se sentir sozinho se eu for. — Disse distraidamente, brincando com a etiqueta que estava escrito o nome do pai na farda. — Appa, eu já sei essa letra aqui, ó. — Apontou para o dito “a”, parecendo feliz.

— E que letra é essa, hm?

— É “ae”. — Disse convicto e o soldado franziu o cenho confuso. — É, não é?!

— Claro que é. — Yoongi quem respondeu, aproximando-se dos dois outros. — Olha só, temos um Einstein na família. Cuidado que ele vai resolver a teoria da relatividade enquanto piscamos os olhos.

Jungkook não entendeu o deboche, mas notou que o irmão estava rindo de si, então fechou a cara e olhou para o pai que negava e tentava prender a risada. Às vezes se sentia muito imaturo para ser pai de três meninos impossíveis.

O mais velho ia falar algo, mas o celular vibrando em seu bolso o lembrou que deveria ir! Tinha um certo compromisso. Olhou para o pai que sorriu de lado.

— Eu preciso ir. — Disse e o soldado assentiu, dando espaço para Jungkook correr pra fora do quarto, indo fazer bagunça em algum outro lugar. — Hoseok tá meio triste... fala com ele.

— O que houve? — Perguntou atencioso ao tempo que puxava a carteira do bolso e retirava algumas notas de lá, dando nas mãos do filho mais velho.

Deu de ombros. Não era de conversar com seus dongsaengs, mas sabia exatamente quando tinha algo de errado.

— Não sei. Ontem antes de dormir ele me perguntou se você estaria em casa quando ele acordasse e eu disse que sim e desde então ele ficou meio distante. — Suspirou e guardou o dinheiro no bolso da calça. — Eu tô indo, pai. Vamos no karaokê aqui perto.

— Nada de desligar o celular, me ouviu? Se eu ligar, atenda. — Avisou sério e o garoto bateu continência. Namjoon acariciou o cabelo do garoto e sorriu cheio de carinho; seu filho estava crescendo... — Vai lá. Divirta-se!

Yoongi afirmou e saiu do quarto gritando um tchau para os irmãos antes de vestir os tênis e sair; claro, não sem antes abrir a porta do padrasto e gritar que estava indo e um tchau, recebeu tchaus e até um “boa sorte” do cozinheiro que estava acompanhando a euforia do enteado desde a noite anterior, quando propôs uma saída em grupo para Jennie Kim. Ela aceitou, claro que aceitou. Jinyoung que quase teve um ataque do coração ao saber que ele também deveria ir e que Jisoo estaria lá!

Coração adolescente já é bobo, apaixonado então...

Namjoon saiu do quarto dos meninos e ouviu o barulho da TV em algum programa de variedades, sabia disso pelo exagero na fala dos MC’s e algum grupo de kpop estar presente. Foi até a cozinha e pegou dois iogurtes de framboesa, indo diretamente para a sala em seguida, encontrando Hoseok assistindo o programa como se fosse a coisa mais legal do mundo.

— Quer? — Ofereceu um dos iogurtes e o menino o olhou surpreso. Nem tinha almoçado tudo e estava ganhando sobremesa? — Pega... mas coma tudo na janta, se não ficará me devendo um iogurte.

O garotinho aceitou e assentiu, vendo o pai sentar-se ao seu lado e abrir seu próprio iogurte enquanto Hoseok abria o seu vagarosamente, com medo de derramar.

— Jungkook está no seu quarto provavelmente estragando alguma coisa. — Avisou e o acastanhado olhou para trás, vendo a porta de seu quarto entreaberta. — Provavelmente suas roupas.

— Jungkook! — Chamou seriamente e o menininho respondeu um “quê?” que não foi respondido. — Se ele está vivo, então o resto se resolve depois.

Hoseok riu do senso de humor do pai e levou o iogurte até a boca, sugando pela abertura e apertando os dedos no pacote para que o doce gelado viesse. Namjoon não sentia tanta vontade assim de tomar o seu, estava mais preocupado com o coração e a mente de seu segundo filho mais velho.

— Como você está, Hobi?

— Bem, papai. E você? — Perguntou após beber um pouco do doce, olhando para o mais velho. — Se machucou?

— Não, eu estou novinho em folha e pretendo ficar assim. — Disse seguro de si e o garoto de meias coloridas – uma roxa e uma vermelha – o analisou, vendo se ele estava falando a verdade. — Você gostou do meu quartel quando foi lá?

Balançou a cabeça positivamente, lembrando de como era grande e não tão cheio quanto era a delegacia de polícia. Namjoon não sabia bem como conversar sobre aquilo com um garoto de dez anos, mas tentaria de seu jeito. Ao fim, só queria fazer seus filhos e namorado confiarem em si, se sentirem confiantes e seguros.

— Onde você foi? Estava muito longe?

— Hum... eu fui em um lugar que tinha muitas árvores, alguns insetos chatos e poucas casas. Era uma cidade pequena, você não ia gostar. — Comentou e o garotinho moveu as pernas inquieto, voltando a tomar o iogurte e olhar para a TV. — Estava um pouco longe.

— Haviam... — Parou um pouco para respirar fundo. — Homens ruins? Eles podiam machucar vocês?

— Haviam homens ruins, mas você sabe que mocinhos sempre vencem no final, não sabe? — Perguntou divertido passando um braço pelo ombro do filho, o abraçando. — Você não acredita nos mocinhos, Hobi?

O garotinho parecia hesitante e acabou maneando a cabeça. O acastanhado sentiu o coração partir. Suspirou e fechou seu iogurte, o deixando de lado no sofá antes de puxar o filho para seu colo, o sentando de lado sob suas coxas.

— Você está com medo? — Perguntou e o menino assentiu devagar. — Medo do quê, filhote? — O tom carinhoso e baixinho foi usado. Passou a mão no rosto delicado do menino, afastando o cabelo, o jogando para o lado.

