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História Our Diary - A gente se esquenta


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Demorei três semanas, eu sei, mas voltei com 7k pra adoçar a sexta de vocês. Esse capítulo é o último desse mês, eu acho. Agora vou entrar no meu fim de semestre, viajarei pra SP pro show do BTS no dia 25, então creio eu que não vou ter tanto tempo para me dedicar a escrever algo digno pra vocês. Mas, vou tentar. Quem sabe antes eu não venha e solte alguma coisinha?

Um aviso importante: o próximo capítulo divide a parte início - meio da fanfic. Ou seja, depois do próximo, oficialmente estaremos no meio da estória, que será bem curto até, e logo depois vamos partir para o fim. Eu acho que já havia dito pra vocês que OD não seria algo tão longo quanto OC, já que nunca planejei fazê-la, mas vou tentar estender o máximo que eu conseguir porque essa fic se tornou meu amor, meu lar.

Já falei muito, então só me resta desejar boa leitura e que vocês gostem tanto quanto eu gostei de escrever. ♥

Capítulo 21 - A gente se esquenta


Olhava pela janela, as decorações de natal ainda marcando as lojas, as casas... era começo de janeiro e ainda nevava. Bucheon estava uma mistura de pisca-pisca e camadas de neve. Era bonito. Gostava do inverno, já havia dito isso?

Suspirou e encostou a testa no vidro, soltando o ar devagarzinho só para ver embaçar. Sorriu sozinho. Pela primeira vez, não estava nem aí para o assunto que Jaebum e Minho compartilhavam, estando o mais velho dali dirigindo e o policial no carona. Taemin, ao seu lado, parecia mais interessado em mexer no celular. Era uma noite agradável.

Tinham combinado de irem ao karaokê, já que não se viram nas datas festivas. A primeira coisa que Youngjae quis fazer quando pisou em Bucheon foi correr para os braços do namorado, e assim o fez, ignorando completamente o fato de que ele estava atrasado para o trabalho.

Momentos, gente, nem tudo é perfeito.

Piscou os olhos demoradamente e sentiu um toquezinho em sua canela. Endireitou a coluna e olhou para baixo, vendo que era o Im que estava com o braço esquerdo para entre os bancos, oferecendo sua mão.

Sorriu. Tão bobo. Chegou mais para a ponta do banco e levou a mão quentinha para a maior que a sua, entrelaçando os dedos e recebendo um carinho demorado nas costas da palma. Deitou a cabeça ao lado do banco e virou o rosto para conseguir estar pelo menos próximo do ouvido do namorado.

— Eu estou com saudades de você! — Sussurrou e teve a mão puxada junto da outra, parando sobre o colo do policial.

Este virou o rosto igualmente e encarou os olhinhos lindos que o Choi possuía. Sorriu fraco e encostou as testas mesmo que naquela posição meio torta. Beijou a testa coberta pelos fios castanhos. Sentiu na pele, pela primeira vez, o peso de sentir saudades de alguém; viu o quanto era ruim amar uma pessoa e não poder estar com ela em todos os momentos. Sentiu pela primeira vez na vida.

Cada vez que se viam por ligação era uma vontade insana de pegar o primeiro voo para Jeolla do Sul e procurar Youngjae por todos os cantos. Mas, contudo, conteve-se. Focou no trabalho e na família, embora não fosse tudo perfeito.

Também estava morrendo de saudades dele. Minha nossa, como sentiu saudades...

— Não vamos mais nos afastar dessa maneira. — Não foi uma pergunta, mas ainda assim obteve um grunhido em confirmação. Usou a mão disponível para acariciar o cabelo liso do menor, afastando um pouco a franja. Ele fechou os olhos e se entregou aos carinhos. — Ficar longe de você é uma tortura. — Confidenciou sem parar os carinhos.

Mesmo que estivessem sussurrando, naquele clima só deles, é óbvio que com aquele silêncio sepulcral do carro em que nem o ar condicionado fazia barulho, era bem possível serem ouvidos. E foram. Minho olhou aquilo discretamente e negou. Aquela fase de melação era a pior. Pelo Buda... aquilo era nojento de chato!

Claro, para quem está de fora, porque quem está dentro ama. Dizia por experiência própria!

— Acho que eu estou passando mal... — Resmungou e rapidamente todos estavam atentos ao motorista que não parecia realmente estar com algo.

— Que houve? — De repente, o celular nem tinha sentido para o Lee que deu um pulo no banco e tentou se enfiar no meio deles, empurrando o cunhado, para ver o noivo.

Youngjae foi um pouco mais para o lado, quase batendo a cabeça no encosto do banco do passageiro, mas ainda agarrado ao namorado que estava prestes a segurar o volante ou, sei lá, assumir a direção caso algo acontecesse.

— Encosta o carro, hyung. — Pediu, o mais novo, nervoso.

— Oh, sim, pode apostar que vou. — Olhou para o irmão. — Pra tacar sal na cara de vocês, seus sem vergonha. — Ralhou o casal que pouco entendeu. — Chega desse mel todo perto de mim. — Avisou arqueando o cenho, mas focado na estrada. Levou um tapa no braço. — Ya! — Gritou e ganhou outro. — Por que estou apanhando?

— Me assustou, seu imbecil. — Resmungou irritado com o noivo.

Youngjae apenas riu e se ajeitou no banco, sem largar a mão do policial que também nem ligou para a gracinha de Minho. Até que estava se acostumando com as implicâncias, era engraçado às vezes. Ele era um cara legal! Deslizou o polegar pelo anel que cobria o dedo indicador do mais novo, sentindo o metal grosso. Ficou ali, brincando ao mesmo tempo em que fazia carinho.

Tinha bons sentimentos por aquele ano novo. Estava começando com quem amava, do jeito certo. Lembrar de como seu ano passado havia sido sem graça lhe fazia entender a grande importância da existência daquele ser humano de voz aguda.

Ele era exatamente do que precisava. Em todos os dias, todos os momentos.

