História Our Destiny - Finally saturday

Carly’s POV

Acordei incrivelmente cedo, se fosse levar em conta a hora em que eu tinha pegado no sono. Estava frio demais pra eu passar perto do chuveiro á aquela hora da manhã, então apenas vesti meu moletom quentinho e lavei o rosto pra tirar aquela cara-de-acabei-de-acordar do meu rosto.

Mesmo naquele sábado, meus pais estavam trabalhando então tive que me virar sozinha pra preparar meu café da manhã. Acho que em menos de uma semana de volta eu já devia ter engordado toneladas, de tanto que comia. – pura saudade dos pratos ingleses, diferentes da comida brasileira.

Fui pra cozinha faminta, porém desanimada. Sem nenhum “adulto” com dotes culinários na casa pensei que teria que me contentar com um simples cereal com leite. Mas quando fui buscar esse ultimo na geladeira vi o que minha mãe tinha deixado pra mim: Ovos mexidos, geleia caseira de morango – fresquinha! – e bacon. Meus olhinhos quase brilharam de felicidade, afinal sempre fui gulosa, especialmente pra aquele café da manhã.

Esquentei os ovos, o bacon e as panquecas, cobri essas ultimas com a geleia e fiz torradas também pra acompanhar. Era incrível pensar como eu tinha sobrevivido quase dois anos sem comer nada daquilo em quantidade, eu me assombrava quando algumas amigas minhas do Brasil diziam nem tomar café da manhã. Comi tudo com calma e quando já estava cheia pulei no sofá da sala pra assistir TV. Perdi totalmente a noção da hora e assisti a dois filmes, até que a abençoada da Julianne me liga, interrompendo meu ócio.

— Fala Julinda! – atendi ao telefone meio que animada demais, por lembrar que mais tarde veria ela e mais algumas pessoas no parque...

— Ei, to ligando pra minha amiga ou pra algum clone excessivamente feliz dela? – ela indagou fazendo gracinha, me fazendo murchar toda a alegria inicial em um gemido, o que a fez rir ainda mais de satisfação. – Ok, não vou cortar sua felicidade mocinha, se você me confirmar o motivo dela...

Engoli em seco, abrindo e fechando a boca várias vezes pra falar. Tudo bem que junto com a Isa, Julie era uma de minhas melhores amigas, mas eu realmente preferia guardar toda a minha ansiedade – e medo, de certo modo – pra mim mesma. Suspirei, imaginando se conseguiria dobrá-la puxando algum outro assunto mais interessante em seu ponto de vista (do tipo, como se vestir pra ir ao parque quando você quer estar linda, mas não quer morrer congelada ou qualquer outra coisa sobre moda), mas percebi que a loira ao telefone não iria desistir assim tão fácil. Ela notou que meu silêncio já durava mais que alguns segundos, mas manteve-se quieta, como se estivesse jogando de “se você não fala, eu também não falo”.

— Julie... – miei, numa tentativa de implorar piedade de sua parte, mas o suspiro que ouvi do outro lado da linha indicava que eu não tinha grandes escolhas.

— Eu pensei que você confiasse em mim... – Pronto. Já não estava mais ali a Julianne patricinha loira exibida, e sim a Julie dramática que sabia exatamente quais palavras usar pra me deixar mal por estar sendo um pouquinho má com ela. Desliguei a TV e me preparei mentalmente pra contar-lhe tudo, assim como havia feito com Isadore, porem dessa vez tendo que ser mais detalhista, uma vez que Isa já sabia de algumas coisas.

Julie ouviu tudo e ao final, parecia meio receosa pra me dizer algo, mas ela nunca foi muito boa em esconder nada, foi só eu perguntar um “o que foi?” e ela soltou.

— Carly você sabe quem é Jessica? – não, eu não sabia, mas alguma coisa me dizia que ela tinha bons motivos pra ter perguntado aquilo no meio daquela conversa.

— É a namorada do Justin né? – perguntei, rezando para que ela respondesse algo como “não! É uma moça que vende biscoitos aqui na rua, são muito gostosos! Que tal eu te pagar um, outro dia?”

— Ficante. – corrigiu-me, o que me deu certo alivio, embora eu achasse a idéia dos biscoitos bem mais aceitável.

— Hum – murmurei – você acha que ele vai chamá-la hoje?

— Não, quer dizer, eu marquei com ele que iriam eu, você, Isa, ele, o Chaz e o Gui... Não acho que ele a chamaria.

— Ah sim – suspirei, levemente aliviada. Não queria de forma alguma ficar assistindo aos dois juntos, queria um tempo com o Justin, só pra tentar entender o que eu sentia por ele. – Julli eu vou arrumar a mesa do almoço, se não quando minha mãe chega ela vai reclamar por nem isso eu ter feito... Vou tentar almoçar rápido pra conseguir me arrumar decentemente, apesar de ser só um passeio faz muito tempo que eu não vejo nenhum dos meninos, por dignidade não quero aparecer com cara de monstro pra eles – ri.

— Você não pareceria um monstro nem se usasse uma fantasia, Carly – respondeu ela, meiga como sempre – mas tudo bem, eu também tenho que achar aqui alguma coisa quente que não tenha cara de pijama! – rimos juntas, apesar de que eu já sabia o que iria vestir – Te vejo mais tarde?

— Sim, é claro – sorri meio boba, não perderia esse encontro da galera por nada – até mais, Julie!

E desliguei.

Quando vi as horas, percebi que – como sempre – eu me atrasaria se não corresse. Fui pra cozinha arrumar a mesa do almoço e quando terminei, tomei coragem e entrei na ducha do chuveiro, perdendo-me em pensamentos. Depois de tanto tempo aguardando por aquela tarde, eu me sentia mais que ansiosa por rever meu... Amigo. Tive que reclamar mentalmente comigo mesmo umas duas vezes – coisa de maluca, eu sei – pra não demorar demais no banho.

Ao sair, fechei a janela e a porta do quarto a fim de não pegar uma pneumonia com o vento gelado e tirei do armário a roupa que tinha escolhido pra aquela tarde. Era uma calça jeans extremamente colada, porem muito confortável, que parecia um legging, preta. Vesti uma blusa de manga curta roxa (não só porque gostava, mas também porque eu sabia que era a cor favorita do Justin) e vesti uma jaqueta preta por cima. Eu estava com preguiça de arrumar o cabelo então o deixei de lado e o cobri com uma boina de lã lilás, que a Isa dizia ficar bem em mim.

Almocei com meus pais e avisei onde estava indo, minha mãe me deu algum dinheiro pra lanchar mais tarde e uma cópia da chave do apartamento, já que eles não estariam em casa quando eu voltasse.

Já eram 15:00 horas quando eu calcei minhas botas (pretas de couro e de cano baixo, combinando com a jaqueta) e passei um lápis pra destacar meus olhos. Desci correndo e na rua encontrei com a Isa. Ela elogiou minha roupa mas eu quase não dei importância, pois estava muito ansiosa. Da porta de sua casa, fomos andando em direção ao parque.

Era estranho de imaginar, mas ironicamente, apenas alguns quarteirões me separavam do garoto que foi tirado de mim pela distancia e...

— Justin..?