Quando acordei no outro dia tinha uma mensagem da Lauren
-Eu nunca mais bebo!
-Pois somos duas, ninguém merece essa ressaca, Laur.
-Estou sofrendo bullying do Justin.
-Pq??
-Adivinha...
-Ele tá é com inveja de mim.
-Hahahah, engraçadinha. Aliás, eu nunca mais cuido de ninguém bêbado.
-Toda vez que eu bebo você diz que não vai mais cuidar e cuida.
-Sou uma trouxa mesmo.
Passei o resto do dia tentando curar a ressaca e vendo os comentários da festa na internet. Tomei banho frio, café, remédio, dormi, vomitei. Eu juro, vocês são minhas testemunhas, eu nunca mais bebo! Graças a Deus ninguém tava falando de nós duas no facebook, Austin postou uma foto nossa lá, nem lembrava que tinha tirado foto com ele. Puta que pariu, o Austin! Será que me ele viu com Lauren?
Aliás, não me lembrava de muita coisa! Parece que eu vomitei no pé de alguém e sentei no colo de um negão desconhecido. Nem lembro como voltei pra casa, mas acho que foi de carona com o Zayn.
Eu nunca mais bebo!
-Você beijou melhor mais melhor bêbada. –Lauren mandou mais tarde
-Ah, obrigada. Isso me deixa muito mais feliz, idiota.
-Hahah, relaxa! Essa semana eles esquecem isso
Não esqueceram!
Segunda-feira quando cheguei à escola, atrasada como sempre, Justin olhou pra mim de longe e sorriu um sorriso irônico. Eu ignorei e sentei no lugar de sempre, ao lado da Lauren e atrás da Dinah e da Ally, e as três estavam falando de que? Da festa.
-Não acredito que vocês se pegaram. –Ally soltou assim que me sentei
-Eu acredito! Eu tava lá né. –Dinah disse rindo
-Olha só, Al. Eu disse que os forninhos iriam cair nessa festa, você não quis ir...
-Os forninhos despencaram. –Dinah disse enquanto mostrava algumas fotos pra Ally
Fora isso foi um dia normal, era só ignorar que eles iriam esquecer.
Ou não.
No almoço Laur e eu saímos juntas pra almoçar. E eu senti os olhares em cima de nós duas.
-Mas que porra esse pessoal da escola, hein. –Laur disse, ela também sentiu
-Ah, foda-se. Já pensavam que éramos namoradas mesmo. –eu ri
-Agora eles tem certeza.
-A culpa é sua! E não somos, ok? –eu ri nervosa
-Minha? MINHA?? –ela gritou em tom de brincadeira
-É SUA MESMO! SAI DE PERTO DE MIM! –eu entrei na brincadeira, somos mestres em brigas falsas que todo mundo acredita
-NÃO PRECISA NEM PEDIR DUAS VEZES. TÁ TUDO ACABADO. –e ela saiu marchando na direção contrária a do refeitório
-TCHAU. –eu gritei e marchei para o outro lado
As pessoas no refeitório olhavam, algumas riam, outras nem ouviram, da próxima vez eu grito mais alto.
Fui pra fila, peguei minha comida e me sentei em uma das mesas com Ally e Dinah. Cinco minutos depois Laur sentou do meu lado pra almoçar. A aula passou voando, principalmente porque eu dormi a maior parte dela em cima da mesa da Laur, porque eu ensinei a ela a fazer um cafuné que é tiro e queda, eu durmo na hora.
-Não quero ir pra casa. –Lauren disse quando estávamos saindo do colégio
-Vamos lá pra casa, só não sei se tem o que comer.
-Nós já almoçamos mesmo.
Fomos pra minha casa, mas compramos pipoca de micro-ondas no caminho. Quando entramos eu fui colocar a pipoca pra estourar e ela foi para o quarto.