Durante os feriados só se falaram por vídeo e foi até legal. No ano novo, Youngjae ligou na hora que os fogos estavam estourando e começaram uma luta incessante de leitura labial para entenderem o que estavam falando. Foi engraçado. Felizmente seu presente de natal surtiu efeito e ganhou uma ligação de áudio bem... emotiva.

Teve que ouvir o namorado chorando e dizendo repetidamente “eu te amo, eu te amo muito”. Perfeito, Choi Youngjae era perfeito.

Não viu e não teria como ver, mas aquilo rendeu uma foto bem bonitinha no celular do acastanhado que logo postou com a seguinte legenda: “É você e eu. Até o fim: eu e você.” E não podia concordar mais, eram os dois, juntos, para sempre. Sem soltar as mãos nem por um segundo.

Bobos, né?

...

O karaokê era um lugar bem bonitinho e sempre enchia no sábado. Ficava no centro da cidade, perto de várias lojinhas e sempre ficava aberto até tarde. Pegaram uma das salas e foram para ela.

Até pensaram em chamar a “trupe toda” – e isso consistia em Joohyun, Seulgi, Kibum e Jonghyun – mas Taemin havia dito que seria legal fazerem algo apenas os quatro, sendo “família”. Aquilo agradou os Choi e deixou o Im todo... surpreso. Sério que era contado como “da família”? Isso era... wow.

Seu coração ficava bem aquecido. Principalmente depois de dias tendo que aguentar gente escrota de sua própria família.

— Vamos fazer individual ou em casal? — O mais novo perguntou, já chegando com as mãos no controle cheio de botões.

— Fala sério, — O oficial riu retirando o casaco e jogando no banco vermelho estofado. — se for em casal, nós vamos acabar com os dois ali.

— Eu não contaria com isso se fosse você, — Minho colocou o dedo em riste para o moreno mais baixo que arqueou o cenho. Foi um desafio? — segurança de shopping.

Por que sempre tinham que usar sua não-efetivação para atingi-lo? Aquilo doía, cara. Youngjae olhou para o namorado, engolindo a risada, esperando que ele rebatesse.

E ele rebateu:

— Foi só uma vez!

Ou não tanto assim.

— Tá, vamos em casais então. — Decidiu o Lee, sentando na mesa e pegando uma meia-lua vermelha. — Quem começa?

— Vamos decidir isso na democracia. — Jogou o controle na mesa, perto do cunhado, e afastou a destra, mostrando que estava pronto. — Kawi, bawi, bo! — Anunciou já jogando a mão para frente em forma de tesoura.

Taemin colocou uma pedra e foi levantado da mesa por um Choi Minho muito alegrinho, rodopiando-o enquanto o outro casal se encarava com uma expressão de falsa tristeza.

— Vem cá. — Jaebum puxou o menor, abraçando-o e esfregando carinhosamente a mão em suas costas cobertas pela camisa listrada. — Vamos ganhar, tudo bem? Eu e você. — Sussurrou e ele assentiu. Beijou a bochecha cheinha. — Somos um time. — Segurou o rosto lindo que Youngjae tinha, apertando devagarzinho as bochechas.

Os olhos pequenos se apertaram em confusão e a boca ficou quase como um biquinho de peixe. Selou os lábios algumas vezes e só parou porque o mais novo grunhiu algo como: “hyung”. Não ia parar, isso é fato, por isso só grunhiu mostrando que havia escutado e continuou dando beijinhos, agora pelo rosto dele.

A culpa era sua se o Choi o deixava com vontade de gastar todo seu tempo dando beijinhos e achando graça a cada estalo que os lábios faziam ao desencostarem?

— Somos uma dupla, time é três ou mais. — Corrigiu com a voz atrapalhada por estar sendo segurado pelas bochechas.

— Mesma coisa. — Selou os lábios uma última vez antes de soltá-lo.

Enquanto eles estavam na bolha de mel que tinham, nem perceberam que o outro casal já estava em uma batalha para decidir o que cantar. De um lado tinha um Taemin quase chorando para cantarem uma música pop japonesa que gostava; de outro, um arquiteto muito decidido a cantar sua música favorita.

A da abertura de Naruto Shippuden. Prioridades!

— Eu nem sei cantar japonês, Taemin-ah! — Disse abismado, segurando o controle para não dar chances daquele dançarino de fundo de talk-show, roubar.

— Ah, nem vem com essa. — Colocou as mãos na cintura, enfezado. — Abertura de Naruto é em japonês.

Abriu os olhos, ofendido. Blue Bird era uma música especial, ok? Não se comparava a outras ou, mais especificamente, qualquer música de pop japonês. Ora essa.

— É Naruto.

A obviedade implícita na voz do mais alto fez o homem apertar o olhar em sua direção. Estava ficando bravo, conseguia ver isso pelo modo como respirava. Ia apanhar... ô se ia. Youngjae olhou para o namorado que o encarou de volta, tentando entender qual era o problema daqueles loucos.

E, por outro lado, esperando que não passassem aquela vergonha quando fossem decidir a música que iriam cantar.

— É japonês. — Avançou no noivo, tentando a todo custo pegar o controle, mas sofrendo por ser pequeno.

Era sempre engraçado ver aquele ser humano que sempre falava tão baixo, era tão delicado em tudo o que fazia, tentar agir rude ou com mais força que o necessário. Frequentemente perdia, é óbvio, mas ele bem que tentava. Mas como ia conseguir? Seu noivo parecia um touro de tão forte e alto. Não tinha a menor chance.

Bastou levantar o braço que o controle estava fora de alcance e nem os pulos em cima de si o fizeram tremer.

Pelo menos rendeu boas risadas ao casal rival naquela brincadeirinha de talento.

— Eu não sei cantar outra música em japonês!

