— Marina? — Disse Lili ao se aproximar da garota.
Marina estava retraída, talvez com medo e um pouco insegura. Ela nunca havia visto nenhuma daquelas pessoas, era tudo muito novo pra ela.
— Você gosta de praia? Gosta de estar aqui? — Lili pergunta ao se sentar ao lado da garota.
— Uhum. — Acena que sim com a cabeça.
— Senta aqui, vem. — Tenta chamar a garota para mais perto, mas nada adianta. — Tudo bem, você não precisa vir se não quiser. Tá? Eu sei que não foi legal o que aquelas pessoas fizeram com você, mas algumas coisas acontecem para que novas coisas possam acontecer. Entende? Eu tenho dois filhos e duas filhas, mas uma delas já está no céu. Também tem um bebê aqui na minha barriga, mas eu não sei se é menino ou menina. — Disse acariciando a barriga enquanto sorria. Eu tenho um filho de 5 anos, o nome dele é Valentim, e eu tenho certeza que ele iria adorar mostrar os bonecos hulk dele pra você. Você gosta de super heróis?
— Prefiro bonecas. — Falou baixinho e de cabeça baixa. — Gosto de brincar com bonecas, mas a minha mãe — Pausou a fala. — Mas a Clarice disse que eu já sou muito grande pra brincar.
— Eu não acho, sabia? Eu adoro brincar, também gosto muito de bonecas. Trocar roupinhas, arrumar o cabelo. Eu amo! A gente poderia brincar juntas, não acha?
— Talvez. — Disse se sentando próxima a Lili.
— Você me deixaria te abraçar? — Perguntou receosa, mas logo recebeu um abraço forte como resposta.
— Abraço? Eu também quero. — Germano disse se aproximando e assustando a menina.
— Pode ficar calma, ele não é mal, é o meu marido e é muito legal!
— Ta — Respondeu baixinho, ainda com medo.
— Eu comprei um presente pra você. Um passarinho me disse que você gosta de bonecas! — Disse entregando a caixa.
Marina abriu a caixa rapidamente, e um largo sorriso estampou seu rosto.
— Obrigada, tio. — Abraçou Germano.
A família que havia adotado Mariana dizia que a pequena não podia brincar, pois 8 anos já não era mais idade para isso, mas a garota adorava bonecas, e ganhar uma era como um sonho.
— A tia Rô deixou você passar um dia na minha casa, o que acha?
— Pode ser. — Respondeu com medo mas ao mesmo tempo feliz.
Todos receberam Marina muito bem, menos Valentim, que ficou com muito ciúme. Há 5 anos Lili era todinha dele, e vê-la pegada na mão de outra criança não era legal.
— Solta a minha mãe! — Valentim correu e soltou a mão de Marina da mão de Lili.
— Ei, filho. Calma! Está tudo bem! Essa aqui é a Marina, lembra que a mamãe te falou sobre ela? — Disse se abaixando para ficar na altura do filho.
— Sim, mas você é minha mãe! — Respondeu bravo.
— Também sou mãe do Fabinho, da Eliza e desse bebê aqui. — Apontou pra barriga. — E nunca vai faltar amor pra ninguém, tá?
— Ta! — Respondeu com bico.
— E se a gente fosse tomar um sorvete? — Eliza pergunta. — Vamos Fabinho? Eu, você, Cassandra, Valentim e Marina, o que acha?
— Eu topo! Vamos crianças?
— Eu quero. — Marina sorriu de lado, ela amava sorvete mas também era privada disso. Clarice, sua antiga mãe adotiva, dizia que sorvete engordava e que por isso não poderia comer.
— Eu quero de chocolate! — Disse pulando de ansiedade. Tomar sorvete é um dos passeios prediletos de Valentim.
Restavam na casa apenas Lili e Germano, os dois conversavam.
— Será que vou dar conta de 3 crianças? — Perguntou angustiada, sentando-se no sofá.
— Claro que vai, meu amor. Nós vamos! — Sorriu ao pegar na mão da esposa que estava acariciando o ventre.
— Você viu a reação do Valentim? Não gosto que ele se sinta assim.
— Vai passar, é uma fase. — Deu um selinho na esposa delicadamente. — A Marina gostou da gente, eu acho.