— De tirarem você de mim igual tiraram os meus pais. — Contou baixo e o soldado respirou fundo antes de abraçar o filho com certa força, querendo passar todo amor e segurança que poderia. — Eles não gostavam de mim e do meu irmão, mas você ama a gente. Não pode nos deixar sozinhos.

— Eu não vou deixar vocês sozinhos, Hobi-ya. — Sussurrou ainda abraçado ao filho, acariciando seu cabelo macio e cheiroso. — Eu, você, Jungkook e Yoongi somos um time.

— E Jin hyung, Jimin e Taehyung?

— Eles também são um time e juntos somos um grande time. — Riu ao lembrar da atual conjuntura familiar que viviam. Eram uma família.

— As coisas são mais legais agora, acho que entendi o que é uma família inteira, pai. — Murmurou contra o peitoral do soldado que grunhiu em confirmação. — Vamos ficar todos juntos? Como uma família?

— Vamos ficar todos juntos, filho, como uma família. — Sorriu satisfeito, deixando um beijo na testa do menino que amoleceu em seus braços, se sentindo mais seguro ali nos braços do pai.

Se na noite anterior se sentiu mal por não tê-lo consigo, agora se sentia muito melhor por finalmente conseguir sentir Namjoon ali, perto. Era bom ter seu pai de volta em casa, mesmo que por um tempinho só.

Houve um barulho de algo caindo e logo um “ai” baixinho. O acastanhado suspirou antes de gritar.

— Jungkook! — E foi respondido pelo mesmo “quê?”

*

Ajustou o sobretudo bege sob a camisa de gola alta branca que usava e sorriu pra si mesmo no espelho. Era a primeira vez que usava aquela roupa. Resolveu que daquela vez iria comprar roupas e sapatos novos e caros; o fez! E naquela noite novamente tinha se maquiado, arrumou o cabelo e usou seu perfume mais caro.

Estava perfeito. Se sentia bem, apesar de todo o trauma sofrido no coquetel pré evento. Aquele ali era o evento em questão que tanto se preparou, que tanto esperou, que tanto queria. Engoliu em seco todo o nervosismo e que poderia sentir. Respirou fundo e devagar, dando alguns passos para trás a fim de finalmente sair dali. Não podia se atrasar! Hyejin havia ligado, perguntando se queria uma carona, mas não podia aceitar, afinal Namjoon quem o levaria, assim se sentiria bem mais seguro e confiante.

Era sua hora. Saiu do quarto e encontrou Bambam sentado no sofá com Taehyung em seu colo enquanto lhe mostrava um brinquedo e Lalisa montava um quebra-cabeças com Hoseok, Jungkook e Jimin. Yoongi, de fato, não havia chegado ainda!

— Ele ainda não chegou? — Perguntou para o namorado que já estava fardado e pronto para saírem.

— Está vindo, acabei de ligar. — Sorriu calmo, admirando o namorado por inteiro. Estava lindo, lindo de um jeito que vira poucas vezes. — Você está lindo, meu amor... muito... lindo. — Aproximou-se e deixou um beijo protetor no cabelo escuro do menor que sorriu.

— Obrigado. — Envolveu o rosto do soldado com as mãos e puxou delicadamente, deixando alguns selares nos lábios bonitos. — Você fica lindo fardado, quantas vezes já te disse isso?

— Você diz isso sempre que me vê assim, hyung. — Murmurou contra os lábios do namorado e sentiu ele rir contra sua boca. Envolveu a cintura do mais velho, o abraçando e suspirou. — Eu amo você, Kim Seokjin e confio em você, no seu potencial. Hoje vai dar tudo certo.

— Eu sei... — Fechou os olhos, aproveitando-se daquele momento deles, envolvendo os ombros do mais alto, focando sua atenção só na voz rouca de Namjoon e na proximidade dos rostos. — Eu amo você.

— Se as coisas derem errado, me ligue meia-noite, que é o descanso. — Alertou e o cozinheiro assentiu. — Promete não pirar enquanto eu não estiver por perto para te segurar?

— Prometo.

— Promete não chorar se eu não estiver perto para enxugar?

— Prometo.

— Confio em você, amor. — Sussurrou o mais baixo possível, mantendo aquele momento mais íntimo ainda. Selou os lábios demoradamente antes de encher o rosto bonito do mais baixo com beijinhos, ganhando risadinhas bobas. — Meu hyung é o melhor.

— Papai! — Ouviram Jimin chamar e rapidamente a atenção dos adultos foi para o garotinho de pé imobilizado por uma atadura. — Traz doce pra mim?

— Pra mim também! — Hoseok levantou a mão eufórico e o moreno riu, satisfeito por ver o garotinho muito mais solto depois da conversa que teve com Namjoon. — E se tiver comida gostosa, também quero.

— Seokjin hyung virou delivery agora, é isso? — Bambam questionou risonho, abraçando Taehyung como se fosse um urso de pelúcia. — Pelo menos meu melhor amigo Taehyung não liga pra essas coisas.

— Taetae, você não quer que o papai Jin traga doces pra gente? — Jungkook perguntou para o mais novo que abriu um sorriso e assentiu freneticamente, fazendo o garotinho banguela sorrir junto.

Mas quem sorria mais, eram os dois adultos que ainda estavam abraçados observando tudo aquilo... não era recorrente os filhos de Namjoon chamarem Seokjin de pai, e apenas Taehyung chamava o soldado de pai quase que frequentemente, mas toda vez que aquela pequena palavrinha era dita, um sentimento de euforia e alegria preenchia o corpo de ambos.

Era uma satisfação maior que o mundo, ver aquelas crianças agindo como se fossem uma família desde sempre. Era o melhor presente que haviam ganhado no ano, e era o ponto de luz no meio de todo aquele tempo fechado que estavam vivendo ultimamente.

— Oppa, já está quase na hora, acho melhor irem. — Lalisa olhou no relógio delicado em seu pulso direito. — Peço para Yoongi ligar pra vocês quando chegar.

— Talvez a mãe do Jinyoung leve eles para as atividades extracurriculares na escola. — Namjoon largou o namorado para que ele fosse buscar o restante de suas coisas. — Jungkook não deve ir por causa de Jimin, mas se Hoseok quiser ir, a bolsa dele está pronta debaixo da cama.