— Ela é fácil. — Resmungou dando um pulo, mas de nada adiantou. — Amor! — Grunhiu manhoso, olhando para o acastanhado que o encarou de cima, vitorioso. Suspirou. — Somos um time, — Youngjae gritou um “dupla”, mas foi ignorado. — precisamos entrar em consenso.

— Por isso que eu disse — Abaixou um pouco e beijou o moreno. Quem os visse ali, dificilmente acreditaria que estavam se matando a poucos segundos. — “Naruto”. — Mais um selar e um choramingo do Lee. — Quem não gosta de Naruto? — Questionou realmente preocupado com aquilo.

Porque... bem... se alguém não gostava de Naruto, então havia um problema real com essa pessoa, não?! Preocupante.

— Eu, Choi Minho, eu. — Disse entredentes, olhando de perto para aqueles enormes olhos que tanto amava. — Eu não gosto de Naruto. — Sorriu debochado. — E vou matar você se continuar falando disso.

— É Naruto, amor. — Disse como se aquilo do noivo “não gostar” fosse uma ofensa.

Estava pessoalmente ofendido, sinceramente. Era mesmo essa pessoa duvidosa que carregaria consigo para a vida? Bem, agora tinha que pensar. Questões sérias precisavam ser revistas. Quem em sã consciência não gostava do loirinho dominado pelo satanás de nove rabos?

Ah, faça-me um favor...

— Eu também não, hyung. — E, claro, para deixá-lo mais preocupado com o futuro da família Choi, Jaebum também tinha que estragar mais ainda.

Pronto. Será que tinha encontro às cegas com o tema de Konohagakure? Todos vestidos de cosplay, imagina? Wuah, tão bonito. Compraria até uma bandana se fosse preciso. Iria de Shikamaru e faria Youngjae ir de Kiba.

E se reclamasse, traria Coco diretamente de Mokpo para ser o Akamaru. Quê? Tinham que ser profissionais. Cosplay é algo sério!

— Youngjae, como Ariana Grande diz mesmo? — Fingiu pensar, olhando para o teto por um tempo. — “Termine com seu namorado porque estou decepcionado”? — Voltou o olhar para o irmão que revirou os olhos e negou. — Ah, com certeza era algo assim! — Olhou para o policial que abriu um sorriso.

Não entendeu porque aquele sujeitinho renegado de Konoha estava sorrindo, tinha falado algo engraçado? Ora essa. Oh, mas depois entendeu. Ô, se entendeu. Porque o controle saiu de suas mãos em um estalar de dedos e aí até o mais novo dos Choi estava rindo.

Fala sério... vivendo e aprendendo. Estava sozinho no mundo. Humilhado, decepcionado... o que Naruto faria em seu lugar?

— Vamos cantar Trot, nossa especialidade. — Avisou com os olhos presos na tela grande, passando pela lista imensa de músicas. — Goodbye da Hong Jinyoung. — Escolheu por fim, colocando para começar.

Deixou o controle na mesa e pegou os dois microfones, dando um para o altão de suéter preto.

— Vamos, amor, ganhar essa coisa! — De repente, o humor do arquiteto mudou, ele pegou o microfone e já estava aquecendo, disposto a ganhar. — Sou criado no Trot, sou o melhor. Não tem pra ninguém.

— Ya. — O de luzes no cabelo se ofendeu, cruzando os braços sobre o dorso. — Eu também sou criado no Trot, sou um Choi. Não vá cantando vitória antes do tempo.

— Aham. — Fez pouco caso, nem se importando em olhar para o irmão. — Mas eu vim primeiro e tal. Fecha a matraca e não me atrapalha. — Abraçou o noivo com o braço disponível. — Vamos, amor!

E com uma animação exagerada, começaram a cantar. Nem deu tempo do Im defender o namorado, porque quando viu, os dois animados demais estavam cantando, dramatizando, pegando um martelo de brinquedo e batendo em tudo que era lugar.

Sério que eram adultos? Duvidava um pouco.

Abraçou o menor e trouxe para seu corpo, aquecendo-o. Ali estava quente, mas ainda assim precisava de uma desculpa para ficar juntinho do seu sol particular. Teve a cabeça dele encostada em seu ombro.

— Você vai dormir lá em casa hoje? — Manhosamente se aninhou mais ao corpo do namorado, perguntando o que queria desde que foi buscado.

— Vou, minha mochila está no porta-malas. — Beijou a testa dele, inalando o cheiro gostoso de shampoo. — Estava pensando em passar o fim de semana, mas estou de serviço no domingo, aí teria que te acordar cedo... — Refletiu e teve o olhar atento do garoto que rapidamente levantou a cabeça para prestar atenção no mais velho. — então vou ficar só essa noite e o sábado.

— Não. — Grunhiu manhoso, fazendo um bico involuntário. Estava agarrado a camisa grossa do oficial, como se ele pudesse fugir. Ganhou um selar. — Pode ficar até domingo, não me importo de acordar cedo.

— Amor, não...

— Na verdade, — Seus olhos brilharam e ficaram maiores. Teve uma ideia excelente. Abriu um sorriso animado. — vou acordar mais cedo e te fazer um café da manhã bem gostoso e reforçado pra ter um dia bem produtivo na delegacia.

Jaebum sorriu tão apaixonado que isso ficou notável até para o estudante de pedagogia porque suas bochechas ruborizaram e ele notou o que estava fazendo: tratando o Im como seu marido ou algo assim. Estava apressado demais, né? Ah, mas é que... era meio que automático.

Queria cuidar dele e mostrar que era capaz, que consigo ele nunca passaria vontade de nada. Ia cuidar até dos mínimos detalhes para seu amorzão ser feliz.

É, ele colocou esse nome brega no contato do mais velho. Amorzão... ele vivia mesmo no século XIX, não é possível.

— Você não existe, Choi Youngjae... — Encostou as testas e moveu devagarzinho o rosto, roçando a pontinha dos narizes. Ganhou uma risadinha boba. — Eu te amo. — Murmurou no meio daquela cantoria de trot e o casal cantor pulando e interpretando da forma mais idiota possível. — Eu te amo muito.