— Com a família cruel que ela tinha isso não é difícil.
— Ela vai gostar da gente, você vai ver.
— Tomara. — Sorriu ao encostar a cabeça no peito de Germano.
— Fica tranquila, amor. Sei que vai dar tudo certo porque temos um ao outro e porque você é uma ótima mãe. Logo essa sua insegurança passa.
— Ta bom. Você vai ter que me ajudar, tá? Porque quando eu estiver com um barrigão não vou conseguir cuidar deles. Vou precisar de ajuda.
— Eu sei e é por isso que preparei o Fabinho durante todo esse tempo. Vou deixar ele assumir a Bastille por um ano.
— Isso é serio?
— Sim, amor. Quero estar com a nossa família, e o Fabinho está construindo o futuro dele.
— Estou muito contente por saber que terei você por perto, sabia?
— Eu sei! Quero curtir cada momento dessa gravidez, dessa adaptação da nossa família com a Marina. Quero estar presente em tudo e vou estar. Somos uma dupla, e juntos, tudo vai dar certo.
Os meses foram passando e cada vez mais Marina estava próxima. Germano já havia mandado reformarem um dos quartos da casa e transformar em um quarto perfeito para uma menina de 8 anos.
Marina se mostrou bem rebelde no começo da adaptação, mas logo conseguiu demonstrar carinho pela nova família, e aos poucos foi entendendo que Lili e Germano queriam apenas dar amor a ela.
Lili que antes se questionava se daria ou não conta de cuidar de três crianças, agora está tranquila. Marina havia chegado para completar a familia e ensinar muitas coisas.
Em uma conversa com Eliza, Liliane relata o quanto se sente feliz e completa com as últimas mudanças de sua vida.
— Só entendi o tamanho do meu coração quando eu senti por uma criança que eu não tinha gerado, gestado, parido ou amamentado um amor puro e inigualável. O Valentim me ensinou tantas coisas, não sou a mesma de antes dele. — Sorriu enquanto acariciava o ventre. Lili estava deitada em sua cama, estava descansando, sua gravidez pedia isso. — Antes do Valentim chegou você, mas demorou um pouquinho pra gente se aproximar, né?
— É, mas ainda bem que rolou, porque você é uma pessoa tão incrível e eu não podia deixar de te conhecer.
— Eu quero ser uma ótima mãe pra vocês, quero que contem comigo pra tudo! — Disse pegando na mão de Eliza.
— Você já é! — Abraçou Lili.
— Mãe!!! — Valentim entra correndo no quarto com Marina. — A gente pode entrar na piscina?
— O Fabinho e a Cassandra estão lá?
— Sim!
— Então pode. Vão se trocar.
— Eu ajudo vocês. — Eliza disse se levantando da cama e dando um beijo na testa de Lili. — Descansa bem, daqui a pouco você vai no médico com o papai para a gente descobrir se vem um menino ou uma menina por aí e..— Eliza é interrompida.
— Menino! — Valentim exclama.
— Você quer um irmão, né filho?— Lili ri.
— Claro! A Marina só gosta de brincar de Barbie. — Revirou os olhos.
— E você, filha, o que quer? — Lili perguntou a Marina, a garota sorriu largo e respondeu.
— Eu queria uma menina, porque aí a gente podia comprar lindos vestidos pra ela, não acha, mãe? — Sorriu empolgada.
— Eu acho, filha. — Lili estava emocionadissima, finalmente o "mãe" havia chegado. — Eu amo vocês, ta?
— A gente também ama você! — Valentim respondeu com a voz mais fofa do mundo.
— Olha, acho que a mamãe merece um abraço, mas tem que ser com cuidado, né? — Eliza falou com os menores que logo abraçaram Lili.
— Agora a gente vai brincar. — Disse Marina sorridente e um pouco envergonhada com a situação.
— Ta bom. Se cuidem! — Lili observou os três saírem do quarto e sorriu como nunca, jamais imaginou ter tantos filhos, e muito menos que gostaria de toda essa bagunça.
As horas passaram rapidinho, e Germano e Lili finalmente iriam descobrir se estavam esperando uma menina ou um menino.
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