— Entendido. — A mulher sorriu gentil, adorando o jeito cuidadoso que ambos mais velhos tinham com as crianças. — Vão despreocupados que vamos nos divertir aqui.

— Eu devo voltar lá pras onze da noite no máximo. — O moreno anunciou após enfiar a carteira e o celular dentro do bolso frontal do sobretudo. — Lisa, já sabe que o Taehyung não come doce depois da oito da noite e ele tem que tomar uma vitamina antes de dormir, se ele dormir antes de eu chegar, já sabe...

— Não se importe conosco. — Foi o tailandês quem disse, colocando Taehyung sentado em seus ombros enquanto levantava do sofá. — Ninguém cuida mais do MonsterT do que eu. Somos melhores amigos.

— Tá, agora vão! Andem, andem. — A ruiva apontou para a porta. — Boa sorte lá, oppa, vai dar tudo certo. Fighting. Bom trabalho, Namjoon oppa.

— Obrigado, Lisa-ya. — O acastanhado agradeceu, assim como o namorado agradeceu. — Venham aqui se despedir da gente, crianças. Não consigo trabalhar a noite toda sem um beijo de cada um.

Rapidamente Jungkook e Hoseok ajudaram Jimin a caminhar até os adultos que tinham se agachado para receber os beijos e abraços dos menores. Bambam levou Taehyung e o colocou no chão, o deixando livre para furar a bagunça dos maiores e se jogar nos dois adultos que riram do ciúme do mais novo de todos.

Namjoon só conseguia pensar em Yoongi e no quanto queria que o filho adolescente estivesse naquela despedida. Mas as crianças vão crescendo e tomando caminho distintos... é a vida e por isso, aproveitou cada carinho em especial, porque sabia que não faltava muito para Hoseok tomar o mesmo rumo e em breve Jungkook e Jimin também...

Eles crescem tão rápido.

*

Namjoon estacionou o carro em frente ao hotel que aconteceria o coquetel e suspirou. A viagem tinha sido toda em silêncio, apenas a voz de algum cantor preenchendo o ambiente. Havia tensão ali e agora o soldado via mais claramente olhando para o rosto do mais velho. Seokjin tinha as bochechas vermelhas e as orelhas também, isso só podia significar que ele estava estressado. Levou uma mão até o rosto do homem e acariciou a bochecha esquerda com certa delicadeza, observando o menor expirar devagar e relaxado antes de fechar os olhos.

— E se der tudo errado de novo? — Perguntou fraquinho, fazendo o acastanhado rir baixo. — É sério, Namjoon, e se der errado?

— Não vai, confie em si mesmo, em seu potencial, no que sabe fazer de melhor. Você é incrível. — Encorajou, deslizando a mão para o pescoço do cozinheiro, sem parar os carinhos. — Eu confio em você.

— Depois de tudo o que aconteceu, confiança é um problema.

— Bom, amor, você é o líder deles. Eu não entendo como funciona os negócios, mas sei o que é liderança. — Continuou os carinhos, usando uma voz mansa e gentil ao falar. Seokjin abriu os olhos, virando um pouco a cabeça para encarar o namorado. — Líder é aquele que está disposto a assumir a culpa toda, se for necessário. Também é aquele que precisa estar centrado no meio do caos, é o que sabe o que fazer a qualquer momento, é o que tem as melhores saídas e é o que pensa em tudo antes de todos. Mas é também é o líder que recebe as honrarias no fim de tudo.

— Você acha que eu tenho capacidade para liderar? — Perguntou sincero.

Seokjin sabia que Namjoon não mentiria, ele sempre era sincero e bem, se ele discordasse, ele falaria. O acastanhado abriu um sorriso preguiçoso antes de se inclinar e selar os lábios demoradamente.

— Eu acho que você pode fazer o que quiser, porque é determinado e destemido. — Sussurrou. — Você é um homem forte, só precisa se enxergar assim. Não pode deixar que as circunstâncias ditem seu tamanho e desempenho, hm?!

— Você é inteligente. — Murmurou contra os lábios do soldado que riu fraquinho.

— Eu só entendo um pouco as coisas e pelo pouco que sei, tenho o melhor hyung comigo. — Abriu um sorriso encorajador e beijou a pontinha do nariz do rapaz. — Agora vai lá e brilhe muito. A noite é toda sua.

— Eu vou te ligar na sua hora de descanso ou prefere ligar pras crianças? — Perguntou afastando-se e pronto para sair do carro.

— Me liga pra contar como foi e logo depois eu ligo pro Yoongi e falo com os meninos. — Planejou e o cozinheiro assentiu, concordando com o planejamento. — Bom trabalho, amor. Até amanhã.

— Até amanhã, Joonie. — Aproximou-se uma última vez, selando os lábios rapidamente antes de abrir a porta. — Força e união. — Fez um movimento de continência e começou a rir quando vou o moreno repetir o gesto. — Te amo, soldado Kim.

— Eu te amo, chef Kim. — Respondeu antes de ver o namorado saindo do carro com um sorriso relaxado.

E Namjoon era o motivo daquele sorriso. Não importava as circunstâncias, ele sempre dava um jeito de relaxar o mais velho. Ele era o motivo pelo qual Kim Seokjin respirou fundo e seguiu a passos decididos para dentro do hotel.

Sua noite ia começar.

*

— Seokjin-ssi! — Mark quem recebeu o cozinheiro líder que rapidamente curvou-se em respeito. — Quero te pedir algo hoje.

— Sim.

— Você pode tomar o lugar como líder da cozinha hoje? Hyejin-ssi vai ficar no salão comigo! — Instruiu e viu os olhos do mais alto brilharem em expectativa antes de assentir prontamente. — Jungsu será seu guia e já está ciente disso. O que acha?

— Acho ótimo, prometo trabalhar duro e bem. — Garantiu e o engenheiro sorriu de lado, confiando no potencial do homem que contratou. — Posso... ir?