— Eu te amo tanto quanto, Im Jaebum. — Segurou o rosto do mais velho, acariciando a bochecha pálida com o polegar. — Muito, — Estalou os lábios em um beijinho. — muito mesmo. — E mais um beijinho acompanhado de risadinhas bobas dos dois.

Tão bobos... fala sério...

A cantoria do casal mais velho continuou, mas agora o outro casal ria e cantava alguns pedaços. Jaebum achou adorável seu namorado cantando trot e até balançando o corpo, todo animadinho. Pegou o celular e fez questão de gravar alguns vídeos, precisava eternizar aquilo. Ainda mais quando a música foi acabando e ele se levantou para pular com os dois doidos que quase estavam se jogando no chão para completar a performance.

É, definitivamente queria ser daquela família. Não havia outra melhor.

Você mandou muito bem! — A voz robótica do karaokê disse assim que saiu a pontuação. — Toma aqui seus 90 pontos.

— Noventa! — Gritou o mais velho dali, abraçando o noivo todo animado. — Noventa, amor, noventa. — Segurou-o pelas bochechas e selou os lábios enquanto o moreno ria todo animado. — Somos quase um duo de trot profissional.

— Não exagera. — Youngjae levantou e foi seguido pelo Im. — Agora é nossa vez! — Estendeu a mão, pedindo o microfone.

— Duvido vocês conseguirem 100. — Desafiou o de lábios grossos e cabelo muito negro, devolvendo o microfone para o cunhado.

Aquilo acendeu o bichinho competitivo que o Choi tinha. Se existe uma coisa de que definitivamente se orgulhava, era de sua voz. Do potencial vocal que possuía. Olhou para o policial que apenas riu e negou. Era outro que não falava muito sobre a própria voz, mas sabia que era boa. Modéstia à parte, fariam aquilo muito bem.

Escolheu a música com o consenso do outro e colocou para tocar. Se não tirassem 100, tirariam 0.

Memory Of The Wind. Como diz seu primo – sim, o famoso dono da vaca prenha, não mais prenha, agora mãe – “ou vai ou racha”.

...

Pois é, o casal novato ganhou 100 pontos. Alguém ainda duvidava deles?

Taemin aceitou de boa e elogiou muito a forma que as vozes dos dois se encaixavam, complementando-se. Era bonito de se ver porque pareciam mesmo ter nascido para encaixar um no outro em tudo que é tipo de coisa. Jaebum e Youngjae pareciam muito aqueles casais de capa de revistas, sabe? Perfeitos.

Tá, mas, hum... Minho não sabia aceitar muito bem a derrota. Não assimilava uma. Por isso desafiou o irmão a cantar qualquer música boba, mas não teve jeito, perdeu. Aceitou que nunca ia ganhar do mais novo quando o assunto era música.

Só que nos esportes se garantia, o que aquele fake idol não tinha talento algum para fazer. Era um belo perna de pau!

Depois de alguns petiscos e cervejas e muita cantoria desenfreada do Choi mais novo que mostrou que poderia ser um grande monopolizador do controle, finalmente o dançarino conseguiu uma música.

— Amor, abre a boca. — Pediu animado enquanto colocava um punhado de pipocas na própria boca.

O homem de olhos inchados começou a rir e se arrumou no banco, afastando-se um pouco para obedecer o que foi pedido. Abriu a boca, esperando a pipoca ser jogada, mas o que foi jogado foi mais de uma. Até conseguiu pegar, mas não todas. Acabaram batendo contra seu rosto e caindo.

— Ah. Que pena. — Lamentou rindo, o mais novo. Achando engraçada a cara do namorado ao ver as pipocas caindo. — Da próxima você vai se sair melhor, hyungnim. — Debochou fazendo um joinha.

Tão sonso, fala sério. Apertou o olhar e negou. Achou que isso ficaria barato? Logo consigo, um homem da lei? Ah, Choi Youngjae. Você assinou sua sentença. Pegou um punhado de pipocas na bacia mais próxima e foi para cima do estudante que começou a rir mais alto.

— Não, amor, para. — Pediu alto, nem tendo tempo de correr, porque foi atacado antes.

— Você achou que ia se safar, menor infrator? — Forçou uma voz intimidadora e se inclinou para cima do corpo forte do garoto que acabou se deitando e tendo o maior sobre si. Mais gargalhadas. — Anda, olha pra mim.

— Não! — Gritou risonho, tentando fugir, mas ao mesmo tempo não querendo.

Minho até parou de beber para olhar aquilo. Aqueles dois tinham quantos anos mesmo? Sete? Só pode. Como podia um grande bobo como Im Jaebum sair por aí prendendo gente? Ele era uma criança! Olha o jeito que sorria...

Tá, certo. Talvez ninguém soubesse que aquele lado mais bobinho só aparecesse ao lado daquele futuro professor de pintinhas fofas e voz alta. Era meio inevitável. Se tornava realmente uma criança! Tão apaixonado quanto uma.

— Eles são fofos, né? — Sentiu o abraço do noivo em suas costas, um beijinho em seu ombro. Assentiu. Apesar de achá-los infantis ao extremo, até que eram fofos. — Seu irmão merece alguém assim...

— Não acha meio assustador? — Verbalizou uma de suas maiores inseguranças quando se tratava do irmão.

Via os dois rindo, brincando, Jaebum tratando-o como a pessoa mais importante do mundo... sabia que era isso que Youngjae queria, era isso que ele gostava. Mas ao mesmo tempo, assustava-se um pouco. Ele via o menor colocando muita carga emocional no relacionamento tão recente, apostando todo o coração em algo que podia não dar certo.

O que aconteceria com o Choi se por acaso o namoro acabasse?

