História Our family, our love - Gerlili. - A bolsa estourou!

Ao não conseguir dormir e sentir várias pequenas pontadas no canto da barriga, decidi ficar quietinha, acordada e prestando atenção pra ver se eram possíveis contrações. Não demorou muito para que eu percebesse que havia algum ritmo ali. Olhei para o pequeno relógio que havia no móvel da minha cama e percebi que ainda era cedo, e que as apresentações de dia dos pais não haviam acabado ainda, então passei a controlar tudo com a respiração, as coisas estavam calmas, não havia pra que desespero. 

Chamei por Dona Eusébia, mas a mesma não me respondia, logo me toquei que era domingo, e de domingo ela fazia as compras da semana junto com o Silas, então eu estou sozinha em casa. Perceber isso foi desesperador, eu não contava que estava sozinha. E se meu bebê nascer aqui? Quem vai me ajudar? Não havia mais tempo para pensar, as contrações estavam ficando mais fortes, eu precisava falar com Germano antes que as coisas saíssem do controle. O hospital é o lugar mais seguro para mim. 

Para o meu azar, meu celular não estava no quarto e muito menos ao meu alcance. Como de costume, Valentim havia pego ele para jogar e não tinha me devolvido. Provavelmente o meu celular está na sala de brinquedos, no andar de baixo da minha casa, e eu estou com muito medo de descer sozinha e de repente sentir uma dor muito forte. Caramba! O que vou fazer? 

Ja se passaram 40 minutos desde então, nada de Silas com Dona Eusebia ou de Germano. Eu estou ficando nervosa, com medo, sinto que o bebê está cada vez mais próximo a medida que as dores aumentam. De repente uma enorme contração, me contorci na cama e gemi de dor, é Leonardo me avisando que queria sair dali e logo. Eu preciso descer e pegar meu celular, não posso ficar esperando eles chegarem e muito menos ter um bebê sozinha. 

Com muito medo me levantei da cama devagar. Minhas pernas bambeiam e eu sinto que vou cair a qualquer momento, a dor se intensifica e eu tento andar um pouco, mas é inviável.  Me escorei em um móvel do quarto, e me agachei, essa é a posição que menos dói, se é que existe uma. Esperei a contração passar e voltei a andar. Eu estou parecendo uma pata, andando de pernas abertas pois não tenho como fechar, sinto a cabeça de Leo aqui já. 

Entre uma contração e outra, eu cheguei até a escada, agora sim as coisas iriam piorar. Nunca me arrependi tanto por não escolher uma casa térrea. Descer as escadas está sendo quase uma prova de fogo, a cada degrau eu sinto que a cabeça do bebê abre mais espaço. Meu conforto é saber que a bolsa ainda não estourou e que por isso ainda tenho algum tempo. 

Foi só eu pensar nisso que senti uma dor enorme seguida de um líquido que escorria por minhas pernas. A bolsa estourou. 

Desespero, foi isso que senti. Gritei e gemi de dor, as coisas estavam piorando, havia um bebê querendo nascer e eu estava no meio de uma escada bastante perigosa, principalmente para essa situação. Conforme mais contrações chegavam, comecei a gemer de dor e cruzei as pernas, como se isso fosse melhorar alguma coisa, engano meu.

"Calma, filho. O papai está chegando pra ajudar a gente, espera um pouquinho, Léo." disse em voz alta, mas, apesar de minha determinação para aguentar firme, me vi tirando a roupa. A dor é tão grande que as roupas parecem me apertar, me sufocar e dificultar o relaxamento. Eu queria acreditar que o parto não aconteceria logo, e que daria tempo de Germano me levar ao hospital, mas, no meu subconsciente, eu sabia que seria diferente.