— Claro. Bom trabalho. — Estendeu o braço, mostrando o caminho da cozinha e o mais velho curvou a cabeça antes de caminhar para seu ambiente favorito. Suspirou. — Espero que aquele soldado não esteja errado ao seu respeito e eu mais ainda por ter dado ouvidos! — Sussurrou sozinho, respirando fundo.

Ajeitou as abotoaduras de ouro no blazer e sorriu para alguns investidores que estavam chegando e vieram o cumprimentar.

Seokjin atravessou as portas de metal e sorriu feliz ao ver a cozinha ainda calma, cada um em seu ambiente, planejando, limpando, separando tudo que ia usar. O cozinheiro foi surpreendido assim que viu a vice-líder aproximar-se com um vestido preto longo, porem de mangas longas e sem nenhum brilho. Estava bonita, realçava os cabelos enrolados, em um ruivo brilhante!

— Boa noite, sunbae. — Hyejin curvou delicadamente a cabeça ao mais velho que curvou de volta. — Está deslumbrante.

— Você também. É uma pena não desfilarmos juntos no salão hoje! — Sorriu gentil e a mulher abriu um sorriso de lado, evidenciando a covinha pequena que tinha. — Mark será uma ótima companhia.

— Mark-ssi fala muito de finanças, tem de aprender a se divertir um pouco mais e aproveitar o momento. — Fez uma careta. Já conhecia o amigo de longa data. — Esse hotel... ele quem planejou.

— De verdade? — Abriu os olhos curioso e surpreso. — É lindo!

Hyejin assentiu e sorriu orgulhosa, como se tal feito fosse de si própria. Era orgulhosa do amigo, sabia que Mark apesar de ser de uma importante e rica família de chaebols, corria atrás do que queria e se esforçava para chegar lá. O taiwanês era realmente alguém que valia à pena!

— É uma das incontáveis propriedades de Kim Heechul. — Suspirou e o moreno sorriu sem mostrar os dentes, um tanto desconfortável por ouvir o nome do planejador de todo aquele evento.

Ele tinha um certo receio... Kim Heechul era uma pessoa muito importante e influente no meio da política e classe alta coreana. Tinha realmente um nome forte. A pressão de trabalhar indiretamente para ele, era quase sufocante.

— Você... — Ela retomou a fala, um tanto temerosa, aproximando-se mais do mais alto. — você não mudou o prato principal do cardápio.

— Não. — Respondeu simples, porém a seriedade em seu rosto mostrava que o nervosismo era presente, mas a confiança também. — Não mudei.

— Por quê?

— Kim Heechul disse que queria comer carne de porco. — Abriu um sorriso antes de se afastar um pouco e tirar o sobretudo, guardando no mesmo cabideiro que haviam alguns aventais. Pegou um deles. — E ele vai comer. — Terminou antes de colocar o avental e levantar as mangas da camisa.

Ahn Hyejin abriu a boca pra falar, mas não sabia o que falar! Viu Seokjin sair de sua companhia após curvar-se brevemente e sair em direção ao fogão principal. Respirou fundo e sentiu o coração bater forte e nervoso. O sucesso daquela daquele evento estava em duas mãos: Kim Seokjin e Mark Tuan.

E se um dos dois falhasse, tudo seria um fiasco e o nome de todo mundo estaria comprometido.

— Boa noite, senhores, eu me chamo Kim Seokjin e sou o líder de vocês. — Ouviu a voz um tanto alta do cozinheiro e virou-se rapidamente a tempo de vê-lo no meio da cozinha. A pose ereta da coluna, mãos para trás e a cabeça erguida. — Nessa noite trabalharemos juntos em excelência, nenhuma falha será tolerada, mas caso haja algum problema, eu estou aqui para ajudá-los, assim como Park Jungsu, meu guia. — Apontou para o homem de cabelos negros que não tinha uma expressão muito boa pra o líder. — Seguiremos à risca o cardápio proposto, os horários marcados e cada prato que sair daqui, deverá passar pela minha supervisão, fui claro o suficiente?

— Sim, sunbaenim. — Um coro foi ouvido e o homem de cabelo preto assentiu satisfeito.

— Limpem suas bancadas, lavem suas mãos que está na hora, senhoras e senhores. — Avisou e uma movimentação foi criada entre os funcionários. — Já podem começar a circular as bebidas e os aperitivos, a noite começou. — Terminou sua fala antes de caminhar para a parte onde os garçons começavam a recolher suas bandejas.

A ruiva sorriu contida e sentiu o coração desacelerar... ficar calmo gradativamente... aparentemente Seokjin tinha achado em si a alma de líder e a voz forte de um chefe.

Agora sim as coisas poderiam dar certo e ela sentia que iam.

*

— Eu não tenho como ficar defendendo vocês para o tenente todas as vezes, por favor, eu estou ao lado de crianças? — Shin Hoseok gritou com os soldados que estavam lado a lado em posição de formação.

— Não, senhor.

— Então ajam como soldados e protejam a pátria acima de tudo. — Disse alto novamente. — A pátria é o que mais importa e está acima de qualquer coisa, inclusive suas vidas. No juramento vocês doaram suas vidas para a Coréia do Sul, protejam a Coréia do Sul! — Parou frente aos dois mais altos que mantinham a expressão séria e focada nas palavras que o primeiro sargento dizia. — O que vocês devem fazer, JB e RM?

— Proteger a pátria acima de tudo.

— E quando farão isso? — O tom baixo e sério acompanhado por um olhar firme, fazia os dois soldados notarem o quanto aquela situação era séria.

Shin Hoseok não era lá tão sério e tão firme, acreditava que respeito não era imposto e sim conquistado! Mas apesar dos pesares e de seu coleguismo natural, ainda sim era o primeiro sargento das forças especiais coreanas e para piorar, era genro do general do exército coreano.

Se ser sargento não fosse pressão o suficiente, tendo o tenente em seu ouvido o tempo inteiro, imagine almoçar todo domingo na casa do general?