— Hum. — Refletiu, o moreno, descansando o rosto bonito no ombro vestido pelo suéter, olhando os meninos. A tal música japonesa que tanto queria tocando ao fundo... — É um pouco, mas o amor assusta. — Assumiu e Minho virou um pouco o rosto, querendo vê-lo. — É sempre assustador gostar de alguém, porque não é algo racional.

Franziu o cenho confuso e teve os olhos redondinhos feito duas bolinhas brilhantes o encarando. Era tão doce... via Taemin como uma peça de porcelana, tão delicado. Até no jeito que ele olhava havia graça. Céus. Ele parecia a droga de um príncipe.

E, claro, principalmente, sentia-se abençoado por Buda ter permitido alguém tão bom como Lee Taemin se interessar por si, quando sabia que tinha pessoas muito melhores no mundo. Aquele dançarino não era seu predestinado, porque não o merecia. Era seu presente: inesperado, surpresa e muito maior do que poderia esperar.

— Você sentiu medo de gostar de mim?

Ele sorriu. Buda. Ele sorriu tão bonito... podia desmanchar ali de tanto amor. Sempre se derreteria feito manteiga com aquele sorriso. Os lábios grossos se separando para mostrar os dentes grandes, os olhos se apertando e as bochechas crescendo. Oh, tão bonito.

Seu coração acelerava tanto.

— Um pouco, sim. — Assumiu. — Você sempre foi muito rodeado de pessoas, tão popular... e eu sempre fui tímido. — Deu de ombros e afrouxou um pouco o abraço para o mais velho virar e conseguir ficar frente à frente. — No início achei que você ia enjoar fácil de mim e achar alguém que fosse igual a você! — Riu sem jeito.

— Que bobagem. — Murmurou realmente descrente no que ouvia.

Taemin riu baixinho e desviou o olhar. Era sério quando dizia aquelas coisas! Ali, depois de um tempo de relacionamento, já podia dizer que conhecia Choi Minho como a palma de sua mão, mas na época, não. Ainda pensava que ele era grande demais para ser alcançado. Quando, na verdade, ele só era assim, sem esforço, automaticamente atraía pessoas, mas isso não significava que ele seria atraído por elas também.

Era até muito seletivo com suas companhias. Mas, é claro, só foi descobrir isso tempos depois. No começo ainda tinha medo de não serem compatíveis.

— Não tem ninguém mais bonito que você nesse mundo. — Segurou o rosto bonito com ambas as mãos, conectando os olhares. Sorriu calmo. — Como eu poderia te trocar por alguém tão chato quanto eu? Impossível...

— Você não é chato. — Resmungou. — Eu gosto de você, do seu jeito.

— Que bom. — Riu fraquinho, aliviado. Moveu os polegares, acariciando a tez bronzeada, sentindo a maciez. Como alguém podia ser tão perfeito? — Porque eu amo tudo em você. Desde seu nariz fofinho, — Beijou a pontinha deste. — até seus pés. — E mais um beijinho, esse na testa.

— E meus olhos? Meu cabelo? — Perguntou confuso, mas ganhou uma careta. Apertou o olhar e deu um tapinha fraco na cintura do noivo. — Idiota. — Ameaçou soltá-lo, mas foi preso em um abraço apertado.

Começaram a rir daquela brincadeirinha boba, agarrando-se um ao outro, totalmente abstraídos de todo o resto. Nem notando o outro casal observando aquele momento bonitinho. Pararam de brincar – Jaebum parou de tentar afogar o namorado com aquele punhado de pipocas – só para apreciar aquilo. Era fofo.

Eles eram um casal engraçado. Brigavam às vezes, amavam-se sempre e eram os maiores amigos que já havia visto.

— Ei, casal. — A voz rouca do Im chamou a atenção dos dois mais velhos. — Isso aqui não é o quarto de vocês. — Brincou fazendo o menor rir e ganhou olhares debochados. Sério que logo ele queria falar daquilo? Tão hipócrita. — Que nojo. — Fez careta.

— Ah, não é possível! — Largou o namorado, cruzando os braços fortes. — Você vai me deixar maluco, Im Jaebum. — Colocou o dedo em riste para o cunhado que começou a rir e deitou a cabeça no peitoral do acastanhado todo sorridente.

— Estamos passando tempo demais com vocês. — Devolveu o dançarino. — Pegando esse mel todo...

— Nojo. — Minho empinou o nariz.

— Nojo eu tenho de você, seu sem escrúpulos! — Com cuidado, empurrou o namorado de cima de seu corpo só para conseguir levantar e se preparar para bater no irmão mais velho.

E foi o que aconteceu. Mas não foi com a mão que bateu, pegou o restante das pipocas e tacou nele, levou um mata-leão e quase que ambos foram ao chão. Como de costume.

É... os Choi eram uma boa família e tal, legais, mas não cresciam na mente. Isso era visível.

Taemin se afastou e instruiu Jaebum a fazer o mesmo.

— Daqui a pouco eles cansam. — Bateu no ombro do mais alto, vendo-o meio assustado com aquela sessão de lutinha do nada. — E aí, — Indicou a TV e o controle vago. — quer cantar alguma coisa?

— Claro, por que não?

...

Era meia noite e os Choi já tinham ido dormir. Quer dizer, Choi e Lee, porque Taemin também acabou desabando por ali mesmo. Ficou com dor de cabeça no fim da noite e acabou indo dormir antes de todo mundo. Logo a casa ficou apenas com os dois que fingiam ser cosplays de coruja.

Prometeram um para o outro que iam madrugar, fazendo sessão de filme ou qualquer baboseira que usariam como desculpa para virarem as horas trocando beijo e carinho. Afinal, quando seria possível passarem tantos dias juntinhos?

Ajeitou-se melhor entre as pernas do policial, os olhos fixos na TV passando o clipe de Perfect do Ed Sheeran... era tão bonitinho. Encolheu-se no colo do namorado e foi abraçado com mais vontade. Vestiam pijamas confortáveis, estavam quentinhos... tudo perfeito.