Quando entrei no quarto e dei de cara com ela só com um shortinho que pegou nas minhas coisas e de regata, deitando na minha cama. Ok. Isso até pode parecer estranho, mas não é! Já temos tanta intimidade e somos tão acostumadas uma com a outra que isso é comum. Pelo menos era.
-O que tá olhando? –ela levantou uma sobrancelha quando me viu na soleira da porta
-Nada... –entrei no quarto, tirei meu jeans e joguei no canto
O micro-ondas apitou.
Fui até a cozinha, peguei pipoca e coca. Servi no chão do quarto
-Não vai deitar? –Laur disse olhando fixamente pra um dos meus porta-retratos
-Nada de comer na minha cama, vem pro tapete pra comermos.
-Você precisa parar com essa mania de limpeza.
Liguei a TV, e bebi um pouco de coca enquanto zapeava os canais. Ela deitou a cabeça na minha perna e ficou jogando pipoca pro ar e tentando pegar com a boca.
Relaxa, Camila, calma. Eu hein. Nada mudou. Vocês ainda são melhores amigas. Isso só aconteceu porque vocês estavam bêbadas, e nada mudou. Para de dar pane. Você nem é lésbica.
Lésbica? Sou mesmo não
Hétero? Também não
Na verdade, nem eu sei. Eu gosto de pessoas, é isso.
-Deixa nesse canal. –ela disse quando passei por um canal de clipes
O silêncio no minuto seguinte foi constrangedor.
-Laur. –eu pigarreei
-O que?
-Preciso te dizer uma coisa.
-Fala.
-Sua cabeça enorme tá dando cãibra na minha perna!
Ela riu o que tirou um pouco a tensão do ar. Quando terminamos eu levantei e fui levar o pote vazio e os copos pra cozinha e quando voltei ela tava novamente na minha cama.
-Tá ficando frio né. –ela disse me abraçando quando deitei na cama
Me senti arrepiar. Que porra é essa, Camila? Vocês são amigas, fazem isso sempre, para com isso.
A encarei por alguns segundos e ela foi se aproximando. A cena me lembrou aquela madrugada de agosto.
Flash back on
-É hojeee! –eu disse entrando no quarto da minha bff
-Você veio!
-Nós viemos. –Ally falou entrando atrás de mim seguida por Dinah
-Você acha mesmo que a gente ia perder a estreia da próxima estrela de Hollywood? –Mari disse lhe dando um beijo no rosto
-Que exagero. É só uma peça no teatro da cidade. –Laur disse tentando esconder o nervosismo
-Já viu aquele teatro? É enorme e lindo. –eu disse jogando minha mochila no canto do quarto e as meninas fizeram o mesmo
-Pra que as mochilas?
-Nós vamos dormir aqui, meu bem. A peça vai acabar super tarde aí aproveitamos pra fazer uma festa do pijama. –Ally já estava tirando uma garrafa pequena de vodca da mochila
-Tá, mas esconde isso! Se meu pai vir estamos ferradas.
-Ok, ok...
O telefone de Lauren tocou e ela se afastou pra atender.
-Meninas, eu tenho que ir mais cedo pro teatro. Houve um problema por lá. Vocês vão de carro com os meus pais mais tarde, ok? –ela disse assim que voltou
-Ok. –dissemos em uníssono
Ela estava juntando as coisas e saindo.
-Vadia máster.
-Fala.
-Merda! –eu a abracei
-Merda! –ela repetiu
-Merda. –as meninas disseram e demos um abraço em grupo
A peça foi incrível, tinha humor e música. Laur fez um dos papéis principais e estava ótima, todos aplaudiram de pé. Ao final ela ganhou três buquês, um do diretor da peça, um dos pais e outro de Louis, seu ex.
-Você foi f-o-d-a! –eu disse quando finalmente consegui abraçá-la
-Obrigada.
-Tava incrível, vadia. –Dinah disse a abraçando
-Quando você ficar rica a gente vai andar de iate. –Ally disse rindo
-Pode ter certeza disso! –Laur riu também
Mais tarde naquela noite nós já havíamos voltado do teatro e estávamos fazendo nossa festinha do pijama.