— De agora até nossa morte.

— Certo, saiam. — Disse mais calmo, indicando a porta de saída com a cabeça. Estava de folga, mas por aqueles dois, tinha que perder tempo ali. — Vocês estão de guarda hoje, meia-noite é o descanso, porém meia-noite e meia vocês voltam! Sem sair da formação, carregando duas armas de grande porte cada um. — Os olhos de Jaebum cresceram e o sargento olhou aquilo atenciosamente. — Algum problema, JB?

— Não, senhor. — Disse forte, engolindo toda uma lista de problemas naquilo.

O primeiro era: dor nas costas e ombros. Duas armas de grande porte enquanto ficam de guarda? Isso era... pesado. Muito pesado, por sinal.

— Estão dispensados. Espero que quando eu mandar vocês treinarem ou recepcionarem os recrutas... — Voltou a se aproximar, olhando cada um como se fossem presas. — o façam! Fui claro? — Disse mais alto e os dois tremeram, mas mantiveram a posição.

— Sim, senhor.

— Saiam!

Ambos bateram continência e saíram a passos rápidos dali a fim de cumprir logo o que tinham que cumprir para não acarretar mais problemas. Estavam tendo trabalho de recrutas e de soldados de baixo escalão, isso era no mínimo humilhante. Assim que saíram da sala do Shin, Jaebum encarou o melhor amigo e apontou o dedo em direção ao mais alto que abriu os olhos espantado.

Que ataque receberia agora? Era inocente!

— Você! — Murmurou irritado, a voz saindo entredentes. — Isso tudo é por sua culpa.

— Eu não te chamei pra fazer minha guarda pessoal. — Se defendeu e viu o mais novo apertar os olhos em sua direção e perder as palavras. — A culpa é sua.

— Eu estou perdendo uma festa na família do Jae e isso é tudo por culpa do seu ataque de ciúmes. — Irritou-se mais ainda enquanto andavam em direção ao armazém de munições e armas. — Eu devia arrumar melhores companhias.

Namjoon revirou os olhos e estalou a língua no céu da boca.

— Eu perdi uma ótima oportunidade de comemorar o evento bem-sucedido do meu hyung, em um ótimo motel. — Comentou com um tom entristecido e viu Jaebum o olhar. — Era uma oportunidade tão boa... — Refletiu pensativo.

Agora pensava: Mark realmente iria ouvi-lo e todo aquele esforço fora válido? Não sabia, mas estava sofrendo com as consequências. Tava mais pesado do que carregar duas armas grandes.

Jaebum negou indignado e bufou.

— Você é mesmo um burro. Mas me consola saber que não fui o único prejudicado. — Abriu um sorriso debochado e viu o mais alto franzir o cenho desacreditado. — Bem feito!

Namjoon grunhiu irritado e Jaebum abriu um sorrisão com direito a olhos fechados. Aquele sorriso estava sendo detestável no momento. Detestável!

— Fale direito comigo, sou seu hyung.

— Só devo obediência ao sargento e aos superiores! — Se defendeu e viu o Kim abrir a boca pra discutir, mas logo fechou. — Bem feito! Tomara que as crianças peçam pra dormir com vocês o resto do ano!

— Ya! — Gritou irritado e viu o soldado voltar a andar sozinho enquanto gargalhava e cantarolava um “bem feito” alegremente. — Im Jaebum!

*

Estava quase na hora do prato principal e Seokjin se dividia em dois. Pessoalmente coordenava a saída dos pratos, medindo a temperatura de cada um, a aparência e o cozimento. Se não estava de acordo com seu gosto, voltava. Sem mais nem menos. Até aquele momento não havia nenhum problema, tudo estava caminhando em um ritmo bom. Ele, pessoalmente tinha temperado o porco, ele mesmo preparou tudo enquanto Jungsu se ocupava com outras coisas e coordenava mais a parte da guarnição. Os dois estavam trabalhando bem, apesar das diferenças. Tudo parecia estar bem-sucedido.

Hyejin era oficialmente a acompanhante de Mark e ela quem era a porta-voz da cozinha, sempre deixando claro quem estava regando o evento com a boa gastronomia. O nome de Kim Seokjin era a surpresa geral; afinal, quem era o desconhecido que cozinhava tão bem ao ponto de prender os convidados não só no propósito do evento, mas também na comida.

— Kim Seokjin? — Um senhor de meia idade disse ao ouvir a ruiva falar sobre os chefs. Assentiu e viu o home franzir as sobrancelhas, parecendo querer se lembrar de algo. — Esse nome... não me é estranho.

— Ele não tem nenhuma estrela e é um achado de Mark Tuan, senhor Kwon. — Heechul olhou para o engenheiro que estava tão curioso quanto o principal investidor naquela noite. — Deve ser uma coincidência.

— Não, eu estou velho, mas minha mente ainda funciona muito bem, jovem mestre Kim. — Referiu-se ao socialite que sorriu sem jeito. Mark ainda parecia confuso e curioso, assim como Hyejin. — Quantos Kim Seokjin cozinheiros poderão existir na Coréia? — Riu sozinho e a casal ali presente, riu para acompanhar. — Não existe coincidência.

— Então o senhor conhece Kim Seokjin? — Mark perguntou, um tanto afoito.

O que aquele homem poderia saber do cozinheiro? Seokjin era anônimo até para si mesmo, o passado dele não era tão claro pras pessoas, tudo poderia ser uma surpresa, então o engenheiro não soube o que esperar, mas ao ver o sorriso nos lábios do senhor, acabou suspirando aliviado, ainda sentindo o olhar suspeito de Heechul sob si. O chaebol já havia bebido todo seu vinho e pedido outro para o garçom que recolhia a louça suja.

— Ele é filho de um grande amigo meu, é o filho mais novo. — Disse calmo. — Esse garoto ganhou alguns prêmios quando mais novo, era atração das feiras gourmet de Seongdong. O pai tinha muito orgulho dele. O pai dele tem uma construtora, mas nenhum dos dois filhos seguiu seus passos, o que é uma pena, porque aquele império vai sair das mãos dos Kim’s assim que Seokmin morrer.