— Você sabe dançar? — Jaebum perguntou ao menor, passando as mãos no cabelo castanho com as luzes, brincando com as mechas que corriam por entre seus dedos.

— Depende. — Respondeu sem tirar os olhos da TV, quase dormindo com aquele carinho.

— Valsa. — Prendeu os dedos na franja castanha, deixando a testa dele à mostra. Grunhiu positivamente. — Só acredito vendo.

Virou o rosto devagarzinho, olhando para o rosto lindo que o Im tinha. Fingiu uma cara desconfiada, mas acabou sorrindo, porque ele também sorria. Como poderia não ficar todo idiota enquanto via aquele sorriso que o tirava o fôlego?

— Tá me desafiando? — Arqueou o cenho, mas acabou ficando confuso quando recebeu um acenar negativo.

Desafio não era a palavra correta.

— Estou te convidando. — Consertou e o Choi piscou os olhos tão devagar, parecia tão nas nuvens que por um momento esqueceu que precisava responder. Encostou as testas e sorriu suave, quase roçando os lábios. — Quer dançar comigo, amor?

Fechou os olhos e assentiu fraco, entregue a tudo que Jaebum quisesse. Selaram os lábios algumas vezes antes de se levantar. A música era lenta e gostosa de ouvir e, em poucos segundos, tornou-se ótima para dançar.

De pijamas, no meio da sala parcialmente escura, ao som de Ed Sheeran. Não que eles se importassem, porque não.

Não dava para se importar com muita coisa enquanto estavam abraçados e conectados daquela maneira. Youngjae deitou a cabeça no ombro do namorado e prendeu os dedos na camisa branca que estava usando, deixando o corpo ser conduzido com muita delicadeza, as mãos que seguravam sua cintura eram tão gentis...

Nunca foi tocado de maneira tão gentil. Só ali entendeu quando seu pai dizia: “Choi Youngjae, você não é qualquer um! Você merece alguém que te toque com gentileza, com apreço. Você não é um objeto ou um boneco. Seja apreciado, porque quem te apreciar, sabe seu valor!” Entendeu o que aquilo significava. Ser apreciado... então era aquela sensação boa?

Sentia-se tão bonito quando Jaebum o olhava, quando o transformava em centro de todas suas atenções. Céus. Sentia-se único. Tudo ficava quieto, tudo ao redor perdia a saturação; só tinha o policial. Só ele. Só conseguia enxergá-lo, mesmo que estivessem longe por vezes.

Era Jaebum e seria Jaebum. Hoje, amanhã, depois de amanhã...

— “Baby, I’m — O oficial começou a cantarolar o fim da canção, sussurrando quase no ouvido do namorado de olhos fechados. — dancing in the dark with you between my arms. Barefoot on the grass, listening to our favorite song. — Riu baixinho e fez o garoto rir junto. Porque realmente gostavam daquela canção. — I have faith in what I see, now I know I have met an angel in person. — Afastou um pouco os corpos só para conseguir segurá-lo pelo pescoço, inclinando-se um pouco para baixo, assim como ele levantou um pouco o rosto, abrindo os olhos só para se encararem. O oficial sorriu devagar e beijou a testa coberta pela franja bagunçada. — And he looks perfect, — Desceu as mãos para as do menor, segurando carinhosamente antes de fazê-lo rodopiar lentamente no lugar.

— Amor... — Riu sem jeito. Estava de moletom branco todo largo. Como seria perfeito? Foi puxado de novo.

I don’t deserve this. — Continuou com a música, voltando a segurá-lo pelo pescoço, quase encostando os lábios. Fechou os olhos e se concentrou na respiração quente rebatendo contra a sua. — You look perfect tonight.

E a música terminou. Não sabiam qual viria depois, e nem ligavam muito, só de estarem ali, juntos, tudo valia à pena. Sorriu devagar, movendo o rosto só para cutucar a pontinha do nariz fofo do menor, vendo-o de olhos fechados, parecendo realmente em estado de torpor.

Amor anestesia, né? Meio louco!

Não cansava de mimá-lo e muito menos via aquele excesso de açúcar que tinham – todos falavam sobre –, para ele, Im Jaebum, eles eram normais. Um casal normal que se ama. E, tudo bem, né?! Se fossem tão dependentes, apaixonados, tudo bem. Enquanto fosse recíproco, enquanto estivessem bem, tudo estava certo.

Selaram os lábios algumas vezes e acabaram rindo no meio daquele toque. O Choi virou um pouco o rosto, fazendo manha para fugir dos beijos que se tornaram mais frequentes, cortando sua respiração. Abriu os olhos e viu pela porta de correr da sala, a que dava no quintal, que estava nevando. Pela primeira vez no dia.

— Olha. — Pediu entre os risinhos, encantado pelos floquinhos de neve. — Está nevando. — Ganhou um beijo na bochecha e roubou um selar em seguida. — Vamos lá fora?

— Jae... — Afastou um pouco os corpos para vê-lo melhor. Ele tinha os olhos brilhando, bem abertos. Como negaria? — amor, — Começou, tentando soar responsável. — está frio, você pode ficar gripado. Sua saúde ainda não está-...

— Eish. — Soltou-se com impaciência. Por que namorava alguém que falava que nem sua mãe? — Larga de ser fracote. — Revirou os olhos e o moreno bufou. Namorava uma criança. — Cadê o policial excelente que não teme a chuva, o vento, o sol, a neve? — Ia falando e dando passos para trás, incitando o homem que o encarou desconfiado. — Hã? — Abriu os olhos, curioso. — Cadê? — Olhou ao redor, fingindo procurar. — Engraçado... achei que ele estivesse aqui.

— Choi! — Chamou-lhe em um tom grave, sério, assistindo-o colocar as botas felpudas que usava pra zanzar lá fora durante o inverno.

Ele ficava um perfeito urso com aquela roupa. A calça de moletom estava quase caindo, mostrava até a barra elástica da cueca preta se ele levantasse os braços e erguesse o casaco imenso de moletom que o engolia.