-Aquela cena que você caiu foi hilária. –Ally disse rindo
-Que bom que gostaram porque meu joelho ficou roxo.
-Valeu a pena, Lauren. Foi ótima. –Dinah disse e depois virou seu primeiro copo de vodca pura de uma vez
-Dinah, vai devagar aí, todo mundo sabe o quão fraca pra bebida você é. –eu falei enquanto me servia
Nas horas seguintes nós bebemos, rimos, falamos besteira.
-Tô ficando com sono. –Dinah foi a primeira a falar
-Você não pode dormir, DJ! –Laur disse lhe dando um tapa no braço
-Por queee? –disse Dinah já se jogando na cama
-Porque 1. Isso é uma festa do pijama e 2. Minha cama é muito pequena, cabe muito mal duas pessoas e se você dormir todas vão querer dormir.
-Isso é verdade. –Ally falou com a boca cheia de pipoca. –Eu to ficando com sono também
-Ah não, qual é meninas! –joguei o travesseiro no rosto da Ally
-Já que cabem duas pessoas ali eu vou deitar com a Dinah e vocês que estão cheias de energia ficam acordadas. –Ally já ia se ajeitando na cama. –Lauren, apaga a luz por favor.
-Vocês não sabem fazer uma festa do pijama mesmo. –minha melhor amiga disse se levantando para apagar a luz
-Idiotas. –murmurei
-Vem, vamos comer alguma coisa.
Segui Laur até a cozinha e assaltamos a geladeira.
-Não acredito que o Louis teve a coragem de aparecer lá. –eu disse rindo com a boca cheia de sanduíche
-Nem eu! Pelo menos aquele idiota levou flores.
-Ah, eu vi. Você ficou toda derretida.
-Eu não! –ela deu um tapa em minha perna –Você não deveria estar sentada na ilha, se minha mãe souber vai dar um ataque
-Nhenhenhe. Ela não vai saber, idiota. Pelo menos não to bêbada e quase caindo na cozinha que nem você.
-Não to quase caindo.
-Então por que tá agarrada na minha perna? –dei uma risada nasal e ela também
-Algum problema, lesbo? –ela subiu a mão devagar pela minha coxa
-Ficar uma vez com a Sel naquela festa não me torna lésbica. –terminei meu sanduíche e desci da bancada
-Aquela garota é uma babaca! –Lauren detestava a Selena e eu sabia o motivo
-Ela não é. –peguei nossos pratos e copos sujos e coloquei na pia
-Tá defendendo a namoradinha? –ela disse me provocando
-Isso tem tanto tempo, dá pra esquecer? –eu encostei na pia de frente pra ela
-Assuma os seus atos. –ela disse se aproximando
-Eu assumo, só não quero lembrar do passado. –eu a encarei, só fui entender o que ela ia fazer quando percebi que tava olhando pra minha boca
Sua boca era macia e quente. No inicio eu pensei em resistir, mas isso poderia magoá-la. Retribuí o beijo e logo sua língua pedia passagem pra minha boca. O beijo esquentou quando ela pôs a mão em minha nuca e puxou meu cabelo, apertei sua cintura e desci a mão por sua bunda. Ela arfou. Eu interrompi o beijo.
-O que a gente tá fazendo? –disse olhando pra ela
Nós duas rimos e passamos o resto da noite deitadas no tapete da sala, conversando tão perto que nossas bocas se tocavam.
Flash back off
Desde então eu ignorei o acontecido e tentei agir naturalmente com a Lauren, eu não queria que ela achasse que isso ia mudar nossa amizade. Eu não esperava por esse beijo. Não que eu esteja reclamando, ela é uma gata e somos muito próximas, sei que ela não quer nada sério assim como eu e ah, quer saber? Que mal há?
Lá estávamos nós, na minha cama, agindo normalmente como se aquilo fosse um jogo de damas.
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