— Kim Seokmin? — Heechul perguntou assustado e o homem o encarou, assentindo. — Ele é filho mais novo de Kim Seokmin?

— Sim. — O investidor respondeu estranhando a surpresa do dono daquele evento. Mark encarou a mulher e recebeu um olhar confuso. — O irmão dele, Seokjung, é um dos melhores advogados de Seongdong, ele quem cuida dos meus trâmites políticos. — Olhou para Mark que ainda parecia um pouco confuso. — O jovem mestre não sabia que Kim Seokjin é de uma das mais ricas famílias de Seongdong e um dos mais famosos cozinheiros de feira gourmet?

— Eu... — Olhou para a vice-líder que negou devagar sem saber o que falar e o que fazer. Ele sabia que o cozinheiro não era qualquer um, mas não sabia que era naquele nível. — eu conheço apenas sua mãe.

— É ótimo saber que o jovem mestre Kim conseguiu alcançar seus sonhos após largar a oportunidade de estudar gastronomia na Faculdade Nacional de Seul. — Torceu os lábios em uma expressão de compadecimento. Heechul abriu mais ainda os olhos e encarou Mark que sorria satisfeito. Namjoon estava certo, afinal, aquele soldado metido... — Jovens sempre tão imprudentes. — Respirou fundo e olhou para Hyejin que sorriu gentil. — Gostaria de vê-lo ao final do evento, poderia avisá-lo que Kwon Yunjae está aqui?

— Sim, como o senhor desejar. — Curvou-se respeitosamente e viu o senhor sair de perto deles para voltar ao seu ciclo de amigos.

O empresário encarou o engenheiro e piscou os olhos rapidamente, ainda sem saber o que falar ou o que pensar! Conhecia o pai de Seokjin e sabia o poder aquisitivo da família Kim, tê-los investindo em suas expansões seria tão útil...

— Com licença, eu vou verificar a cozinha. — Hyejin curvou o corpo duas vezes, cumprimentando os dois homens antes de sair a passos largos.

Um sorriso satisfeito brincava em seus lábios bonitos pintados em um vermelho bem sutil. Kim Seokjin era uma ótima pessoa, tinha uma índole de ouro! Em nenhum momento usou seu status para rebaixar alguém ou se impor; porque ele poderia. Poderia muito bem dizer quem era e o que podia fazer com seu poder aquisitivo e com a moral que a família Kim tinha, porém não, escutou tudo quieto e quieto ficou.

Era realmente... um homem surpreendente.

Entrou da cozinha e sorriu satisfeita com o cheiro bom no ar, a cozinha andando ordenadamente...

— Sunbae. — A ruiva chamou o mais alto que parecia concentrado demais verificando os pratos antes dos garçons levarem. Hyejin riu ao notar que Seokjin não havia escutado. — Sunbaenim! — Chamou mais alto e então teve o olhar do moreno que abriu um sorriso alegre. — Estamos indo muito bem, todos estão elogiando sua comida! Parabéns.

— Ya. — Riu fraquinho, indicando Jungsu que cortava alguns aspargos para decorar cada prato com a carne de porco que estaria pronta logo. — Ele é incrível, cinquenta por cento do crédito é todo dele.

— Jungsu-ssi é ótimo no que faz mesmo, tem razão. — Sorriu e lembrou-se instantaneamente do investidor importante. — Sunbae, — Começou devagar. — há alguém que quer te ver no fim do evento.

O cozinheiro franziu as sobrancelhas confuso e limpou as mãos no avental, aproximando-se mais de Hyejin que ainda tinha aquela expressão calma e feliz no rosto bonito.

— Me ver? Quem?

— Kwon Yunjae. — Disse e viu o rosto do rapaz perder um pouco a cor. — Pelo jeito que ele falou, o estima muito. Ficou feliz em saber que está aqui.

— Eu n-... — Estava pronto pra negar que conhecia aquele homem. Não queria ninguém de seu passado retornando assim, ainda mais ali. Porém Hyejin o cortou.

Ele só não queria ser reconhecido tão fácil, não queria ser lembrado por quem foi. Trabalhava duro pra ser reconhecido como aquele cara ali; o cozinheiro suburbano, pai e principalmente que não tem medo de ser quem é. Um homem responsável e independente que não precisa usar nome da família pra subir na vida. E ali as pessoas já tinham uma imagem ruim o suficiente de si, não precisava piorar.

— Você passou pra Faculdade Nacional de Seul? — A garota perguntou abismada e viu o cozinheiro sorrir sem jeito, ainda com aquela expressão de desconforto no rosto bonito. — Isso é quase um sonho pra qualquer pessoa, por que não foi, sunbae?

— Jimin. Por causa do meu Jimin eu não fui! — Respondeu sem nenhum remorso ou desapontamento. — Ele é melhor do que qualquer faculdade e se tornou minha prioridade.

— Isso é... lindo. — Ficou um tanto desconcertada, porém abriu um sorriso gentil. — Você é um grande homem e um ótimo pai.

— Seokjin! — O grito de Jungsu fez o cozinheiro acordar e correr em direção à estação do prato principal, onde era seu lugar. — Porra. Eu não acredito que você vai fazer isso de novo... — Resmungou indo desligar o fogo.

— Não. — Gritou para o mais velho que o olhou em descrença. — Não desliga, as batatas ainda não estão prontas. Eu vou tirar ele com o forno ligado.

— O quê? — O mais baixo perguntou assustado e viu o líder abrir a porta do forno, liberando o aroma gostoso de porco assado. — As luvas...

— Esquece, se ficar mais um segundo, vai queimar. — Disse aflito, sabendo que a cozinha inteira havia parado só por causa daquela mini confusão.

Hyejin estava olhando aquilo, o coração apertado novamente. Tudo parecia um flashback do coquetel, onde tudo deu errado e acabou sendo humilhante para o cozinheiro. O mesmo prato, o mesmo acontecimento.