— Im! — Imitou a cara séria do mais velho, mas começou a rir, tocando nas portas de vidro e empurrando para as laterais, sentindo o vento frio tocar seu corpo.

Viu-se na necessidade de ir até aquele quase adolescente inconsequente, vestindo os tênis rapidamente antes de sair naquele frio da madrugada. Tremeu. Céus, ele nem de casaco estava. Esfregou as mãos nos braços e olhou para cima, vendo o céu nublado, os floquinhos brancos caindo...

Ok, era tudo muito bonito, mas quem ficaria gripado era ele mesmo! O que não fazia por Youngjae?

— Abraço quentinho. — Foi pego por trás, sendo coberto pelos braços do namorado, sentindo-se realmente um pouco mais aquecido. — Vamos construir um boneco de neve?

— Tá falando sério? — Debochou e queria olhar no rosto dele, mas não conseguia, estava duro de frio e não queria sair dos braços quentinhos do mais novo.

— Claro que eu tô. — Disse baixo, quase ofendido. — Vamos chamá-lo de JaeJae.

Quê? O que é JaeJae? Sentiu obrigação de virar naquele abraço, mesmo que estivesse quase congelando. Tremeu novamente e Youngjae viu, por isso esfregou as mangas do casaco nos braços do outro, tentando esquentá-lo.

— JaeJae?

— É. — Respondeu animado, grunhindo pelo frio, usando aquilo para se aproximar mais do namorado. — É nosso nome junto, amor.

Oh, tão doce... Youngjae era tão doce que até o som da voz dele refletia isso. Ou, era tão babaca apaixonado que se perdia em qualquer detalhe que remetia ao estudante. Podia ser os dois também, não?! Faria total sentido.

Não ligava para estar tremendo de frio, mesmo sendo abraçado, nem para seu rosto quase todo dormente, os lábios arroxeados... só queria olhar para ele. Olhar e agradecer todos os dias por poder vê-lo, tocar nele.

Porém Youngjae...

— Jaebumie. — Chamou após um tempo, um tanto assustado por ele estar com a boca um tanto roxa. — Vamos entrar, está frio, você está ficando meio-...

— Me beija. — Pediu baixo, piscando devagar, segurando-o pelos quadris, deixando os corpos juntos. — Vem cá. — Sussurrou convidativo, beijando o canto dos lábios desenhados.

Derreteu-se em pleno inverno. Ficou realmente mole, o modo que começaram a se beijar, era meio novo. Sentia os lábios frios e trêmulos chocando contra os seus e por isso fez questão de passar a língua ali, era morna e úmida, daria mais calor ao namorado. E deu. Ele apreciou o ato e se afastou um pouquinho só para ganhar aquilo novamente.

Os flocos de neve caíam e o menor sentia isso, porque caiu um em sua bochecha enquanto movia o rosto, encaixando melhor as bocas naquele beijo que aos poucos foi ficando mais intenso. O sangue mandou um grande “não sei quem é você” para a hipotermia e aqueceu. Muito.

— Casa. — Sussurrou entre o beijo, notando que o oficial ainda tremia de frio e estava muito gelado.

Voltaram a se beijar, mas agora andando meio desajeitados até a porta, quase esbarrando no vidro enquanto tentavam empurrar para abrir. Foi o moreno que conseguiu, porque entrou primeiro e puxou o namorado pelos quadris, juntando os corpos de tal forma que o Choi quase ficou na ponta dos pés, o corpo todo colado no do outro, dividindo o mesmo espaço e desafiando as leis da física.

Sim, dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço. Eles iam provar!

Fechou a porta meio desajeitado, porque foi puxado pela camisa até chegarem ao sofá espaçoso. Nem se tocando que na TV, na playlist aleatória, tocava 12:04am. Oh, offonoff... não faz isso... a playlist de Jaebum parecia sempre propicia.

O próprio acastanhado se jogou no sofá, pouco ligando de ainda estar com a bota suja de neve. Ofegou fraco quando se afastaram um pouco para que o policial apoiasse um joelho no estofado e se inclinasse para cima do menor. Afastou um pouco as pernas e deixou que ele se encaixasse ali, ficando ambos encaixados. Enganchou os dedos no cabelo escuro, puxando delicadamente assim que passou a receber beijos no maxilar, descendo para o pescoço com pintinhas.

Já tinha visto aquelas pintinhas antes, mas a oportunidade de tocar do jeito que realmente queria só apareceu naquele momento. Beijou cada uma, sugando devagarzinho, inalando o cheiro do perfume que o mais novo usava. Era tão gostoso. Esfregou o rosto ali e puxou o ar por entre os dentes.

Era a primeira vez que estavam se tocando daquela maneira mais forte, mas... era acolhedor o fato de estarem no escuro, porque se estivessem no claro, provavelmente ficariam um tanto sem jeito. Ou não. Não dava para pensar muito naquele momento, enquanto jogavam os corpos um contra o outro, procurando o máximo de contato possível.

— Suas mãos, hyung... — Conseguiu dizer entre a respiração um tanto forte, o corpo agitado. — posso esquentar pra você? — Ofereceu olhando-o, mesmo naquela falta de iluminação.

A TV iluminava um pouco o local e era possível ver a bagunça que tinha feito no cabelo escuro do oficial que ofegava baixo e o olhava nos olhos. Sorriu preguiçoso, deslizando as mãos pelos ombros dele, descendo para as mãos que estavam muito frias.

— Desculpe te fazer passar frio. — Pediu baixinho, rouco, guiando ambas para dentro de seu casaco, a única coisa que vestia no dorso.

— Porra, Youngjae. — Resmungou assim que sentiu a pele quente sob seus dedos.

Foram dois gemidos diferentes. Um de apreciação do mais alto e um manhoso do garoto, porque o choque térmico o fez arrepiar todinho. Mordeu o lábio inferior e tentou ao máximo ficar quieto, porque, né. Ainda estavam na casa dos Choi.

Na sala.

A satisfação de Jaebum foi tocar a barriga do menor e sentir que ele realmente não era magro, aliás, ele era ele. Perfeito. Apertou com vontade o local, indo para os quadris largos e apertando de novo. Youngjae tinha um corpo tão lindo... deus, só queria que ele entendesse que a cada toque era uma devoção. Era completamente, incondicionalmente devoto ao Choi. Por inteiro.

Voltou a esconder o rosto no pescoço cheiroso, beijando a pele quente, os olhos fechados para trabalhar melhor os outros sentidos.

O tato; ia subindo as mãos, tocando a pele morna, sentindo o macio da tez contra seus dedos, o corpo arrepiado todo disponível para si. Os estalos dos beijos e chupadas fracas e demoradas ecoavam entre o ritmo calmo da música, contrastando com os ofegos contidos do Choi.

O olfato; fazia questão de mover manhosamente o nariz contra o pescoço, inalando o perfume gostoso, ficando totalmente alucinado e preso no torpor que o envolvia sempre que estavam perto. Precisava dele, precisava muito.

A audição; não só era incentivado pela música, mas pelos sons que ambos faziam. Ouviu seu nome ser sussurrado pelo menos umas duas vezes quando aproximou as mãos dos mamilos do garoto. Beijou próximo da orelha e fez questão de estalar os lábios, aquele som era quase tão gostoso quanto o da chupada. Mas, é, preferia o segundo som citado, porque ganhava: ofegos e seu nome sussurrado cheio de manha.

Descobriu que faria de tudo, tudo mesmo, para continuar mimando Youngjae. De todos os modos possíveis!

Afundou mais o rosto no pescoço branquinho, sugando com mais vontade um ponto próximo da clavícula, ao mesmo tempo que espalmava ambas as mãos sobre o peitoral quente, arrastando ambas as mãos só para melhorar a sensação. A resposta foi rápida, bem rápida até. Ele gemeu e jogou o corpo para frente, batendo os quadris.

Bem...

— Jaebum-ah! — A vozinha suplicante saiu tão dependente, tão cortada, que soou como um gemido, não um chamado. — Jaebum! — Chamou mais alto, quando teve outro ponto chupado e os corpos encaixados demais. Agarrou as mãos no cabelo escuro e o puxou, provocando mais um estalo gostoso. — Por favor. — Pediu ofegante, selando os lábios, sentindo-os úmidos. Tão provocante. Ele sorriu contra o beijinho e assentiu fraco. — Por favor! — Repetiu baixinho, ainda com os lábios próximos.

— Eu sei... — Ele estava tão rouco, tão... porra.

Assentiu e mordeu o lábio inferior, reprimindo qualquer outro som que pudesse entregar o óbvio. Estava excitado. Fazia algum tempo que não transava e, fala sério, ficar perto do Im e se comportar o dia inteiro era meio difícil, ainda mais quando ele tinha aquele cheiro maravilhoso, o corpo, a voz, o toque... ah, não, sério. Não. Não dava!

Voltaram a se beijar, pouco ligando para o excesso de saliva, as mordidas e os grunhidos que passaram a ser muito mais regulares. Estavam uma completa bagunça, em um momento tão deles, que nem pensavam na hipótese de alguém descer e ver toda aquela intimidade.

— Vocês ainda estão acordados? — A voz da matriarca dos Choi soou assim como os passos na escada de madeira.

Seria engraçado, se não fosse frustrante. O policial sussurrou um “dorme” para o namorado ao interromper o beijo e, mesmo ofegante, todo babado e excitado, fechou os olhos e virou o rosto para o lado, para não dar pistas de sua respiração.

— Yjae? Jaebum? — Ela voltou a chamar, já ali naquele cômodo.

O oficial relaxou o corpo em cima do namorado, deslizando as mãos para abraçá-lo, mas ainda por dentro do casaco grande. Escondeu o rosto no pescoço repleto por sua própria saliva e tentou, ao máximo, não respirar tão forte para a sogra não desconfiar.

— Vocês estão dormindo? — Perguntou mais próxima e o Im ajeitou o quadril contra o do outro, fazendo-o gemer involuntário. Merda. — Yjae? — Apoiou no sofá e olhou para baixo, vendo o casal embolado, as roupas bagunçadas, mas aparentemente adormecidos. — Fala sério... e ainda disseram que iam virar a noite. — Estalou a língua no céu da boca, negando. Olhou para a porta que dava acesso ao quintal e franziu o cenho confusa. Aberto? — Por que isso tá aberto? — Questionou-se indo até lá. — Será que Sangwoo esqueceu de trancar? — Fechou e rodou a chave. Puxou as cortinas escuras, tampando o vidro e matando um pouco mais da luz naquele lugar.

Pegou o controle da TV e desligou, deixando o breu tomar conta daquele lugar. Aumentou o aquecedor para que eles não sentissem frio e voltou a subir. Não ia acordá-los... pobrezinhos. Estavam tão cansados.

Tsc.

Youngjae espirrou.

— O que foi que eu disse? — Resmungou o moreno, sem nem se mover.

— Dorme! — Repetiu o que ele mesmo havia dito, espirrando mais uma vez.

É, parece que alguém gripou assim como parece que duas pessoas não teriam sua noite especial naquele dia.

Pena. Mais um espirro.

— Merda!


Notas Finais


Não me matem, calma, abaixem as pedras. Ainda não é hora e nem muito menos o momento que EU SEI que vocês estão esperando, mas vai ter tudo isso, só ter paciência. Muitíssimo obrigada a quem está favoritando, comentando, eu não respondo, mas eu leio TUDO. Monitoro isso aqui sempre e eu espero muito que quem ainda não veio me dar um oi, que venha, eu não mordo e amo saber que nossa família está aumentando.

Quem quiser falar comigo, já sabem, só dar um alô no twitter: @sarcasmoflet e é noix, amo vocês.


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