— Se você não ficasse de papinho, isso não teria acontecido. — O Park reclamou desesperado. — A mesma merda da semana passada.

— Semana passada eu não estava aqui, Jungsu-ssi. — Olhou para o mais velho e respirou fundo. — Hoje não vai nada se repetir, porque eu não vou deixar.

E sem esperar que alguém dissesse algo, prendeu a respiração e curvou um pouco o dorso, enfiando as mãos rapidamente no forno e pegando a travessa preta com as mãos livres de qualquer proteção.

— Sunbae! — Hyejin gritou assustada quando ouviu o homem grunhir de dor e trazer a travessa consigo, a carregando após fechar o forno com o quadril, colocando sobre a bancada. — Pelo amor de deus, sunbae! — Correu em direção ao moreno que estava ofegante e com as mãos muito vermelhas encostadas contra o balcão frio de mármore.

Seokjin fechou os olhos e respirou fundo. Contou um, dois, três; dez vezes! Mordia o lábio inferior e choramingava, sentindo as mãos, os dedos, tudo queimar de uma forma tão intensa que sua mente estava nublada.

— Vocês estão esperando o quê? Ao trabalho! Cortem e sirvam. — Jungsu gritou com alguns funcionários que estavam encarando a cena com preocupação. — Seokjin, você é louco? Sabe quantos graus está aquecendo o forno? — Ralhou o líder que riu fraco e assentiu, sem abrir os olhos. — Fala sério... você só pode ser maluco.

— Eu sou cozinheiro. — Murmurou dolorido. — Se eu não me queimasse, seria estranho.

Hyejin riu fraco e negou, se recusando a participar daquela história. O cozinheiro guia pegou delicadamente as mãos do mais novo e levou até o lavatório, abrindo na água fria e deixando cair sobre ambas já um tanto inchadas.

— Vice-líder, assuma o controle, eu vou cuidar da mão dele. — Pediu para a ruiva que assentiu e correu para pegar um avental e acabou tirando os sapatos no caminho, disposta a cozinhar junto com seus funcionários. O Park olhou para o rosto do mais alto, a expressão de dor e acabou suspirando. — Por que fez isso?

— Porque... — Grunhiu alto quando sentiu a água fazer arder um pouco mais e agradeceu quando o cozinheiro guia desligou o registro. — porque eu prefiro queimar minha mão, ao invés da minha comida.

O mais velho riu fraco e negou. Ainda não fazia sentido em sua cabeça, mas parecia certo de alguma forma! Poderia ter tantas estrelas e o nome reconhecido, mas aquela lição que o garoto anônimo e pouco confiante, lhe passou, nenhum renome daria.

Era algo sincero e puro. Guardou no coração. Seokjin teve a admiração de Park Jungsu quando mostrou que era realmente um chef, um líder e um homem de valor.

— Vem, eu vou te ajudar com isso. — Chamou e viu pela primeira vez o mais novo lhe encarar sem temor ou inquietude.

O Kim estava com dor, mas estava satisfeito e o Park estava grato e admirado.

*

— O prato principal estava um sucesso. Estava incrível! — Heechul comentou risonho, feliz por ter saído tudo nos conformes e, além disso, ter conseguido patrocínio e investimentos necessários para suas expansões. — Park Jungsu, te devo meus parabéns e admiração. Incrível! Como sempre, me surpreendendo.

O evento já estava no fim, mas ainda haviam pessoas no salão bebendo e conversando, no entanto, o empresário fez questão de ir até a cozinha parabenizar o sucesso do prato fracassado anteriormente. Após o sumiço de Ahn Hyejin, os dois homens ficaram preocupados e curiosos sobre o que estava acontecendo naquela cozinha, mas ao verem o prato principal ser servido com maestria, sem atrasos e no perfeito ponto; relaxaram.

Jungsu limpava a bancada usada por ele e Seokjin enquanto Hyejin ajudava uma funcionária a lavar a louça. Alguns dos funcionários já haviam sido dispensados e os que restaram, estavam pelo salão oferecendo bebidas e aperitivos.

— Eu não fiz o prato principal e nem tampouco fiz o cardápio. — Foi sincero, olhando para o patrão que o encarou confuso. — Eu fui o cozinheiro guia essa noite, o chef de estação foi Kim Seokjin.

— Como? — Perguntou e o de cabelo preto assentiu. — Eu pensei que ele só estivesse coordenando a cozinha...

— E onde ele está? — Mark perguntou curioso, não via o hyung em lugar algum e ele sempre estava de pé, à postos.

Jungsu apontou para a área de descanso, onde o homem estava sentado com ambas as mãos enfaixadas e estava deitado sob os braços esticados na mesa de madeira, parecia um tanto sonolento.

— O que aconteceu com ele? — O Tuan questionou nervoso, indo até o mais velho, juntamente do outro. — Jin hyung, você está bem? — Esquecendo o profissionalismo, agachou perto do homem e tocou seu joelho, chamando sua atenção.

Estava preocupado, não havia muita coisa que poderia fazer no momento. Mas tal gesto foi ignorado pelos outros, porque até Heechul parecia preocupado com o cozinheiro.

— Estou bem. — Respondeu devagar e um tanto grogue. — Só queimei as mãos. Não foi nada demais.

— Como “nada demais”? — O taiwanês questionou rapidamente. — Como isso aconteceu?

— O porco ia queimar de novo e eu tirei antes. — Explicou e o engenheiro parou para pensar um pouco... lembrou do que Namjoon havia dito mais uma vez. — Eu não deixaria minha comida queimar.

E mais uma vez Namjoon tinha razão e com aquilo Mark viu que não poderia ganhar daquele soldado. Ele conhecia Seokjin muito bem e o amava de verdade. Talvez um dia ele pudesse ser amado da mesma forma e amar alguém ao ponto de saber decifra-la por inteiro.

Um dia, Mark esperava amar alguém daquela forma. Querer e ser querido daquela forma.

— Não precisava ter queimado as mãos por causa disso, Seokjin-ssi. — O Kim mais velho finalmente disse algo e sua voz fez com que o cozinheiro sonolento abrisse os olhos e o encarasse de forma cansada. — Um acidente é um acidente!

— Eu quis te mostrar que mesmo eu não tendo uma estrela Michelin, não tendo meu nome grande, não tendo meu próprio restaurante, eu posso sim correr com os cavalos. — O empresário lembrou das palavras duras ditas ao rapaz na noite do coquetel e acabou se sentindo mal. Talvez se fosse menos duro... — O senhor está certo, eu não estou pronto pra chegar em primeiro, ainda queimo as mãos. Mas eu não desisto nunca! Posso chegar em último, com as mãos queimadas e dopado de remédio, mas eu chego. — Engoliu em seco e sorriu de lado, se sentindo um pouco menos pesado. Precisava falar aquilo. — O senhor disse que queria comer minha carne de porco, espero que tenha agradado.

— Estava ótima, Seokjin-ssi, muito obrigado por seu trabalho duro e seu esforço. — Disse manso, sentindo-se um tanto envergonhado pela outra noite. — Sinto muito por suas mãos.

O moreno negou.

— Não sinta. Eu não desisto da minha equipe, não desisto da minha comida e não desisto nem se o senhor me humilhar novamente por ter quase queimado de novo a carne. — Sorriu mais uma vez e sentiu a mão de Mark apertar seu joelho como uma forma de consolo. — Agora o senhor sabe que se eu estiver na cozinha, quem sai queimado sou eu, não a comida.

Heechul riu e assentiu, vendo o cozinheiro rir junto. Preferiria brigar com aquele homem ao ouvir aquelas palavras, mas sabia que estava errado e aceitava a admissão de seus erros. Julgou o homem sem nem saber o que havia acontecido.

— Quer que eu ligue para o Namjoon? — Mark perguntou, engolindo o gosto amargo que aquele nome provocava em seu paladar. Seokjin pareceu acordar de repente, negando veemente. — Você não pode ir sozinho pra casa. Então eu te levarei!

— Namjoon está trabalhando, eu posso muito bem ir sozinho. — Disse se sentando direito na cadeira. — Jungsu-ssi me deu um remédio pra aliviar as dores nas mãos e ele dá sono. Mas vai passar.

— Vamos ao médico. — Hyejin se aproximou, carregando as sandálias em uma mão e o avental em outra. — Você precisa de remédio nas mãos, as queimaduras foram feias.

Seokjin fez careta e negou. Não queria ir pra hospital nenhum, queria ir pra casa.

— Então certo, eu e Hyejin-ssi te levaremos ao médico. — Mark decretou e Heechul assentiu. — Heechul-ssi, podemos ir?

— Sim, eu termino o evento por aqui e digo que teve uma emergência.

— Eu cuido da cozinha e fecho tudo por aqui. — Jungsu se prontificou e Hyejin assentiu agradecida. O homem saiu de onde estava e foi se aproximando em poucos passos do líder. — No fim, foi bom trabalhar com você, sunbae. — Curvou-se respeitosamente e viu o moreno sorrir gentil.

— Sabia que você gostava de mim, Park Jungsu-ssi. — Sorriu feliz e o cozinheiro revirou os olhos. — Foi uma honra trabalhar com você... hyung.

E no fim, realmente um era agradecido pelo outro estar ali, porque um cresceu com o outro, de formas inimagináveis.

*

— Namjoon. — Chamou manhosamente enquanto se encolhia dentro do sobretudo que estava apenas envolvido em seus ombros para tentar afastar o frio do ar condicionado do hospital.

— Onde você está, hyung? — O acastanhado questionou preocupado vendo que o namorado estava encostado em uma parede branca.

— No hospital. — Disse e o soldado abriu os olhos assustado, pulando da cadeira que estava sentado. — Calma, calma, não é nada grave. Se acalma! Foi só um acidente de trabalho. — Levantou ambas as mãos à frente da câmera frontal do celular, mostrando ambas recém enfaixadas e cuidadas por médicos. — Viu? Me queimei.

Namjoon não conseguia tirar os olhos da tela do celular, onde via seu namorado mostrando as mãos machucadas, mas tinha um sorriso bobo nos lábios, mostrando que apesar de tudo, estava bem.

Só então percebeu. Se Seokjin estava mostrando ambas as mãos, quem estava segurando o celular?

— Quem está aí? — Questionou curioso e o cozinheiro abaixou as mãos.

— Hyejin-ssi e Mark-ssi. Minha vice-líder que está segurando o celular. — Anunciou e o soldado assentiu. Esperava que Mark tivesse ouvido suas palavras, afinal. Estava no quartel por culpa dele. — Eu só liguei pra dizer que estou bem, ocorreu tudo perfeitamente bem.

— Não, amor, suas mãos estão queimadas. — Comentou preocupado e o moreno sorriu. — Por favor, pare de agir imprudentemente longe de mim.

— Isso você não me fez prometer. — Lembrou brincalhão.

Namjoon quis bater no namorado, ao mesmo tempo que queria fugir do quartel só pra cuidar das mãos dele pessoalmente. Estar longe e vê-lo machucado, sem poder ajudar, era a pior sensação do mundo. Lembrar que só o veria na manhã seguinte piorava tudo.

O jeito era respirar fundo e se conformar.

— Vou melhorar minha lista de promessas então. — Respondeu e o cozinheiro riu. — Estou orgulhoso, hyung. Só não se machuque mais.

— Digo o mesmo pra você.

Não vamos nos machucar! — Decretou certo e o mais velho assentiu.

— É uma promessa? — Perguntou e o soldado assentiu antes de sorrir de lado, mostrando apenas uma covinha.

É uma promessa.


Notas Finais


Capítulo grandão pra dizer que sinto muito pela demora. Eu ia dividir, mas achei melhor não. E aí? O que vocês acharam? Me digam tudinho, eu quero ouvir geral. Quem quiser falar comigo, é só vir no twitter @sarcasmoflet que eu dou cheiro em todo mundo. ♥


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